Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

POR QUE O PT QUER CONTROLAR A MÍDIA, A EDUCAÇÃO, PARTIDOS, SINDICATOS, FAMÍLIA! (publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 28/04/2010)

Nota: este artigo foi publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 28/04/2010.

1. Depois do "decreto" sobre direitos humanos, onde Lula, Dilma e o PT foram pegos em flagrante, muitos se perguntaram por que num decreto tratar de aborto, restrição à liberdade de imprensa, empoderar mais os sindicatos, centralizar normas de educação, submeter os partidos políticos, etc. A questão nada tem a ver com excessos do ministro que a ministra da casa civil e o presidente descuidadamente assinaram.                   

2. É, na verdade, muito mais grave, pois tem base conceitual. Desde Marx que se vem estudando as questões relativas ao "Estado a serviço da burguesia" e os sistemas derivados da base econômica, os quais se agruparam no que ele chamou de "superestrutura". Aí estão a Igreja, Educação, Imprensa...                   

3. Durante a Guerra Fria, no pós-guerra, na medida em que os governos, de ambos os lados, buscavam internamente o máximo consenso na defesa de sua visão ideológica, alguns autores entenderam que o conceito de Estado deveria ser mais abrangente, incluindo toda a chamada "superestrutura". Alguns deles, e o exemplo mais expressivo foi o filósofo Louis Althusser, reconceituram o Estado dessa nova forma.                   

4. Os jovens políticos de esquerda formados nessa geração, com influência althusseriana (final dos anos 60 e anos 70), uma vez no poder, 30 anos depois, trataram de trazer abertamente tais funções para o Estado, usando-as para reforçar seu controle sobre a sociedade, num Estado Total de pensamento único. É isso que tenta fazer o PT no poder. E o "decreto" não foi um excesso isolado, mas faz parte de um projeto. Portanto, muito, muito mais grave. Afinal, o que faz Chávez? Pilhados a tempo, fingiram recuar. Na verdade ganham tempo, pensando no próximo governo, que imaginam controlar.                   

5. No caderno "Sabato" do jornal Estado de SP (17), Silviano Santiago escreve em seu artigo: "Louis Althusser, filósofo marxista, retrabalhou a noção clássica de aparelho de Estado (governo, administração, exército, tribunais) para somar a ela os chamados 'Aparelhos Ideológicos do Estado', (família, escola, mídia, sindicato e sistema político nacional).

segunda-feira, 26 de abril de 2010

LÊNIN: 140 ANOS! (originalmente publicado no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 26/04/2010)

Nota: o artigo a seguir foi originalmente publicado no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 26/04/2010. Retransmito por causa da crítica que o padroeiro dos partidos da foice e martelo faz ao populismo praticado por certos presidentes da América Latina.

LÊNIN: 140 ANOS!
                
1. Lênin nasceu em 22 de abril de 1870. Seu pensamento influenciou politicamente o século 20. Este Ex-Blog destacou um trecho de um texto que Lênin escreveu em 1897, quando tinha 27 anos: "A que herança renunciamos?". Esse trecho é parte do capítulo IV: "Os iluministas, os populistas e os 'discípulos'."
                
2. "O populismo tende a deter e paralisar o desenvolvimento, teme a destruição de certos obstáculos que se opõem ao desenvolvimento do capitalismo.  O populismo, conduz naturalmente ao pessimismo histórico: quanto mais longe as coisas caminharem assim, tanto pior. O populismo colocou o problema do capitalismo na Rússia, mas resolveu-o no sentido de que o capitalismo era reacionário. Os populistas sempre combateram aqueles que aspiram à europeização da Rússia, em geral partindo do ponto de vista da unidade da civilização, porque não queriam ir tão longe no desenvolvimento desta civilização, quer dizer, da civilização capitalista."

quarta-feira, 21 de abril de 2010

21 DE ABRIL DE 2010: 50 ANOS DE BRASÍLIA! (publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia em 21/04/2010, Edição Especial - 50 Anos de Brasília)

Nota: o artigo a seguir foi publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia em 21/04/2010, Edição Especial - 50 Anos de Brasília. Retransmito porque eu gostaria de fazer uma homenagem à capital de nosso país, um dos símbolos da democracia tão aviltada pelo chavismo dominante nas altas instâncias do poder.

21 DE ABRIL DE 2010: 50 ANOS DE BRASÍLIA!

                                
Como JK tomou essa decisão? Leia um trecho do livro de JK: "Por que Construí Brasília".
        
1. "Tudo teve início na cidade de Jataí, em Goiás, a 4 de abril de 1955, durante minha campanha como candidato à Presidência da República. Os políticos que me antecederam realizavam sua pregação ao longo das cidades e capitais, situadas na faixa litorânea. Só ocasionalmente quebravam a linha desse roteiro, concordando em fazer um comício num centro populacional do interior. A conduta que adotei era inédita, e revelou-se da maior eficiência possível. Ao invés das populações do litoral, iria falar, em primeiro lugar, aos eleitores do Brasil Central."
        
2. "Daí a razão por que o meu primeiro comício foi realizado justamente em Jataí, cidade perdida nos sem - fins de Goiás. No discurso que ali pronunciei, referindo-me à agitação política que inquietava o Brasil e contra a qual só via um remédio eficaz - o respeito integral às leis -, declarei que, se eleito, cumpriria rigorosamente a Constituição. Contudo, era meu hábito, que viera dos tempos da campanha para a governadoria de Minas Gerais, estabelecer um diálogo com os ouvintes, após concluído o discurso de apresentação da minha candidatura. Punha-me, então, à disposição dos eleitores para responder, na hora, a qualquer pergunta que quisessem formular-me."
        
3. "Foi nesse momento que uma voz forte se impôs, para me interpelar: 'O senhor disse que, se eleito, irá cumprir rigorosamente a constituição. Desejo saber, então, se pretende pôr em prática o dispositivo da Carta-Magna que determina, nas suas Disposições Transitórias, a mudança da capital federal para o Planalto Central'. Procurei identificar o interpelante.  Era um dos ouvintes, Antônio Carvalho Soares - vulgo Toniquinho - que se encontrava bem perto do palanque. A pergunta era embaraçosa. Já possuía meu Programa de Metas e, em nenhuma parte dele, existia qualquer referência àquele problema."
        
4. "Respondi, contudo , como me cabia fazê-lo na ocasião: 'Acabo de prometer que cumprirei, na íntegra, a Constituição e não vejo razão por que esse dispositivo seja ignorado. Se for eleito, construirei a nova capital e farei a mudança da sede do governo'. Essa afirmação provocou um delírio de aplausos. Desde muito, os goianos acalentavam aquele sonho e, pela primeira vez, ouviram um candidato à Presidência da República assumir, em público, tão solene compromisso."

terça-feira, 20 de abril de 2010

Dos Princípios da Vida e Sobre como Evitar os Efeitos Deles em Nossas Vidas

Caro Leitor

Esse texto já foi postado anteriormente aqui neste espaço (e pode ser lido, juntamente com os comentários originais aqui), mas dada a beleza e a análise tomo a liberdade de retransmiti-lo.

Caríssimos e inestimados amigos e queridos leitores deste ligeiro informativo dos processos não-naturais e não-saudáveis que se dão em algum dos cantos acolchoados sob o teto opressivo na já tão querida e tradicional cela imanada em alguma transcendência do manicômio por todos e por nenhuma pessoa conhecido como "realidade consensual", isolado da realidade pelos ditirambos de Matrix. Enquanto este humilde cronista das coisas reais sem realidade e das verdades sem palavras permanecer pensando ele continuará existindo, de acordo com o bom e nobre amigo Renée Descartes - não que ele faça muita questão disso, mas de vez em quando estar em do lado de cá dos véus de Maya é algo interessante. E enquanto ele existe vai percebendo uma coisa muito curiosa: as coisas passam.
Isso mesmo: as coisas passam - um conhecimento extremamente trivial para todos aqueles que olham pela janela do ônibus enquanto ele se movimenta, por exemplo. Se vocês preferirem eu ponho a questão em outras palavras: as coisas se movem; as coisas mudam; nada dura para sempre; "nada como um dia depois do outro"; nada é eterno; etc. Nada aparentemente muito importante ou profundo, meus caros, mas são justamente essas coisas que inspiram as mais profundas e interessantes reflexões possíveis à mente humana (ou as piores e mais superficiais, dependendo do indivíduo que se dedica a essa atividade).
Mas a atividade de um amante da sabedoria não deve se restringir às coisas óbvias e triviais - deve-se partir delas para alçar as alturas ou as profundidades, e não usá-las como desculpa para permanecer na superfície da questão. Assim não basta a um maluco, quer dizer, um amante da sabedoria detectar essas coisas, mas ele deve refletir sobre elas. "Por que ele deve refletir sobre elas?", vocês perguntariam. Não sei responder essa pergunta, mas eu sei que ela tem a mesma resposta da pergunta "por que os pássaros voam?" - é algo maior do que todos nós, um imperativo que vem do fundo da alma e dirige todos os nossos atos, e é por isso que eu digo que Filosofia é coisa de maluco. Se me permitem uma metáfora, qualquer um que tenha escutado a Primeira Canção dos Ainur, Ainulindalë, vai viver por essa Canção, e ela o inspirará para todo o sempre - mesmo tendo Melkor feito caquinha.
Embalado pela Primeira Canção, pus-me a refletir sobre as coisas que eu via passando velozmente pela janela de um ônibus na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, no qual eu estava. Eu particularmente não gosto de pensar porque o Pensamento revela a Verdade e a Verdade provoca o fim das ilusões que nos agradam, mas há algo mais forte que eu que me obriga a pensar e me dita as conclusões. Percebi que há muita validade naquela canção do Lulu Santos, Como Uma Onda: "Tudo que se vê não é/Igual ao que a gente/Viu há um segundo/Tudo muda o tempo todo/No mundo". As coisas passam, um segundo não é como o que veio antes dele e não será como o que virá depois. Um segundo que passa é irrecuperável, perde-se nas brumas do Tempo, dissolve-se em menos que nada.
"Um dos princípios que rege este mundo é a efemeridade das coisas", pensei de imediato. As coisas são transitórias, não duram mais do que um simples suspiro na Longa Noite. Lojas que eu sempre quis visitar faliram antes de eu conhecê-las. Pessoas com as quais eu sempre quis puxar algum assunto não estão mais lá. O segundo que passou levou mais coisas do que eu gostaria que levasse, e deixou, em seu tempo, menos do que eu precisava dele. Passamos os segundos sempre com essa sensação de perda, de prejuízo - e nada fica para compensar esse vazio que nos resta, essa sensação de incomplitude e de estar oco que é mais terrível que o pior dos nossos medos. No fim: nada fomos, nada somos, nada seremos, pois tudo isso será levado insensivelmente pelo segundo seguinte, que não deixará nada em troca.
Essa efemeridade das coisas leva fatalmente a uma ausência total de sentido nas coisas, um vazio existencial que conduz à questão: "qual é o sentido das coisas, se tudo o que há está fadado ao oblívio eterno em mais ou menos segundo e será como se nunca tivesse estado na Memória dos homens?" E não há pensamento, intuição ou revelação que consiga resolver este quase paradoxo: no fundo, se a vida é destituída de sentido, vivemos apenas para continuar vivendo - o que é extremamente verdadeiro nos grandes centros urbanos. Para muitos é a maior das bênçãos não ser capaz de enfileirar dois pensamentos e extrair alguma conclusão lógica válida a partir deles, mas para aqueles que, como eu, foram amaldiçoados com o dom do pensamento é terrível viver sob esse peso: saber que as coisas são destituídas de sentido, de propósito, de motivo, e não poder fazer quase nada para mudar esse mundo cruel e opressivo em que vivemos subjugados a essa lei anti-natural.
Mas olhando ao meu redor vi que existe apenas duas formas de se atribuir sentido a este mundo louco em que vivemos. A primeira é para alguns falsa e ilusória: acreditar em poderes superiores que a tudo justificam simplesmente por existirem - tal como o Motor Imóvel de Aristóteles ou Deus no cristianismo. Sentir Fé, que explica as coisas relacionando-as com esses poderes superiores, é uma das melhores coisas que o homem possui, pois o impede de cair no abismo do niilismo total. Poder apelar para alguma explicação nos momentos em que se é pego sem nenhuma explicação racional possível ajuda a mente humana a não se desmantelar por completo em uma poça de paradoxos insolúveis. Como disse Dostoievski numa tentativa de formular esse paradoxo: "sem Deus, tudo é possível". Voltaire, por sua vez, formulou a saída para esse paradoxo: "Este Deus é tão maravilhoso e necessário que mesmo se ele não existisse seria necessário inventá-lo".
A outra forma é o Amor. Sem Amor o homem nada seria, conforme disse São Paulo aos Coríntios em um dos mais belos "discursos" de todos os tempos - a palavra "discurso" está entre aspas porque ele redigiu aquele texto, não o pronunciou. O Amor é de uma tal natureza que, assim como a Fé, se ampara em alguma coisa para justificar todas as demais - mas não necessariamente um poder superior. Podemos amar uma mulher ou um homem (conforme o gosto de cada um), nossas famílias, e cada um desses amores irá justificar todo o mundo que existe ao nosso redor. Percebamos que o Amor e a Fé não se excluem, mas se complementam - pois o que é a Fé senão o Amor pelos poderes superiores?
São esses os dois princípios da vida (a efemeridade e a ausência total de sentido) e as duas formas de contornar os efeitos desses princípios (o Amor e a Fé), conforme revelados a mim pelos ecos da Primeira Canção, que é a Canção do Pensamento.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eros e a ascese platônica: uma análise do "Discurso de Diotima" em "O Banquete"

Caro Leitor

Este artigo orinigalmente foi um trabalho apresentado à guisa de avaliação final em uma disciplina qualquer no curso de Graduação em Filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Por acaso eu o encontrei entre as minhas coisas, e decidi compartilhá-lo com vocês.

 

INTRODUÇÃO


Eros: Amor, desejo, princípio cosmológico. Eros é uma força motriz num modelo sexual usada para explicar o "casamento" e o "nascimento" dos elementos mitológicos, uma espécie de "Primeiro Motor". Em Parmênides ele é o daimon "que tudo guia". Nas cosmogonias órficas ele tudo une e, destas uniões, nasce a raça dos deuses imortais, neste caso, apresenta-se o amor como uma emoção humana elevada ao nível de uma força cosmológica. Empédocles considera o amor (philotes) e o conflito ou luta (neikos) como princípios de união e separação, respectivamente, dos elementos que constituem o universo. Contudo, Platão orienta o significado de Eros para um novo sentido onde o amor humano é reorientado em direção a um amor filosófico.

Poderíamos perguntar até que ponto o amor platônico é ainda um legado socrático, um conceito de passagem entre a filosofia imanente de Sócrates e a filosofia transcendente de Platão. A importância do amor, para Sócrates, fica evidente quando este afirma: não saber nada a não ser a respeito do amor. Se o amor em Sócrates já pressupõe a ultrapassagem do próprio ser em função do caráter demoníaco que resulta da inspiração erótica, em Platão ele aparece já como um amor verdadeiramente filosófico, cujo objeto será determinado.

Essencialmente Platão desenvolve o problema do Amor em três dos seus diálogos: Lísis, Banquete e Fedro, certamente nesta mesma ordem cronológica de redação. No primeiro, um diálogo aporético, Platão apresenta o problema do amor sem lhe dar um desenvolvimento maior. Já no segundo diálogo mencionado, o autor expõe extensamente este problema. E por último, no Fedro, são esclarecidos alguns pontos que ficaram em aberto no Banquete.

Resumidamente o Lísis trata do amor como philia, isto é, amizade, da essência da amizade. Pela primeira vez Platão busca uma definição desta atração entre os homens, sugere que talvez ela seja análoga à atração do semelhante pelo semelhante,ponto de vista rejeitado, assim como o da atração dos dissemelhantes. Logo a seguir, apresenta-se um princípio que remonta à teoria médica tendo aplicações importantes nas teorias contemporâneas do prazer (hedone): o desejo (epithymia) e o seu conseqüente, o amor, é dirigido para o preenchimento de uma falta (endeia) e o seu objeto, por conseguinte, é algo que é apropriado (oikeion), algo que não é idêntico nem totalmente dissemelhante e contudo deficiente na nossa constituição.

Se no Líses procurou-se saber quem deve manter amizade, no Banquete esse "quem" está de antemão indicado. Trata-se do Eros, não uma idéia, mas o próprio deus do amor, no sentido de afeto centralizado pelo sexo. Na sucessão dos discursos que elogiam Eros, acabamos encontrando a definição da sua natureza.

No Banquete, o amor é um desejo dirigido para o belo (kallos) e necessariamente envolve a noção de uma necessidade ou falta (endeia). Através de um mito, que teria sido revelado por Diotima de Mantinéia, Eros aparece como um grande daimon, um dos intermediários (metaxu) entre o divino e o mortal, entre a sabedoria e a ignorância. Eros é definido como o desejo de que o bem seja nosso para sempre, e também, como a procura por uma natureza mortal, da imortalidade que ele realiza gerando (genesis).

Em seguida, continua o relato dos ensinamentos de Diotima, com uma exposição do verdadeiro amor. O concurso dos belos corpos gera belos discursos (logoi). O amante afasta-se de um único corpo e torna-se um amante de todos os corpos belos, daí volta-se para as belas almas, as leis, observâncias, e o conhecimento (episteme), libertando-se sempre da ligação ao particular, até que "subitamente" lhe é revelada a visão da própria beleza, o belo em si (auto to kalon).

No Fedro, inicialmente, aparece a definição do Eros como um desejo irracional dirigido para o gozo da beleza. Mais tarde,esta significação é desdita. A irracionalidade do amor é, na verdade, um tipo de loucura divina (theia mania) e está presente na alma como reflexo da lembrança (anamnesis) que a alma tem dos eide que lhe foram revelados antes da sua "perda de asas". É a alma do filósofo que primeiro recupera estas asas pelo exercício da recordação que ela tem dos eide e pela orientação da sua vida em concordância. O filósofo é a isto estimulado pela visão da beleza terrena. É a beleza que particularmente move a nossa recordação porque ela opera através do mais agudo dos nossos sentidos, a visão.


O BANQUETE


O Banquete é um diálogo que apresenta os discursos de sete convivas sobre o amor. Dramaticamente, é talvez o mais bem-sucedido dos diálogos platônicos. Cada participante tem sua individualidade e a cada um compete fazer valer seus talentos individuais (orador, médico ou poeta). Platão prepara-nos gradualmente, para a revelação final, o poder filosófico do amor. Percorramos então este caminho.

Fedro fala como um jovem, mas como jovem que tem as paixões purificadas pelo estudo da filosofia. Faz de Eros o deus mais antigo e, por conseguinte, o mais venerável, suscitando no homem o desejo de virtude, fonte de heroísmo e de moralidade, uma definição que apenas reintroduz o sentido arcaico e tradicional da divindade.

Pausânias, homem amadurecido, a quem a idade e a filosofia tem-lhe ensinado o que a juventude não sabe, constrói sua argumentação sobre a distinção entre uma Afrodite celeste e uma Afrodite vulgar. Como há duas Afrodites, há dois Eros e duas formas de Amar.

Erixímaco expressa-se como médico, indo além do quadro estritamente humano, vê no amor a força que governa o mundo e rege os fenômenos, tanto biológicos quanto cosmológicos; define Eros como a união dos contrários, num discurso que tem ecos empedocleanos.

Aristófanes, com a eloquência do poeta cômico, ocultando sob uma forma burlesca pensamentos profundos, conta a história mítica do "andrógino". Os primeiros homens eram duplos (macho-macho, fêmea-fêmea, macho-fêmea) e Zeus, como castigo, os dividiu ao meio. Desde então os homens vivem na privação e nostalgia da outra metade. É disso que nasce o amor, marcado pela ausência e negatividade. A nostalgia do ser amado suscita o desejo, a penúria incita à busca, cada parte tateia à procura por sua metade perdida e da sua completude original. Eros, ao contrário do afirmado por Erixímaco, é a união dos semelhantes separados. Eros é um na sua essência, e sua função é, precisamente, recriar a unidade. Eros é o único deus a poder curar o mal que cinde originariamente o homem e trazer-lhe a felicidade: reencontrar no amor sua unidade original.

Agatão, jovem e belo verdadeira encarnação do kalos kagatos grego, é em honra por sua vitória no concurso de arte dramática que se realiza o Simpósion. Num elogio verboso e sofisticado, próprio do poeta, porém confuso, artificial e vazio, atribui a Eros todas as perfeições imagináveis.

Sócrates relata os ensinamentos da sacerdotisa Diotima de Mantinéia: Eros, "intermediário" entre os homens e os deuses, é um meio que permite ir mais além na direção do inteligível; ele nos inspira o desejo de ter sempre o bem; sua ação é uma geração que garante aos mortais a imortalidade que lhes é possível.

Alcibíades, que chega no decorrer do banquete, acompanhado de jovens pândegos, fecha com verve e paixão o diálogo, com um notável elogio a Sócrates e, por meio dele, à filosofia.


A imagem filosófica do amor:


Por mais ricos que sejam os cinco primeiros elogios do amor, em erudição, humor, imagens poéticas ou referências mitológicas, não passam de aproximações insuficientes, que qualificam o amor sem apreender sua natureza. Ao chegar a vez de Sócrates, a filosofia tem a palavra; há de falar-se da natureza do amor.

Eros deseja o que não possui, desejando o belo e o bom, está privado deles. Não poderia, portanto, ser um deus, já que está marcado por essa falta. Contudo, não é mortal. Será, então, um "intermediário" (metaxu) entre um e outro. Sendo meio e mediador entre dois mundos (sensível e inteligível, mortal e imortal), participa dos dois ao mesmo tempo. Mas também é um intermediário entre a ignorância e o saber, e por isso o amor é dito ser filósofo. Não sabe, mas sabe que não sabe. Eros está consciente da sua carência e aspira a preenchê-la, daí parte à conquista do saber, do bem, do belo, da imortalidade.


O mito genealógico:


Quando se trata de falar da genealogia do Amor, Platão abre mão da sua tradicional argumentação dialética, e nos oferece um curto, porém fascinante mito. Isto porque, sem dúvida, o Amor tem um fundo de mistério, e quando este se desvenda não é por demonstração, mas sim por revelação imediata.

Eros é um daimon, algo entre o mortal e o imortal, cuja função é essencialmente a de síntese, uma síntese das caraterísticas herdadas de seus pais. O mito do nascimento do Amor nos apresenta Eros filho de Poros, ele mesmo filho de Mátis (Sabedoria, Inteligência prática) e Penia. O nome da mãe (Penia) pode ser traduzido sem dificuldades por pobreza, penúria, escassez, inópia, indigência. Já com o nome do pai (Poros), as coisas não são tão simples assim, há quem o traduza por "abundância", "fartura", "plenitude", "riqueza". Se fosse assim, teríamos o Amor como fruto de dois contrários, pobreza e riqueza, o que não é bem verdade. Poros, melhor traduzido, quer dizer recurso, passagem, abertura, saída. Deste modo Poros é aquele que tem saída para tudo, tem os recursos necessários para resolver os problemas.

Com tal natureza e função, a unidade desse daimon consiste em inspirar nos homens o desejo de possuir o que é belo e o que é bom não apenas momentaneamente, mas sempre. Ninguém ama verdadeiramente se ao mesmo tempo não deseja que seu amor dure para sempre. Eros não é só o amor do que é belo, mas da geração no que é belo. Por ter sido gerado no dia do nascimento de Afrodite, nasce sob o signo da beleza.

Eros herdou de seus pais uma feliz mistura, porém, não estável: mendigo e investigador, inquieto e apaixonado, pobre em bens materiais, mas rico em recursos potenciais, não tem nada, mas quer muito. Tem uma natureza dinâmica, mas instável, um caráter ardente, mas caprichoso, uma engenhosidade inventiva, mas insatisfeita. Está em penúria, mas conhece sua penúria; quer sair de si e aspira por saber, por beleza e por fecundidade.

O mito do nascimento do amor apresenta um Eros numa posição diametralmente oposta às fixadas pelos discursos anteriores. Contra Agatão que ressalta as virtudes do amor, temos fragilidade e instabilidade. Opondo-se a Pausânias, temos apenas um único Eros, porém, com uma unidade complexa e rica em virtualidades. Contra o mito de Aristófanes, Eros é inovador é fecundo, estimula o que ama, incita-o a criar e ir mais além. Abre-se para o inédito, inventa o novo e prolonga-se, a si mesmo, numa criação original.

Tanto no mito de Diotima quanto no de Aristófanes, aparece a idéia da dualidade do homem, conflituoso pelas contradições de sua natureza, dilacerado por suas carências e suas esperanças, pela fragilidade de seu ser e o ardor de suas aspirações. O próprio sentido de filosofia, para Platão, não deixa de ser uma tensão de todo o ser em direção a um objeto que não temos ou que já perdemos por esquecimento. Assim, este "amor pela sabedoria" é primeiro carência, consciência de uma carência, depois a implementação de recursos para suprir essa carência. Contudo, os ensinamentos de Diotima vão muito mais longe do que o mito de Aristófanes. O amor é muito mais do que a tensão de dois seres um face ao outro. O amor é "parto na beleza, de acordo com a alma e o corpo", é fecundo, procriador ou, de maneira mais geral, criador. Para além da hipótese de dois seres presos a um passado perdido, o amor convida à superação, abre-se ao inédito e assegura, mediante a criação, a passagem da mortalidade à imortalidade. A finalidade não é o prazer individual e imediato da beleza, mas sim, a perpetuação da vida por intermédio de um ato criador ao qual assiste a Beleza. A procriação é um atributo divino do animal mortal. Eros é, em última instância, o desejo de imortalidade. O amor, aqui, é uma tensão dinâmica e extrovertida, que estimula, enriquece e eleva o indivíduo que ama. O amor é motor para a transcendência.

Em todos os discursos sobre Eros, aparece a descrição do seu comportamento e dos seus impulsos. Contudo, para Diotima, o alvo dos seus impulsos é aqui, não o prazer superior da amizade masculina, entendida como um clima de virtude e uma condição de educação, nem aquela procura de uma metade perdida, que corrigiria em parte nossa irremediável mutilação, mas simplesmente os belos seres (ta kala).Como será visto mais adiante, belos podem ser os corpos, as almas, as leis, as ciências, etc. Eros amante da beleza, necessariamente terá que amar a sabedoria, bela entre as coisas mais belas, assim o Amor, conclui Diotima, é filósofo.


Dialética erótica:


A segunda parte dos ensinamentos da sacerdotisa Diotima pode ser considerada muito mais um discurso inspirado do que propriamente um mito. É um "mistério", uma revelação que se apresenta à maneira de uma narrativa iniciática. Essa narrativa apresenta três caraterísticas: é contínua; inspirada; e sugestiva e evocadora. Não é um mito mas se move no campo do mito platônico.

Segundo o discurso de Diotima o objeto do amor é o parto na beleza, tanto no corpo como na alma. Além da tensão em direção ao que não se tem, agora aparece um novo elemento: a fecundidade. O amor é fecundo, tanto na procriação ao nível do corpo, quanto ao nível intelectual ou espiritual. O amor é criação, motor para a transcendência. A partir da beleza sensível (deste mundo), vamos subindo degrau por degrau a escada que nos levará até a beleza em si, a beleza absoluta do mundo inteligível.

Quando o amante encontra uma bela alma, esta união amorosa gera não uma criança (paida), mas sim belos discursos (logos), com a finalidade de educar (paideuein). A partir da correspondência dos termos gregos, podemos entender paideuein com o sentido de "fazer uma criança", sendo assim os discursos podem ser considerados como "os filhos do amor espiritual". Com isto, os discursos com o propósito de educar, isto é, de fazer espiritualmente uma criança, são o fruto da geração de um novo ser, ser este que garante ao seu criador uma imortalidade desta vez ao nível espiritual, da alma.

Os graus, ou "degraus" da iniciação à beleza são na realidade três, cada um deles dividido, por sua vez, em dois momentos. Primeiro o amante afeiçoar-se-á a um corpo belo, então fará belos discursos; depois verá que a beleza de um corpo é irmã da beleza de todos os outros, assim, passará a amar todos os corpos belos. O segundo degrau permite passar do amor pelos corpos ao amor pelas almas. O verdadeiro discípulo do Eros afeiçoar-se-á, num primeiro momento, a uma alma em particular, para depois descobrir a beleza moral, a dos atos, que torna belas todas as atividades e comportamentos humanos. Já a terceira etapa, o iniciado passará dos atos às ciências. Aqui, também, num primeiro momento o amor será amor das particularidades das ciências para, em seguida, expandir-se num amor pela ciência ou saber em geral, e enfim alcançar a ciência única, a da Beleza.

subitamente desvenda-se a beleza eterna e única, o Belo em si e por si, contempla-se a verdade nela mesma, a beleza divina nela mesma, na unidade da sua forma. A iniciação tendo sido lenta e gradual, a revelação, no entanto, é súbita e instantânea. Livre da multiplicidade das aparências e da volubilidade das opiniões, sua existência reside inteiramente na sua essência. O amor deixa de ser tensão e tendência em direção àquilo de que ainda estava desprovido. Enfim, terminam após tantas lutas "as dores do parto".

Este é, não só, um momento de êxtase, como também místico: "êxtase" porque o discípulo sai fora de si na contemplação do belo transcendente; e "místico" porque é uma coisa tão oculta, que só se revela ao fim de uma longa iniciação pela qual poucos passam.

O que no Lísis é denominado de Primum Amabile, agora, no Banquete, é apresentado como sendo o Belo em si. Este Belo em si eqüivale à Idéia de Bem, na República, e a ascensão erótica, narrada por Diotima, não é outra coisa do que a fórmula estética da dialética platônica. Isso permite se traçar aqui um paralelo entre a Alegoria da Caverna, narrada por Platão no livro VII da República, e o mito narrado por Diotima: no primeiro é mostrada a existência de um caminho que permite a elevação do homem por meio da ascese; já em Diotima é dito que caminho é esse.

Um esquema que bem reproduz esta ascensão erótica, é o apresentado por Geneviève Droz:


Idéia do Belo Amor pela Beleza em si

e por si

Amor pela ciência

Educação intelectual

Amor pelas ciências

 

Amor pelas belas ações,

pela beleza moral

Educação moral

Amor por uma alma bela

Amor por todos os corpos belos,

pela beleza corporal

Educação estética

Amor por um corpo belo


O elogio à filosofia:


O apaixonado Alcibíades é responsável pelo fechamento do diálogo. Este faz um discurso enamorado e nos apresenta um Sócrates numa posição semelhante a do Eros. Assim como no dia da geração de Eros que Poros estava embriagado, agora no dia do elogio a Sócrates é Alcibíades, o responsável por esse discurso, quem está bêbado; e se todo se passa no dia do banquete em comemoração a Afrodite, agora o banquete é em comemoração a Agatão o mais belo (kalliston).

Sócrates não é belo nem feio, mas sedutor e encantador; é pobre e tem os pés descalços, mas está sempre em busca de enriquecimento interior; é ingênuo, mas engenhoso caçador de verdades. Por sua estranheza e pelo mistério que emana de sua personalidade feita de contrastes é, ele mesmo, uma figura daimônica, mediador e traço de união entre os homens e os deuses. Destarte, a filosofia é amor, o amor é filósofo, e Sócrates é o protótipo acabado dessas duas mediações salvadoras. Sócrates como "a imagem total do Amor". O elogio a Sócrates representa o "coroamento" do Banquete.


CONCLUSÃO


Podemos observar um certo paralelismo entre a alegoria da caverna e o discurso que Sócrates atribui a Diotima de Mantinéia. Na República é descrito o processo de conversão das consciências à luz. Parte-se das sombras até chegar às Idéias. Já no Banquete temos uma "ascese erótica", onde Eros desempenha em relação aos sentimentos e às emoções o mesmo papel de intermediário que as entidades matemáticas representam para a vida intelectual. Eros comanda a subida por via da atração que a beleza dos corpos exerce sobre os sentidos e remete à contemplação da Idéia do Belo, o Belo em si. Esse é o sentido da dialética do desejo que o Banquete analisa no plano do sentimento, e que a República e a Carte VII analisam no plano do conhecimento.

Em Platão encontramos a construção do conhecimento constituído pela união de intelecto e emoção, de razão e vontade: a episteme é o fruto de inteligência e amor. O essencial continua sendo: a Verdade, o Bem e a Beleza, três manifestações diferentes da mesma e única realidade suprema. Enfim compreendemos o ensinamento de Diotima, do próprio Platão, Eros é metaxu: intermediário entre contrários (pobreza/abundância, ignorância/saber); Eros é, também e sobretudo, intermediário entre o humano e o divino, entre o sensível e o inteligível, entre o mortal e o imortal.

Eros é o próprio desejo da imortalidade. Esta é a única imortalidade possível para o homem, tanto pelo corpo, quanto pela alma. No primeiro caso, a imortalidade, se produz pelo nascimento dos filhos, pela sucessão e substituição de um ser idoso por um outro ser juvenil. Entretanto por cima desta produção e desta imortalidade corporal, há as do segundo caso, segundo o espírito. Estas são próprias do homem que ama a beleza da alma, e que trabalha para produzir numa alma bela, que o tem seduzido, os rasgos da virtude e do dever. Desta maneira, o homem perpetua a sabedoria que na sua alma se alojava e assegura um tipo de imortalidade superior à primeira. Este é o homem verdadeiramente virtuoso, o filósofo, o verdadeiramente imortal.

BIBLIOGRAFIA


A) Traduções:


· (01) AZCARATE, Patricio. El Banquete. (traducción, argumento y notas). Madrid, Editorial EDAF, S. A., 1984.

· (02) MIGUEZ, José Antonio, ARAUJO, YAGÜE, GIL, RICO, HUESCAR y SAMARANCH. Platón - Obras completas. Segunda edición - tercera reimpresión. Madrid, Aguilar S.A. de Ediciones, 1977.

· HUESCAR, Antonio Rodriguez. El Banquete. (preambulo).

· (03) ROBIN, Léon. Le Banquet. (traduit et notice). Paris, Les Belles Lettres, 1929.

· (04) SOUZA, José Cavalcante de. O Banquete. (tradução, introdução e notas). Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1997.


B) Comentários:


· (05) BROCHARD, Victor. Études de Philosophie Ancienne et de Philosophie Moderne. Paris, Librairie Philosophique J. Vrin, 1954.

· (06) CORNFORD, Francis M. La filosofía no escrita y otros ensayos. Barcelona, Editorial Ariel, 1974.

· (07) CROMBIE, I. M. Análisis de las doctrinas de Platón. primera edición. Madrid, Alianza Universidad, 1990.

· (08) DROZ, Geneviève. Os Mitos Platônicos. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1997.

· (09) GOLDSCHMIDT, Victor. Les dialogues de Platon. troisième édition. Paris, Presses Universitaires de france, 1971.

· (10) GRUBE, G. M. A. El Pensamiento de Platón. primera edición. Madrid, Editorial Gredos S.A., 1987.

· (11) PLOTINO. Do Amor. (tradução Albertino Pinheiro) São Paulo, Atena Editora, 1963.

· (12) ROBIN, Léon. Platon. nouvelle édition. Paris, Presses Universitaires de France, 1968.

· (13) La Théorie Platonicienne de L'Amour. nouvelle édition. Paris, Presses Universitaires de France, 1964.

· (14) ROBLEDO, Antonio Gomez. Platón - Los 6 grandes temas de su filosofia. primera edición. México, Fondo de cultura económico, 1993.


C) Geral:


· (15) BRUN, Jean. Platón y la academia. primera edición. Barcelona, Ediciones Paidós, 1992.

· (16) FERRATER, Mora José. Diccionario de filosofia. primeira edição, sexta reimpresión. Madrid, Alianza Editora S.A., 1988.

· (17) FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 2 - O uso dos prazeres. sétima edição. Rio de janeiro, Edições Graal, 1994.

· (18) JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. segunda edição. São Paulo, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1989.

· (19) MANON, Simone. Platão. prineira edição. São Paulo, Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 1992.

· (20) PETERS, F. E. Termos Filosóficos Gregos. segunda edição. Lisboa, fundação Calouste Gulbenkian, 1983.


D) Artigos:


· (21) CAPPELLETTI, Angel J. Sentido y Estructura del "Banquete" de Platón. em Revista Venezolana de Filosofia, 17. Caracas, 1983.

· (22) LIBERMAN, Gauthier. La Dialectique Ascendante du Banquet de Platon. em Archives de Philosophie, juillet-septembre 1996. Paris, Beauchesne Éditeur, 1996.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Repressão Mascarada: como o governo Lula foi eficiente na desmontagem da Razão

Caro Leitor

Um espectro ronda o Brasil: o espectro da repressão - mas essa repressão não é abertamente institucionalizada como foi a repressão do regime militar aos seus opositores. Na surdina pequenas mudanças são feitas, mudanças que individualmente são aparentemente inofensivas mas em conjunto são assustadoras. Para um observador atento da História é fácil perceber como o Brasil em oito anos "evoluiu" de uma democracia madura para um curral do mais descarado e descabido chavismo, aparelhado por uma pseudodialética polarizada dos tempos da Guerra Fria. Esmera-se muito para definir "vilões" e "mocinhos", essas "proposições" são lançadas e divulgadas como dogmas e o resultado é um populismo tal que apenas o mais cego ou apático dos homens não perceberia o mar de falácias que vêm de Brasília.
Vamos por partes. Os fatos nos lembram claramente que o PT não apenas foi contra a eleição de Tancredo Neves como jamais assinou a Constituição de 1988. A referida Constituição devolveu ao povo brasiliero a democracia e suas liberdades individuais, valores tão fundamentais em um Estado de Direito que simplesmente não se pode conceber aqueles sem este, e esse foi um marco muito importante na História brasileira. Entre outras coisas, os brasileiros adquiriram a liberdade de expressão e a liberdade de associação, o que significa dizer que um cidadão tem o direito de dizer aquilo que pensa e se reunir com outras pessoas que pensem como ele. Se hoje em dia eu posso escrever este texto com a certeza que, diferente dos meus semelhantes chineses, por exemplo, não haverá um censor do governo pronto para bloquear qualquer conteúdo que ele considere subversivo, é graças à atual Carta Magna brasileira. Se hoje em dia um cidadão de bem pode criticar o governo, é graças ao amparo fornecido pelas instituições democráticas previstas nos artigos do documento mais sublime do Estado brasileiro. Se hoje em dia eu tenho essa liberdade toda, certamente não foi graças a um partido que simplesmente se negou a assinar a Constituição de 1988.
Após as primeiras eleições diretas e os governos Sarney e Collor, o país estava mergulhado em uma crise sem tamanho. Coube ao senhor Itamar Franco, presidente da época, e ao senhor Fernando Henrique Cardoso, então Ministro da Fazenda, "reorganzar a casa". O Plano Real - de longe o mais eficiente plano econômico dos últimos vinte e cinco anos do Brasil - foi apenas a medida mais vistosa adotada pelo senhor Cardoso, mas, mesmo sendo identificado pelo povo apenas por ser o pai do Real, valeu-lhe as eleições presidenciais de 1994. Coletivamente, o Plano Real foi uma série de medidas que, apesar de movidas por um programa de privatizações considerado por muitos como no mínimo questionável, salvaram o país tanto de uma crise econômica mundial que se avultava na época quanto de medidas drásticas e nada populares como aquelas adotadas pelo senhor Collor (e que renderam a este o impeachment). Junto com o Plano vieram projetos para a melhoria das condições de vida da população, sob a forma de auxílios imediatos para os mais necessitados (como o Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Cartão Alimentação e o Fome Zero - este aprovado pelo Congresso apenas após as eleições do senhor Luís Inácio Lula da Silva em 2003) e a criação de instituições e leis que visavam a transparência e a boa administração públicas (a criação da Advocacia Geral da União, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a implantação do PROER). Apesar de seus tropeços, o Plano Real foi um inegável sucesso tanto a médio quanto a longo prazos. E, é claro, o PT votou contra praticamente todos os projetos e mudanças propostas pelo Plano Real. Ouso dizer que o PT votou contra o povo brasileiro, mas isso é uma opinião pessoal a qual não posso embasar em pilares mais sólidos do que os fatos: os resultados do Plano Real.
O grande problema (pelo menos para o PT) é que tanto a Constituição de 1988 quanto as medidas implementadas pelo Plano Real funcionaram. A cúpula do partido, fiel aos seus ultrapassados e retrógrados princípios stalinistas, ao espírito de escravo (tal como Nietzsche definiu esse conceito de "espírito de escravo") de apontar o outro como responsável por sua própria miséria e à dialética da Guerra Fria, reagiu tal como todos os partidos latinoamericanos abertamente alinhados com o socialismo de Moscou: com a mentira e a enganação. Ao assumir o governo, em 2003, o Partido dos Trabalhadores (que é formado por ex-guerrilheiros, ex-sequestradores, ex-terroristas, membros das classes média e alta seduzidos pela retórica de Marx e por um punhado de trabalhadores como se para justificar o nome) usou as mesmas táticas que o Partido Comunista da União Soviética usava ao controlar as reportagens veiculadas no Pravda, ou talvez piores. Inspirados por um ditador e terrorista chamado Hugo Chávez, e amparados por discursos falaciosos que implicitam afirmações como "a defesa dos interesses do povo" e "contra o neoliberalismo americano", o PT iniciou seu programa nefasto.
Primeiro minimizou as principais realizações dos governos anteriores, numa clara tentativa de apagar da memória coletiva que o governo Lula está apenas se beneficiando do legado positivo do Plano Real. Depois, gastou os primeiros anos de sua administração para levantar evidências de corrupção e outros crimes cometidos durante os governos anteriores. Nesse momento estoura o escândalo do Mensalão do PT, conforme denunciado pelo então deputado Roberto Jefferson, que se revelou como a simples ponta de um imenso iceberg formado por inúmero escândalos relacionados à cúpula do partido. Foi quando os dirigentes do PT mostraram que aprenderam muito bem a cartilha soviética e simplesmente usaram as instituições da República para varrer todos os escândalos para debaixo do tapete e minimizar todos os que não conseguisse disfarçar. Chegamos a um ponto de lavagem cerebral coletiva em que é fácil ouvir de um cidadão que ele sabe que existe corrupção no país e que o governo Lula é o melhor da nossa História.
Mas a lavagem cerebral coletiva não acabou aí. Esse governo chavista quer controlar não apenas o que pensamos (quem leu o Programa Nacional de Direitos Humanos sabe muito bem do que estou falando) mas como dizemos aquilo que pensamos. Sabendo não possuir embasamento racional nenhum para as idéias que veicula, o PT usa a máquina pública para promover uma massificação de frases de efeito desprovidas de qualquer sentido ou função que não seja alienar aqueles que as escutam. Sabendo que serão seus opositores todas as pessoas que conseguem fazer uso minimamente competente de cinco neurônios ao mesmo tempo, o governo quer restringir as palavras que podem ser usadas sem ser consideradas ofensivas ou algo do tipo - mas substituindo-as pelas palavras já presentes na cartilha , no estatuto e nas propagandas do PT. Em português bem claro: apelar para mensagens subliminares é sacanagem!
E, como não está simplesmente satisfeito em silenciar aqueles cidadãos capazes de pensar (como fez com o senhor Arnaldo Jabor), o governo Lula se acha acima da lei. O presidente debocha das decisões judiciais e das leis que impedem a candidata por ele apoiada, a ex-guerrilheira senhora Dilma Rousself, de fazer campanha eleitoral antes do prazo estabelecido. Os governadores e prefeitos aliados debocham da Lei de Responsabilidade Fiscal, achando-se muito acima dos simples mortais para os quais as leis são feitas. Quando aprova uma medida polêmica, como foram as relacionadas ao Programa Nacional de Direitos Humanos ou à questão do pré-sal, esquiva-se dizendo que assinou sem ler. E tem mais, só que aos senhores digo: existem muitos colunistas que já denunciam esses abusos, como os senhores Cesar Maia e Arnaldo Jabor, e a mídia impressa ainda está, em alguns casos, cumprindo o papel de informar.
As ações do governo Lula lembram muito dois livros: 1984 e Revolução dos Bichos, ambos de George Orwell. E com isso podemos ver muito bem como o senhor Lula conseguiu levar a cabo a desmontagem da Razão, atributo tão fundamental do homem. Para encerrar, à luz das profecias de Orwell, digo apenas que não existe mais indignação para ser posta em palavras.

sábado, 10 de abril de 2010

SERRA PODE VENCER ELEIÇÕES JÁ NO PRIMEIRO TURNO (originalmente publicado no Ex-Blog do Cesar Maia, Edição Especial do Dia do Lançamento de Serra a Presidente (10/04/2010))

Nota: o artigo a seguir foi publicado no Ex-Blog do Cesar Maia, Edição Especial do Dia do Lançamento de Serra a Presidente (10/04/2010). Retransmito por dois motivos: o primeiro é pela análise do atual quadro político do Brasil, pois a maioria dos observadores atentos pode verificar facilmente se o senhor Maia acerta ou comete um equívoco em afirmar o que diz; o segundo motivo é que a atual situação da oposição ao governo Lula é exposta de maneira simples, direta e completa.

"SERRA PODE VENCER ELEIÇÕES JÁ NO PRIMEIRO TURNO"!

                
(BBC-Brasil-09)  1. Pré-candidato ao Senado pelo Democratas (DEM), prefeito do Rio de Janeiro por três vezes e uma das vozes mais contundentes e críticas ao governo Lula, o economista carioca Cesar Maia admite que os quase oito anos de administração do PT "confundiram" a oposição, que agora terá que comparar projetos políticos e apontar o "potencial de instabilidade" da candidatura de Dilma Rousseff (PT) se quiser voltar ao Planalto.   
                
2. Em entrevista concedida à BBC Brasil às vésperas do lançamento de José Serra como nome do PSDB para disputar as eleições presidenciais, Maia afirma que, durante boa parte do governo Lula, a oposição ficou dividida entre "apontar para o futuro" ou reivindicar a "paternidade" da estabilidade econômica e de programas como o Bolsa Família.
                
3. "O fato de Lula ter rolado os programas anteriores do governo FHC - estabilidade monetária, Bolsa Escola....- confundiu a oposição, que não sabia se apontava para o passado, tentando resgatar a paternidade dos programas, ou se apontava para o futuro", disse. Para Maia, "somente agora" a oposição parece ter conseguido se "descolar" deste dilema, embora continue presa ao debate econômico em relação ao governo Lula.
                
4. Questionado sobre os índices recorde de aprovação ao presidente, o ex-prefeito do Rio afirma que Lula foi beneficiado por um "ciclo mundial ascendente" na economia, que alavancou sua popularidade, assim como fez com outros líderes latino-americanos, como os ex-presidentes do Uruguai, Tabaré Vázquez, e do Chile, Michelle Bachelet. E minimiza o impacto da crise econômica mundial de 2008. "A duração da crise foi menor do que se supunha para todos os países", argumenta.
                
5. Mesmo assim, Cesar Maia diminui a importância da transferência de votos de Lula para Dilma, "que têm DNA diferente", e vê com otimismo as perspectivas de José Serra nas eleições de outubro, afirmando que o ex-governador poderia vencer já no primeiro turno. Para ele, em um cenário em que o pré-candidato do PSB, Ciro Gomes, não concorra e Marina Silva, do PV, perca votos, é possível que o tucano vença a candidata do PT sem a necessidade da realização de um segundo turno. "Se Marina 'emagrecer', Serra ganha no primeiro turno. Claro, não acredito na candidatura de Ciro, que aliás mudaria esse raciocínio", disse.
                
6. Para Maia, a performance dos candidatos durante a campanha deve ser decisiva nestas eleições, o que seria uma vantagem para o tucano e uma desvantagem para Dilma. "Nos últimos anos, quando as economias não têm crescimento chinês, nem vivem um desastre, as campanhas se decidem por perfomance. Os slogans são cada vez mais impulsões. Nesse sentido, se aprende a fazer campanha, fazendo campanha. Dilma nunca foi candidata a vereadora. Não sabe o que é campanha."
                
7. Para o democrata, no entanto, caso a eleição presidencial vá para um segundo turno, as dificuldades de Serra poderiam aumentar, pois a concentração em apenas dois candidatos tenderia a facilitar a associação entre Lula e Dilma, tornando a candidata mais competitiva. "No segundo turno Dilma já terá feito seu doutorado em campanha. A TV passa a ser contínua, 10 minutos para cada e Lula aparece com muito maior nitidez. O discurso de criar insegurança nos que recebem as diversas bolsas do governo fica mais fácil pela TV.
                
8. Por isso, o segundo turno seria diferente do primeiro e Dilma se tornaria mais competitiva", diz. Maia, que afirma que Dilma se aproximaria de um "esquema bolivariano" parecido com o do venezuelano Hugo Chávez caso vença, afirma que o melhor vice para Serra seria o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, mas que caso isso não aconteça, a vaga deveria se do DEM. "O Democratas, excluindo São Paulo, tem muito mais capilaridade que o PSDB, lidera um segmento estratégico como o agropecuário e afirma teses - como a redução da carga tributária e a defesa do direito de propriedade - que o PSDB tem um certo recato para fazer."

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Rio submerge no caos de Cabral e Paes (originalmente publicado em http://www.sintuperj.org.br/portal/pg_materia.asp?id=445, no dia 6/4/2010 às 13:51:38)

Nota: o artigo a seguir foi originalmente publicado em http://www.sintuperj.org.br/portal/pg_materia.asp?id=445, no dia 6/4/2010 às 13:51:38. Retransmito na íntegra por considerar informativo, apesar de não concordar integralmente com o autor


Quase 20 horas de chuva, metrô, ônibus e trens da SuperVia impossibilitados, pontes fechadas, alagamentos, trânsito parado, desabamentos, lixo transbordado pelas ruas e já 180 mortes¹ no Estado do Rio de Janeiro. Este é o cenário de caos que a população fluminense sofre. Esta situação não se trata apenas de um fenômeno da natureza, mas sim um reflexo da falta de investimentos em políticas públicas da prefeitura e do Governo do Estado. Esta é a pior chuva dos últimos 40 anos, segundo informações da Defesa Civil.
E a cidade maravilhosa está ilhada. Ilhada no descaso. Ilhada no desrespeito à população. Ilhada na falta de políticas. E o que a população mais pobre e mais afetada por este descaso ouve do governador Sérgio Cabral é: "Este é um comportamento irresponsável, quase um suicídio permanecer nos locais". Esta foi a fala do governador enquanto a televisão noticiava deslizamentos no morro da Mangueira, Zona Norte do Estado. Mas, para onde essas pessoas vão? Talvez para o Palácio Guanabara?
Irresponsabilidade significa não priorizar políticas públicas de saneamento, transporte público de qualidade, acesso à saúde e educação gratuitas, moradia, ou seja, direito à dignidade, aos direitos básicos previstos na Constituição. Irresponsabilidade é seguir uma política de privatização dos serviços do Estado que só mostram, a cada dia, sua ineficiência. Nos basta como exemplo, o metrô que funciona em uma situação calamitosa com superlotação, sem ar-condicionado, além dos preços exorbitantes. Irresponsabilidade é o incessante sucateamento do serviço público de saúde que sofre com a falta de concursos públicos, falta de equipamentos, medicamentos e condições dignas de trabalho. Irresponsabilidade é investir em uma política de criminalização da pobreza com a ocupação militar das comunidades, ao invés de garantir infraestrutura para as mesmas.
Infelizmente, esta é política do governo do Estado com o Rio de Janeiro: o caos. Para quem Eduardo Paes e Sérgio Cabral governam?² Certamente, não é para a população fluminense...

¹ número de mortes confirmadas na quinta, 8/4, às 21h
² Jorge Roberto da Silveira é outro enganador em Niterói

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A DEBILIDADE DO PT NA CAMPANHA ELEITORAL DE 2010! (Publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 08/04/2010)

Nota: o texto a seguir foi publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 08/04/2010. Tomo a liberdade de retransmitir.

1. Na Alemanha dos anos 30, chamava-se de "Estado Total" a incorporação ao Estado, dos poderes, do partido político único, dos sindicatos e de todas as associações da sociedade civil, incluindo as manifestações artísticas. Por isso, os atos do partido único eram também atos do Estado e, por este, preparados com toda a coreografia e assumindo todas as despesas. No Brasil se avança para isso a passos largos. Boa parte das associações da sociedade civil e sindicatos são cooptados, patrocinados e seus dirigentes assalariados do Estado por nomeação.
                    
2. Quando se analisa o quadro eleitoral de 2010, isso fica muito claro. Era de se esperar que com a popularidade do presidente e a competitividade de sua candidata, o PT entrasse nesse processo eleitoral como o partido mais forte, especialmente por ser um partido de Estado. Mas não é isso que se vê.
                    
3. Fazendo um levantamento das candidaturas próprias do PT aos governos dos estados, se vê que elas são competitivas no Rio Grande do Sul, Bahia, Sergipe, Piauí e Acre, sendo que no Rio Grande do Sul, é competitiva para perder, e só no Acre franco favorita. Isso terá como reflexo a inevitável perda de deputados em relação aos que o PT elegeu em 2006.
                    
4. Mas para os gerentes do Estado Total, Lula na frente, tanto faz. Pressionam seus pré-candidatos regionais para que desistam e apóiem seus parceiros, especialmente do PMDB e do PSB. Para eles, o fundamental é manter sob seu controle o Estado Total. Na medida em que a Federação foi colocada de joelhos por Lula, com um cheque de 'pacs' numa mão e um chicote na outra, ganhar ou perder estados não muda nada. Da mesma forma fazer mandatos de deputados federais. Afinal, a cooptação por cargos, emendas ou partido-patrimonialismo, pensam, vai lhes garantir o controle do Estado Total.
                    
5. E se o partido é parte do Estado, que se transforma ele mesmo em partido, não faz diferença a origem partidária dos deputados da base aliada ou subserviente. O importante é vencer a eleição presidencial. E para isso vale qualquer arma, qualquer golpe, qualquer pressão. Não importa se o PT vai sair dessa com um só governador do Acre e com 60 deputados federais. O que importa é o controle do Estado, pois os mandatos de fato, estão com aqueles que ocupam os postos chaves da máquina pública. Especialmente os fiscais financeiros e previdenciários.
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