Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
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sexta-feira, 13 de julho de 2012

O PSD: “POLÍTICA SEM PRINCÍPIOS E SEM LASTRO SOCIAL”! (fonte: Ex-Blog do Cesar Maia, 12/07/2012)

Nota: em algum momento eu já disse algo assim em um lugar bem peculiar para esse tipo de discussão. Para ser mais exato, foi ontem, durante o conselho de classe da escola em que ministro aulas. Polonini (professor de Sociologia, social-democrata, batista) e eu (outro social-democrata, católico) debatíamos essa mesma questão (para espanto dos demais professores de humanas, esquerdistas de carteirinha), mas concluímos que o PSD levou o fisiologismo e o senso de oportunismo do PMDB às últimas consequências abertamente, e pelo menos por essa sinceridade merece crédito. Outra conclusão, menos trivial mas também óbvia, é que o PSD demonstra de maneira clara que no Brasil o jogo político não passa da disputa pelo poder, o poder pelo poder em si.

Sociólogo Renato Lessa - Caderno Aliás -Estado de SP, 08) 1. O PSD exibe de modo aberto a lógica do presidencialismo de coalizão, por meio de um truque de rara destreza: transformar meia centena de deputados obscuros, condenados às agruras das legendas de oposição, às quais em sua maioria pertenciam, em um conjunto disponível para trocas generalizadas. A sigla partidária, marca fantasia da organização, afirma-se negativamente, no que diz respeito a ideologias: não é de esquerda, de direita ou de centro. Quer isso dizer que se sente à vontade em qualquer ambiente. Ao modelo, em si mesmo generoso, do presidencialismo de coalizão, propicia o acréscimo de potenciais 50 novos clientes, manobra extensiva aos municipalismos e aos "estadualismos" de coalizão.
       
2. O PSD é sobretudo um experimento aberto de hiper-realismo político, em um grau que talvez nenhum dos partidos "relevantes" brasileiros esteja disposto a assumir. Mesmo o PMDB, mãe de todos os realismos, não dispensa, una y otra vez, menções a seus heróis e mitos de origem. Com o PSD, nada disso: eles expõem com clareza ofuscante os fundamentos correntes da política brasileira. É, pois, um empreendimento que elimina toda suspeita a respeito da opacidade das palavras:  as palavras são o que elas são, não escondem, iludem, parafraseiam ou aludem. Pretendem dizer o que a coisa é.
       
3. Na verdade, um pequeno prestidigitador, a exibir o fato grave de que a existência de partidos "relevantes" e "coesos", bem como sua criação, nada tem a ver com o que se passa no plano da vida social. Política sem princípios e sem lastro social: há quem diga que se trata de uma "democracia consolidada".
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