Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

terça-feira, 3 de abril de 2007

Educadores são seres engraçados...

Hoje começaram as aulas na UERJ, a intituição em que tenho o prazer (e às vezes o desprazer) de estar cursando meu bacharelado e minha licenciatura em Filosofia. Esse meu primeiro dia foi do porreta, como se diz por aí, e decidi compartilhar algumas passagens interessantes sobre ele com todos vocês. AVISO: se você acredita em caras como Paulo Freire, Piaget e esses caras esquisitos e ícones da Pedagogia, não leia este texto. Procure algo melhor para fazer, como, por exemplo, tentar lamber um de seus cotovelos.
A primeira aula com certeza valerá mais pela professora (um doce de pessoa) do que pelo tema: Avaliação da Aprendizagem. "Pronto", pensei antes de sair de casa para trabalhar, "vou arranjar problemas". Tudo bem, saí do trabalho e cheguei uma hora antes do início da aula. Após descobrir onde seria o memorável evento, eu percebi que estava cansado e decidi tirar um cochilo em um banco (desses de praça) estrategicamente colocado em frente à porta da sala. "Sob medida", eu pensei na hora. Pus o celular para despertar (mesmo sabendo que eu acordo sozinho quando eu quero) e fui jogar uma partida de xadrez com Morpheus.
Acordei no exato instante em que a professora entrava em sala de aula. Peguei minhas coisas e fui atrás, com toda a discrição que eu tenho (a mesma de um elefante em uma loja de louças). Meu primeiro ato em sala de aula foi puxar uma cadeira, pô-la na minha frente e colocar tanto minha mochila quanto meus pés nela. Eu estava ainda acordando quando a professora se manifesta olhando para mim:
- Era você quem estava dormindo no banco?
Pela pergunta, julguei que ela falasse de mim.
- Sim, professora. Cheguei cedo, e decidi passar o tempo de alguma forma.
Ela se apresentou para a turma e (como todo bom pedagogo) fez com que cada um se apresentasse aos demais. Nada contra, é preciso dizer isso, mas a cena tornou-se memorável quando ela olhou para mim e disse:
- Você é de Filosofia, não precisa nem dizer. Você tem cara de quem faz Filosofia.
"Legal", eu pensei. "Agora todo mundo compra o livro apenas olhando pra capa neste bodega de instituição." Mas o pior que eu não podia dizer que não, já que eu realmente faço Filosofia. Disse meu nome e a aula começou.
Foi uma dinâmica de grupo que eu achei interessante, até: ela distribuiu umas figuras para a turma e pediu que analisássemos a que tivéssemos recebido e a relacionasse de alguma forma com Avaliação de Aprendizado. Recebi uma figura que na verdade era dois quadrinhos: o primeiro mostrava a clássica cena do flautista que com sua música enfeitiçava os ratos para segui-lo; a outra mostrava que a massa de ratos que o flautista conduzira estava sendo encaminhada para uma toca por uns outros poucos ratos e que um rato dava um pedaço de queijo ao flautista, em nítido sinal de agradecimento. "Pronto, o lado cáustico vai se manifestar com força - logo aqui na aula de Avaliação..."
Eu devo ter ficado nervoso, pois a professora notou e perguntou se eu havia acabado.
- Professora, eu respondi. Acabar, eu acabei, mas estou refazendo pois minha resposta ficou muito cáustica.
- Não tem problema, ela disse.
- Eu tenho mesmo carté blanché?, perguntei.
- Tem.
"Foi ela quem pediu", pensei, e aguardei minha hora de falar.
Chegou minha vez. Não me lembro do discurso que eu fiz na hora, mas eu expliquei a imagética (inclusive como ela levava a pensar que os ratos estavam sendo avaliados de alguma forma, quando na verdade o avaliado foi o flautista) e concluí dizendo que a função da Avaliação é recompensar aqueles que se comportam dentro dos padrões comportamentais institucionalizados em uma sociedade. Foi o que bastou para o circo pegar fogo.
Teve uma aluna de Letras que subiu nas tamancas e começou a quase gritar coisas como "não é possível que se pense uma coisa dessas", "a avaliação serve de estímulo para o aluno estudar", e por aí vai. Deixei até de lado essa abordagem da questão da recompensa que ela fez; se eu falasse algo sobre isso, eu acabaria dando uma aula no lugar da professora, e eu decidi não fazer isso porque eu me simpatizei com ela.
- Como todo bom wittgensteiniano, retorqui, faço aqui uma simples pergunta: podemos atingir a mente de uma pessoa para saber se ela nos entendeu? Não, e é bem óbvia essa resposta: nenhum de nós é telepata. Assim sendo, só podemos ter uma crença no entendimento, pois não há provas racionalmente válidas de que de fato houve entendimento, baseando-nos no comportamento do nosso interlocutor perante nossas frases: se ele se comporta como nós esperamos, acreditamos que ele entendeu; e se ele se comporta fora desse padrão que estabelecemos, acreditamos que ele não entendeu. Assim se concretiza a impossibilidade de avaliar o aprendizado (isto é, o entendimento) do aluno, pois não podemos saber de fato o que ele entendeu. Podemos, isso sim, avaliar o comportamento dele - mas o que isso é senão aprovar os comportamentos que esperamos que o aluno tenha e condenar os demais?
O circo pegou fogo até o fim da aula, e sei que nunca vou sair com essa garota (que, por sua vez, é muito bonita). Sim, eu arranjei problemas na minha primeira aula do ano...

Na segunda aula do dia, mais um tema interessante: Prática de Ensino. Bonito, eis uma coisa que eu adoro ver: eles vão ensinar coisas maravilhosas sobre educação mas que nunca poderemos usar. Marcelo, eis o nome da figura que vai dar aula disso. Gente boa, sinceramente; mas olhem para o site dele (www.marceloabreuuerj.pro.br) e me digam o que vocês pensam disso...
Eu perdi o início da aula (na verdade, metade, pois o professor encerrou um pouco antes das 22h), pois preferi ficar conversando com uma mina que eu acho maravilhosa, inteligente e fascinante, casaria com ela na hora se ela pedisse - mas ela é casada e (para piorar tudo) acha que eu a odeio; se ela soubesse... Mas enfim, fui eu para a aula da criança acima e ele simplesmente passou toda a burocracia necessária para se conseguir um estágio de licenciatura - sempre repetindo a frase: "eu odeio burocracia". Tentei passar uma postura séria, ele parece ser um daqueles intelectuerdas que infestam as faculdades públicas, mas não sei se vou conseguir essa proeza por muito tempo. Quem viver verá.

3 comentários:

Dani Cavalheiro disse...

Tá achando ruim??? Pode crer, vai piorar quando você fizer Didática...

Dani Cavalheiro disse...

=)

Anônimo disse...

Rapaz!!!!

Quem te viu, quem te vê!!!!

Powered By Blogger