Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Jornal distribuído gratuitamente no centro de Duque de Caxias / RJ - coincidência?

Caro Leitor

Hoje (27/05) aconteceu algo no mínimo interessante. Eu estava em frente ao ponto final do ônibus Caxias - Barra (415T), no centro da cidade de Duque de Caxias - RJ, quando um homem passou distribuindo jornais para todos os que ali estavam. Aceitei o jornal, mais como uma forma de passar o tempo na viagem (e não correr o risco de passar do ponto dormindo) do que por interesse na leitura, já que o homem que os distribuía não tinha nenhuma identificação visível e parecia ser mais uma daquelas pessoas que distribui a Folha Universal. O tal jornal dizia ser o Jornal do Povo do Rio, mais conhecido simplesmente como o Povo (www.jornalpovo.com), do dia 27/05/2010, ano XII, edição número 6002. Digo "dizia ser" porque acessei o site do Povo e vi que a edição mais recente que está no site é a do ano XII, número 5994 - mas como não informa a data, não tenho como verificar se essa edição que estava sendo distribuída era, de fato, a edição de hoje do Povo.
No entanto, o que torna essa acontecimento realmente curioso é a notícia principal da primeira página: "POVO DE CAXIAS ENGANADO", com a chamada "Washington Reis recebeu o dinheiro, mas a praça não saiu". A reportagem fala sobre uma praça em Xerém que o ex-prefeito de Caxias e atual Secretário de Obras para a Baixada, sr. Washington Reis (PMDB), teria autorizado a construção e liberado o dinheiro, mas a praça jamais chegou a ser construída e o dinheiro jamais foi visto novamente. Na mesma página, o jornal fala de outras irregularidade administrativas cometidas pelo ex-prefeito e que seriam as razões pelas quais o TCE não aprovou as contas da gestão do sr. Reis. Há ainda a denúncia que o TRE autorizou o ex-prefeito a tentar a reeleição, mesmo estando com a prestação de contas pendente - o que, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, torna a candidatura do sr. Reis inválida.
Sejam essas acusações verdadeiras ou não, o que me intriga é que esse jornal tenha sido distribuído gratuitamente com essa notícia às vésperas do início da campanha eleitoral na cidade que é considerada o reduto do PSDB no Estado do Rio de Janeiro. Pode ser coincidência, pode não ser. O mais curioso é que eu revirei a internet e não encontrei nenhuma informação sobre a tal praça em nenhum site - mas admito que acreditar que tudo o que existe está na internet é no mínimo perigoso e imprudente. Enfim, segue a pergunta: será que essa distribuição foi coincidência ou teve dedo de alguém nessa história?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

22/05/2010: Pacman faz trinta anos

Símbolo de um tempo, Pacman foi um dos primeiros games a se tornar mundialmente famoso. Lançado pela Namco no Japão no dia 22/05/1980, o jogo rapidamente ganhou várias versões e deu origem a, entre outras coisas, uma série de desenho animado para TV. Pacman foi um dos jogos da era de ouro dos videogames que ficou mais tempo na ativa, recebendo versões para praticamente todos os consoles anteriores aos de 32 bits (Sega Saturn e PS 1).
O jogo é muito simples. O jogador controla Pacman, e o objetivo é circular em um labirinto e comer todos os pac-dots, ou os pontinhos amarelos ou brancos (dependendo da versão). Para atrapalhar, existem quatro fantasmas (Blinky, Pinky, Inky e Clyde) que tentam pegar Pacman. Existem pac-dots especiais, chamados power pellets, que fazem os fantasmas fugirem de Pacman e permitem comê-los. Se ele conseguir comer todos os pac-dots, o jogador avançará para o próximo nível, mas se os fantasmas conseguem pegá-lo ele irá perder uma vida. Tecnicamente o jogo não tem fim, visto que o nível 256 apresenta um bug que ou trava o jogo ou o força a retornar para o nível 1.
Apesar das premissas simples, o jogo permanece um clássico. Em homenagem à data, a Google mudou o logo da sua página de buscas para uma versão jogável de Pacman.

BRASIL COPIA O ESTILO DE CUBA E DA VENEZUELA: DIPLOMACIA DE SLOGANS! (publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 21/05/2010)

Nota: o artigo a seguir foi publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 21/05/2010. Retransmito como forma de colaborar com aqueles que ainda defendem alguma transparência e seriedade na política e na diplomacia brasileiras.

BRASIL COPIA O ESTILO DE CUBA E DA VENEZUELA: DIPLOMACIA DE SLOGANS!
                    
1. Cuba e Venezuela usam a política externa como instrumento de propaganda para inventar um inimigo externo e, com isso, ampliar o apoio interno, e para multiplicar a percepção da importância de seus países.  A política externa deles é marcada por slogans e frases de efeito, na luta retórica contra o imperialismo e coisas tais.
                    
2. Brasil de Lula segue com rigor a Diplomacia de Slogans. E amplia, com presença internacional como 'evangelista' do etanol numa fase, de camisas da seleção em outra, e com acordos políticos e comerciais "fakes", que nada mais produzem que "barrigas" na imprensa. Nessa última tentativa de 'barriga nuclear', a imprensa brasileira esteve atenta e não deu a Lula, no dia seguinte, as manchetes que esperava.
                    
3. A diplomacia brasileira construiu, por décadas, o respeito internacional, pela capacidade e conhecimento de nossos diplomatas, nas instituições, tratados e acordos internacionais. Cesar Maia lembra a este Ex-Blog, que ouviu da ministra de relações exteriores do México, e do vice-ministro de relações exteriores da França para América Latina, no início dos anos 2000, enormes elogios ao Itamarati. As reclamações da ministra mexicana eram quanto à impermeabilidade à manipulação política, da diplomacia brasileira.  
                    
4.  Um ou outro empreiteiro brasileiro se encanta com a "venezuelo-cubanização" da política comercial externa, na medida em que conseguem grandes projetos com financiamento brasileiro e sem nenhuma licitação. Se somarmos as linhas de crédito anunciadas por Lula para exportações brasileiras, de bens e serviços, vamos chegar a quase 10 bilhões de dólares. Na prática, talvez uns 5% disso tenham sido realizados. Lula anuncia o perdão de dívidas de países pobres para exaltar suas viagens e minimizar a importância desses países em relação ao Brasil, em atos desrespeitosos.
                    
5. Mas quando um país confronta, como Bolívia e Paraguai, Lula recua, e sequer defende contratos assinados pelo Brasil anos atrás e direitos de nossas estatais. Reclama do FMI e, para parecer grande, transfere reservas ao mesmo FMI. Na crise grega atual, anunciou que estava ajudando a Grécia. Na verdade era a participação do Brasil no capital do FMI, ou 250 milhões de dólares, ou 2,5% das reservas transferidas ao FMI, ou 0,003333% da ajuda internacional. No Haiti, seu imobilismo, expôs o exército brasileiro ao constrangimento de ter que abrir alas para a passagem de militares dos EUA, até que Lula se recompusesse.
                    
6. O Unasul virou um palanque para o exibicionismo de Lula, Chávez, Kirchner, et caterva. O Mercosul foi demolido pelo governo Lula. A presença de Lula nos fóruns internacionais é apenas midiática. Obama impulsionou a sua vaidade ao apontá-lo como 'o cara'. Com isso, amaciou-o no G-20. Em todos os pódios duplos, quando da visita a outro país, o presidente/chefe de governo desses países tem que ouvir, com um sorriso amarelo, as metáforas e gracinhas futebolísticas de Lula. De tudo isso o que se vê de resultados é o Brasil ter virado uma economia primário-exportadora do século 19, e boa parte do século 20, para o estremecimento cepalino, em seus túmulos, de Raul Prebish e Celso Furtado.  Isso tudo, para não falar nas cumplicidades nem tão ocultas com Farc e congêneres. Ai..., quando o laptop de Raul Reyes 'falar'.
                    
7. E o Senado do Brasil -responsável constitucional pela aprovação dos tratados, acordo, convênios internacionais- a tudo assiste, impávido colosso, passivamente, com Lula tomando decisões que são de outro Poder, ignorando as atribuições do Senado, certo de que a "base aliada" coonestará o que decidiu sem ouvir e sem debater.  
                   
8. Esse é o melancólico fim de oito anos dessa Diplomacia de Slogans, que deixa a tradição do Itamarati num quadro de humilhação e constrangimento. E Lula feliz por seu histrionismo diplomático.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

SUDESTE-VOX POPULI: A SOMA DAS PARTES É DIFERENTE DO TODO! (artigo originalmente publicado no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 20/05/2010)

Nota: este artigo foi originalmente publicado no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 20/05/2010. Retransmito porque contra números não há argumentos, e essa discrepância levanta a questão: a quem interessa um erro tão grotesco?

SUDESTE-VOX POPULI: A SOMA DAS PARTES É DIFERENTE DO TODO!
               
(Gustavo Acauan) 1. Números do Vox Populi: São Paulo (que representa 53% do Sudeste): Serra 44% x 30% Dilma \ Minas Gerais (24% do Sudeste): Serra 38% x 35% Dilma \ Rio de Janeiro (19% do Sudeste): Serra 24% x 38% Dilma. Resultado ponderado pelos Estados: Serra 37% x 32% Dilma.
               
2. Para que o resultado na região Sudeste fosse o informado pelo Vox Populi, ou seja, Serra 35% x 36% Dilma, seria necessário que no Espírito Santo (4% da região) Dilma fizesse 105% (Cento e cinco) e Serra fizesse 1 milhão de votos negativos.
               
3. Veja a planilha em http://spreadsheets.google.com/ccc?key=0AoSLIfQmh7h9dFkzRzdKaWliY2l2X1l5V01fckhEZFE&hl=en&ui=2#gid=0

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Resenha: Ágora (2009)

Pôster de anúncio de Ágora1. Ficha Técnica Resumida
Nome original: Ágora
Data de lançamento: 01/10/2009 na Espanha (para outros locais clique aqui)
Direção: Alejandro Amenábar
Roteiro: Alejandro Amenábar e Mateo Gil
Gêneros: drama, histórico
Personagens principais: Hipácia (Rachel Weisz), Davus (Max Minghella), Orestes (Oscar Isaac), Sami Samir (bispo Cirilo)
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt1186830/

2. Avaliação do Autor
Enredo: 5 de 5
Cenário: 5 de 5
Figurino: 5 de 5
Fidelidade histórica: 5 de 5
Originalidade: 3 de 5 (infelizmente o cinema blockbuster já abusou demais do cliché da mulher que tenta mudar o mundo mas acaba impedida de alguma maneira).
Nota final: 5 de 5
Comentários sobre a avaliação final: é um filme obrigatório para qualquer pessoa que consiga usar dois neurônios simultaneamente. O filme traz reflexões não apenas sobre a religiosidade no mundo atual como abre a pergunta "e se o cristianismo nunca tivesse existido, como estaríamos hoje?".

3. Sobre o Filme
Ágora é a mais recente produção de Alejandro Amenábar (também conhecido pelo sucesso Mar Adentro), mas, apesar de contar com Rachel Weisz no elenco e receber excelentes comentários e classificações (tendo sido exibido no Festival de Cannes mesmo sem estar concorrendo a nada e ter alcançado o 4º lugar na lista dos Dez Filmes Mais Geeks de 2009 do site http://www.geek.com.br, entre muitos outros), não foi amplamente divulgado no Brasil. Um dos motivos é a dupla polêmica suscitada pelo filme: a de retratar de maneira suave mas fiel os cristãos dos primeiros séculos e o inevitável paralelo com correntes mais fanáticas do islamismo dos dias de hoje. O outro motivo é aquela imagem que se tem do brasileiro: um povo interessado em samba, futebol e afins, incapaz de admirar o que a humanidade humana (nota: "humanidade" aqui aparece como propriedade, não como objeto) tem de mais sublime. Foi um dos melhores filmes que eu já assisti, e considero obrigatório para qualquer um que queira ver o que uma turba insandecida pelo fanatismo (seja este de qualquer espécie) pode fazer.

4. Resenha
Hipácia de Alexandria (em português: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%A1tia; em inglês: http://en.wikipedia.org/wiki/Hypatia) foi a última diretora da Academia de Alexandria, instituição de ensino inspirada no neoplatonismo e na Academia Platônica, e uma das mais importantes filósofas, matemáticas e astrônomas de seu tempo (quiçá de todos os tempos). Infelizmente, ela viveu em um período histórico muito ruim para ser uma mulher pagã, solteira, independente e inteligente: o final do século IV d.C. e o início do século V d.C. Nesse período, Império Romano já havia adotado o cristianismo como sua religião oficial, e isso representaria um sério problema para uma pessoa com todas essas virtudes que Hipácia possuía.
Como diretora da Academia de Alexandria, Hipácia não apenas ministra aulas de filosofia, astronomia e matemática como exerce uma grande influência no governo da cidade, formado em grande parte por ex-alunos seus. O prefeito Orestes, inclusive, raramente tomava decisões importantes sem consultar sua mestra, e o conselho sempre a consulta quando necessário.
Essa influência ofendia os cristãos. Baseados nas Epístolas Paulíneas (isto é, aquelas que foram escritas por São Paulo), os cristãos acreditam que a mulher foi criada por Deus para ser um ente submisso ao homem, do qual seria nada além de uma posse e para o qual não teria utilidade além de reprodutora e empregada doméstica. Liderados pelo bispo, da cidade, Cirilo de Alexandria (canonizado em 1882), os cristãos exigiam do governo que Hipácia fosse punida por sua "ousadia" em, como mulher, influenciar as decisões da cidade.
Orestes resistiu o quanto pôde, mas se viu forçado a ceder quando o Império determinou que os funcionários públicos deveriam se converter ao cristianismo. A partir desse momento, os contatos entre Hipácia e Orestes passaram a ser secretos, pois ela se recusava a converter-se. Respaldados pelo governador da província, os cristãos lançaram um golpe contra a Academia, invadindo e destruindo o lugar. Hipácia, ao tentar apelar junto a Orestes, foi sequestrada (com a anuência de Cirilo) por uma turba de cristãos liderada por Pedro, o Leitor, arrastada até uma igreja, apedrejada, esquartejada viva e lançada ao fogo. Orestes fugiu, e Cirilo assumiu o controle da cidade.

5. Recomendações
Assista a esse filme apenas se você não for um fanático religioso, pois o filme pode ser bastante incômodo aos que nutrem uma visão idílica e romanceada dos primeiros anos do cristianismo. Trata-se de uma religião embrutecida e inimiga do saberes humanos, como a História frequentemente mostra - ou, como Voltaire disse nas Cartas Inglesas, "uma religião de analfabetos e broncos, sempre falando de amor mas dispostos a trucidar todo aquele que não adere aos seus absurdos". Hipácia é apontada como a primeira mártir da humanidade, tendo sido morta por sequazes de uma religião nascida do ressentimento e de crimes contra a capacidade humana de pensar.
Nota importante: quando falo de cristianismo, falo da religião que surge a partir das Epístolas Paulíneas. A mensagem de Jesus Cristo é muito diferente da mensagem pregada pela religião que leva seu nome, o que torna importante e necessária a distinção.

NOTA DO DEM-PSDB ACERCA DO DECRETO 7.037/2009, O PLANO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 3 (publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 13/05/2010)

NOTA DO DEM-PSDB ACERCA DO DECRETO 7.037/2009, O PLANO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 3

Nota: o artigo a seguir foi publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 13/05/2010. Retransmito pela importância do tema e pela veracidade dos fatos denunciados pela nota. É interessante notar como os movimentos da alta cúpula do governo são furtivos e dissimulados, pois enquanto o governo se coloca publicamente como "pai dos pobres" (um plágio em todos os aspectos) por trás dos panos ele implemententa um chavismo autoritário e antidemocrático. Cada vez mais caminhamos, em passos larguíssimos como se usássemos as botas de sete léguas dos contos de fadas, rumo a um golpe de Estado. Realmente, ventos nefastos sopram vindos de Brasília.

1. O cerceamento da liberdade de pensamento e expressão pelo Estado compromete e condena a versão particularíssima de direitos humanos que o governo federal impingiu à Nação por meio do Decreto 7.037, de 21.12.2009.

O Decreto, não obstante o compromisso explícito do ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, de revê-lo e abri-lo à discussão com o Congresso Nacional, está em pleno vigor, mantendo ambiente de receio e espanto na sociedade brasileira.

2. Nesse decreto, em nome de uma causa nobre – os direitos humanos -, constam decisões que a negam, invertem e agridem, tais como, entre muitas outras:

Ø Restrições à liberdade religiosa (proibição de uso de seus símbolos em locais públicos);

Ø Restrições à liberdade de imprensa e à produção cultural;

Ø Quebra do monopólio do Judiciário para a resolução de conflitos (cláusula pétrea constitucional)

Ø Estímulo às invasões de terras e afronta ao direito de propriedade

Ø Banalização do aborto, tema cujo âmbito de discussão e decisão é o Congresso Nacional.

3. Repudiamos a tentativa de estabelecer, em nome dos direitos humanos – que devem pairar acima de ideologias e partidarismos -, um regime de restrições incompatível com o Estado democrático de Direito e as aspirações da sociedade brasileira.

4. Os partidos que assinam esta nota se comprometem a lutar contra esse decreto, pela dignidade e pelos direitos humanos de todos em nosso país, não importa o credo político ou religioso, tendo sempre em mente que:

Ø é dever do Estado brasileiro proporcionar a todos oportunidades de emprego e renda, garantir acesso à moradia, saúde, educação, segurança e promover a superação da pobreza;

Ø o desenvolvimento econômico e social do país pode e deve ser buscado por caminhos de liberdade e respeito efetivo aos direitos humanos e civis;

Ø o Congresso Nacional, com ampla consulta à sociedade, é o foro adequado para o debate de temas éticos envolvendo a vida em família e o direito à vida;

Ø a busca de realização dos verdadeiros direitos humanos não se coaduna com a imposição de modelos de Estado ou civilização fabricados em núcleos de militantes e em laboratórios intelectuais, por mais prestigiados que sejam;

Ø será com a participação de todos que iremos realizar o sonho de uma grande Pátria com liberdade, deveres e direitos equânimes garantidos a todos.

5. Por sua abrangência e pretensa transversalidade, o referido Decreto equivale a uma mini-constituinte. Se outro mérito não tem, revela a verdadeira face ideológica de um governo que faz profissão de fé democrática, mas que, em conferências com sua militância (que pretende substituir a sociedade civil), conspira pelo obscurantismo.

domingo, 9 de maio de 2010

Por que devemos meditar?

Caro leitor

O texto que se segue é uma reflexão que escrevi há um ou dois anos atrás. Ela dialoga com outras duas reflexões minhas, uma delas intitulada "Como ser feliz?" (disponível em http://tarja-preta-e-alucinogenos.blogspot.com/2009/04/como-ser-feliz.html) e a outra intitulada "O eu-infantil e o eu-adulto: como reaprender a ser quem se é" (disponível em http://tarja-preta-e-alucinogenos.blogspot.com/2007/04/o-eu-infantil-e-o-eu-adulto-como.html). Será preciso ler as duas para compreender a reflexão abaixo. Boa leitura.

Um dos caminhos para a sabedoria é a meditação. Os místicos antigos chamaram-na de transe, enquanto alguns filósofos usaram a expressão "suspensão do juízo". Prefiro este termo à meditar, pois ele indica mais precisamente o que temos que fazer.
Meditar, ou suspender o juízo, é contemplar o mundo sem querer entendê-lo. É na simples contemplação, sem o anteparo do entendimento, que podemos enxergar aquele Ser em Sua Unidade. É parar de aplicar a racionalidade e entregar-se à Unidade com aquele Ser. Por isso que a meditação é um caminho que conduz à sabedoria.
Aquele que quer se tornar sábio precisa se entregar a essa contemplação com quietude de mente e de alma. Se não apartar sua mente e sua alma da contemplação elas o atrapalharão, pois já estão mais do que acostumadas a impedir o homem de atingir a sabedoria. Para meditar é necessário reeducar a mente e a alma, para que elas possam ajudar em nossa busca pela sabedoria. O sábio não precisa de tanto esforço, pois ele já reeducou sua mente e sua alma. O sábio vive em constante suspensão de juízo.
Quando meditamos com seriedade de propósito e com pureza de coração aquele Ser se revela a nós. Devagar e aos poucos vamos reconhecendo nas coisas a Unidade entre elas e entre elas e aquele Ser. Essa contemplação vai nos guiando lentamente para cada vez mais próximo daquele Ser, até nos abandonarmos de tal forma a Ele que seremos uma Única coisa com Ele.
Mas como meditar? Primeiro precisamos reeducar mente e espírito. Isso é necessário porque mesmo se estivermos concentrados uma mente e um espírito rebeldes nos atravessarão com pensamentos totalmente alheos ao nosso propósito, se não estiverem sintonizados com nossos propósitos. Infelizmente a mente é mais fácil de ser reeducada do que o espírito, pois este nos atravessa com pensamento mais fortes e mais involuntários do que aquela.
Para reeducar a mente e o espírito existem muitos métodos, alguns deles incorporados pelas diversas religiões ao redor do mundo. O mais usado é a repetição de preces ou mantras de acordo com uma seqüência pré-determinada. Assim, os católicos romanos e ortodoxos, os budistas e outras religiões têm seus colares de contas de meditação, ou terços, ferramentas poderosas para a reeducação da mente e do espírito porque possuem um foco material para a atividade. Os mantras, comuns ao longo da Ásia, trabalham mais com a alma do que com a mente, e por isso muitos ocidentais acham-nos tediosos e impraticáveis. Mas o propósito é o mesmo, não importa a ferramenta: reeducar mente e espírito.
Para aqueles que têm dificuldades com esses métodos ou não conhecem outros, pode ser bastante difícil meditar. Essas pessoas podem experimentar sentar-se confortavelmente em um lugar calmo e tranqüilo, fechar os olhos e escutar o som ao seu redor sem tentar identificá-los. Ambientes naturais pouco movimentados, como reservas florestais ou montanhas, são os ideais, mas não estarão disponíveis para todos; o próprio quarto de dormir, no horário em que todas as pessoas dormem, serve suficientemente bem se você deixar as janelas abertas. Se o ambiente escolhido for silencioso ao extremo não haverá problemas, pois não importa estar ouvindo algo mas estar se concentrando em ouvir; se mesmo isto for difícil repita uma prece, mantra ou frase em voz baixa incessamente e concentre-se na sua própria voz. É importante concentrar-se nos sons mas não em entendê-los. No início será difícil ouvir os sons e ativamente não os entender, pois a mente e o espírito são traiçoeiros, mas aqueles que perseverarem consiguirão.
Após conseguir concentrar-se nnos sons sem procurar entendê-los ou identificá-los experimente fazer a mesma coisa mas de olhos abertos e procurando não entender ou identificar o que se vê. Isso é bastante difícil, e por isso recomenda-se que seja feito em ambientes pouco familiares à pessoa. Quando você conseguir deliberadamente não entender ou identificar o que você vê e o que você escuta, o que pode levar anos, você terá reeducado a mente e o espírito tão eficientemente que conseguirá fazê-lo sem esforço no meio de sua vida cotidiana. Você pode até fazer isso como um exercício, pois a mente e o espírito precisam ser exercitados da maneira correta, como os músculos, para não atrofiarem.
Quero ressaltar que isso é apenas um meio entre muitos pelos quais a mente e a alma podem ser reeducados.
Depois de reeducar mente e espírito seremos capazes de meditar. Na verdade a transição entre reeducação da mente e do espírito e meditação de fato é tão sutil que você já estará meditando sem perceber. Pois meditar nada mais é que permitir que as coisas falem de si mesmas para nós ao invés de querer atribuir a elas significados, intenções, rótulos, identidades, etc. Quando você deliberadamente não entende ou identifica as coisas você abre espaço para apreendê-las de um outro modo, que as revelará em sua Unidade com aquele Ser que É o que É.
Quando no silêncio da mente e da alma olhamos para as coisas vemos os elos que interligam tudo, mas não vemos esses mesmos elos nas coisas. Ao meditar olhamos para dentro de nós mesmos e aí encontramos todos os elos que interligam todas as coisas e vemos, também, a Unidade e a Unicidade de todas as coisas com aquele Ser. É quando atingimos esse momento que Ele fala conosco, que Ele se mostra a nós. Acabam-se os medos, as incertezas, pois deixamos nossa individualidade, nossa identidade, nos despimos dessas coisas como as roupas velhas que são e recebemos vestes novas, que são aquele Ser em Sua totalidade. Nós nos abandonamos a Ele, e passamos a ser Ele.
Por isso devemos meditar, pois apenas assim aquele Ser pode nos tornar sábios. Apenas assim nós nos abandonamos a Ele, deixamos de ser nós e somos Unos com Ele, que Tudo É. A meditação, pois, nos leva à sabedoria, que é reconhecer que todas as coisas são uma só.
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