Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A verdade sempre liberta (José Serra)

Nota: restransmito o artigo a seguir do sr. José Serra por considerá-lo equilibrado, importante e pertinente ao momento histórico em que vivemos. Há os que discordem das visões políticas desse senhor, mas não há como discordar da validade de seus argumentos neste artigo.

A verdade sempre liberta
José Serra
Disponível em http://www.joseserra.com.br/archives/artigo/a-verdade-sempre-liberta e publicado em O Globo em 25/10/2011.

"Tendo encarado a besta do passado olho no olho, tendo pedido e recebido perdão e tendo feito correções, viremos agora a página – não para esquecê-lo, mas para não deixá-lo aprisionar-nos para sempre." – Desmond Tutu

Está na reta final o debate no Congresso sobre a Comissão da Verdade, cuja missão será também elucidar o destino dos brasileiros que desapareceram na resistência, armada ou não, à ditadura. É justo que suas famílias e amigos recebam do Estado a explicação definitiva sobre os fatos, a ser registrada pela história. Pois, se governos mudam, o Estado é um só, há uma linha de continuidade institucional.

O projeto da Comissão da Verdade ficou empacado por um bom tempo, por causa de erros cometidos pelo governo anterior. Misturaram-se três assuntos: o direito à verdade propriamente dita, o sacrifício de pessoas inocentes em ações das organizações armadas que contestavam o regime e o desejo de responsabilizar criminalmente os agentes desse regime envolvidos na violência contra a oposição da época. Um desejo que não encontra sustentação legal. Neste caso, o impasse só foi superado depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu pela vigência da Lei de Anistia de 1979, considerando que ela foi recepcionada pela Constituição.

A Lei de Anistia foi uma conquista das forças democráticas, foi arrancada do regime militar após uma ampla mobilização política e social. E é também produto da sua época e da correlação de forças daquele momento. O STF julgou bem, ao não desfazer aquele acordo, que, no balanço final, foi positivo para o Brasil, permitindo uma transição menos atribulada para a democracia. No trade-off, o país saiu ganhando.

A anistia acabou permitindo uma reconciliação verdadeira. Diferentemente de outros países, evitamos aqui alargar o fosso entre o corpo militar e a sociedade. E Forças Armadas respeitadas, coesas e integradas à institucionalidade democrática são um pilar fundamental da estabilidade e da afirmação nacionais. É importante que a Comissão da Verdade, agora em debate no Senado, com a competente relatoria do senador Aloysio Nunes, do PSDB, cujo substitutivo melhora o projeto saído da Câmara, parta das premissas certas.

Seu objetivo não deve ser promover um ajuste de contas parajudicial com personagens do passado. Isso, aliás, cairia facilmente na Justiça. Muito menos deve se deixar atrair pela tentação de produzir uma história oficial. Ou uma narrativa oficial. Precisará, isto sim, concentrar todas as energias na investigação isenta e objetiva. E não na interpretação.

Para tanto, é preciso garantir a ela uma composição pluralista, o que deveria ser de interesse do próprio Executivo, pois seria péssimo se a Comissão da Verdade tivesse seu trabalho questionado por abrir as portas ao facciosismo, à parcialidade e ao partidarismo. É ilusão imaginar que um assunto assim poderia ficar livre de olhares político-partidários, mas é importante minimizar o risco. E para isso a pluralidade é essencial.

Tampouco será o caso de transformar a comissão em órgão certificador de papéis históricos. Não caberá a ela fazer o juízo de valor sobre cada personagem. Seria uma espécie de crueldade pretender realizar a posteriori o julgamento histórico-político de cada ator da época. Sabe-se que o homem é ele mesmo e suas circunstâncias. O comportamento sob tortura, apenas como exemplo, jamais poderá ser objeto de juízo moral posterior. Sob pena de estimular a inversão de papéis e a execração das vítimas.

No fim dos anos 60 e começo dos anos 70 do século passado, o Brasil foi palco de variadas formas na luta contra o regime. Cada um de nós é livre para olhar aquele período e concluir o que foi certo e o que não foi na resistência à ditadura. É um olhar político. E é natural que cada um enxergue o passado à luz de suas convicções atuais. O complicador aparece exatamente aqui: as convicções atuais são também fruto da experiência acumulada, incluindo os erros passados.

Não se trata aqui de ceder ao relativismo, mas deixar cada um com o seu papel. As instituições fazem o seu trabalho e os historiadores fazem o deles. Parece-me uma boa divisão de tarefas.

Por último, reitero uma convicção que já expressei em público. É fundamental para qualquer país não ter medo do passado. A transparência sobre acontecimentos recentes é importante para construir uma sociedade ainda mais democrática. O exemplo a seguir poderia ser o da Comissão de Verdade e Reconciliação da África do Sul. As palavras do grande bispo Desmond Tutu, presidente dessa comissão, deveriam servir de guia para todos que queiram, com sinceridade, enfrentar os desafios do presente.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Uma estrofe livre e solta

Às vezes sinto saudades daquilo que não faço mais
Quando palavras fluíam soltas pela alma que se apraz
Do carinho que um dia rosas dividiram na paz
De dois corações que jogaram a felicidade na aguarraz

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Versos (primeira parte)

Versos (primeira parte)
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

A alma que canta
Com seus versos encanta
A tristeza que decanta,
A felicidade que suplanta,
E o temor que se espanta
Com a dor que ali se conta

E em seu cantar triste
Com o refrão em riste
A alma muito insiste
No verso que conquiste
O sonhar que persiste
Ao acordar que se desiste

E ao pássaro suspira
Ao sonho roubado inspira
À imagem que se despira
E chorando logo partira
Com o canto que insistira
Viver o verso de mentira

Louco, muito louco
Pobre poeta que canta pouco
Com versos de deus rouco
À musa de ouvido mouco
Sem vida n'alma tampouco
Imagem de seu sonho oco


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ao meu mestre, sobre o Amor

Ao meu mestre, sobre o Amor
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

Ah, mestre... Finalmente te entendi
Quando disseste que o amar é louco
E podemos ser fiéis a duas pessoas
A uma amaremos com a mente em si
Enquanto à outra o coração canta rouco
E aos dois amores o bom Deus abençoa

Custou-me crer em tua santa sapiência
E em teu domínio sobre nossos segredos
Guardados fundo no sombrio da alma
Mistérios negros para os quais a ciência
É eficiente como um barco aos rochedos
Soçobrado indefeso pelas águas calmas

Sei agora da verdade de teu Ensinamento
Quando a loucura iluminou meus olhos
E removeu as viseiras cegas do vulgo
Agora meu amar não jaz solto ao vento
Mas devotado às musas como espólio
Testamento poético do sentir fecundo

À Dama da Noite, minha Marília eterna
Peço que não me negues teu doce beijo
Se discordares do que aprendi do Amor
Pois teus olhos guiam-me como lanternas
Levando-me pela estrada do teu desejo
Que contemplo como à tua rosa em flor

Permita-me amar-te como o Mestre diz
Tu, que já viste em meus olhos o espírito
Que anima minha pena a esta canção
Para nós dois a moralidade não condiz
Pois, bravio, o sentimento causa frêmitos
Que guardam o segredo da pura emoção

E a ti, bom Mestre que amar me ensinou
Agradeço como nunca por ter respondido
O enigma que me conduzia à demência
Agora posso dormir, a mente se acalmou
Amar sem da felicidade ter me evadido
E ter a Dama da Noite em minha essência

--
Que a Paz esteja contigo,
Luís Fernando

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Despedida

Despedida
por Nada (http://cancoesdeupoetamorto.blogspot.com)

Queria ter me despedido melhor de ti
Antes de rumar para o reino dos mortos
Terra de uivos agudos e céus cinzentos
Onde não há espaço pro amor, pro sorrir

Não há como fugir do chamado de Uriel
Que ceifa os mortais para o eterno sono
Onde existe o ranger de dentes uníssono
Daqueles que, confiantes, fugiram do céu,

Não me dói ser condenado pelos pecados
Punição justa a um homem desencaminhado
Que não se importou com a graça do alto

Não - o que me pena é não ter me despedido
E assim tão furtivo e esquivo ter partido
Apenas com teu amor para tão duro fado

Caminho do Poeta Morto

Caminho do Poeta Morto
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

Jovens, por que vos contentais com tão pouco
Se está em vossas mãos a força para tudo ser?
Custa tanto assim às vossas idéias perceber
Que falo como os sonhos de um profeta louco?
Será preciso que gritemos até ficarmos roucos
Berrando as verdades até que possais entender
Cristalinas como são, é só apenas olhar e ver...
Ou realmente canto versos aos ouvidos moucos?

Se pudesse levar-vos ao mundo em que eu vivo
Ou contar a vivacidade da poesia que lá flui
E que em toda sua força para a vida contribui
Torná-la una, puro devir sem não-ser reativo...
Entenderíeis, talvez, meu chamado tão aflitivo
A clamar por tal água que minha força restitui
E pelo doce perfume que lá minha alma usufrui
Embriagada naquele pacato remanso tão festivo

Sei que não proponho um caminho fácil de ir:
Muitos tentaram por seus próprios pés caminhar
Por uma senda que eles não sabiam onde ia dar
E nada encontraram a não ser como se destruir...
Mas não caminhareis só se decidirdes me seguir,
Mostrarei as fendas à frente que fazem tropeçar
E distraem os viajantes do pouso ao qual chegar
Prendendo-os em duras ilusões de nada conseguir

Aos que perseverarem até o fim receberam muito
Grande é o mérito e a recompensa do dedicado
Aquele que sempre andou firme e disciplinado
Sem provar da impetuosidade ou do passo afoito
As Portas do Céu se abrem para os bons acólitos
E os Anjos de Deus acolhem os servos dedicados
Que humildes aceitaram o ensinamento reservado
E de toda a sua sabedoria farão bom proveito

À Musa

À Musa
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

A Musa, a Dama da Noite, ainda me inspira.
Certo como o teu hálito que me sustenta firme
E o fulgor de teus olhos que aquece meu viver
Com um amor tão forte que ameaça partir-me

Mesmo que me abandones ao cruel desterro
Guardarei em meu coração tua pura imagem
Consolo divino a apaziguar-me de meus erros
E libertar meu sofrer de tão rude carceragem

Não queres mais as ofertas de minha alma
E respeito tua vontade mais que minha vida
Para querer tua volta pela dor que reclama

Se é na distância que cantarei meus versos
Isolar-me-ei para sempre em minha ermida
Para declamar Tua Majestade ao Universo

Buquê

Buquê
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

Em cada uma destas rosas escrevi teu nome
Com letras d'ouro nascidas do mais nobre coração
Que aqui se transforma por ti em verso e canção
O desejo que o sonho povoa a meu espírito consome

Com estas rosas ergo para ti um altar em tributo
À venerável Afrodite, oh minha Princesa da Noite
Por quem este teu coração clama tão feliz sorte:
Amar-te, mesmo sendo eu, pobre poeta, tão poluto

Se tu me agraciares com teu amor, oh doce dama
Verás que não é vazio o verso que teu poeta declama
Mas sincero como o brilho de tua Lua sobre nós

Mesmo que tu não me escolhas como teu bardo
Saiba que de ti nenhum ressentimento eu guardo
Se me permitires apenas viver do mel da tua voz

terça-feira, 4 de outubro de 2011

À Lua

À Lua
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

Sorriso que se abre entre as nuvens da noite
És tu, oh Dama da Lua que tanto me aviva o ser
Crescendo trigueira em teus solenes mistérios
Ocultas em teus olhos toda a magia do aparecer

Quando tu me mostras tua meia-face alva no céu
Aquece-me com tua beleza pura de astro argênteo
A crescer mui majestosa entre as estrelas fixas
Única poesia possível para este teu poeta vadio

E nos dias em que te tornas cheia de tua magia
Completas meu coração com o fulgor da alegria
De amar-te como jamais poderia sem te conhecer

Mas quando tua imagem evanesce da minha visão
Roubas minhas forças e me privas de toda pulsão
E caio morto e sem vida, esperando teu renascer

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Solitude

Solitude
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

Nas trevas chamo por teu nome
Dama de todas as minhas Noites
Liberta-me da dor que consome
Minhas forças até a dura morte

Acolhe-me no silêncio do beijo
Doce que guardas em teu lábio
E me aquece com incasto desejo
Cuja busca me tornou mais sábio

Mas viraste teus olhos ao largo
E me abandonaste ao vil estupor
De perder a ti, sabor tão amargo

Sábia como és, soberana princesa
Ignoraste minha oferta, meu amor
E condenaste minh'alma à tristeza

Tua ausência

Tua ausência
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

Sinto a ausência de teu perfume em meu paletó
E a falta que tua presença faz em minha vida
Ergue-se como um vazio disposto a tudo drenar
Triste dimensão negra por teu partir erguida

Ao menos o que deixaste em meu coração aquece
O que restou deste teu pobre cantor combalido
Pelo peso de um amor que jamais poderá viver
Junto aos teus alvos pés em teu jardim florido

Jurei não magoar mais a alma que pesada chora
Com versos meus nascidos para a majestosa Dama
A quem este mau poeta, submisso, tanto adora

Mas não posso calar essa força que jaz em mim
E silenciar a música que a teu doce ser aclama
Mesmo que nós dois tenhamos encontrado o fim

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Lágrimas

Lágrimas
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

Alma pesada
Do amor que vira dor
Adeus, amada

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Solidão

Solidão
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)

Meu espírito pesa pela solidão da tristeza
A distância que nos separa impõe duro fardo
A lágrima, a pesado custo, a vontade represa
Ainda que o coração fique por demais pesado

Como aspiro ouvir teu sutil sussurar de fada
Respirando firme enquanto admiras teu vazio
Bem aqui ao meu lado, minha princesa adorada
Libertando-me do oblívio cruel deste frio

Mas aqui padeço, sem o calor de teu abraço
Preso sem esperanças entre as torres de aço
Desta gélida cidade nascida de meu desespero

E no fim, torturado por tamanho sofrimento
Negados me foram os pedidos por teu sentimento
Caminho só à loucura, tão abençoado desterro

Admirador secreto

Admirador secreto
por Nada

Por que escrevo versos à minha dama
Se ela sequer sabe que eles existem?
Se sou tratado assim, de forma tão cruel,
E mesmo assim no peito meus versos insistem?

Se ela me ignora e mesmo assim por amor
Escrevo a ela as pérolas que me nascem d'alma
Continuo a ser apenas um poeta ignorado
Mesmo que não possa esconder essa chama

Mas antes amar sem ser reconhecido
Do que nunca ter amado nesta vida
Pois jamais conceberia uma vida sem amor

Seria melhor jamais ter neste mundo existido
Uma vida sem amor decerto é vida desdita
Pois teu olvido de meus versos causa pura dor

Meus versos a ti

Meus versos a ti
por Nada

Saíram nascidos puros da alma cantora
Versos alegres para tua doce autora
Versos perdidos de poesia duradoura
Canções de dias idos à princesa loura

Versos alegres, no teu tempo perdidos
A cantar o olvido dos anos esquecidos
A falar de um sentir tão incompreendido
Lançado longe nas brumas do vivido

Meus versos, tão distantes destes dias
Sm que tristes vivemos vãs alegrias
Trazem cor à existência tão oprimida

Mas no fim, eu, poeta, não me esqueço
E à tua imagem, vênus, agradeço
Por fazer de meus dias coisas tão vívidas

Poemas teus

Poemas teus
por Nada

Lê os poemas teus
Escritos com a alma
Daquele de declama
Sobre o amor meu

Lê os carinhos meus
Escritos com doce pena
Dos versos que empenha
A alma deste poeta teu

Lê as almas minhas
Que derramo nas linhas
Todas puras em paixão

Lê meus doces dias
A aurora das alegrias
Canções de meu coração

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Soneto da Saudade

Soneto da Saudade
por Nada

Meu coração sente o peso da distância do teu perfume
E dos olhos que sorrindo inquirem o vazio à tua frente
Palpita, trêmulo, na ânsia por aquecer-se em teu lume
Cheio de desejos indecorosos e de meu amor penitente

Esmaga-me a alma não poder me deliciar com tua doce voz
E não poder reverenciar o poder de tua divina imagem
Debruçada, eterna, sobre teu secreto lago negro e noz
Protegida em teus sonhos por tenro jardim e arvoragem

Do longe da sacada da biblioteca de teu próprio castelo
Admira-te, servil, este teu humilde e triste poeta velho
Sem poder, hoje, compartilhar contigo do amor o refestelo

Aspiro por tua presença próxima à minha, suave princesa
Mesmo que seja para desprezar-me ou dar-me tua aspereza
Pois a distância de ti é, para mim, a morte com certeza

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Teus doces olhos

Teus doces olhos
por Nada

Não há como não se apaixonar por teus doces olhos
Ou ignorar o feitiço de amor que tua beleza emana
Talvez seja mais fácil nunca ter ao menos existido
Ou negar totalmente nossa tão vazia natureza humana

Não me surpreende que não entendas teu real poder
Pois que não podes enamorar-te de tua própria imagem
Não sois como Narciso, para sempre deitado sob o lago
A viver, fútil, tomado pela irresistível força de sua miragem

Mas tenhas total certeza, minha admirável Dama da Noite
Que tua doce magia penetra em mim com a força do açoite
E deixa marcas mais profundas que a mais dura verdade

E se não crês no testemunho que lhe dedico nestes versos
Perguntes ao sublime bom Criador de todos os universos
Sobre esse tão amável, puro segredo de sua realidade

À doce Dama da Noite

À doce Dama da Noite
por Nada

Teu doce olhar
Em meu vazio, fundo rio
Triste soluçar

Ao sono da Dama da Noite

Ao sono da Dama da Noite
por Nada

Tu que dormes
Minh'alma, em ti, calma
Toca-me a tez

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Soneto Shakespeareano de Amor ao Trabalho

Soneto Shakespeareano de Amor ao Trabalho
por Nada

Quero um litrão de gasolina e um isqueiro
Para transformar esta merda em um fogueiro
Quero quilos de glicerina e muito trinitrotolueno
E para colorir a explosão, um tonel de benzeno

Quero uma filial da demolidora do bin laden
Jogar dois aviões que estas porras explodem
Quero também um pouquinho de pólvora seca
Pra mandar esta porra voando direto pra meca

Para ficar bonito vou fazer isso à luz do luar
Vou trazer uns marshmallows pra no incêndio assar
Para me deixar feliz não vai precisar de muito
Evacuarei todo mundo, não quero ninguém de luto

Este meu soneto é um ode de amor ao trabalho
Coisa que eu quero que vá para a casa do caralho!

domingo, 18 de setembro de 2011

Curriculum Vitae Homero Fraga

Prezados Amigos

Segue em anexo o curriculum de um grande Amigo e Irmão, Homero Fraga, despedido recentemente. Se alguém tiver alguma oportunidade de emprego para ele, eu agradeceria muito esse favor.

--
Que a Paz esteja contigo,
Luís Fernando

Tu, meu sonho

Tu, meu sonho
por Nada

Tu me fazes querer sonhar acordado, mesmo que o sonho seja um pesadelo
E antes que tu me entendas mal, tu és um doce sonho, minha querida
Um sonho que não se sonha só, um sonho que sonhando cria a realidade
Dos devaneios nos quais, eternos, contigo irei erguer minha ermida

Se meus olhos alcançam os teus nesse vendaval louco de sutis impressões
Encontro neles a fulgurante certeza que tanto procurei em minha vida
Aquela verdade profunda que tanto foge dos homens fadados ao vil sono
Com velocidade célere de uma jovem corça sangrando, mortalmente ferida

E se por desventura desperto de teus braços hipnóticos para o triste dia
Conservo no íntimo a mais bela imagem jamais vista por seres mortais
Narcótico prazer que mantém viva em meu espírito tua jovial alegria

Desperta-me deste pesadelo nefasto ao qual, frios, chamam "realidade"
E aprisiona-me em teu reino noturno de belas quimeras ancestrais
Pois prefiro antes ser um escravo teu que desfrutar vazia liberdade

Teu riso, meu remédio

Teu riso, meu remédio
por Nada

Se te faço rir
Uma dor em mim
Passa sem sentir

Soneto ao luar

Soneto ao luar
por Nada

Me fascina teu brilho argênteo nas águas negras
E tua pura beleza perfeita de astro translunar
Debruçando-se no lago de minhas doces alegrias
Com teu sorriso cheio de mistérios a desvelar

Me seduz a forma como tu desces faceira do céu
E repousa sobre as flores do campo tua luz cálida
Abrindo-te em esplendor para os corações em mel
Adocicado pelo amor abençoado por tua forma pálida

E das mil flores que coroaste com tua aura divina
Faço um ramalhete para minha amada princesinha
Ornado com as pétalas rubras da flor do sentimento

E do ramalhete faço um pequeno mimo para minha dama
Vestida com seda mais negra do que tua distante cama
Oh, Lua, bendita madrinha deste tão virtuoso momento!

sábado, 17 de setembro de 2011

Em teus olhos

Em teus olhos
por Nada

Em seus olhos encontro a paz que todo viajante busca após longa jornada
O justo descanso daqueles que fizeram da faina diária sua morada.
Neles eu vejo toda a santidade dos nossos mistérios mais profundos
E dos segredos mais solenes e fulgurantes deste nosso mundo.

Em seus olhos tenho o puro e doce aconchego de um abraço caloroso
O encontro de corações que palpitam juntos após sublime gozo virtuoso.
Neles eu sinto a realidade de todos os sonhos mais verdadeiros
E o concretizar atual das minhas loucas vontades e devaneios

Em teus olhos encontro um caminho para me abandonar de mim,
Oferecendo-me em sacrifício para a princesa vestida de carmesim
Em prol de uma felicidade que talvez seja meu último festejar

Em teus olhos encontro o fim que pretendo para minha vida,
Fundindo-me profundamente com tua alma para mim tão querida
E assim nos teus alvos braços enlaçado a eternidade toda atravessar

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Hai-Kai Diversos

Hai-Kai nº1

O cavaleiro com sua espada
aos pés da dama se ajoelha
e beija seus brancos pés

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Hai-Kai nº 2

O tempo me leva no colo
A morte me beija os lábios
Os olhos se fecham

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Hai-Kai nº 3

O ser se tornou não-ser
A lógica nunca explicou
O existir acabou

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Hai-Kai nº 4

O vento passou e levou
As folhas caíram de secas
O tempo passou

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Hai-Kai nº 5

Sei que você não me amou
Mas ao teu lado fui feliz
Pra sempre, te amo

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Hai-Kai nº 6

Triste é o ofício do poeta
Pois a lágrima lhe secou
Pela pena escorre a dor

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Hai-Kai nº 7

Dor no peito, dor na alma
Médico não cura
Um abraço acalma

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Hai-Kai nº 8

Uma pessoa sofre
Outras assistem
As vidas seguem

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Hai-Kai nº 9

Lágrima que escorre
Emoção que concorre
Alma que corre

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Hai-Kai nº 10

Humano é viver
Viver é sofrer
Sofrer é humano

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Hai-Kai nº 11

Alma que canta
É alma que chora
Disfarçando a dor

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Hai-Kai nº 12

Mundo de sombras
Mundo de ilusões
Triste mundo

Desejo

Desejo
por Nada

Aquece-me saber que a dor colore teus desejos
Penetra fundo na fonte secreta dos teus anseios
Adentrando-me no mistério sagrado da longa noite
torturando-me com tua nua silhueta como açoite

Segue minha mente caindo suave por tuas curvas
Petiscando com os olhos e a língua tuas arguras
Sentindo apenas com a pura mente teu único gosto
Com carícias que correm a muito além de seu rosto

Segue meu desejo incasto de brindá-la com os dedos
De um enlevo nascido do fundo de teus desejos
Tua solidão, minha vontade, nossa profunda lascívia

Penso mais do que com os dedos tocá-la no íntimo
Mas de tal desejo dispo-me triste em um átimo
Por saber que jamais tal graça tu me concederias

Falando ao Sono (ou "Sono, por que não me abandonas?")

Falando ao Sono (ou "Sono, por que não me abandonas?")
por Nada

Sono, por quem me tomas pois que nunca me abandonas?
Serei eu teu eterno amado daquelas pueris brigas de maio
Que entre tapas e romances e gritos trocamos beijos afetados
E saímos juntos perante a multidão que nos acusa de soslaio?

Serei eu aquele teu sonho que insistente te persegue à noite
Com carícias e regalos nunca antes provados por seres mortais?
Pois que seja eu a te dar carinhos e delícias proibidas aos outros
Que por desprezo zombam mas no frio âmago desejam ser iguais...

Aninha-te solene em meu cansado seio pleno de ti, sagrado Sono
E cantemos aquelas velhas modinhas que ainda ecoam para nós
Aquecidos e alentados pelas já esquecidas fogueiras de outono

Durmamos aquela que pode ser desta Eterna Noite sublime algoz
Versificando nosso fortuito caso em soneto e poema alexandrino
Abandonados um ao outro, profunda verdade que não se põe em voz

Donzela Elfo

Donzela Elfo
por Nada

Pousei nela o ver de meus olhos sem querer
Donzela Elfo era, em seu nome, a Primavera
Pura ao alvorecer tal como rosa a nascer
Oh beleza austera, sempiterna a toda era!

Prata são os cabelos bem presos em novelos
Olhos de safira, sua nobreza que suspira
Modos tão singelos de viver em mil castelos
Alma que me inspira, som puro de uma lira

Mas da boca rubra não há quem me descubra
O doce mistério, entrar em teu beatério
Qual santa recubra, sem desejos de umbra

Teu sono uniforme te transforma deiforme
Profundo ermitério, um divino presbitério
Donzela Elfo dorme, o coração se conforme

Caverna de Homens

Caverna de Homens
por Nada

Tristes almas que caminham pelo mundo
Vagando como sombras sem conhecer a Verdade
Acreditando piamente nas ilusões que enxergam
Sem sequer a vontade de conhecer a realidade

Seres presos ao fundo da caverna pela ignorância
Não percebem serem apenas sombras na parede
Atribuem-lhes realidade ao plano bidimensional
Por não terem por conhecimento nenhuma sede

Mas ai daquele que se liberta das suas correntes
E caminha destemido para a Verdade fora da caverna
Pois todos os sofrimentos para ele se fazem presentes

E se volta esse herói para a caverna superada
Encontra algozes em prisão de sombra eterna
Um triste fim enfim encontra para sua jornada

Canção do Caminho do Amor

Canção do Caminho do Amor
por Nada

Em cantar os versos da Primeira Canção
É preciso lembrar sempre de quem se canta
Pois certas rimas não podem ser ditas aqui
Apenas aquelas nas quais o coração encanta

Tomo algumas linhas para dizer novos tons
Expressar em parcas palavras o ar dela
Aquela pras quais os poetas do Amor sonham
Mas poucos vislubram sua face tão bela

Não falo das pobres e vazias formas humanas
Essas que se esvaem com o evanescer da vida
Falo do que há de sublime no ser da alma
Aquilo que finalmente adentrou minha ermida

Liberdade apenas para quem sabe o que é Amor
E Amor é amor às verdadeiras grandes belezas
Aquelas que elevam à alma o sabor do Paraíso
Revelando ao amante todas as suas grandezas

Mas eis que se envereda por solitária estrada
Aquele que por esta via decide deixar passos
Conhece apenas as dores da distância do leigo
Sabe os duros aromas conhecidos nos percalços

Ao longo da estrada se por ela quer perseverar
Encontra o caminhante muitas esquinas a seguir
Vai o são em frente pela via estreita e reta
Os tolos dobram as curvar para no Abismo cair

Como prêmio encontra o amante sua doce Marília
Companheira dedicada nesta tão longe estrada
Caminharão firmes pela via que sobe aos Céus
Saberão juntos a conquista magna tão desejada

Vivo hoje como peregrino do Amor em jornada
Junto ao anjo santo de tristes sonhos azuis
Indo com ele na trilha dos bem aventurados
Na felicidade do casamento que brilha e reluz

Purgatório

Purgatório
por Nada

Canto I

Caminho entre mil sombras de vida
Todas com a temível pretensão de verdade
Minha mente tomba cansada a cada passo
Terrivelmente exausta dessa superficialidade

Não há repouso para os sinceros de coração
Para os que foram amaldiçoados com o pensar
Somos todos esmagados pela vã futilidade
Em nossas almas habita só o mais puro pesar

Eis, oh poetas, nossa amarga sina de vida
Cantamos a verdade para surdos que não vêem
Tal como a doce ave que voa por ter que voar
Falamos de Deus e nossos ouvintes não O crêem

Canto II

Não existe consolo para nossas pobres almas
Nem mesmo nossa Berenice pode nos alegrar
Condenados como estamos a vagar entre as sombras
Cantando-lhes a Luz sem nunca lá poder estar

A solidão é para nós a mais justa das pagas
Culpados como somos pelo crime da total diferença
Não nos comportamos como nenhuma das sombras
E por isso todas elas fogem de nossa presença

Nem mesmo no Amor, nosso único leal amigo
Encontramos afagos para as dores de nossa vivência
Mas devemos ainda assim cantá-Lo, oh poetas,
Pois só n'Ele encontramos um Ser para a existência

Canto III

Existe porém, oh poetas, dor maior que a solitude
Essa má companheira que pelo menos nos inspira
Como uma cruel amante nos derruba em prantos
E se compraz na alma copisoa que triste suspira

Não, oh poetas - existe dor muito maior que ela:
Sangram as almas pela dor de amar e estar só
Longe da bela Marília apresentada a ti pelo leal Amor
Eis a suprema das dores e não existe outra maior

Guardem bem estas palavras, amogis no pranto,
Pois todos nós bem conhecemos e vivemos essa dor:
Em nossa solitude consiste nossa amarga pena
Mas talvez por isto tenha o Amor te eleito Seu cantor

Canto IV

Mas mesmo que estejamos imersos em tanta tristeza
E condenados ao mais profundo dos infernos d'alma
Ainda assim encontramos na amada boa Marília
Conforto para esta caminhada e carinho em sua palma

Aviso-nos, oh poetas: jamais nos deixarão amar
As sombras ambargarão todas as nossas felicidades
E tentarão arrastar-nos para seu mundo insosso
Prendendo-nos como esquizofrênicos em suas cidades

Eis a doce ironia de nossos cantos, oh poetas
Porém é por esta ironia que devemos tentar viver:
Lutaremos contra as sombras e seus cães psicólogos
Encontraremos nossas Marílias para felizes enfim Ser

Canto V

Persisti, oh poetas, porque a busca por Marília é justa:
Apenas com a ajuda do leal Amigo Amor veremos Deus
Nossas Canções enfim serão ouvidas pelas sombras cegas
E elas compreenderão nossos sentimentos como seus

Apenas assim poderemos nos elevar para mais além
Deixando este corpo prisão para as sombras que o querem
Pelo Amor e com Marília deixaremos as dores aqui
Sairemos por nós do purgatório sem nos libertarem

Teremos na liberdade a paz que tanto sonhamos
E em nossas Canções enfim de Amor falaremos
Livres das sombras e da obrigação de ensiná-las
Neste derradeiro sublime momento para a Luz iremos

Canção para Amada

Canção para Amada
por Nada

As horas caminham lentas ao teu lado
Nos poucos alegres momentos nesta vida
Sinto-me enfim inteiro em tua presença
E experimento o doce da felicidade querida

Somos um só eterno Ser nos éons do Tempo
Nascidos antes da Memória para o Amor
Circulamos como fantasmas na solidão
Até sermos re-tornados Um pelo Divino Favor

Dama, Amiga, Senhora, Princesa, Rainha
És para mim muito mais do que sei dizer
Não existem palavras para mim capazes
De cantar todos meus sentimentos por você

Oh, Amor! Aninha-te em nossas almas
Canta conosco mais esta nossa Canção
Ditada a mim pela grande Marília Musa
E escrita com palavras nascidas do Coração

Canta conosco este hino de louvor à Musa
E junta-te a mim em sublime adoração
Permite ao teu Dirceu estar contigo para sempre
Viver junto a ti conforme mandar a Emoção

Canção da Liberdade

Canção da Liberdade
por Nada

Sopra teu vento sobre os campos verdes
Guiados pela doçura e beleza de tua mão
Corres montada neles percorrendo o mundo
Certa das nossas coisas que acontecerão

Bailas nos cabelos verdes dos gramados
Caminhas por onde tua Vontade te conduz
Dançando as rodas da liberdade visceral
Trazes assim ao Existir o Ser da tua Luz

Grita com vontade que te livraste do mal
Caminha decidida rumo ao que tu queres
Não temas os perigos em tua longa via
Tu chegarás pelos caminhos que fizeres

Caminha sem medos já que deves caminhar
As pedras sob teus pés sempre estarão
Porém não tens o que temer ao meu lado
Te protegerei e elas não te atingirão

Mas se te sentires sozinha ou abandonada
Não temas me chamar pois contigo estarei
Se tu fraquejares te levarei nos braços
Se te sentires impotente eu te animarei

Toma-me em teus braços para um novo dia
Neste novo canto de liberdade e alegrias
Sejamos eu e tu uma só coisa indistinta
E que nosso Ser Eterno pare as agonias

Voa solta pelos Campos de Maio, Marília
Segurando teu buquê de hálito de jasmim
Entoa teu hino novo composto por Dirceu
Mostra pro mundo que queres viver assim

Canta teus versos em elegia à Liberdade
Ao momento em que vives e queres viver
Pois livre e solta como estás deves ter
Certeza pura da alegria que é puro saber

Desce dos teus ventos ao lado de Dirceu
Vive ao lado dele que apenas teu bem quer
Proclama tua liberdade pelo agir do amor
Seja todo o ser que tens por ser mulher

Canção da Serenidade

Canção da Serenidade
por Nada

Acalma-me muito a alma repousar os olhos sobre ti
E em muito me tranqüiliza saber o dom de tua paz
Descansa-me solene nos confortos de tua silhueta
Cobrindo-me com teu doce carinho que me satisfaz

Aguardo-te deitado em tua benfazeja longa cobetura
Alimentado pelas tuas perenes sombras de acalanto
E tecidas co'o brilho eterno radiado de tua pureza
Atraindo-me para ti com sentimento e total encanto

Brinco-te deitado no leito nu dos riachos do peito
Em idílico estado de graça suprema dos apaixonados
Que se permitem dançar alegres a bela sinceridade
A séria infindade da chama que os torna abençoados

Dormimo-nos à semelhança dos sussuros das brisas
Que em suas canções traz aos homens sua serenidade
Do Desejo de Marília por Dirceu, e Dirceu por ela
E da Vontade de juntos chegarem à paz da Eternidade

Elegia à Marilia de Dirceu

Elegia à Marilia de Dirceu
por Nada

Nada supera o calor do teu abraço
Nem se iguala ao sabor do teu sorriso
E não existe coisa mais doce para mim
Que o brilho dos teus cabelos que tanto aliso

Beleza no mundo não se compara a ti
Modelo perfeito do ser-verdadeiro feminino
E é impossível haver anjo assim tão sublime
Quanto este que o Senhor pôs em meu caminho

E a brandura e verdade dos teus sentires
Nenhum dos poetas soube ou saberia cantar
Apenas teu Dirceu, por amar a ti, conseguiria
Com justiça versos à sua Marília declamar

Musa viva de tempos mui antigos saída
Acalanta-me com tua divina inspiração
E toma teu humilde servo em teus braços
Enquanto para ti ele entoa uma nova canção

Oh, doce Marília, ouve a súplica de teu Dirceu:
Nunca nesta vida te permitas de mim partir
Agracia-me com a vida eterna junto a ti
E deixa-me dizer-te no Fim: "gracias por existir"

Lobo Solitário

Lobo Solitário
por Nada

Caminho altaneiro pelas estepes
Senhor de meus rumos e caminho
Apenas o assovio cruel do vento
Faz-me lembrar que estou sozinho

Singro pela imensidão deserta
Forçado pelos outros lobos ao exílio
Meu crime: caminhar na diferença
Aos acusadores todos correram em auxílio

Podem deixar-me só e em minha paz
É dessa forma que eu quero, afinal
Sou carente de minha doce solidão
E também sou um ermitão terminal

Quero apenas uma companhia comigo
Minha querida e estimada Marília
Não importam os outros, que morram!
Basta-me tê-la como minha família

Epitáfio de Dirceu

Epitáfio de Dirceu
por Nada

Possa minha velhice ser mui ditosa
E quando os dias enfim me faltarem
Que eu possa encarar sem medo o Pretérito
Com as firmes coragens que me alcançarem

Possa eu bem viver meus últimos dias
Tão feliz quanto pude ao longo da vida
Vida que passará ao largo dos meus dedos
Sem nunca se permitir ser esquecida

Possa eu estar ao teu lado em meu fim
Como o casal alegre que tanto sonho ser
E que nossos belos anos juntos testemunhem
Sempre o bom sentimento de te conhecer

Possam meus bons amigos estarem comigo
Ajudando-me fiéis na derradeira das horas
Que eles paguem por mim o óbolo de Caronte
E consolem à ti, doce Marília, que choras

Possa eu enfim partir em profunda paz
No gozo da certeza dos deveres cumpridos
Junto a ti e ao Nosso Pai Altíssimo Deus
Te aguardo, Marília, c'o sentimento infindo

Sol e Lua

Sol e Lua
por Nada

Seja esta noite eterna
mesmo que ela não tenha fim

Aos passos mais longos caminham aqueles
Que a solidão escolheram como companheira
Medo, que triste fim para os grandes amantes
De corações partidos por mera lasca de vieira

Seja esta noite sem fim
mesmo que ela não tenha tempo

Sol e Lua a correr pelo céu atrás do outro sois
Quereis mais do que a panacéia de um carinho
Mas não vos entregais pelo medo do depois
Acenastes vós à tristeza e andastes sozinhos

Seja esta noite sem tempo
mesmo que ela não seja noite

Mas Sol e Lua nesta noite deixaram seus mantos
Sob a pedra sobre a qual haviam jurado não pisar
E Sol e Lua, juntos, aninharam-se em seus recantos

Seja esta noite noite
mesmo que ela não seja eterna

E Sol e Lua, antigos caminhantes solitários da vida
Redescobriram juntos que a um outro podem amar
Sol e Lua caminharão juntos, uma só alma unida

Beija-Flor Dirceu

Beija-Flor Dirceu
por Nada

Bato minhas asas pequenas de mansinho
Permitam que eu me apresente: sou Dirceu
Um gracioso beija-flor cantor sem ninho
Procurando nas árvores um galho pra ser meu
Voando entre as flores da vida com carinho
Seguindo em frente com a sina que Deus me deu
E asim vou vivendo e cantando bem sozinho
As mágoas d'um coração que amor não viveu

Mas para um cantor sem ninho sou exigente
Pois não quero aninhar-me em qualquer canto
Eis que para ser sincero comigo e toda gente
Digo saber o que quero na busca por meu recanto
Nesse ponto dos outros pássaros nada sou diferente
Busco minha Marília, fonte do meu acalanto
E que longe dela resta-me apenas o pranto

De minha Marília muitas coisas eu posso falar
Guiado como sou pela voz doce do seu coração
Mas mesmo assim as palavras falham cantar
Tudo aquilo que a doce Marília me traz à emoção
Com a pureza de seu sentimento a me tocar
Com o gesto nobre de gostar sem obrigação
Deixemos a Paixão por Marília tentar explicar
Pôr em palavras de grandeza o ouro dessa pulsão

Sei que minha viagem é longa e dura
Mas valerá a pena com toda a certeza
Pois para meus males só Marília é cura
Promessa de um novo verão sem tristeza
Com novas canções sem nenhuma lamúria
Compostas no mel bebido com presteza
Colhido por mim em gestos com destreza

Assim que eu chegar eu me aninharei
E junto a minha doce Marília deitarei
Cantaremos juntos versos que escreverei
Com os sonhos dela o futuro sonharei
E cada noite ao seu lado eu dormirei
E doces sonhos que de manhã lembrarei
Acordando junto a ti assim estarei

Andrômeda Acorrentada

Andrômeda Acorrentada
por Nada

Espera por teu Perseu aí presa na rocha
Presa como foi pelos medos do teu âmago
Ataste a ti com tuas correntes de prata
Como oferenda aos monstros e ao teu ego

Ali, olha prum povo que te jogou ao mar
Vê neles o desejo por teus lábios de mel
E as vergonhas por te desejarem ao longe
Mesmo sabendo que teu destino é o fel!

Até as crianças debocham e te ofendem
Com cacos de conchas ameaçam despedaçar
Tanta beleza pelos deuses reunida aí
Nesse corpo que Poseidon vai se apossar

As mulheres te matam por inveja, anjo
Pois sabem que contra ti não disputam
Por não terem como vencer a tua beleza
E por isso teu sacrífício elas apóiam

Reza por teu Perseu, oh doce Andrômeda
Pois tu não merecias semelhante destino
Mas... quem é aquele heroi ali na praia
Com aquele belo rosto e nariz aquilino?

Novo Ano Novo

Novo Ano Novo
por Nada

Estrelas de mil sóis inventados brilham na janela
Saudando o ano que terminou, lamentando o novo ano
Mais um conjunto de dias sob este sol sem motivos
Centelhas de esperanças a serem negadas em seu plano

Salve as alegrias de milhares de horas novas enfim
Que chegam com as bodas prateadas do ano que inicia
Felicidades que cantam por si mesmas seus doces dias
Eis um ano novo, eis o inicío de u'a nova minha alegria!

Olha pros meus sonhos, pois forrei meu chão com eles
Pisa com cuidado, pois meu chão eu cobri com esperança
Alimentada por suspiros e cantos deste meu ser reles

Mas vem comigo pelos salões de meus inspirados cantos
É por um feliz ano novo que inicio mais esta andança
Tristezas e alegrias se alternam entre risos e prantos

Minha Terra

Minha Terra
por Nada

Na minha terra nascem plantas de muitos sabores
Na minha terra resplandescem os cheiros de teus amores
E pensar que em minha terra distante tua flor nasceu
Cercada pelos doces afetos e de ternura que você conheceu

Na minha terra as coisas nasceram conforme o ano
Desde o liso espigar da cevada até o lustro do ébano
E registro nestas linas os versos de um coração ardente
A cantar as belezas todas de uma terra tão diferente

Em minha terra muito pouco arada pelo tempo
Nada impediu nascer as mil rosas que dei pra ti
Como sinceras promessas d'ouro que não se joga ao vento

São os frutos de minha terra as palavras que escrevi
Registrando por meio delas tudo o que senti:
O desejar pela infinitude dos instantes que contigo eu vivi

Dança, Zaratustra

Dança, Zaratustra
por Nada

Dança, Zaratustra
Mestre dos Homens e de Si
Dança com a alegria do inascido
Dança co'a beleza das crianças
Dança teu sabor de Deus deídico
Dança teu orgasmo de viver
Dança, oh, Último Homem!

Dança, Zaratustra
Guia dos Sábios e dos Loucos
Dança com a força dos Senhores
Dança com piedade pelos Fracos
Dança co'o gosto de teus sabores
Dança teu prazer de ser Tu
Dança, oh, Assassino de Deus!

Dança, Zaratustra
Hedonista sem cristos n'Alma
Dança com teu andar requebrante
Dança com estupor de Não-Ser
Dança com o teu gozo replicante
Dança teus amores infinitos
Dança, oh, Maior dos Niilistas!

Dança, Zaratustra
Ermitão esquecido pelo Tempo
Dança co'o deleite de Inexistir
Dança com o apreço pelo fingir
Dança teu largo gesto de sumir
Dança teu estar sem estar aqui
Dança, oh, Grande Iniciado!

Dança, Zaratustra
Que eu danço con-tigo
Eu Danço em ti

Soneto aos Tristes Olhos Azuis de Dirceu

Soneto aos Tristes Olhos Azuis de Dirceu
por Nada

Muito me agrada ver teus sonhos sorrirem
E vê-los deixar de lado a tristeza sempiterna
Que tanto incomoda as pérolas de teus lábios
Em uma contradição um tanto quanto moderna

Teus tristes profundos sonhos azuis de mar
Que como ondas quebrando falam de tua alma
Sorrindo meio a lembrança de teus temporais
Encontram aqui u'a ilha de voz mansa e calma

Deixa tuas pérolas me contarem tuas calmarias
E encontra em minhas doces mãos teu porto seguro
Nos quebrantos de um mar em que me arrebatarias

E à tristeza do profundo dos belos sonhos teus,
Duas jóias perfeitas entalhadas em bom augúrio,
Nomeou-me corretor meu Senhor, nosso bom Deus

Cantarei contigo

Cantarei contigo
por Nada

Se tu me perguntares, amor
Cantarei contigo aonde for
A beleza de uma primavera
Outono, inverno à vera
Tua pureza, linda flor
Dos poetas, o teu sofredor
A cantar a velha dor
Que sempre passa
No carinho que me abraça
Nos braços do teu amor
Que nunca acaba
E sempre alcança
Minha alma cansada
Minha voz de cantador
Na vida louca de poeta
Com esperança
E na certeza da lembrança
Que embala um grande amor
Cantarei contigo aonde for

Espírito Livre

Espírito Livre
por Nada

E tu que te aproximas, quem és,
Tu, que pelas sombras te esgueiras
Com olhos a me olhar de través?

Pode me chamar de Espírito Livre
Pois espírito livre eu sou
Dançando e cantando nas noites
Indo e vindo ao sabor de meus pés
Voltando pelos caminhos que quero
Sendo e não sendo como eu desejo
Sou aquele que é e aquele que passou

Sois Espírito Livre, como quiseres
Mas dizei a mim, Espírito gracejo,
Quem sois de verdade e o que fazes?

Sou muitas coisas e nada sou, nobre
Não me perguntes aquilo que não sei
Sou homem, sou mulher, sou criança
Sou tudo de uma vez e cada coisa
Cada coisa ao seu devido tempo
Aquilo que faço eu não penso sobre:
Ajo como quero, eis como responderei

Mas Espírito Livre, por quem eu sou
Responda sem rodeios e sem falsidades
Quem és, pelo Alto Deus que te criou?

Sou boêmio cativo das noites e bares
Sou devoto das igrejas mais sagradas
Danço, bebo, seduzo, profano como sou
Rezo, apiedo-me, oro, sagrado como sou
Sou todas as coisas e o nada de uma vez
Como você me prefere: o tudo ou o nada,
A casa de meu pai tem muitas moradas!

Podes dizer muitas coisas de uma vez
Mas nada dizes assim, Espírito Livre
Responde-me quem és, e o que queres

Nada quero que já não seja todo meu
Nas sombras de pura luz de minha vida
Já disse que nada sou e que nada tenho
Já disse que tudo sou e que tudo tenho
Já disse que nada sou e que tudo tenho
Já disse que tudo sou e que nada tenho
Por que insistir na pergunta repetida?

Mas por quem eu sou, responde a mim,
Espírito Lívre que nada diz de direto
O que queres dizer para mim assim?

Eis o que quero dizer, jovem efebo:
O nada e o tudo são o mesmo e nenhum
Ai de ti, que procura respostas na vida!
A vida nada tem a te responder, jovem
Ela só tem as perguntas, e nada mais
Mas ninguém possui as respostas prontas
O zero se faz um no instante do algum

Se queres uma resposta, abre teus ouvidos
Pois a vou dizer uma única vez, efebo:
Eu sou você

Liberdade

Liberdade
por Nada

Eu tenho tudo e tenho nada nesta nova canção
É o princípio de uma vida na minha emoção
É o início de um tempo para o meu coração
É o final de um sofrimento para minha razão

Eu tenho tudo e tenho nada e tenho tudo na mão
Vivo a promessa de alegria para esta estação
Esperando minha alma encontrar direção
Nos lábios frios de argila dessa vil sensação

Estou cansado de negar sem encontrar solução
Por mais que tente não falar sei que vocês saberão
Por mais que tente não chorar sei que vocês cantarão
A minha viva fria morte em cruel situação

Eu vou e venho num disparo em destempero do não
Com alegria e com leveza canto nova oração
De louvor e de orgulho dessa bela pulsão
Pois enfim me libertei dessa tirana paixão

Elegia do Leproso aos Homens

Elegia do Leproso aos Homens
por Nada

Eis que me sinto novamente sozinho...
Em minha caverna solitária eu vejo o fogo
Enquanto as sombras dançam na pedra
Tomando a forma de um galho de azevinho

Triste é o silêncio em minha caverna
Só o fogo ri crepitando enquanto morre
Tudo parece condenado ao nada um dia
Mesmo o alento da cerveja na taverna

Já é noite quanto olho pra mim
Nu em chagas sou como todos os homens
Que escondem em peles falsas sua beleza vazia
E negam seu horror com púrpura e carmesim

Sei que entre eles sou apenas um leproso
Terrivelmente parecido com suas almas
Podres e vazias como minha pele verde
Mas isso me deixa ainda mais orgulhoso

Não minto nem me escondo do fato:
Sou um leproso em uma caverna fria
Igual a todos os homens podres de verde
Dos quais o exílio eu sabiamente acato

Rosas

Rosas
por Nada

Quando tento escrever
Saem só versos mancos
Umas poucas palavras
Um poema em branco

Quando tento escrever
As palavras não sabem dizer
Todas aquelas minhas rosas
Que eu tenho guardadas para você

Mas não sou poeta, você sabe
E antes que este verso acabe
Vou lhe contar o que quero escrever

As rosas do amor eterno e da paixão
Que eu amei no fundo do meu coração
Eu as guardei apenas para você

Lembranças da Minha Morte

Lembranças da Minha Morte
por Nada

Meus olhos se abrem e desperto
Do curto sonho eu estou liberto...
Mas tu dormes na longa noite...
Vives tu na vida, eu na morte
Contemplo tua face perfeita
Teus cabelos sobre aquela jaqueta
Que te dei naquele Natal...
Admiro tua beleza sem igual

Fico parado olhando a ti
Mesmo sabendo que te perdi
Para a longa noite eterna...
Olho para o corpo que hiberna
Sento ali e aguardo teu despertar
Para que juntos possamos ficar

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sonhos de uma Noite de Amor

Sonhos de uma Noite de Amor
por Nada

[Poema à duas vozes, Ele e Ela]

Ele:
Minha sombra arranha nos teus azulejos
Duma maneira estranha aos teus desejos
Vai bailando solta nos teus devaneios
Dançando o baile negro de meus pesadelos

Ela:
Minhas memórias vagam sem rodeios
Passando por lembranças em volteios
Minha sombra arranha nos teus desejos
Minha mente vaga em teus devaneios

Ele:
No baile negro de teus azulejos
Na vida morta solta em teus rodeios
Nas palavras mudas em meus volteios
Nas minhas sombras em teus pesadelos

Ela:
Nas memórias tristes de meus desejos
Minha mente vaga pelos azulejos
Traçando sombras tristes em teus rodeios
Lembrando bailes velhos em seus volteios

Ele:
Nas palavras ditas em meus pesadelos
Nas minhas vidas em teus desejos
Pelas nossas sombras em devaneios
Minha mente dança em teus azulejos

Ela:
Minhas memórias apagam em volteios
Minha mente vive em teus desejos
Tua sombra rege meus devaneios
Minha vida entrego aos teus azulejos

Ele e Ela:
O amor brilha em nossos volteios
Querendo ser uno em novos rodeios
As vidas se unindo em nossos desejos
Duas sombras em uma nos azulejos

Versos a Ele

Versos a Ele
por Nada

Dança o sorriso nos lábios teus
De ternura e desejo ali tensos
Brinca comigo teu corpo de deus
Sou tua serva por todos os tempos

Amo-te a ti como nunca amei
Não haverá para mim mais vida
Se com quem o coração deixei
Deixar-me com um amor sem saída

Venha a Morte, infame inimiga,
Daquele que a dois corações liga
Eterno por além das mil eras

Morra eu se a ti a Morte vier
Serei para sempre tua mulher
Tua amante, e tua serva eternas

Dama da Noite

Dama da Noite
por Nada

Vieste como luz numa caverna para mim
Divino anjo redentor dos meus pecados
Trazendo em tuas asas de puro carmesim
A salvação a este teu servo humilhado

Tragas a paz para as trevas que habito
Divino ser feito por tua vontade mulher
Dá a mim a deusa de que tanto necessito
Perdoa-me, que preciso disso para viver

As palavras de perdão não nublam a ti
Nem teu perfeito talhe em alvo mármore
Saído do cinzel louco dum Buonarotti

Mesmo o tom exangüe que marca tua tez
Não impede que em mim o Amor comemore
Teus caninos em meu pescoço em nudez

Soneto à Imperatriz

Soneto à Imperatriz
por Nada

Salve Rainha de Minhas Primaveras
Doce é a tua voz que me alcança ao largo
Teus cabelos com grinaldas entrelaçadas
Trazem cor ao meu sombrio mundo amargo

Vem a mim, tu que é a Maior das Deusas
Flutuando na gaze destes primaveris salões
De árvores feito e enfeitado por guirlandas
Contigo trazes tua pura luz para estes portões

Ajoelho em tua frente, oh grande Deméter
E junta-te a mim no Sagrado Trabalho
Sacerdote e Sacerdotiza juntos no Éter

Cinge minha fronte com a Coroa Dourada
Pois sem esse teu gesto eu de nada valho
Sagra-me teu Imperador, oh Imperatriz amada

Confissões (Amor Iludido)

Confissões (Amor Iludido)
por Nada

O vazio de minha essência quis eu preencher
Da pior maneira que um homem poderia escolher:
Quis preenchê-lo com o amor que por ti sinto
Eis que sem perceber criei para mim cruel labirinto

Sei que tu não me amas tanto quanto eu te amo
E por "amor" não chamas a mesma coisa que eu chamo
Essa é a triste vida de um cancioneiro da alma:
Por amor viver sem paz e muito longe da calma

Mas não te obrigues a me amar como eu amo a ti
Pois não quero forçar-te a tamanho sacrifício...
Deixa-me só a amar do que forçar o amor a ti

Deixa-me chorar por um amor não correspondido
Mas não me deixa viver sem ti, meu benefício
Preferível a morrer só é viver um amor iludido

Umbra

Umbra
por Nada

De novo sinto tua sombra em minhas coisas...
Aquele traço teu, tão peculiar ao meu olfato
E que marcou fundo desde nossa primeira vez
Eu o sinto aqui, nas paredes de meu quarto

Posso ver teus olhos, pérolas faiscando
Olhando para mim em doce súplica profana
Divinamente esquecidos entre meus joelhos
Enquanto nossas almas assim se tornam uma

Minha pele ainda é marcada pelo seu perfume
Cada poro do meu corpo exala tua doce essência
E minha vida se alimenta do teu puro lume

Mas o que eu sinto é apenas tua sombra
Vago resquício de tua forte luminiscência
A trazer alegria para minha triste umbra

Ex Nihilo

Ex Nihilo
por Nada

Morri - morri sem nunca ter estado vivo
Sangrei toda a alma em essência natimorta
Sou aquele que é sem nunca ter existido
Cruzei os umbrais sem ter aberto uma porta

Deixei para vós reais ilusões e sólidas aparências
O legado eterno dos homens para sempre mortais
Deixo como herança a dúvida: "tereis vivência"?
Mas não me perguntai, já que os mortos não falam!

Como sois tolos em acreditar possuírdes ser
E que algo além de ilusão persiste em vossos olhos
Embaciados por coisas que existem como sonhos

Oh, mundo oco, cheio de coisas que não podem ser
Pudesse eu o esmagaria com o martelo de Hefestos!
Mas estou morto, cansado, vivo e muito velho...

Lamento do Leproso

Lamento do Leproso
por Nada

Tudo o que eu quero é um pouco de carinho,
mas não tem ninguém para me acarinhar.
Sou um humilde leproso amaldiçoado
condenado a pelo mundo sempre errar

Sou filho da vergonha e do desamparo
maldito rebento de entranhas malignas
numa mundana abjeta pelo demo feito
expulso e marcado por línguas ferinas

As marcas de minhas vergonhas me seguem,
a tristeza e o desamparo são minhas vias.
Sou um humilde leproso sem um lar,
sou velho, e privado de minhas alegrias

Possa haver perdão para mim aqui
em minha humilde caverna e solar.
Sou apenas carente em carinhos,
mas não há ninguém para me acarinhar

Tua Sombra

Tua Sombra
por Nada

Por que foges de tua própria sombra?

Será por que temes a face de tua alma
A se refletir na prata lisa e espelhada
E a contar a teus olhos tuas verdades?

Não tens coragem para ver a ti mesma
Com os olhos de tua beleza cinzelada
A prata lisa cheia de tuas falsidades?

Por que foges de tua própria sombra?

Será por que sabes a face de teus medos
A se espalharem pela meia-noite das almas
Cobrando de ti o preço de teus pecados?

Não tens a força para ter teus segredos
E para escondê-los no âmago de tuas palmas
Daqueles que nunca poderão ser perdoados?

Por que foges de tua própria sombra?

Será por que temes ver em mim tua danação
A se desenhar em meus olhos de demônio negro
Mortos e vazios e secos como tua alma fria?

Não tens em tuas sombras a força da emoção
A proteger a ti das forças à qual integro
Os corações trevosos que minh'alma seduziria?

Por que foges de tua própria sombra?

Será por que queres alimentar teus desejos
Com a vida roubada dos lábios dos homens
Que se deixam seduzir pelos teus encantos?

Não tens vergonha de teus atos imundos
Com os quais ofendes os arcanjos nas nuvens
Ao sacrificares almas para teus íncubos?

Por que foges de tua própria sombra?

Será por que temes conhecer tua real sombra
A dizer para ti verdades de prata espelhada
Que teus olhos jamais serão capazes de ouvir?

Não tens medo de amar com tua alma magra
A se esquivar de tua luz arcanja azulada
A face de uma deusa que está ainda por vir?

Por que foges de tua própria sombra?

Por que foges de mim?

Canção da Caminhada

Canção da Caminhada
por Nada

Sopra teu vento sobre os campos verdes
Guiados pela doçura e beleza de tua mão
Corres montada neles percorrendo o mundo
Certa das nossas coisas que acontecerão

Bailas nos cabelos verdes dos gramados
Caminhas por onde tua Vontade te conduz
Dançando as rodas da liberdade visceral
Trazes assim ao Existir o Ser da tua Luz

Grita com vontade que te livraste do mal
Caminha decidida rumo ao que tu queres
Não temas os perigos em tua longa via
Tu chegarás pelos caminhos que fizeres

Caminha sem medos já que deves caminhar
As pedras sob teus pés sempre estarão
Porém não tens o que temer ao meu lado
Te protegerei e elas não te atingirão

Mas se te sentires sozinha ou abandonada
Não temas me chamar pois contigo estarei
Se tu fraquejares te levarei nos braços
Se te sentires impotente eu te animarei

Toma-me em teus braços para um novo dia
Neste novo canto de liberdade e alegrias
Sejamos eu e tu uma só coisa indistinta
E que nosso Ser Eterno pare as agonias

Voa solta pelos Campos de Maio, Marília
Segurando teu buquê de hálito de jasmim
Entoa teu hino novo composto por Dirceu
Mostra pro mundo que queres viver assim

Canta teus versos em elegia à Liberdade
Ao momento em que vives e queres viver
Pois livre e solta como estás deves ter
Certeza pura da alegria que é puro saber

Desce dos teus ventos ao lado de Dirceu
Vive ao lado dele que apenas teu bem quer
Proclama tua liberdade pelo agir do amor
Seja todo o ser que tens por ser mulher

In Profundo Expedito

In Profundo Expedito
por Nada

Afundo-me nas densidades de teus sonhos azuis
Navegando nas intensidades de teus suspiros
Com destemor em dangerosíssima viagem sub-luz
Marcando meu passo pelos ecos de teus inspiros

Por cavernas de negro olvido tuas pérolas irão
No anseio de encontrar-se com o rubro carinho
Pelo qual tuas marmóreas colinas se arrepiarão
Por deixares teu porto seguro ao largo sozinho

Abandono-me nas profundezas de teus azuis sonhos
Esquecendo-me de mim a cada instante percorrido
Acalentando a esperança em azuis tão tristonhos

Alcança-me nas distâncias das tempestades tuas
E libera-te em teu seio teu sentimento premido
Enlaça-te em mim pelo gosto de tuas doces luas

Novo blog: Canções de um Poeta Morto

Caríssimos

Já tem um tempo que eu componho alguns versos - poucos podem ser chamados de poemas, mas o que importa é a tentativa. Muitos vocês viram aqui no Tarja Preta, o seu serviço de desinformação virtual, outros estão perdidos aqui no meu HD e outros espalhados pelos meus cadernos de notas. Para dar maior destaque a esse meu lado poético, estarei organizando todos os poemas antigos e postando os novos em um novo blog, o Canções de um Poeta Morto. Quem quiser conhecer, acesse http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com/. Carpe diem!

domingo, 11 de setembro de 2011

Desejo

Caríssimos

Passo a assinar os poemas que de vez em quando componho e compartilho
com vocês. Quando lerem algo assinado por "Nada", saibam que é uma
idéia minha que veio ao mundo. Passem para quem quiserem

Desejo
por Nada

Aquece-me saber que a dor colore teus desejos
Penetra fundo na fonte secreta dos teus anseios
Adentrando-me no mistério sagrado da longa noite
torturando-me com tua nua silhueta como açoite

Segue minha mente caindo suave por tuas curvas
Petiscando com os olhos e a língua tuas arguras
Sentindo apenas com a pura mente teu único gosto
Com carícias que correm a muito além de seu rosto

Segue meu desejo incasto de brindá-la com os dedos
De um enlevo nascido do fundo de teus desejos
Tua solidão, minha vontade, nossa profunda lascívia

Penso mais do que com os dedos tocá-la no íntimo
Mas de tal desejo dispo-me triste em um átimo
Por saber que jamais tal graça tu me concederias

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Nota de Esclarecimento: atuação da Polícia Federal no Brasil

Fonte: http://www.adpf.org.br/Entidade/492/Banner/?ttCD_CHAVE=146149 (acessada em 16/08/11 às 23:29:33)


Nota de Esclarecimento: atuação da Polícia Federal no Brasil

12/08/2011 - 18:31


A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal vem a público esclarecer que, após ser preso, qualquer criminoso tem como primeira providência tentar desqualificar o trabalho policial. Quando ele não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa em seu lugar.

A entidade lamenta que no Brasil, a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas.

Milhões de reais – dinheiro pertencente ao povo- são desviados diariamente por aproveitadores travestidos de autoridades. E quando esses indivíduos são presos, por ordem judicial, os padrinhos vêm a publico e se dizem " estarrecidos com a violência da operação da Polícia Federal". Isto é apenas o início de uma estratégia usada por essas pessoas com o objetivo de desqualificar a correta atuação da polícia. Quando se prende um político ou alguém por ele protegido, é como mexer num vespeiro.

A providência logo adotada visa desviar o foco das investigações e investir contra o trabalho policial. Em tempos recentes, esse método deu tão certo que todo um trabalho investigatório foi anulado. Agora, a tática volta ao cenário.

Há de chegar o dia em que a história será contada em seus precisos tempos.

De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal colocará todo o seu empenho para esclarecer o povo brasileiro o que realmente se pretende com tais acusações ao trabalho policial e o que está por trás de toda essa tentativa de desqualificação da atuação da Polícia Federal.

A decisão sobre se um preso deve ser conduzido algemado ou não é tomada pelo policial que o prende e não por quem desfruta do conforto e das mordomias dos gabinetes climatizados de Brasília.

É uma pena que aqueles que se dizem "estarrecidos" com a "violência pelo uso de algemas" não tenham o mesmo sentimento diante dos escândalos que acontecem diariamente no país, que fazem evaporar bilhões de reais dos cofres da nação, deixando milhares de pessoas na miséria, inclusive condenando-as a morte.

No Ministério dos Transportes, toda a cúpula foi afastada. Logo em seguida, estourou o escândalo na Conab e no próprio Ministério da Agricultura. Em decorrência das investigações no Ministério do Turismo, a Justiça Federal determinou a prisão de 38 pessoas de uma só tacada.

Mas a preocupação oficial é com o uso de algemas. Em todos os países do mundo, a doutrina policial ensina que todo preso deve ser conduzido algemado, porque a algema é um instrumento de proteção ao preso e ao policial que o prende.

Quanto às provas da culpabilidade dos envolvidos, cabe esclarecer que serão apresentadas no momento oportuno ao Juiz encarregado do feito, e somente a ele e a mais ninguém. Não cabe à Polícia exibir provas pela imprensa.

A ADPF aproveita para reproduzir o que disse o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos: "a Polícia Federal é republicana e não pertence ao governo nem a partidos políticos".


Brasília, 12 de agosto de 2011


Bolivar Steinmetz

Vice-presidente, no exercício da presidência

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"SEXO E PODER: A FACE ERÓTICA DA DOMINAÇÃO"! (publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 08/08/2011)

Nota: a análise do sr. Mantega (retransmitida pelo Ex-Blog) parece fundamentada naquela máxima hipnopédica, "todo mundo pertence a todo mundo" - que aliás é um dos pilares fundamentais da sociedade do Admirável Mundo Novo. Conhecemos muito bem como se estruturaria, funcionaria e seria uma sociedade como essa imaginada por Huxley, e, sinceramente, não me surpreende que um dos grandes nomes do Partido dos Trabalhadores proponha esse tipo de coisa. Querer discriminar o sexo fora do matrimônio ou (como se quis em uma certa cartilha) desconstruir a família tradicional é o primeiro passo para a implantação de um totalitarismo alienador nos piores moldes daqueles imaginados por pessoas como Mustafa Mond.

"SEXO E PODER: A FACE ERÓTICA DA DOMINAÇÃO"!
                                   
GUIDO MANTEGA, Cadernos do Presente 3, editora brasiliense.
                    
1. "Para W. Reich, a repressão da sexualidade está a serviço das sociedades autoritárias. Foucault sustenta que o capitalismo avançado espalha o sexo e aumenta seu poder através dele. Enfim, alude-se a uma faceta do poder que não costuma ser abordada nos manuais de ciência política. Trata-se de um poder invisível, subterrâneo, que age na penumbra, e pode ser tão eficiente quanto a polícia ou as instituições judiciárias."
                    
2. "Um orgasmograma (inventado para medir a intensidade do prazer), nem se moveria diante da árdua labuta do camponês, enquanto chegaria rapidamente ao ápice no caso de uma relação sexual. Porém o orgasmo sexual tem vida efêmera, se bem que possa ser prolongado por uma atmosfera que estique as sensações agradáveis. Imagine-se agora uma nova forma de trabalho (diferente do trabalho alienado), escolhida e exercida com gosto. Aí, o orgasmograma poderia acusar uma satisfação menos concentrada, porém muitas vezes mais duradoura."
                   
3. "Atualmente, boa parte da população é mantida na miséria para ser obrigada a trabalhar e, assim, preservarem-se os interesses do sistema de dominação. Essa carência artificialmente mantida exige que a civilização exerça um grau de repressão sobre os instintos de prazer, perfeitamente dispensável caso o potencial acumulado fosse direcionado para o sustento da humanidade."
                    
4. "Na verdade, a relação afetiva ou sexual moderna, sofre uma limitação básica que a esteriliza no seu nascedouro. Pois é uma relação exercida por indivíduos fabricados pelo capitalismo, isto é, por homens individualistas, competitivos, egocêntricos, desconfiados dos outros e de si mesmos; e por tudo isso, incapazes de uma comunhão humana solidária. Nessas condições, o ato sexual fica compartimentado; dá-se entre um sujeito e um mero objeto. Nesse contexto, pouco adianta multiplicar as posições sexuais, ou inventar novos jogos amorosos, sem alterar substancialmente a qualidade das relações."
                    
5. "Então a luta deve dirigir-se não apenas contra o inimigo externo (imperialismo americano, alemão, etc.), como também deve centrar-se sobre o invisível alvo interno, tão perigoso quanto a águia americana. A instauração de uma ordem política mais livre e igualitária deve ser acompanhada pela caça ao autoritarismo em todos os seus redutos. Este deve ser desmascarado enquanto racismo, enquanto restrições sexuais (discriminando relações fora do "matrimônio", o sexo das crianças, o homossexualismo, etc.), machismo, etc."

domingo, 31 de julho de 2011

Apresentação do Projeto Admirável Mundo Novo nas Escolas (versão 0.1)

Caríssimos


Esta é a apresentação de um projeto que estou escrevendo para a área de educação, Admirável Mundo Novo nas Escolas. Gostaria de tornar meus esboços públicos, na esperança de melhorá-lo com as críticas construtivas e os incentivos que porventura venha a receber. Grato desde já.


Apresentação do Projeto Admirável Mundo Novo nas Escolas


Arrisco dizer que vivemos em uma sociedade pós-fordismo. Suas estratégias para o crescimento econômico e o bem-estar material das pessoas parecem ter sido esgotadas por sucessivas crises financeiras e pela necessidade de mão de obra altamente qualificada capaz de lidar com as novas tecnologias associadas à produção de bens. Desprovido de suas estruturas mais vitais, a saber, trabalhadores pouco qualificados e com a remuneração suficiente para consumir o fruto de seu labor, o atual sistema de produção – e por extensão todo o capitalismo desenvolvido nos moldes da primeira metade do século XX – dá sinais claros de não ser capaz de atender a demanda da cada vez maior e mais empobrecida população mundial. A carestia dos recursos mais essenciais assoma-se como realidade iminente para os próximos trinta anos, ou talvez menos. A crise é iminente, e sinais claros, como o aumento de mais de 200% nos preços de muitos itens da cesta básica brasileira em menos de dez anos, são visíveis a olhos nus.

Se o passado próximo nos permite fazer inferências sobre o futuro próximo, como afirmou Aldous Huxley em seu prefácio ao livro Admirável Mundo Novo, é válido supor que estamos na iminência da ascensão de regimes totalitários e arbitrários estruturados ao redor de algum líder carismático, demagogo e ideologicamente avesso às liberdades humanas mais essenciais – notadamente àquelas relacionadas às faculdades de discordar e compreender. A Alemanha no pós-Primeira Guerra Mundial e os países do mundo árabe (especialmente a Líbia de Muammar al-Gaddafi1) são os exemplos mais gritantes do risco que a sociedade sofre em tempos de crise, mas não precisaríamos ir muito longe para testemunhar a escalada de oportunistas desse tipo ao poder. A Venezuela de Chávez, a Argentina dos Kirchner, a Honduras de Zelaya e o Brasil do Partido dos Trabalhadores, para citar apenas alguns exemplos, são palcos nos quais se desenrolam dramas mais ou menos intensos sobre o assalto e o achincalho às liberdades essenciais do pensamento, da aquisição de conhecimento e de expressão.

Neste cenário – a falência de nosso modelo econômico e a possível ascensão de tiranos mais ou menos sutis ou brutais ao poder – a educação adquire uma importância muito maior do que a normalmente percebida. Cabe ao educador um papel central, a saber, corroborar o discurso pseudoideológico do candidato a demagogo carismático ou alertar seus educandos dos riscos existentes em tal canto de sereia. É nesse momento que cabe ao professor refletir seriamente sobre suas crenças, seus objetivos e suas aspirações para o futuro, e também sobre o processo educativo – do qual ele é o agente imediato. Ele precisa encontrar uma resposta clara e distinta para a pergunta "para que educar?" tão antiga em sua profissão, mas mais do que nunca basal e impossível de ser ignorada. Qualquer que seja a resposta, esta terá fortíssima influência sobre seus educandos e sobre o papel que o educador assumirá nestes tempos tenebrosos, pois essa pergunta, hoje, é equivalente a "para quem educar?"

É válido, creio, objetar neste ponto que não é possível fazer uma escolha sem o conhecimento de todas as variáveis e condições envolvidas. Por definição, não é possível recorrer à História oficial para levantar informações sobre como era a vida das pessoas sob um tal tipo de governo – adulteração de arquivos oficiais parece ser um passatempo estimado por todos os governantes que por alguma razão apoiam-se em métodos similares aos considerados nos parágrafos anteriores. Uma vez mais evocando o passado próximo para encontrar respostas e estimativas sobre o futuro próximo, e na impossibilidade de recorrer a eventos reais, precisamos lançar mão de cenários ficcionais que descrevam governos totalitários cuja origem histórica tenha sido um cenário semelhante ao atual. Precisamos compreender a distopia fictícia para impedir que ela se torne real.

De todas as ficções distópicas acredito que Admirável Mundo Novo, do já citado A. Huxley, seja a que mais se assemelhe aos nossos dias. Felizmente não temos acesso a recursos como hipnopédia, condicionamento de fetos e sistema científico de castas, mas vivemos em uma sociedade que presta culto ao prazer imediato e desdenha – não oficialmente, é verdade, mas a desdenha sutil é muito mais danosa que o desprezo aberto – de valores tradicionais como conhecimento, religião e família. Os trabalhadores de nossa sociedade recebem cada vez menos informação que não seja relacionada com seu ofício, e mesmo nas classes mais altas verifica-se a redução do gosto pelas artes nobres da humanidade. Pensar tem se tornado anátema, o pensador um herege ou, mais apropriadamente, um portador de doença altamente contagiosa e sem cura conhecida, tal como a hanseníase nos anos medievais.

Escolher adotar Admirável Mundo Novo como a base deste projeto obedeceu outros critérios além da verossimilhança e do paralelismo com a realidade. Em 2009, creio, dois anos no passado do momento em que este projeto é escrito, o livro foi reeditado com preço surpreendentemente acessível e em formato de bolso – o que permitiria que os alunos o comprassem e o lessem nas horas vagas. Outro fator foi a facilidade de leitura e de acesso: sempre considerei 1984 uma leitura difícil para pessoas que quase não leem, a triste realidade de quase todos os meus alunos, e o livro está quase quatro vezes mais caro do que Admirável Mundo Novo. Ademais, eu já havia trabalhado a Revolução dos Bichos de Orwell com eles, e percebi que uma tal mudança seria de bom tom.

Através do paralelo entre o Estado Mundial fictício e nossa realidade os alunos poderão compreender o perigo que se esconde atrás de títulos como "pai dos pobres" e "libertador". Muitos deles não têm outros meios além da escola para ter acesso ao mundo muito maior e muito mais amplo que reside além de suas preocupações cotidianas, e acredito ser covardia e desonroso negar-lhes as chaves que abrem as portas desse admirável mundo (para eles) novo, e acredito ser indigno do epíteto de educador todo aquele que se propõe a servir de instrumento a serviço do discurso pseudoideológico do tirano carismático que apenas aguarda a crise para ascender soberano. Como diz uma famosa canção, e como os alunos deveriam poder dizer de seus verdadeiros educadores, "eles me deram as chaves que abrem essa prisão".

1Escolhi esta latinização, e não a adotada oficialmente pela mídia brasileira, por ser a preferida pelo governador da Líbia.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nota de Repúdio à OAB

Caros Leitores

Eu, Luís Fernando Carvalho Cavalheiro, venho a público para manifestar meu repúdio à Ordem dos Advogados do Brasil por terem apoiado a não-extradição e a soltura do terrorista italiano Cesare Battisti (leia a nota da OAB apoiando a soltura de um terrorista em http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=22111). Isso não é questão de "soberania nacional", como Ophir Cavalcante, presidente nacional da OAB, idiotamente afirmou, mas este é o momento para nosso país se afirmar como inimigo da violência como prática política de partidos ou de Estados. Mas o que esperar de um país governado por um partido de  ex-terroristas senão apoio a terroristas? O que esperar de um país aliado a Hugo Chavez algo que não seja um apoio brando à al-Gaddafi? Que Deus (palavra maldita para esses terroristas de fundo comunistas, mas sagrada para os homens de bem que ainda restam em nosso país) nos ajude.

sábado, 28 de maio de 2011

A concepção de pessoa como indivíduo em Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes

A concepção de pessoa como indivíduo em Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes

Autor: Luís Fernando Carvalho Cavalheiro (contatoalunos@profcavalheiro.com)
Licenciado em Filosofia pela UERJ

Introdução


O fim da Idade Média trouxe consigo novas formas de examinar antigas questões e novas concepções de mundo que encontraram acabamento ao longo dos anos da chamada Idade Moderna. Muitos fatos importantes aconteceram nesta época, como as grandes navegações, o Renascimento, a Reforma Protestante, a formação das principais monarquias nacionais, e é defensável atribuir essas mudanças a uma nova postura filosófica, a uma mudança nos paradigmas aceitos durante o período anterior. Algumas mudanças foram mais lentas que outras, assim como as regiões mais periféricas não experimentaram o sabor dos novos tempos (vide, como exemplo, que a Rússia tornou-se uma nação considerada moderna apenas sob Pedro II, no século XVIII), mas o período foi marcante para a história do pensamento ocidental.

Uma dessas mudanças de paradigma foi com relação ao homem. Antes encarado como criatura dependente de seu Criador celestial, a Idade Moderna trará a "emancipação" do homem na medida em que cada vez mais vai trazê-lo ao centro de suas teorias e de seus paradigmas e colocá-lo como fator fundamental. Haja vista o cogito cartesiano, que subordina a existência de todas as coisas – inclusive a de Deus – ao "eu penso" do indivíduo. Mas é na filosofia política que a nova concepção de homem se mostra mais evidente. Pela primeira vez em séculos, o homem é analisado não como objeto de sua crença religiosa, tal como fez, entre outros, São Tomás de Aquino – isto é, não como um ser criado para ser naturalmente bom mas que perdeu inúmeras condições extremamente vantajosas por um deslize de seu progenitor – mas a partir de sua vida em contato com outros homem. A mudança se percebe até mesmo no linguajar empregado pelos pensadores, que passam a fazer uso das palavras cidadão e indivíduo, querendo indicar o vínculo intrínseco que o homem possui com a sociedade à qual pertence ou afirmar a singularidade de cada homem em comparação aos outros que são meramente seus semelhantes.

Apesar de o período ter sido bastante generoso com relação ao número de filósofos que se ocuparam de questões relacionadas ao homem, suas sociedades e seus Estados, neste escrito abordaremos os dois autores trabalhados ao longo do curso de "História da Filosofia Moderna II" ministrado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro pelo professor doutor Marcelo de Araújo: Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel. Será analisada que concepção de pessoa como indivíduo que pode ser extraída das mais conhecidas obras de cada um destes autores: O Príncipe, de Maquiavel; e Leviatã, de Hobbes. Após a apresentação da concepção de pessoa como indivíduo em cada autor, elas serão comparadas em uma conclusão de caráter pessoal sobre o tema.


O Príncipe: antes parecer justo sem o ser que prejudicar-se por ser justo


Nicolau Maquiavel escreveu O Prínicipe para Lourenço de Médici, chamado pela História de "o Magnífico", e o ofereceu como sendo um curso rápido sobre como se deve governar qualquer território. Ele analisa diversos exemplos, tanto históricos quanto atuais na época, acrescentando sempre sua opinião sobre cada fato observado. Não sem razão, O Príncipe é considerado por muitos como sendo até hoje um excelente manual que ensina como governar, e mais de um político famoso já admitiu ter o livro em sua cabeceira.

Mas o que nos interessa aqui não são diretamente as regras que Maquiavel estabeleceu, mas a concepção de pessoa que transparece ao longo da obra. Ele não se ocupa em escrever parágrafos ou capítulos dizendo o que é o homem, nem como entendê-lo – pelo contrário, ele assume isso como um fato já dado de antemão e muito bem conhecido pelo seu leitor. A maneira como ele compreende o indivíduo é bastante peculiar, e, ouso dizer, resultado direto tanto de sua "grande e contínua má sorte"1 quanto da situação política da Itália naquele período histórico. Talvez a visão de Maquiavel sobre o que é o indivíduo tenha contribuído, mais do que os conselhos dados ao governante ao longo da obra, para a caracterização do adjetivo "maquiavélico", presente em diversos idiomas com o significado de "inescrupuloso".

A partir da leitura de O Príncipe podemos admitir que Maquiavel figura o homem como mesquinho, covarde, egoísta e mau. Em vários trechos ele recomenda expressamente ao príncipe que é preferível parecer virtuoso a sê-lo, caso o exercício da virtude seja prejudicial ou oneroso a este. Em outras passagens, ele considera o homem naturalmente inclinado para o mau, e por isso mesmo praticar as virtudes aclamadas como boas por todos os homens fatalmente conduziria à ruína qualquer um que o fizesse. Percebe-se aqui uma retomada de algumas idéias dos sofistas e estóicas sobre a natureza humana, pois se abandona a concepção cristã de homem (ser criado à imagem e semelhança de Deus, portanto naturalmente bom e inclinado às boas virtudes) em favor de uma visão menos idílica: o homem é mesquinho e mau, e elogia a virtude apenas para que outros a pratiquem e se arruínem. Mas essas conclusões são bastante influenciadas pelas análises de Maquiavel, que demonstram como a prática de determinadas virtudes pode se voltar contra o príncipe, e que por isso mesmo é melhor parecer possuí-las sem de fato o fazer.

A partir dessa concepção de natureza humana podemos entender agora a visão de indivíduo empregada por Maquiavel em O Príncipe – ou melhor, a visão de cidadão, que é a palavra usada por ele ao longo da obra. Sendo o cidadão naturalmente egoísta e voltado para seus interesses particulares, o príncipe se quiser governar precisa ganhar os favores de seus súditos – isto é, dos cidadãos subordinados a ele – ou enfrentará conseqüências nada agradáveis. Ou seja: o poder do príncipe deixou de ter origem divina, como defenderam os filósofos medievais, mas advém dos cidadãos subordinados a ele, que podem destroná-lo ou chamar um poder estrangeiro para fazê-lo caso não se sinta satisfeito com o seu governo. O príncipe possui poder para governar apenas enquanto seus súditos fizerem a concessão de tal poder para ele – ou melhor: o cidadão é, em última análise, a fonte do poder do príncipe. Maquiavel não explica como se dá essa concessão, nem mesmo reconhece essa transferência de poder como sendo uma concessão: na verdade, ele afirma que enquanto os súditos sustentarem o poder do príncipe este será imorredouro – o vocabulário contratualista deverá esperar até Thomas Hobbes para consolidar-se.

O cidadão configura-se ainda como indivíduo dotado de direitos, assegurados a ele pelas leis, e em mais este ponto o príncipe deve ser cauteloso: leis injustas podem provocar uma reação por parte de seus súditos proporcional à injustiça da lei. Para Maquiavel isso é mais evidente nas repúblicas do que nos principados, mas mesmo um príncipe pode ter que encarar uma rebelião se seus súditos não se sentirem satisfeitos. O príncipe não governa senão pelo favor ou pelo temor de seus súditos, e deve ter isso sempre em mente – mais do que isso: Maquiavel deixa subentendido, em uma leitura possível de sua obra, que é preciso temer os súditos. Tudo fica mais complexo ainda se considerarmos que para o autor governar é ter que administrar os interesses individuais de cada cidadão, que nem sempre são os mesmos.

Em resumo: o cidadão em O Príncipe é um indivíduo mesquinho, egoísta e covarde, que concede ao príncipe o poder para governar enquanto lhe convier, e a qualquer momento em que sinta que seus interesses estejam sendo prejudicados o cidadão pode retirar esse apoio ao príncipe. O cidadão é, portanto, a base e o sustentáculo do poder do príncipe, que não poderá governar de forma alguma – a não ser muito dispendiosamente – sem o apoio deles. Sem o cidadão não há o principado, visto que príncipe nenhum durará em um território que lhe seja hostil a não ser pelo uso da força.


Leviatã: o homem é o lobo do homem


Thomas Hobbes escreveu o Leviatã como sendo um tratado de Filosofia em geral, desde as instâncias da razão até a teologia. Assim sendo, é natural que ele tenha se dedicado às questões relacionadas ao Estado, ao homem enquanto pertencente a uma sociedade e por que o soberano governa. Hoje em dia seu livro é reconhecido sobretudo por esta parte, já que ele foi o primeiro a falar abertamente em termos de um contrato social, um acordo entre indivíduos visando a obtenção dos objetos de desejo de cada um deles, e também por causa da visão extremamente pessimista de natureza humana que ele adotou.

Grande parte do reconhecimento de Hobbes se deve à metodologia empregada para explicar a origem do Estado e da sociedade: ele faz uma demonstração por indução sobre o indivíduo. Para ele, anteriormente ao Estado e à sociedade existem os indivíduos, sem nenhuma ligação entre si, dotados apenas de um direito, de fazer o que for preciso para manterem-se vivos, e obrigados a apenas uma lei, a de não fazer nada que prejudique seu bem-estar. Nestas condições é fácil imaginar como a vida de cada indivíduo deve ser penosa: ele deve fazer, construir ou criar tudo aquilo que for necessário para a sua sobrevivência e deve ainda se precaver do assalto ou de agressões de outros indivíduos que intentem lhe tomar as posses. É um estado de desconfiança generalizada, pois se qualquer um pode fazer o que for preciso para sobreviver isso pode incluir matar ou escravizar, entre outros fins menos agradáveis.

É interessante notar como Hobbes considera os indivíduos dotados das mesmas capacidades, ainda que ligeiramente diferentes entre si. Usando o exemplo do qual ele se vale no capítulo XIII do Leviatã, um homem mais fraco pode matar um homem mais forte se para isso recorrer a expedientes como a traição, a trapaça, a maquinação, etc. Os homens são iguais em potência (para usar um termo escolástico que, ainda que não apareça neste trecho da obra de Hobbes, serve muito bem), limitados todos pela mesma lei e dotados todos do mesmo direito. Ao mesmo tempo os homens são iguais nas fraquezas, pois se um indivíduo mais fraco pode matar um mais forte, o mais forte pode matar o mais fraco. Essa igualdade é importante na teoria hobbesiana, pois se porventura existisse um homem superior aos demais ele seria por natureza o senhor de todos os demais homens.

Mas um estado de coisas como esse, ao qual Hobbes chama de estado de natureza, não pode subsistir para sempre. Os indivíduos vivendo nesta guerra de todos contra todos percebem facilmente que se trata de uma situação com riscos em potencial bastante iminentes: basta eu desenvolver alguma coisa que me facilite minimamente a vida para que eu me torne alvo de agressores. É claro que aos homens interessa poder ser o agressor mas ninguém quer ser o agredido, e por isso surge a necessidade de alguma espécie de garantia que impeça agressões aos indivíduos. E é por esse simples egoísmo – não querer ser agredido – que os indivíduos chegam à conclusão de que precisam abdicar de parte de sua liberdade em agredir: se ninguém for o agressor, ninguém será agredido. No entanto é preciso haver uma instância superior que garanta a existência e o funcionamento de um contrato (posto que é mútuo, conforme Hobbes expõe no capítulo XIV da obra) dessa natureza, e para isso é criado o Estado: um poder acima dos indivíduos cuja função é garantir o bem-estar dos indivíduos que se tornaram seus cidadãos em detrimento de suas liberdades individuais2.

É interessante notar como os indivíduos abrem mão de parte de seu direito (agredir outros indivíduos) em troca da auto-preservação (não poder ser agredido por outros indivíduos), e como o Estado tem uma origem tão egoísta. Pois é do egoísmo e do medo dos indivíduos que surge a disposição de abandonar parte de seu direito, e é desse abandono que surge o Estado. Mesmo que não houvesse tal disposição seria vantajoso para os indivíduos firmarem o contrato social entre si, como mostram as diversas variantes deste dilema nas Teorias dos Jogos – notadamente o Dilema dos Prisioneiros. Ou seja: mesmo que não houvesse o medo de ser agredido, ainda seria melhor negócio aderir ao contrato social e fazer parte de uma estrutura capaz de prover o indivíduo daquilo que ele não é capaz de produzir sozinho.

A teoria contratualista depende da suposta igualdade entre os homens. Se porventura existisse um homem em algum aspecto superior aos demais ele se imporia sobre os outros homens ainda no estado de natureza e governaria em função deste aspecto em que é superior aos demais. Por exemplo, se existisse um homem tal que ninguém pudesse matá-lo e que facilmente matasse os outros homens, ele não iria participar voluntariamente do contrato, já que ele está em nítida vantagem sobre os demais e, portanto, pode dominá-los facilmente. Mas como não há meio de forçá-lo a aderir ao contrato, temos que ele subjugaria os demais homens antes mesmo que o contrato fosse proposto e se intitularia soberano sobre os demais homens.

Portanto, para Hobbes o homem é naturalmente egoísta e mau, pois depende dessas duas características para sobreviver: a primeira para não fazer nada contra seu bem-estar, e a segunda para fazer todo o necessário para garantir sua vida. Mas é graças a essas características que os indivíduos acabam se organizando em Estados: pelo egoísmo de não poder mais ser vítima de agressões e pela maldade de impedir os outros indivíduos de cometê-las.


Conclusão


Não é difícil perceber que os dois autores adotaram concepções bastante similares sobre o que é o indivíduo: um ser que, por seu egoísmo e maldade, acaba se tornando o sustentáculo do Estado do qual é súdito. Seja por sustentar ou apoiar seu príncipe, seja por abrir mão de parte de seu poder para que outros tenham que abrir mão de igual parcela de poder, os indivíduos aparecem sempre como sendo iguais tanto nas qualidades quanto nas fraquezas e que por isso mesmo não trabalhariam em conjunto se não houvesse um motivo superior para tal. Para Maquiavel, esse motivo superior seria o poder do príncipe, que todos os cidadãos apóiam e sustentam; já para Hobbes esse motivo é a sobrevivência, pois é esta quem gera a necessidade de um Estado.

O indivíduo nas duas obras aparece como um sujeito bastante peculiar, posto que possui grandes poderes dos quais os Estados em que vivem são derivados. Sem a anuência e o assentimento dele, o príncipe não poderá governar sem temer uma revolução ou uma traição. Sem o cumprimento do contrato por parte do indivíduo, toda a teoria hobbesiana colapsaria, e o Estado se mostraria um mau negócio para os membros que permanecessem fiéis ao acordo. Ao mesmo tempo, o indivíduo está sujeito aos poderes que se derivaram de seu poder: enquanto aceito como tal, o príncipe possui liberdade para governar; e pelo simples fato de viver em um Estado o indivíduo abre mão de uma parte de seu direito em troca da segurança e das comodidades existentes na vida em sociedade.

Independentemente das diferenças, trata-se de duas concepções de indivíduo que divergem bastante das que vigoravam na Idade Média. Sob novos paradigmas pôde a sociedade ocidental encontrar novos rumos e avançar rumo à era em que estamos agora.



1 Como ele confessou a Lourenço de Médici na carta-introdução de O Príncipe.

2 Esta é uma descrição bastante simplista da teoria hobbesiana do contrato social, mas contém todos os elementos necessários para visualizarmos o papel que o indivíduo apresenta na gênese do Estado – portanto, servirá perfeitamente para os propósitos deste escrito.

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