Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
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P. S.: decifra-me ou devoro-te!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Purgatório

Canto I

Caminho entre mil sombras de vida
Todas com a temível pretensão de verdade
Minha mente tomba cansada a cada passo
Terrivelmente exausta dessa superficialidade

Não há repouso para os sinceros de coração
Para os que foram amaldiçoados com o pensar
Somos todos esmagados pela vã futilidade
Em nossas almas habita só o mais puro pesar

Eis, oh poetas, nossa amarga sina de vida
Cantamos a verdade para surdos que não vêem
Tal como a doce ave que voa por ter que voar
Falamos de Deus e nossos ouvintes não O crêem

Canto II

Não existe consolo para nossas pobres almas
Nem mesmo nossa Berenice pode nos alegrar
Condenados como estamos a vagar entre as sombras
Cantando-lhes a Luz sem nunca lá poder estar

A solidão é para nós a mais justa das pagas
Culpados como somos pelo crime da total diferença
Não nos comportamos como nenhuma das sombras
E por isso todas elas fogem de nossa presença

Nem mesmo no Amor, nosso único leal amigo
Encontramos afagos para as dores de nossa vivência
Mas devemos ainda assim cantá-Lo, oh poetas,
Pois só n'Ele encontramos um Ser para a existência

Canto III

Existe porém, oh poetas, dor maior que a solitude
Essa má companheira que pelo menos nos inspira
Como uma cruel amante nos derruba em prantos
E se compraz na alma copisoa que triste suspira

Não, oh poetas - existe dor muito maior que ela:
Sangram as almas pela dor de amar e estar só
Longe da bela Marília apresentada a ti pelo leal Amor
Eis a suprema das dores e não existe outra maior

Guardem bem estas palavras, amogis no pranto,
Pois todos nós bem conhecemos e vivemos essa dor:
Em nossa solitude consiste nossa amarga pena
Mas talvez por isto tenha o Amor te eleito Seu cantor

Canto IV

Mas mesmo que estejamos imersos em tanta tristeza
E condenados ao mais profundo dos infernos d'alma
Ainda assim encontramos na amada boa Marília
Conforto para esta caminhada e carinho em sua palma

Aviso-nos, oh poetas: jamais nos deixarão amar
As sombras ambargarão todas as nossas felicidades
E tentarão arrastar-nos para seu mundo insosso
Prendendo-nos como esquizofrênicos em suas cidades

Eis a doce ironia de nossos cantos, oh poetas
Porém é por esta ironia que devemos tentar viver:
Lutaremos contra as sombras e seus cães psicólogos
Encontraremos nossas Marílias para felizes enfim Ser

Canto V

Persisti, oh poetas, porque a busca por Marília é justa:
Apenas com a ajuda do leal Amigo Amor veremos Deus
Nossas Canções enfim serão ouvidas pelas sombras cegas
E elas compreenderão nossos sentimentos como seus

Apenas assim poderemos nos elevar para mais além
Deixando este corpo prisão para as sombras que o querem
Pelo Amor e com Marília deixaremos as dores aqui
Sairemos por nós do purgatório sem nos libertarem

Teremos na liberdade a paz que tanto sonhamos
E em nossas Canções enfim de Amor falaremos
Livres das sombras e da obrigação de ensiná-las
Neste derradeiro sublime momento para a Luz iremos

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