Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
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quinta-feira, 29 de março de 2007

A arte e a sociedade - conspiração ou paranóia?

Pois é, voltei a escrever algumas coisas mais sérias... Só que agora eu estou mais acostumado com o estilo do Tarja Preta e por isso não vou abusar de formalismo na escrita. O que me inspirou dessa vez foi a monografia de uma amiga minha, que trata da chamada arte para consumo pelas massas. Tem um termo específico para isso, mas não me perguntem qual é; o meu negócio na Filosofia não é estética, é Lógica. Mas enfim, o nome da vaca não muda o gosto do leite, e quero discorrer um pouquinho do que ela estava me explicando um dia desses.
Teve um tempo, antes das Guerras Mundiais, que a Arte tinha propósitos muito maiores do que a simples estética: era uma forma do homem transcender sua realidade mortal e atingir um outro plano de existência, no qual pudesse compartilhar com o artista a experiencia do sublime, do divino. Meio afrescalhado isso mas é um fato, pois mesmo o mais insensível dos homens é capaz de sentir alguma coisa quando ouve um Bach ou vê uma tela de Humboldt ou uma escultura de Michellangello. Ele pode não saber explicar, mas é uma sensação sublime, de deixar o animal por alguns tempos e ser plenamente humano. A arte não se propunha outra coisa que não fosse convidar o homem à contemplação e à reflexão, e ela fazia isso muito bem.
Aí vieram as Guerras, e com elas (na verdade, um pouco antes, mas isso não me importa muito) o simbolismo, o surrealismo, o dadaísmo (este é bem velho!), o modernismo e outras escolas que atiraram o estilo neoclássico do século XIX pela janela e despejaram um penico em cima. Simplesmente a arte deixou de simplesmente evocar a contemplação, ela passou a apelar para a interpretação e a imaginação da pessoa que visse a obra. Ou seja, mandaram para o espaço o ideal platônico de beleza e trouxe a coisa toda para um plano mais subjetivo, mais introspectivo. Isso se deve principalmente à fenomenologia husserliana, heideggeriana e sartriana, fora o segundo Wittgenstein e sua filosofia analítica subjetiva. Essas escolas filosóficas simplesmente lançaram um basta (um f*&@-se seria algo mais preciso) ao idealismo de racionalismos como o cartesiano ou o kantiano, e levantaram a importância do sujeito que conhece, que percebe o mundo.
Só que depois dessas escolas veio a pork-art, quero dizer, a pop-art e sua idéia de vender arte para as massas. Mas fica a tal questão: entender arte não é pra qualquer um, exige uma educação, um refinamento que (na maior parte dos casos) os membros das classes operárias não têm tempo para adquirir. A arte para as massas tem que ser esvaziada de qualquer conteúdo intelectual senão encalha, pois ninguém compra uma coisa que não sabe como usar. Aí entra o conceito que ela estava me explicando. A arte para as massas não evocaria o sublime, mas seria simplesmente bonita - atraente para os olhos de quem não entende paratingós de seregeticas - e descartável - como toda e qualquer coisa destinada ao consumo pelas massas. E esse conceito se estende a toda e qualquer coisa que tenha uma imagem para vender, desde um programa de televisão a uma escova de dentes.
Aí eu me perguntei na hora mas deixei quieto porque... bem, eu não sei o porquê dessa minha decisão. Mas é fato que eu não perguntei para ela se isso não propiciava a manipuação das massas pela mídia que vende essa arte "popular". Pois se é a mídia que vende essa arte, e ela se vende pela imagem, logo pra mídia determinar que tais e tais coisas são bonitas e por isso todo mundo tem que ter é um pulo. Para piorar, vivemos em uma sociedade que cultua o bonito mas que aceita a definição midiática para beleza. Será que é paranóia minha achar que estamos sendo vítimas de uma grande conspiração?

Um comentário:

Dani Cavalheiro disse...

A teoria da conspiração atinge até as artes, vejam só...

=)

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