Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
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quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Repressão Mascarada: como o governo Lula foi eficiente na desmontagem da Razão

Caro Leitor

Um espectro ronda o Brasil: o espectro da repressão - mas essa repressão não é abertamente institucionalizada como foi a repressão do regime militar aos seus opositores. Na surdina pequenas mudanças são feitas, mudanças que individualmente são aparentemente inofensivas mas em conjunto são assustadoras. Para um observador atento da História é fácil perceber como o Brasil em oito anos "evoluiu" de uma democracia madura para um curral do mais descarado e descabido chavismo, aparelhado por uma pseudodialética polarizada dos tempos da Guerra Fria. Esmera-se muito para definir "vilões" e "mocinhos", essas "proposições" são lançadas e divulgadas como dogmas e o resultado é um populismo tal que apenas o mais cego ou apático dos homens não perceberia o mar de falácias que vêm de Brasília.
Vamos por partes. Os fatos nos lembram claramente que o PT não apenas foi contra a eleição de Tancredo Neves como jamais assinou a Constituição de 1988. A referida Constituição devolveu ao povo brasiliero a democracia e suas liberdades individuais, valores tão fundamentais em um Estado de Direito que simplesmente não se pode conceber aqueles sem este, e esse foi um marco muito importante na História brasileira. Entre outras coisas, os brasileiros adquiriram a liberdade de expressão e a liberdade de associação, o que significa dizer que um cidadão tem o direito de dizer aquilo que pensa e se reunir com outras pessoas que pensem como ele. Se hoje em dia eu posso escrever este texto com a certeza que, diferente dos meus semelhantes chineses, por exemplo, não haverá um censor do governo pronto para bloquear qualquer conteúdo que ele considere subversivo, é graças à atual Carta Magna brasileira. Se hoje em dia um cidadão de bem pode criticar o governo, é graças ao amparo fornecido pelas instituições democráticas previstas nos artigos do documento mais sublime do Estado brasileiro. Se hoje em dia eu tenho essa liberdade toda, certamente não foi graças a um partido que simplesmente se negou a assinar a Constituição de 1988.
Após as primeiras eleições diretas e os governos Sarney e Collor, o país estava mergulhado em uma crise sem tamanho. Coube ao senhor Itamar Franco, presidente da época, e ao senhor Fernando Henrique Cardoso, então Ministro da Fazenda, "reorganzar a casa". O Plano Real - de longe o mais eficiente plano econômico dos últimos vinte e cinco anos do Brasil - foi apenas a medida mais vistosa adotada pelo senhor Cardoso, mas, mesmo sendo identificado pelo povo apenas por ser o pai do Real, valeu-lhe as eleições presidenciais de 1994. Coletivamente, o Plano Real foi uma série de medidas que, apesar de movidas por um programa de privatizações considerado por muitos como no mínimo questionável, salvaram o país tanto de uma crise econômica mundial que se avultava na época quanto de medidas drásticas e nada populares como aquelas adotadas pelo senhor Collor (e que renderam a este o impeachment). Junto com o Plano vieram projetos para a melhoria das condições de vida da população, sob a forma de auxílios imediatos para os mais necessitados (como o Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Cartão Alimentação e o Fome Zero - este aprovado pelo Congresso apenas após as eleições do senhor Luís Inácio Lula da Silva em 2003) e a criação de instituições e leis que visavam a transparência e a boa administração públicas (a criação da Advocacia Geral da União, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a implantação do PROER). Apesar de seus tropeços, o Plano Real foi um inegável sucesso tanto a médio quanto a longo prazos. E, é claro, o PT votou contra praticamente todos os projetos e mudanças propostas pelo Plano Real. Ouso dizer que o PT votou contra o povo brasileiro, mas isso é uma opinião pessoal a qual não posso embasar em pilares mais sólidos do que os fatos: os resultados do Plano Real.
O grande problema (pelo menos para o PT) é que tanto a Constituição de 1988 quanto as medidas implementadas pelo Plano Real funcionaram. A cúpula do partido, fiel aos seus ultrapassados e retrógrados princípios stalinistas, ao espírito de escravo (tal como Nietzsche definiu esse conceito de "espírito de escravo") de apontar o outro como responsável por sua própria miséria e à dialética da Guerra Fria, reagiu tal como todos os partidos latinoamericanos abertamente alinhados com o socialismo de Moscou: com a mentira e a enganação. Ao assumir o governo, em 2003, o Partido dos Trabalhadores (que é formado por ex-guerrilheiros, ex-sequestradores, ex-terroristas, membros das classes média e alta seduzidos pela retórica de Marx e por um punhado de trabalhadores como se para justificar o nome) usou as mesmas táticas que o Partido Comunista da União Soviética usava ao controlar as reportagens veiculadas no Pravda, ou talvez piores. Inspirados por um ditador e terrorista chamado Hugo Chávez, e amparados por discursos falaciosos que implicitam afirmações como "a defesa dos interesses do povo" e "contra o neoliberalismo americano", o PT iniciou seu programa nefasto.
Primeiro minimizou as principais realizações dos governos anteriores, numa clara tentativa de apagar da memória coletiva que o governo Lula está apenas se beneficiando do legado positivo do Plano Real. Depois, gastou os primeiros anos de sua administração para levantar evidências de corrupção e outros crimes cometidos durante os governos anteriores. Nesse momento estoura o escândalo do Mensalão do PT, conforme denunciado pelo então deputado Roberto Jefferson, que se revelou como a simples ponta de um imenso iceberg formado por inúmero escândalos relacionados à cúpula do partido. Foi quando os dirigentes do PT mostraram que aprenderam muito bem a cartilha soviética e simplesmente usaram as instituições da República para varrer todos os escândalos para debaixo do tapete e minimizar todos os que não conseguisse disfarçar. Chegamos a um ponto de lavagem cerebral coletiva em que é fácil ouvir de um cidadão que ele sabe que existe corrupção no país e que o governo Lula é o melhor da nossa História.
Mas a lavagem cerebral coletiva não acabou aí. Esse governo chavista quer controlar não apenas o que pensamos (quem leu o Programa Nacional de Direitos Humanos sabe muito bem do que estou falando) mas como dizemos aquilo que pensamos. Sabendo não possuir embasamento racional nenhum para as idéias que veicula, o PT usa a máquina pública para promover uma massificação de frases de efeito desprovidas de qualquer sentido ou função que não seja alienar aqueles que as escutam. Sabendo que serão seus opositores todas as pessoas que conseguem fazer uso minimamente competente de cinco neurônios ao mesmo tempo, o governo quer restringir as palavras que podem ser usadas sem ser consideradas ofensivas ou algo do tipo - mas substituindo-as pelas palavras já presentes na cartilha , no estatuto e nas propagandas do PT. Em português bem claro: apelar para mensagens subliminares é sacanagem!
E, como não está simplesmente satisfeito em silenciar aqueles cidadãos capazes de pensar (como fez com o senhor Arnaldo Jabor), o governo Lula se acha acima da lei. O presidente debocha das decisões judiciais e das leis que impedem a candidata por ele apoiada, a ex-guerrilheira senhora Dilma Rousself, de fazer campanha eleitoral antes do prazo estabelecido. Os governadores e prefeitos aliados debocham da Lei de Responsabilidade Fiscal, achando-se muito acima dos simples mortais para os quais as leis são feitas. Quando aprova uma medida polêmica, como foram as relacionadas ao Programa Nacional de Direitos Humanos ou à questão do pré-sal, esquiva-se dizendo que assinou sem ler. E tem mais, só que aos senhores digo: existem muitos colunistas que já denunciam esses abusos, como os senhores Cesar Maia e Arnaldo Jabor, e a mídia impressa ainda está, em alguns casos, cumprindo o papel de informar.
As ações do governo Lula lembram muito dois livros: 1984 e Revolução dos Bichos, ambos de George Orwell. E com isso podemos ver muito bem como o senhor Lula conseguiu levar a cabo a desmontagem da Razão, atributo tão fundamental do homem. Para encerrar, à luz das profecias de Orwell, digo apenas que não existe mais indignação para ser posta em palavras.

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