Manual de Instruções

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Hegemonia, ideologia e paradigma em Karl Marx - um resumo

Prezados leitores.

Há alguns dias fui convidado a dar uma aula particular sobre esse tema. Segue o resumo.

Para Karl Marx, a classe dominante usa sua hegemonia social para impor sua ideologia e paradigma para as classes proletariadas. Para esse filósofo, hegemonia é entendida como um direito auto-outorgado sob o fundamento da propriedade ou posse dos meios de produção e geração de riqueza. Hegemonia, portanto, deve ser entendida não sob um aspecto benéfico, mas como uma justificativa, como uma ferramenta para as classes dominantes se manterem no poder, e ela é imposta às classes proletárias por meio das relações de trabalho dentro do pensamento de Marx.

Faz-se necessária uma pausa para elucidar o conceito dentro do pensamento de Marx. Para ele, desde a queda do Feudalismo, podemos identificar na sociedade europeia e suas derivadas grupos de pessoas, ou classes, caracterizadas por um grupo comum de interesses. Assim, nomeiam-se principalmente:

  • A classe dominante, cujo objetivo maior é manter-se no poder e explorar o fruto do trabalho das outras classes;
  • A classe média, formada, na concepção do autor, pelos profissionais liberais e cujo interesse é assumir o poder detido pela classe dominante;
  • E a classe proletária, caracterizada pela inexistência de ideologia ou objetivos próprios, e por se o principal meio de geração de riquezas na forma dos frutos do seu trabalho.

A interação entre essas classes se dá movida pelo conflito de interesses entre elas, chamada por Marx de Luta de Classes.

Para manter sua hegemonia, isto é, a propriedade exclusiva dos bens produzidos pelo trabalho das outras classes, a classe dominante recorre à criação e manutenção de uma ideologia e um paradigma que lhe sejam favoráveis. Ideologia, no sentido mais comum da palavra, é um conjunto de proposições aceitas acriticamente como verdadeiras por esse grupo social; mas, para Marx, o conceito assume um aspecto ligeiramente diferente: ela é um conjunto de crenças impostas como verdadeiras pelas classes dominantes às dominadas, cuja amplitude varia do puramente social (como o direito de primazia dos dominantes sobre os dominados) às questões metafísicas (como religião e pós-vida). A ideologia, portanto, figura como um instrumento de controle social para que as classes dominantes mantenham sua hegemonia.

O paradigma é mais complexo, pois se refere não só a um conjunto de crenças como a um conjunto de expectativas – a grosso-modo, a ideologia diferencia o verdadeiro e o falso, e o paradigma o certo e errado. Por paradigma, compreende-se, usualmente, um conjunto de teorias e metodologias que norteiam a construção do hábito (no sentido em que David Hume dá a esta palavra em Um Tratado da Natureza Humana). Em Marx, esse “hábito” deve ser compreendido em um sentido mais pavloviano, pois entende-se que as classes dominadas foram devidamente condicionadas pela dominante, incapazes de compreender ou reagir às percepções mentais que estejam fora dos domínios estabelecidos por esta para aquela.

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