Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
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terça-feira, 13 de maio de 2008

Pequenas Considerações sobre a Nossa Educação e sobre as Políticas de "Formação" de Professores na Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Caríssimos amigos e existentes leitores deste pequeno pedacinho de chão em um céu virtual escondido debaixo do mosquitinho preto rajado de branco pousado entre as dobras do tecido acolchoado plasmado na imanência das paredes transcendentes de um quarto estabelecido na linguagem daqueles que acreditam na chamada realidade consensual e a ela dão suporte como "apartamento em clínica de repouso" - mas pelo seu morador permanente chamada simplesmente de "casa". Dia desses seu cronista virtual realmente insano vestiu sua melhor camisa de força e decidiu dar umas voltas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro para assistir algumas aulas na Faculdade de Pedagogia - ele é ainda aluno daquela bodega, e por isso tem que sujeitar a essas coisas. Pois bem, vamos ao que interessa: o nível das coisas me assustaram.
Em primeiro lugar parece que a ex-vice-diretora da referida Faculdade tem dificuldades em concatenar três ou mais palavras de maneira coerente ou dotada de alguma significação. Para não demonstrar isso na frente dos alunos ela simplesmente concorda com qualquer coisa que for dita - ou seja, é bem provável que se eu falar que Kant propôs um modelo de educação epicurista ela acredite e repita para quem quiser ouvir. Mas isso não é o pavoroso, pois algumas pessoas têm mesmo essa dificuldade de se expressar na frente das pessoas (mas eu ainda penso que pessoas assim não deveriam se tornar professores, mas deixa pra lá...), e por isso mesmo não vamos exigir tanta desenvoltura dela. O pavoroso mesmo são os textos escritos por ela, pois parecem obedecer a uma norma própria de gramática, sintaxe, coerência e pontuação. Como um camarada de suplício disse, "o texto não junta 'lé' com 'cré'".
Em segundo lugar o nível geral dos alunos, tanto da Pedagogia em si quanto das outras Licenciaturas, está, salvo cada vez mais raras exceções, baixíssimo. A maior prova disso é que pensamentos mais complexos do que os chavões novelísticos são para essa maioria incompreensíveis - e isso afirmo por observar que esses alunos não conseguem entender as besteiras que a ex-vice-diretora fala na frente da turma. Mas os piores dentre esses são realmente os alunos da Pedagogia, que acreditam piamente estarem produzindo algum conteúdo científico sobre pessoas e escrevendo artigos com complexidade e profundidade - mas na verdade estão tentando enfiar pessoas em categorias fixas e proferindo discursos vazios, incoerentes e desprovidos de significado. É claro que existem as exceções (graças ao bom Deus que existam!), mas no geral o quadro é essa tragédia.
Em terceiro lugar temos a incoerência e a absoluta falta de significado das proposições dos textos produzidos pela e para a Pedagogia e Licenciaturas. Tudo bem que se deseje produzir discursos vazios sustentados por uma retórica bela e construída de tal maneira a adquirir uma verossimilhança, uma aparência de verdade que justifique a existência daquele discurso vazio - mas nem isso esses textos conseguem. Inclusive parecem discurso de psicólogo: giram, giram, giram e acabam voltando ao ponto em que começaram sem ter ido a lugar nenhum - o popular "correr atrás do próprio rabo". E são esses materiais sem conteúdo e sem beleza que são usados como material base para a formação de professores na referida Universidade.
Mas por que estou comentando isso? O motivo é muito simples, caros leitores desta Acta Diurna. Estou extremamente preocupado com o péssimo nível médio dos professores que estão sendo formados pela citada instituição. Se uma das propostas da Universidade é formar profissionais capazes de assimilar novas tecnologias e metodologias, pessoas com ampla capacidade de reflexão e pensamento e (no caso da Formação de Professores) educadores capazes de incitar nos seus alunos o amor ao conhecimento e o desejo de se aprofundar nele, mas temos esse estado de coisas calamitoso, o que será de nossas crianças? O caos é maior justamente entre os alunos das séries iniciais (atuais 1ª à 5ª séries, antigo Ensino Primário), pois os profissionais formados pela Faculdade de Pedagogia da Universidade citada mal conseguem compreender um período que possua mais de duas orações - como eles vão ensinar isso aos seus alunos? E lembremos que o antigo Primário é a base para todo o processo educativo - onde iremos parar assim?
Caros leitores, vocês sabem que eu não sou de propor soluções para os problemas que observo no mundo - antes prefiro que eles existam, pois preciso de coisas para me distrair do rigoroso exercício do pensamento insano -, mas não é possível deixar quieto um assunto desses. Não estou me apegando ao lugar-comum que diz que a educação é a chave para o futuro do país - que se exploda o país, sinceramente -, mas não posso negar que a Educação (isso mesmo, com "E" para refletir justamente o que ela deveria ser: amor ao conhecimento) é importante. O conhecimento liberta o Homem de seus grilhões, e apenas quem conhece pode fazer suas escolhas com propriedade - e é papel da Educação prover o Homem de conhecimentos. Mas como esperar que o Homem realize todo o seu potencial se ele está privado da Educação? Como esperar que o Homem realize o seu vir-a-ser, como esperar que o Homem se torne aquilo que é, como esperar que o Homem ascenda à Verdade, ao Belo e ao Bem se no lugar da Educação lhe oferecem uma educação chinfrinha e mediocricidante? Como esperar que o homem se torne Homem se os avatares dessa transformação - os Educadores - sofrem esses mesmos processos de despotencialização - ou seja, não recebem Educação mas sim educação - e por isso mesmo não podem transmitir essa Educação aos seus alunos?
Estamos em um estado de coisas pavoroso, repito, e, acrescento, o motivo desse meu desespero é justamente que os agentes da maior das transcendências - o homem tornar-se Homem e depois tornar-se Übermensch, ou seja, algo além do Homem - estão sendo vítimas desse mesmo processo. O que esperar da Educação no Brasil dado essa situação? - nada de bom, eu respondo. Esse tipo de processo tende a ser no melhor do estilo "bola de neve": educadores medíocres formam alunos medíocres que ingressam em um curso de formação de professores composto por profissionais medíocres e se tornarão professores mais medíocres ainda - e o ciclo recomeça. As poucas vozes capazes ou sensatas são silenciadas pelo sistema, de modo que tudo permaneça tão "bem" quanto já está - ou "melhor".
Que país é esse que estamos projetando?

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