Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Carta feita pelo Chefe Seattle ao Presidente Franklin Pierce dos Estados Unidos em 1854

Eu estive pensando nesta noite em algumas questões suscitadas pelo meu texto anterior, e lembrei de um outro texto, o qual muito admiro. Estou falando da carta enviada pelo chefe Seattle ao presidente Pierce, em 1854, quando o presidente interessou-se em comprar as terras dos nativos. Li, refleti e admirei-me como homens auto-denominados "civilizados" não possuíam metade da sabedoria de um "selvagem". Pergunto-me, com isso, se o selvagem não era o presidente e o homem sábio e civilizado, Seattle...


Carta feita pelo Chefe Seattle ao presidente Franklin Pierce em 1854

 

O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.

Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.

Minha palavra é como as estrelas - elas não empalidecem.

Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.

O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertecem à mesma família.

Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.

Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.

Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou rescendendo a pinheiro.

O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensivel ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragância das flores campestres.

Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios ) matamos apenas para o sustento de nossa vida.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.

Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.

De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adoçicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.

Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.

Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Proteje-a como nós a protegíamos. "Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse": E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

 

(fonte: http://www.geocities.com/rainforest/andes/8032/page16.html )

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Triste História da Chacina da Praça do Gramacho

Caro Leitor

O texto de hoje bem poderia ser uma crônica, se não pertencesse aos meandros mais negros e polutos da realidade histórica na qual está inserida a mais vil e desprezível das criaturas: o homem. Estamos há muito (desde o Éden, eu diria) afastados da imputabilidade que abençoa os outros animais, tão superiores a nós porque agem pela necessidade de agir. Quando nos afastamos da necessidade de agir, que é o movimento que o Absoluto imprime à todos os seres (que nada mais são que extensão de Seu próprio corpo), entramos nos reinos do livre-arbítrio, cujo rei e senhor é a astúcia e a velhacaria e os mandamentos, a enganação e a ladinagem.
Para aqueles entre os meus leitores que não possuem a tão alta honra de conhecer a Baixada Fluminense tão bem quanto a própria estante de livros (e posso dizer que a Baixada é tão vasta e diversa quanto a minha biblioteca particular), existe na cidade de Duque de Caxias um bairro chamado Gramacho, a 10 minutos de ônibus ou 5 minutos de trem do centro comercial daquela cidade. Não confundir com Jardim Gramacho, bairro do mesmo município e que dista daquele cerca de 20 minutos de viagem de ônibus: Gramacho possui uma estação de trem, um dos terminais ferroviários da linha Central-Saracuruna. Ao redor da estação de trem e da Praça do Gramacho, localizada em frente ao lado oeste da estação, existe um pequeno centro comercial, com várias lojas, duas farmácias, uma padaria que abre às quatro horas da manhã, dois mercados e duas agências bancárias, o que confere ares de pequeno burgo a horas de qualquer grande centro urbano.
Ainda que muitos dos senhores vivam em apartamentos, acredito que todos concordariam se eu lhes dissesse que o grande destaque do bairro era sua praça. Tal como uma pequena praça de cidade do interior, a Praça do Gramacho era adornada por várias árvores frondosas, nodosas e simpaticamente retorcidas, e em seus galhos inúmeros passarinhos aninhavam-se para dormir e deles se espalhavam em franca revoada tão logo o sol nascia. As árvores espalhavam generosa sombra, e mesmo sob o alto sol do meio-dia havia um certo nimbo esverdeado da luz filtrada pelas folhas, dando a sensação de se estar em uma floresta a menos de dois minutos de caminhada de uma estação de trem, ou na varanda do sítio daquela avó que mora bem para o interior de São Paulo que após Monteiro Lobato todos nós gostaríamos de ter.
Era de um regalo indescritível acordar às cinco da manhã e ir pegar o trem na estação de Gramacho apenas para passar por entre as árvores e escutar o canto alegre dos pássaros saudando o alvorecer de um novo sol, de um novo dia. E toda a fadiga do dia, todo o fástio, todo o peso de uma longa jornada era exorcizado pelo canto destes pequenos Filhos do Altíssimo ao se recolher para o justo sono tão logo o sol se punha. Um espetáculo sublime, que a alma embrutecida do homem da cidade é incapaz de aproveitar em toda a sua integridade, incapaz de apreender em toda a sua majestade. E as canções ali derramadas pelos passarinhos sem nada esperar em troca eram bênçãos vindas de um poder muito superior às nossas misérias mortais.
Muitas vezes me vi cancelando compromissos ou acordando muito mais cedo do que a saúde me permitiria normalmente apenas para assistir a Revoada de Saudação ao Sol, fresco do início do dia, ou acompanhar a Canção Vespertina, solene e com a tristeza que apenas o Sublime em toda sua plenitude é capaz de suscitar, tristeza essa não de pesar, mas de profunda reverência e gratidão, uma adoração ao mais profundo e primitivo (não no sentido de atrasado, mas no sentido de primeiro) Deus, que é o Absoluto Pai Criador de Todas as Coisas, Aquele que É mesmo além do Tempo e do Espaço. Ali, com a alma grave dos poetas que mais alto se alçaram nos caminhos do Amor conforme revelados por Diotima de Mantinéia, muitas vezes chorei sem lágrimas ou sofrer, mas altivo e sorrindo, cantando sem emitir som, em um divino estado ébrio que apenas a contemplação do Uno, do qual Eu Sou é a Idéia Magna, propicia e desconhecido daqueles que jamais experimentaram um estado de consciência alterado sem jamais consumir substâncias que fazem isso. Muitas vezes me vi prometendo a mim mesmo escrever um poema sobre a tarde passada ali, ou prometendo aos meus entes queridos apresentar a eles a Canção Vespertina dos pássaros, pois como essa música nenhum outro ser, real ou não, já cantou.
Espero que você, caro leitor, seja uma pessoa atenta e tenha percebido que todos os verbos descrevendo a praça estavam em flexões que indicam tempo passado. Pois essa praça não existe mais.
A criatura mais vil, o homem, no fundo de seu âmago podre e ressequido sabe que a natureza é uma prova material de como ele se afastou da Unidade com o Altíssimo, e por isso mesmo atenta contra ela com todas as suas forças. Poucos são aqueles que tentam caminhar de volta à Morada do Absoluto e reintegrar-se a Ele na primitiva Unidade em que todos estávamos antes da Queda. Pois se somos Seus Filhos e conhecemos Sua Luz, dela nos afastamos pelo peso de nossos crimes, da nossa arrogância, de nossa astúcia. Éden, Atlântida, Númenor, Valinor, Pindorama... nomes diferentes para a mesma coisa: o Paraíso, que é a Unidade, do qual caímos por obra de nossa própria maldade, do qual o sangue em nossas mãos nos baniu.
Pois o homem teceu seus ardis, e em nome de seus deuses mortos (aos quais chamam por nomes como "progresso", "civilização", "urbanismo", mas em nada diferem do maligno deus Tash descrito por C. S. Lewis em Crônicas de Nárnia) avançou contra aquele templo intocado da Paz dos Dias Antigos. Por obra de um das igrejas desses deuses mortos, chamada "Prefeitura de Duque de Caxias", as árvores foram arrancadas e mortas, e os pássaros foram expulsos das moradas que era deles por direito desde antes da Aurora dos Tempos. Muitos ninhos foram desfeitos e muitos ovos foram quebrados. No lugar das árvores foram plantadas algumas palmeiras, que estão murchando de vergonha por estarem participando do crime, ou, talvez, em reverência às irmãs tão covardemente mortas.
Foi uma verdadeira chacina, que mesmo o mais insensível dos homens mortais, corrompidos por seus deuses mortos, consideraria inaceitável se sua alma não estivesse amortecida pela escravidão à qual o homem da cidade é submetido e obrigado a chamar de vida. Muitas vidas irmãs ali encontraram seu fim, no altar dos sacrifícios aos deuses mortos do homem da cidade. Muito sangue foi derramado, e apenas com o preço do próprio sangue o perpetrador da chacina se redimirá dos seus crimes. Nada justifica um crime tão brutal, pois foram poemas que morreram, poemas que se apresentavam aos nossos olhos como árvores com passarinhos a cantar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Queremos viver em um país que tem muito em comum com o Irã?

Caro Leitor

Fui ler o artigo da Época Online intitulado "'Temos muito em comum com o Irã', diz Amorim" (link: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI174013-15223,00-TEMOS+MUITO+EM+COMUM+COM+O+IRA+DIZ+AMORIM.html) apenas para ficar pasmo com a capacidade de um experiente diplomata como o Celso Amorim para fazer o jogo sujo do Politburo de Brasília. Eu sou um pobre ignorante e iletrado, incapaz de compreender o que ele quis dizer com isso. O que temos em comum com o Irã? Não sei. Alguém pode me explicar?

"Temos muito em comum com o Irã", diz Amorim
Em conversa de mais de uma hora com o presidente do Irã, o chanceler brasileiro voltou a pedir que os alpinistas americanos fossem libertados. Segundo Amorim, "as coisas estão avançando"
Redação ÉPOCA, com Agência Brasil

Pouco depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas divulgar na quarta-feira (22) um comunicado em defesa da busca pelo fim da controvérsia em torno do programa nuclear iraniano, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversou por cerca de uma hora com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O encontro ocorreu no intervalo das reuniões da 65ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Antes da conversa, Amorim confirmou que ia apelar a Ahmadinejad pela libertação dos dois americanos presos em Teerã sob suspeita de espionagem, assim como fez com a jovem Sarah Shourd, de 31 anos. Porém, após o encontro, o chanceler evitou detalhar a reunião. Ele afirmou apenas que o iraniano elogiou a "sinceridade brasileira" e que "as coisas estão avançando". "Nós conversamos muito", disse Amorim. "As coisas estão avançando", completou. "Temos muito em comum."
Na semana passada, depois de um ano e quatro meses presa em Teerã, Shourd foi libertada ao pagar fiança no valor de US$ 500 mil. A norte-americana, o noivo dela, Shane Bauer, e o amigo do casal Josh Fattal, ambos com 29 anos, foram presos por iranianos enquanto escalavam as montanhas localizadas na fronteira entre o Irã e o Iraque.
As autoridades iranianas os acusaram de espionagem a serviço dos Estados Unidos. Mas os americanos negaram a acusação. Na terça-feira (21), Amorim se reuniu com Shourd, que agradeceu a ajuda brasileira e apelou que a mesma fosse dada em relação a Bauer e Fattal.
Os governos do Irã e Brasil mantêm relações políticas e diplomáticas intensas. Para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os iranianos têm direito de desenvolver o programa nuclear desde que para fins pacíficos. Porém, a comunidade internacional desconfia que ocorra uma produção secreta de armas atômicas no Irã.
Desde junho, o Irã está submetido a rigorosas sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU. As restrições atingem principalmente as áreas comercial e militar do país. A conversa de Amorim e Ahmadinejad, no fim da tarde, ocorreu horas depois de o grupo P5+1, integrado pelo membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia e China) e pela Alemanha discutir a questão nuclear iraniana.
Em declaração conjunta, o grupo defendeu a retomada das negociações com o Irã. Mas não houve sinalizações para a suspensão das sanções ao país. Para o Conselho de Segurança, é fundamental o Irã provar que o programa nuclear desenvolvido no país não tem fins militares. O governo Ahmadinejad nega as suspeitas.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Meus Oito Anos (Casimiro de Abreu)

Caro Leitor

A lembrança dos Paraísos dos quais nós, homens mortais, fomos expulsos por nossos pecados e ganâncias (Atlântida, Lemúria, Éden, Númenor, Pindorama - nomes diferentes para a mesma coisa) trazem à memória um belíssimo poema de Casimiro de Abreu, Meus Oito Anos. Após uma breve pesquisa na internet, pude encontrá-lo, copicolá-lo e disponibilizá-lo aos leitores

MEUS OITO ANOS
Casimiro de Abreu

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
 
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.
 
Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;
 
O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor!
 
Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar
 
O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
 
Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã
 
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã!
 
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Pés descalços, braços nus,
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
 
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas
Brincava beira do mar!
 
Rezava as Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
 
Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da, minha infância querida
Que os anos não trazem mais
 
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Estudar o passado para prever o futuro - ou como o Brasil vai ser com a Dilma no poder

Caro Leitor

Há muito tempo recebi uma apresentação de slides que faz um paralelo no mínimo curioso. Tendo em vista que o bom e velho Nietzsche nos ensinou que a História está sempre a se repetir em um eterno retorno, posso afirmar com segurança que sei o que aguarda o Brasil caso Dilma seja eleita presidenta.

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PT ou NSDAP? O começo da ascensão dos nazistas ao poder foi tão parecido...

Ao considerar o conjunto formado pelas duas notícias a seguir (ambas divulgadas no portal de notícias do Terra) percebe-se facilmente o quão cthulhesco será o Brasil na mão do Partido dos Trabalhadores. Se um dirigente do partido (tal como José Dirceu se apresenta na primeira notícia, conforme eu destaco em amarelo) diz que um problema para o primeiro ano de um governo Dilma seria o excesso de liberdade e direito de expressão (marcação em vermelho) e defende o voto em lista em detrimento ao voto nominal (marcação em azul), temos que a posição oficial e pública desse partido é a mesma de seu dirigente, pois do contrário ele não se autorizaria a falar na qualidade de dirigente. Se a posição oficial e pública do Partido dos Trabalhadores é essa exposta pelo José Dirceu, então é necessário supor que a posição oficial e pública de sua candidata à Presidência da República seja a mesma sustentada pelo Partido. Dessa forma, conclui-se que as palavras de José Dirceu sejam a ideologia pela qual Dilma Roussef governará caso eleita.
Isso me lembra o NSDAP, o Partido Nacional-Socialista...

Na Bahia, Zé Dirceu diz que Dilma "não se representa" sozinha (fonte: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4678384-EI15315,00.html)

Sem perceber a presença da imprensa durante palestra no Comitê dos Petroleiros da Bahia na capital baiana, o deputado cassado e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu fez comentários pouco elogiosos na noite da última segunda-feira(13), a candidata do seu partido a presidente, Dilma Rousseff (PT): disse que ela, "não se representa" sozinha.
Ele disse acreditar que a vitória de Dilma está "carimbada" e fez um longo histórico sobre as dificuldades políticas dos governos de Lula durante sua palestra para cerca de cem militantes sindicais petistas. Antes da fala, em entrevista, explicou como está participando da campanha petista: "Eu não estou afastado, estou fazendo meu papel. Percorro o país como dirigente do PT, não sou da membro da coordenação da campanha (de Dilma). Eu apoio, trabalhei nos palanques estaduais, aqui na Bahia mesmo", exemplificou.
Já na palestra, Dirceu avaliou que Dilma tem uma liderança limitada, diferente de figuras como o ex-senador baiano Antonio Carlos Magalhães (1927-2007). "A Dilma não é uma liderança que tenha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no País como o Lula teve, como o Brizola, o Arraes, e como a própria direita também teve aqui mesmo (na Bahia), uma liderança que foi o próprio ACM que, independente do fisiologismo, era uma liderança popular", falou. Mas isso, para ele, valoriza a vitória no dia 3 de outubro indicada nas pesquisas. "A eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula, porque é a eleição do projeto político, do nosso acúmulo de 30 anos, porque a Dilma não se representa", explicou.

José Dirceu reclama de "excesso de liberdade de imprensa" (fonte: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4678473-EI15320,00.html)
Davi Lemos
Direto de Salvador

O ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, reclamou, na noite de segunda-feira (13), em encontro com petroleiros, do "excesso de liberdade e de direito de expressão e de imprensa", como divulgou em nota, na tarde desta terça-feira (14) a assessoria de imprensa do PT na Bahia.
O trecho completo da nota do PT: "O primeiro ano do governo da Dilma certamente será marcado pela política. Todos os articulistas na Globo batem na mesma tecla. O problema é o monopólio das grandes mídias, excesso de liberdade e de direito de expressão e de imprensa. A imprensa já disputa até a constituição do governo".
Na mesma nota, Dirceu defende a reforma política como uma questão essencial à democracia brasileira, quando citou o financiamento público de campanha, fidelidade partidária, voto em lista, cláusulas de barreira e fortalecimento dos partidos, visando transformá-los em verdadeiras instituições políticas.
Instantes depois da divulgação da nota, a assessoria do PT divulgou outra nota na qual excluia o trecho no qual José Dirceu apontara o "excesso de liberdade e de direito de expressão e de imprensa" como obstáculos a um possível governo da presidenciável petista Dilma Roussef.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Reflexões (atrasadas) sobre o Dia da Independência

Caro Leitor

Nada mais apropriado para o momento em que vivemos do que refletir sobre o significado não apenas do fato ocorrido no dia 07 de setembro de 1822, oficialmente o Dia da Independência do Brasil da coroa portuguesa, como também como essa independência (e a liberdade implícita a ela) está ameaçada. Estamos em um tempo sinistro, no qual demagogos, populistas, e paternalistas da pior espécie apossaram-se do Estado e fazem dele o que bem entendem visando apenas benefício próprio. Privo-me, porém, das palavras de meu próprio punho e do direito de expressar minhas reflexões (direito esse ameaçado pelo amor devotado pelas massas a uma ex-terrorista) para expressar esse sentimento sublime pela letra do tão bem escrito Hino da Independência, transcrição desse sentimento da alma para o papel feita por D. Pedro I, primeiro Imperador brasileiro:

Hino da Independência

Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.
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