Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

sábado, 24 de março de 2007

Fé e fanatismo no cristianismo

Eu costumo dizer que Paulo pegou o que havia de melhor em Platão e conciliou com o cristianismo, já que a abordagem que eles fazem de deus e da bondade são muito parecidas. Para mim, é algo possível de ter sido feito, já que há muitas semelhanças e Paulo era uma pessoa instruída (naquela época, pessoa que dominava a filosofia de Platão e Aristóteles, mais alguns nomes). Para ambos, o ser supremo é bondade pura, além de pregarem a humildade, a paz, o amor e todas as belas virtudes que o cristianismo prega mas a maior parte dos cristãos esquece. Por isso que você tantos ateus piedosos, no sentido de serem mais bondosos do que a maioria dos cristãos. Não creio que seja paradoxal, mas sim uma necessidade.
Hoje em dia (aliás, hoje em sempre) muitas pessoas encaram a religião como uma espécie de caderneta de poupança: se eu agir como a divindade quer, eu sou recompensado. Logo, se esse tipo de pessoa pratica o bem, não é por interesse intrínseco em fazê-lo, mas sim para ganhar créditos com sua divindade. Ademais, esse tipo de pessoa é a primeira a se esquivar de prestar auxílio aos necessitados, alegando que para receber ajuda o pobre coitado deve antes receber/aceitar/se converter à mesma divnidade que ele segue. Não creio que isso seja agradável aos olhos de um deus bom, ainda mais aquele sobre o qual .:Christos falava. Sinceramente, na minha opinião esses hipócritas devem ganhar um lugar priviliegiado no inferno que eles acreditem existir.
Já o ateu não: se ele pratica uma ação ética ou moral qualquer, ele faz porque assim ele quer. Se ele é bom para com uma pessoa, se deve ao fato de que ele se sentiu inclinado a agir dessa forma e possivelmente ele possui uma inclinação a ser uma pessoa bondosa; e se ele é mau para com uma pessoa os motivos e as conclusões são parecidas. O ateu não espera ganhar nada em troca do que faz, já que não defende a existência de um sistema cósmico de pontos ou coisa similar. No máximo um ateu pode colocar as coisas como causas e conseqüências umas das outras, tal como em uma grande demonstração lógica (se eu me lembro bem, você é engenheira. Se você for engenheira eletrônica, lembre-se das tabelas para funcionamento de flip-flops e sua belíssima álgebra booleana), mas isso seria mais um proncípio mecânico (tal como a lei da gravidade) do que um sistema cósmico qualquer.
Reitero mais uma vez: não tenho problema algum com religiões, mas com os fanáticos e com os hipócritas. As religiões são doutrinas que partem da fé para explicar o mundo - essa explicação pode não primar pelo rigor científico, mas é uma encadeação de pensamentos em muitos casos bonita. Quando a maior parte das religiões foi codificada não existiam métodos como o carbono-14 e a medição do resíduo radioativo do chumbo. Isso quer dizer que eles (os homens da época) tiveram que dar um jeito para explicar o mundo e seus diversos fenômenos estranhos, como um arco-íris, um trovão, um eclipse, a passagem das estações e outras coisas que hoje a ciência diz o que é, mas não dizia na época. As religiões possuem uma beleza e uma singeleza tais que até hoje, mesmo com o advento e a evolução das ciências naturais, as pessoas ainda se sentem inclinadas a terem uma - sinal de que não há baboseiras nelas.
O problema são os fanáticos, aqueles que acham que sua visão, sua interpretação particular é a única correta de um dado livro sagrado e decidem perseguir todos os que discordam dele. Não sei se você vai concordar comigo mas tenho para mim que todo excesso não é bom - chutar a imagem de Nossa Senhora para dizer que se trata de um ídolo falso é abuso, por exemplo. É contra esses que eu tenho meus problemas. No caso do cristianismo, o caso é muito mais sério, pois alguns neopentecostais (os fanáticos mais comuns nos dias de hoje) jogaram o seu livro sagrado pela janela e se baseiam nas interpretações distorcidas de um homem a quem chamam de pastor (geralmente o mais semianalfabeto e o que grita mais alto) para fundamentar sua fé. E, não satisfeitos em distorcer a belíssima doutrina que .:Christos ensina, acham que devem perseguir, combater e por fim converter todos aqueles que tem pensamentos diferentes dos deles (isto é, todos aqueles que não pertencem às mesmas igrejas que eles). Eu tenho pena de pessoas assim, que subaproveitam todo o potencial que este corpo e esta mente possuem. Tenho mais medo ainda de um país que se deixa influenciar por tais pessoas...

Nenhum comentário:

Powered By Blogger