Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
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sexta-feira, 16 de março de 2007

Em defesa da reencarnação

O meu argumento a favor da reencarnação se divide em dois: uma parte é meia religiosa, mas serve justamente contra religiosos que negam a existência do mundo dos espíritos; a segunda parte é mais filosófica, e mesmo os ateus materialistas podem julgá-la digna de crédito. Assumamos que deus é infinitamente bom e justo, que ele criou a humanidade e que ela é sua obra mais amada. Assumamos que pessoas boas recebem recompensas e pessoas más recebem punições após a morte. Se ele é infinitamente bom, a vontade de deus é que todos nós recebamos as recompensas, já que se ele desejasse a punição para nós haveria nele alguma parcela de maldade.

Agora eu pergunto: seria justo para com seus filhos amados que ele desse apenas uma chance de tentar acertar o que é para ser feito? Seria bom da parte dele que ele recompensasse apenas quem o seguisse, não quem fosse de fato bom? Imaginemos duas situações que ilustram essas perguntas: a primeira é a do pecador que se arrepende no final, e a outra é a do ateu piedoso.

Imaginemos uma pessoa que seja a epítome do mal sobre a terra, cometendo atrocidades inomináveis. Certo dia, ele recebe uma luz qualquer e entra para uma religião à escolha do leitor, convertendo-se sinceramente. Dois dias depois, ele morre. Ele merece uma recompensa ou um castigo?

Imaginemos agora o ateu piedoso, um exemplo de bondade e amor pelo próximo tão grande ou maior do que São Francisco de Assis, se é que isso é possível. Poucas pessoas de fé equiparam-se ao nosso ateu em questões de zelo, sacrifício pelo próximo e as outras virtudes tão estimadas pela boca dos religiosos. Esse nosso ateu morre atropelado. Pergunto: ele merece uma recompensa ou um castigo?

Parece-me crucial que, se deus existe, é infinitamente bom e justo e ama os homens como sendo a melhor de suas obras, que existam coisas como outros planos de existência, espíritos e reencarnação. Deus, se ele possuir esses atributos que eu enumerei, permitiria aos seus filhos amados uma segunda chance para tentar receber as recompensas assim que uma oportunidade se fizesse possível. É claro que os espiritos precisariam ficar em algum lugar enquanto não reencarnam, e esses lugares seriam os outros planos de existência, ou mesmo andando entre nós, o que permitiria que pessoas mais sensiveis os percebessem de alguma forma.

Esse foi o argumento religioso: se deus existe, é infinitamente bom e justo e ama os homens como filhos queridos, é necessário que exista um mundo dos espíritos, reencarnação e outras coisas do tipo. Negar isso é negar os atributos que são atribuídos a deus, ou seja, dizer que ele não é infinitamente bom e justo ou que ele não ama os homens como filhos prediletos.

Vamos ao argumento não-religioso. Os atributos que diferenciam os homens das demais criaturas são sua consciência e sua inteligência (ainda que algumas pessoas não as usem, mas elas estão lá, acreditem). Com consciência quero dizer a capacidade de perceber a si mesmo e a tudo aquilo que está fora do si mesmo (isto e, o mundo exterior ao indivíduo) e com inteligência quero dizer a capacidade de analisar e utilizar os dados obtidos pela consciência. Não dependemos do corpo para termos uma consciência e uma inteligência, visto que muitas vezes sonhamos com tanta intensidade que nos parece uma vivência real. Sendo assim, se não parece ser o corpo uma exigência necessária para que o homem tenha consciência e inteligência, então a consciência e a inteligência de um homem pode existir sem um corpo, o que implica em que a consciência e a inteligência de um homem continua existindo independentemente após a morte do mesmo. Logo, existe vida após a morte, que seria justamente a continuação da existência da consciência e da inteligência do homem. Se estar vivo se caracteriza por possuir um corpo, uma consciência e uma inteligência, nada impede que uma consciência e uma inteligência se liguem a um novo corpo para que possam ter uma outra vida. Logo, é necessário não só que espíritos (isto é, consciências e inteligências) existam, mas é necessário que a reencarnação seja possível.

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