Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

sábado, 10 de maio de 2008

2. Questão de Deus

Logicamente é impossível negar a existência de Deus, pelo menos no sentido de princípio primeiro. Qualquer sistema que proponha que algo subsiste indenpendentemente de qualquer outro algo apenas está dando um outro nome ao princípio primeiro. Qualquer sistema que proponha que não existe algo que subsiste independentemente de qualquer outro algo impossibilita o conhecimento verdadeiro de tudo que exista no mundo. Sem a possibilidade de conhecimento verdadeiro, o que se tem é a multiplicação das opiniões pessoais, o que impossibilitaria a comunicação e a transmissão de idéias. Se algo subsiste independente dos fatos do mundo, esse algo é o princípio originário dos fatos.
Os princípios não podem todos possuir um princípio, pois a regressão ao infinito neste caso é o mesmo que afirmar que não há um algo que subsista independentemente de qualquer outro algo. Tem que existir um princípio primeiro, e o nome dele não importa - seja teoria quântica ou o Místico. Da subsistência do princípio primeiro do mundo infere-se a existência dos demais princípios do mundo, mas o caminho inverso é inseguro de ser trilhado. Os princípios são inferidos do mundo, dos fatos, dos objetos, mas o caminho inverso não pode ser trilhado com segurança. A conexão entre o mundo, os fatos, os objetos e os princípios é de natureza lógica. Nem sempre a equivalência é um princípio aplicável à lógica, mas a lógica é um princípio aplicável à equivalência.
Não se pode sustentar a existência de uma relação direta entre Deus e uma religião, qualquer que seja a religião. A existência de Deus não é necessária de outra forma que não seja princípio primeiro. Só é necessário que Deus subsista no mundo. Qualquer outra manifestação de um princípio não será a manifestação do princípio primeiro. Mesmo que o princípio primeiro pudesse ser explicado pela teologia, ele seria tão obscuro quanto os motivos que causaram o Big Bang no universo primordial, senão mais. Qualquer relação entre uma religião e um princípio primeiro só pode ser percebida dentro da ordem do sensível, o que invalida qualquer tentativa de comprovação de sua existência. Daquilo que não se pode conhecer não se pode falar mais do que uma simples e desvalorada opinião, mas daquilo que se conhece deve-se falar tão claramente quanto se conhece e se deseja falar.

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