Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
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segunda-feira, 21 de março de 2011

Série "Excertos de Livros Polêmicos" - parte 1

Na falta do que fazer eu decidi reler alguns livros considerados polêmicos e citar por aqui trechos que eu considere interessantes, relevantes, ou pelo menos curiosos. Não que eu concorde com o ponto de vista do autor, mas o direito à liberdade de expressão é sagrado e mesmo fascínoras como Hitler ou Stalin o possuem.

 

O primeiro trecho da série pertence ao Livro Verde, escrito por Muammar al-Gaddafi da Líbia (ou Kadafi, como é mais conhecido pela mídia brasileira), que se propõe a ser um tratado sobre como funcionaria a democracia perfeita. Eu tenho o arquivo em inglês, mas traduzindo o trecho que me interessa por enquanto temos:

 

A religião contém a tradição, e a tradição é uma expressão da vida natural das pessoas. Destarte, a religião é uma afirmação das leis naturais que estão ali descritas. As leis que não se derivam da religião ou da tradição são tão-somente invenções humanas para serem usadas contra seus companheiros humanos. Consequentemente, tais leis são inválidas porque elas não emanam da fonte natural da tradição e da religião.

 

Este trecho aparece após uma longa crítica ao funcionamento da democracia nos países ocidentais, fundamentalmente laicas. Tentar relacionar religião com as leis de seu próprio Estado parece ser uma tática comum a todos os governantes absolutistas que se pretendem supremos e inquestionáveis. Na Idade Média isso era muito comum, o chamado Direito Divino para governar. Hoje, alguns governantes do mundo islâmico lançam mão constantemente de interpretações mais, digamos, "liberais" do Alcorão para justificar seus plenos poderes – entre eles, al-Gaddafi. Falta aparecer escrito, com todas as letras, que ele é o enviado de Allah para o mundo árabe.

Este testículo não é uma crítica a nenhuma religião, mas ao mau uso que certas pessoas fazem dela. Al-Gaddafi tenta desarticular o conceito de democracia misturando aspectos do socialismo científico com elementos de uma sociedade tribal, e recorre a um poder em tese inquestionável (o divino) para fundamentar sua tese. Complicado, no mínimo...

Um comentário:

vitor disse...

Interessante o textículo!
Mas existiram regimes absolutistas sem religião, e muitos dos países mais laicos da parte árabe do mundo sofrem com abuso de poder político absolutista.

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