Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Meio velho mas incrivelmente atual

Caríssimos

Abaixo um artículo meu escrito alguns meses antes das eleições presidenciais de 2010, jamais publicado - nem título tem. Na verdade está mais para panfleto do que para artículo, mas mesmo assim eu o compartilho com vocês. Divirtam-se!

Um fantasma ronda o Brasil: o espectro do chavismo. Estamos vivendo um momento histórico único em nosso País, e com isso não intenciono dizer que este é o melhor dos mundos possíveis para nós. A democracia, valor tão fundamental para as liberdades individuais mais básicas e constituintes da dignidade humana, no Brasil se encontra ameaçada por um defunto desejoso de erguer-se de sua tumba e cravar seus dentes e unhas podres em nosso Estado: o stalinismo. Discretamente, por debaixo dos panos, vemos - a maioria de nós passivamente - um governo lançando mão de toda sorte de subterfúgios e manobras para conseguir dentro da lei solapar as instituições mais caras ao bom funcionamento da cidadania. Usam os tribunais para calar os desafetos. Usam o dinheiro e a máquina pública para promover os aliados. Baixam leis na calada da noite para tornar constitucional o chavismo que nossos dirigentes em Brasília tanto admiram e invejam. Se encontram um inimigo com coragem o suficiente para não se calar lançam mãos dos meios mais sórdidos que encontram - e acreditem, o que é sórdido para qualquer homem de bem para essa corja é algo natural - para afastar e silenciar a ameaça.

Nós nos deixamos conduzir por essa camarilha passivamente, a maioria sendo guiada por uma minoria tão barulhenta capaz de com seus burburinhos sofísticos parecer ser quase mil vezes maior do que de fato é. Uma minoria menor ainda tenta alertar a maioria sobre os riscos de seguir a minoria barulhenta, mas seus alertas morrem em ouvidos moucos. Afinal, é parte das políticas públicas incentivar a imagem do Brasil como país do carnaval, do futebol e do samba. É parte das políticas públicas sediar eventos esportivos sem dispor da infraestrutura necessária nem dos meios necessários para construí-la. É parte das políticas públicas lançar as migalhas aos cães que uivam de fome aos pés da mesa, enquanto a curriola pode se saciar com o que de melhor pode ser comprado com o dinheiro dos impostos tão religiosamente desviados pelos inúmeros propinodutos do Congresso.

Quem sou eu? Chamem de reacionário, de direitista, de conservador, não me importo. Podem acusar-me de mil coisas, mas jamais poderão dizer que não sou patriota. Falsos testemunhos serão levantados contra pessoas que, como eu, enxergam por detrás dos véus de engodos tecidos habilidosamente pelos marqueteiros de Brasília, arranjos alienadores lançados como mel para as massas letárgicas. Mentiras serão levantadas sobre quem eu sou, mas eu me defendo: sou apenas um cidadão atento às maracutaias do governo, e que tem coragem para clamar: HOMENS DE BEM BRASILEIROS, UNI-VOS!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Donzela Elfo

Donzela Elfo

Pousei nela o ver de meus olhos sem querer
Donzela Elfo era, em seu nome, a Primavera
Pura ao alvorecer tal como rosa a nascer
Oh beleza austera, sempiterna a toda era!

Prata são os cabelos bem presos em novelos
Olhos de safira, sua nobreza que suspira
Modos tão singelos de viver em mil castelos
Alma que me inspira, som puro de uma lira

Mas da boca rubra não há quem me descubra
O doce mistério, entrar em teu beatério
Qual santa recubra, sem desejos de umbra

Teu sono uniforme te transforma deiforme
Profundo ermitério, um divino presbitério
Donzela Elfo dorme, o coração se conforme

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Para o Partido dos Trabalhadores, democracia é isso: obrigar as pessoas a acreditarem ou dizer o que convém ao PT...

Nota: a carta a seguir foi publicada originalmente em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/10/27/carta-candidata-dilma-335820.asp. O título original é "Carta à candidata Dilma", mas o título deste e-mail é de minha autoria para combinar com o meu comentário: como esperar que Dilma (que representa a confluência dos anseios e projetos de seu partido, o PT) honre os compromissos democráticos caso seja eleita?

Carta à candidata Dilma

Meu nome foi incluído no manifesto de intelectuais em seu apoio. Eu não a apóio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma. Os mais distraídos dirão que, na correria de uma campanha... "acontece". Acontece mas não pode acontecer. Na verdade esse tipo de descuido revela duas coisas: falta de educação e a porção autoritária cada vez mais visível no PT. Um grupo dominante dentro do partido que quer vencer a qualquer custo e por qualquer meio.
Acho que todos sabem do que estou falando.
O PT surgiu com o bom sonho de dar voz aos trabalhadores mas embriagou-se com os vapores do poder. O partido dos princípios tornou-se o partido do pragmatismo total. Essa transformação teve um "abrakadabra" na miserável história do mensalão . Na época o máximo que saiu dos lábios desmoralizados de suas lideranças foi um débil "os outros também fazem...". De lá pra cá foi um Deus nos acuda!
Pena. O PT ainda não entendeu o seu papel na redemocratização brasileira. Desde a retomada da democracia no meio da década de 80 o Brasil vem melhorando; mesmo governos contestados como os de Sarney e Collor (estes, sim, apóiam a sua candidatura) trouxeram contribuições para a reconstrução nacional após o desastre da ditadura.
Com o Plano Cruzado, Sarney tentou desatar o nó de uma inflação que parecia não ter fim. Não deu certo mas os erros do Plano Cruzado ensinaram os planos posteriores cujos erros ensinaram os formuladores do Plano Real.
É incrível mas até Collor ajudou. A abertura da economia brasileira, mesmo que atabalhoada, colocou na sala de visitas uma questão geralmente (mal) tratada na cozinha.
O enigmático Itamar, vice de Collor, escreveu seu nome na história econômica ao presidir o início do Plano Real. Foi sucedido por FHC, o presidente que preparou o país para a vida democrática. FHC errou aqui e ali. Mas acertou de monte. Implantou o Real, desmontou os escombros dos bancos estaduais falidos, criou formas de controle social como a lei de responsabilidade fiscal, socializou a oferta de escola para as crianças. Queira o presidente Lula ou não, foi com FHC que o mundo começou a perceber uma transformação no Brasil.
E veio Lula. Seu maior acerto contrariou a descrença da academia aos planos populistas. Lula transformou os planos distributivistas do governo FHC no retumbante Bolsa Família. Os resultados foram evidentes. Apesar de seu populismo descarado, o fato é que uma camada enorme da população foi trazida a um patamar mínimo de vida.
Não me cabem considerações próprias a estudiosos em geral, jornalistas, economistas ou cientistas políticos. Meu discurso é outro: é a democracia que permite a transformação do país. A dinâmica democrática favorece a mudança das prioridades. Todos os indicadores sociais melhoraram com a democracia. Não foi o Lula quem fez. Votando, denunciando e cobrando foi a sociedade brasileira, usando as ferramentas da democracia, quem está empurrando o país para a frente. O PT tem a ver com isso. O PSDB também tem assim como todos os cidadãos brasileiros. Mas não foi o PT quem fez, nem Lula, muito menos a Dilma. Foi a democracia. Foram os presidentes desta fase da vida brasileira. Cada um com seus méritos e deméritos. Hoje eu penso como deva ser tratada a nossa democracia. Pensei em três pontos principais.

1) desprezo ao culto à personalidade;
2) promoção da rotação do poder; nossos partidos tendem ao fisiologismo. O PT então...
3) escolher quem entenda ser a educação a maior prioridade nacional.

Por falar em educação. Por favor, risque meu nome de seu caderno. Meu voto não vai para Dilma.

SP, 25/10/2010

Ruth Rocha, escritora

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Feliz Dia dos Professores

Fica a lembrança e a homenagem àqueles cujo valor jamais será posto propriamente em palavras. Aos professores do Brasil (eu incluso), eu os saúdo pelo nosso dia!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pro Brasilia Fiant Eximia: um chamado que jamais morre

Pro Brasilia Fiant Exímia é uma frase em latim que significa "Pelo Brasil façam-se grandes coisas", foi um dos lemas da Revolução Constitucionalista de 1932 e hoje é a divisa que aparece no Brasão de Armas do Estado de São Paulo. A História (a augusta senhora, não a história de letras minúsculas nas quais constam nomes como Luiz Inácio da Silva, José Dirceu, Hugo Chávez e outros tantos canalhas aviltadores das instituições mais sagradas de um Estado) nos ensina que em 1932 os paulistas se levantaram em armas contra o governo inconstitucional de Getúlio Vargas, exigindo que uma nova Carta Magna fosse redigida para nossa nação. Ainda que tenham perdido a guerra, os paulistas comemoraram a vitória de seu movimento em 1934, quando uma Assembléia Constituinte deu ao Brasil uma nova Constituição.
Quem acompanha meus escritos sabe que a Revolução de 1932 tem sido um tema recorrente, e talvez queira dissolver a urgência que me traz ao labor da escrita em rótulos pretensamente depreciativos como "ufanista" e "provinciano". Ao brasileiro de olho aguçado, aquele ente provavelmente imaginário que olha ao longe e divisa com clareza os rumos que nos conduzem ao horizonte, parece certo que a estrutura do cenário está, aos poucos, se remontando, e sou daqueles que defendem o estudo da História como forma de antever o Futuro. As semelhanças com o passado são gritantes.
O Partido dos Trabalhadores age como o NSDAP, ou Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei em alemão), agiu para se assenhorar e se perpetuar no poder (para quem não sabe, o NSDAP é o famigerado Partido Nazista, pelo qual Hitler se elegeu chanceler na Alemanha e depois tornou-se aquilo que bem conhecemos). Assumiu apenas superficialmente uma ideologia que o identificasse como salvador dos oprimidos e desvalidos. Cunhou um líder popular, identificado com os sofrimentos e dificuldades de seu povo mas que não passava de um medíocre agitador de massas dotado de um carisma sobrenatural. Pregou um programa ideológico identificado com os interesses dos trabalhadores pobres mas despido de qualquer conteúdo que não fosse frases retóricas destituídas de significado. Fez alianças com antigos inimigos cooptados pelo odor de corrupção e locupletação. Lançou mão de meios fraudulentos para atingir o poder, revelando-se desprovido de pudor, ética ou mesmo sendo moral, e, tão logo eleitos, eliminaram ou silenciaram os opositores e os aliados que demonstrassem incômodo frente à falta de escrúpulos. Por fim, reescreveu a história de seu país, para que todos os benefícios observados pelo povo fossem atribuídos ao partido e todos os malefícios, aos seus opositores. Como último ato dessa medonha ópera, reescreveu a Constituição de modo a legitimar todos os delírios totalitaristas que anseavam ver materializados.
Em um ponto, porém, afasta-se o Partido dos Trabalhadores brasileiro do Partido dos Trabalhadores alemão: suas ações não são justificadas pela ideologia, que aparece hoje como um pano de fundo distante e esquecido. Alinhado com uma tendência da América do Sul, o Partido dos Trabalhadores faz uma política populista, caudilhista, paternalista e personalista, na qual importa muito mais a identificação com o governante do que com a ideologia deste. Nesse sentido, aproxima-se muito mais de Getúlio Vargas, o caudilho que inaugurou a série de protoditadores sulamericanos desprovidos de identificação com a ideologia que pregavam. Isso explica a imensa aprovação do governo Lula, de longe um dos mais corruptos de nossa História.
O Partido dos Trabalhadores sabe disso tudo, eu tenho certeza. Existe entre os membros da alta cúpula desse partido pessoas com notável erudição, mas não é motivo para surpresa que essas pessoas atuem apenas nos bastidores. É a mesma relação que existia entre Goebbels e Hitler, por exemplo. E é por isso que eles evocam a mentira como senhora e a calúnia como concubina, pois sabem que para manipular o povo é preciso pouco, desde que seja verossímil - Napoleão nos revelou isso de maneira irrefutável. Ao distorcer os fatos e apelar para a falta de memória política do brasileiro típico o Partido dos Trabalhadores consegue criar uma verossimilhança tal que nem mesmo George Lucas, considerados um dos grandes nomes dos efeitos especiais de Hollywood, atingiu: o governo Lula é tido como o melhor dos últimos vinte anos.
Então eu volto ao início deste artigo, Pro Brasilia Fiant Eximia. Pessoas morreram para que hoje desfrutássemos de um Brasil livre e democrático, e vinte anos depois um partido, nascido no seio daquela luta, pretende acabar com tudo aquilo que foi conquistado pelo preço do sangue. Hoje se pede de nós muito menos: apenas um simples voto. Um voto na democracia, na liberdade de expressão, na liberdade religiosa, na liberdade de imprensa, no direito à propriedade, no Brasil pelo qual nossos pais e nossas mães morreram nas mãos dos militares. No entanto, é por esse voto que nós, brasileiros, faremos pelo Brasil as maiores coisas.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Um Brasileiro Pede Socorro em um Quase-Soneto

Levantai-vos, oh defensores do Brasil!
Vinde de vossa pura Terra Sem Males
Aquelas jamais tocadas por mãos ímpias
Vinde em defesa do vosso povo gentil!

Vinde de vossas terras gloriosas ao Oeste
Empertigai-vos com viril orgulho ao Norte
Erguei vós da Justiça a clava forte ao Sul
Navegai em socorro nosso vindo do Leste

Trazei de vossa História a Grã Autoridade
Lembrada em Canções de Puro Vir-a-Ser
Protegei-nos dos vilões com serenidade

Levai para longe os inimigos de tua gente
Expulsai a terrorista mineira para o oblívio
E fazei do paulista do teu povo o presidente

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Coincidência nada casual...

Caro Leitor (e principalmente ao amigo Roberto Barbosa, ao qual há muito estou devendo um artigo - não esqueci, amigo, e este opúsculo é um prenúncio do pagamento de minha dívida)

A democracia é, por definição, frágil. Como uma criança, ela precisa ser bem cuidada, nutrida, educada e direcionada para que não se perverta ou corrompa ao longo de sua vida. Em um cenário ideal, os diferentes grupos de cidadãos de um Estado cuidam desse bebê porque reconhecem no Estado o fundamento de sua existência, algo sem o qual simplesmente não existiriam. Assim o Estado e a democracia prosperam, e assim eles atendem às necessidades dos diferentes grupos que se aninham sob suas asas.
Em um cenário não muito ideal, porém, a dinâmica é outra. Um grupo deseja fazer valer seus interesses em detrimento dos demais, e para isso precisa investir violentamente contra a democracia. Para isso precisa extirpar aqueles que pensam de modo diferente. Precisa silenciar a imprensa que denuncia suas reais intenções. Precisa reescrever a História, dizendo-se o grupo com maior índice de aprovação popular e o grupo que realizou os maiores e mais benéficos feitos para o Estado e os demais grupos. Precisa forçar a aprovação de uma nova Constituição, seja conseguindo maioria no Congresso, seja intimidando ou cooptando a oposição. Por fim, escancaram as mandíbulas e mostram as presas sedentas de sangue, e investem com todas as forças sobre os oponentes, frequentemente lançando mão de milícias ou unidades pára-militares. No final, eliminam até mesmo os aliados que fraquejam ante a carnificina e o banho de sangue, e apenas o grupo inicial se beneficia do novo estado de coisas.
Esse cenário é semelhante a algo que vocês conhecem? Muitos pensarão, ao ler o parágrafo anterior, que estou a falar do Brasil de hoje. Engraçado... pois eu não estava a pensar no Partido dos Trabalhadores, mas no NSDAP, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, de Adolf Hitler. A História mostra como o PT de Lula seguiu os mesmos passos que o NSDAP na ascensão ao poder, faltando apenas forçar uma nova Constituição (coisa que Dilma pretende fazer) e assassinar os aliados que recuarem frente às atrocidades. A semelhança é tamanha que o discurso segue a mesma estrutura: insinuar que os partidos de oposição querem vender o país para as potências estrangeiras, apresentar-se como o salvador dos pobres, prometer assistencialismo paternalista, inflamar-se contra supostos inimigos internos - leia-se: jornalistas e outros homens corajosos que querem apenas desvelar a farsa para o público.
Não acredito em coincidências, caro leitor. Ainda mais em coincidências deste naipe.

sábado, 2 de outubro de 2010

Rosas

Quando tento escrever
Saem só versos mancos
Umas poucas palavras
Um poema em branco

Quando tento escrever
As palavras não sabem dizer
Todas aquelas minhas rosas
Que eu tenho guardadas para você

Mas não sou poeta, você sabe
E antes que este verso acabe
Vou lhe contar o que quero escrever

As rosas do amor eterno e da paixão
Que eu amei no fundo do meu coração
Eu as guardei apenas para você 

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Carta feita pelo Chefe Seattle ao Presidente Franklin Pierce dos Estados Unidos em 1854

Eu estive pensando nesta noite em algumas questões suscitadas pelo meu texto anterior, e lembrei de um outro texto, o qual muito admiro. Estou falando da carta enviada pelo chefe Seattle ao presidente Pierce, em 1854, quando o presidente interessou-se em comprar as terras dos nativos. Li, refleti e admirei-me como homens auto-denominados "civilizados" não possuíam metade da sabedoria de um "selvagem". Pergunto-me, com isso, se o selvagem não era o presidente e o homem sábio e civilizado, Seattle...


Carta feita pelo Chefe Seattle ao presidente Franklin Pierce em 1854

 

O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.

Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.

Minha palavra é como as estrelas - elas não empalidecem.

Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.

O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertecem à mesma família.

Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.

Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.

Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou rescendendo a pinheiro.

O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensivel ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragância das flores campestres.

Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios ) matamos apenas para o sustento de nossa vida.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.

Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.

De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adoçicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.

Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.

Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Proteje-a como nós a protegíamos. "Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse": E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

 

(fonte: http://www.geocities.com/rainforest/andes/8032/page16.html )

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Triste História da Chacina da Praça do Gramacho

Caro Leitor

O texto de hoje bem poderia ser uma crônica, se não pertencesse aos meandros mais negros e polutos da realidade histórica na qual está inserida a mais vil e desprezível das criaturas: o homem. Estamos há muito (desde o Éden, eu diria) afastados da imputabilidade que abençoa os outros animais, tão superiores a nós porque agem pela necessidade de agir. Quando nos afastamos da necessidade de agir, que é o movimento que o Absoluto imprime à todos os seres (que nada mais são que extensão de Seu próprio corpo), entramos nos reinos do livre-arbítrio, cujo rei e senhor é a astúcia e a velhacaria e os mandamentos, a enganação e a ladinagem.
Para aqueles entre os meus leitores que não possuem a tão alta honra de conhecer a Baixada Fluminense tão bem quanto a própria estante de livros (e posso dizer que a Baixada é tão vasta e diversa quanto a minha biblioteca particular), existe na cidade de Duque de Caxias um bairro chamado Gramacho, a 10 minutos de ônibus ou 5 minutos de trem do centro comercial daquela cidade. Não confundir com Jardim Gramacho, bairro do mesmo município e que dista daquele cerca de 20 minutos de viagem de ônibus: Gramacho possui uma estação de trem, um dos terminais ferroviários da linha Central-Saracuruna. Ao redor da estação de trem e da Praça do Gramacho, localizada em frente ao lado oeste da estação, existe um pequeno centro comercial, com várias lojas, duas farmácias, uma padaria que abre às quatro horas da manhã, dois mercados e duas agências bancárias, o que confere ares de pequeno burgo a horas de qualquer grande centro urbano.
Ainda que muitos dos senhores vivam em apartamentos, acredito que todos concordariam se eu lhes dissesse que o grande destaque do bairro era sua praça. Tal como uma pequena praça de cidade do interior, a Praça do Gramacho era adornada por várias árvores frondosas, nodosas e simpaticamente retorcidas, e em seus galhos inúmeros passarinhos aninhavam-se para dormir e deles se espalhavam em franca revoada tão logo o sol nascia. As árvores espalhavam generosa sombra, e mesmo sob o alto sol do meio-dia havia um certo nimbo esverdeado da luz filtrada pelas folhas, dando a sensação de se estar em uma floresta a menos de dois minutos de caminhada de uma estação de trem, ou na varanda do sítio daquela avó que mora bem para o interior de São Paulo que após Monteiro Lobato todos nós gostaríamos de ter.
Era de um regalo indescritível acordar às cinco da manhã e ir pegar o trem na estação de Gramacho apenas para passar por entre as árvores e escutar o canto alegre dos pássaros saudando o alvorecer de um novo sol, de um novo dia. E toda a fadiga do dia, todo o fástio, todo o peso de uma longa jornada era exorcizado pelo canto destes pequenos Filhos do Altíssimo ao se recolher para o justo sono tão logo o sol se punha. Um espetáculo sublime, que a alma embrutecida do homem da cidade é incapaz de aproveitar em toda a sua integridade, incapaz de apreender em toda a sua majestade. E as canções ali derramadas pelos passarinhos sem nada esperar em troca eram bênçãos vindas de um poder muito superior às nossas misérias mortais.
Muitas vezes me vi cancelando compromissos ou acordando muito mais cedo do que a saúde me permitiria normalmente apenas para assistir a Revoada de Saudação ao Sol, fresco do início do dia, ou acompanhar a Canção Vespertina, solene e com a tristeza que apenas o Sublime em toda sua plenitude é capaz de suscitar, tristeza essa não de pesar, mas de profunda reverência e gratidão, uma adoração ao mais profundo e primitivo (não no sentido de atrasado, mas no sentido de primeiro) Deus, que é o Absoluto Pai Criador de Todas as Coisas, Aquele que É mesmo além do Tempo e do Espaço. Ali, com a alma grave dos poetas que mais alto se alçaram nos caminhos do Amor conforme revelados por Diotima de Mantinéia, muitas vezes chorei sem lágrimas ou sofrer, mas altivo e sorrindo, cantando sem emitir som, em um divino estado ébrio que apenas a contemplação do Uno, do qual Eu Sou é a Idéia Magna, propicia e desconhecido daqueles que jamais experimentaram um estado de consciência alterado sem jamais consumir substâncias que fazem isso. Muitas vezes me vi prometendo a mim mesmo escrever um poema sobre a tarde passada ali, ou prometendo aos meus entes queridos apresentar a eles a Canção Vespertina dos pássaros, pois como essa música nenhum outro ser, real ou não, já cantou.
Espero que você, caro leitor, seja uma pessoa atenta e tenha percebido que todos os verbos descrevendo a praça estavam em flexões que indicam tempo passado. Pois essa praça não existe mais.
A criatura mais vil, o homem, no fundo de seu âmago podre e ressequido sabe que a natureza é uma prova material de como ele se afastou da Unidade com o Altíssimo, e por isso mesmo atenta contra ela com todas as suas forças. Poucos são aqueles que tentam caminhar de volta à Morada do Absoluto e reintegrar-se a Ele na primitiva Unidade em que todos estávamos antes da Queda. Pois se somos Seus Filhos e conhecemos Sua Luz, dela nos afastamos pelo peso de nossos crimes, da nossa arrogância, de nossa astúcia. Éden, Atlântida, Númenor, Valinor, Pindorama... nomes diferentes para a mesma coisa: o Paraíso, que é a Unidade, do qual caímos por obra de nossa própria maldade, do qual o sangue em nossas mãos nos baniu.
Pois o homem teceu seus ardis, e em nome de seus deuses mortos (aos quais chamam por nomes como "progresso", "civilização", "urbanismo", mas em nada diferem do maligno deus Tash descrito por C. S. Lewis em Crônicas de Nárnia) avançou contra aquele templo intocado da Paz dos Dias Antigos. Por obra de um das igrejas desses deuses mortos, chamada "Prefeitura de Duque de Caxias", as árvores foram arrancadas e mortas, e os pássaros foram expulsos das moradas que era deles por direito desde antes da Aurora dos Tempos. Muitos ninhos foram desfeitos e muitos ovos foram quebrados. No lugar das árvores foram plantadas algumas palmeiras, que estão murchando de vergonha por estarem participando do crime, ou, talvez, em reverência às irmãs tão covardemente mortas.
Foi uma verdadeira chacina, que mesmo o mais insensível dos homens mortais, corrompidos por seus deuses mortos, consideraria inaceitável se sua alma não estivesse amortecida pela escravidão à qual o homem da cidade é submetido e obrigado a chamar de vida. Muitas vidas irmãs ali encontraram seu fim, no altar dos sacrifícios aos deuses mortos do homem da cidade. Muito sangue foi derramado, e apenas com o preço do próprio sangue o perpetrador da chacina se redimirá dos seus crimes. Nada justifica um crime tão brutal, pois foram poemas que morreram, poemas que se apresentavam aos nossos olhos como árvores com passarinhos a cantar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Queremos viver em um país que tem muito em comum com o Irã?

Caro Leitor

Fui ler o artigo da Época Online intitulado "'Temos muito em comum com o Irã', diz Amorim" (link: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI174013-15223,00-TEMOS+MUITO+EM+COMUM+COM+O+IRA+DIZ+AMORIM.html) apenas para ficar pasmo com a capacidade de um experiente diplomata como o Celso Amorim para fazer o jogo sujo do Politburo de Brasília. Eu sou um pobre ignorante e iletrado, incapaz de compreender o que ele quis dizer com isso. O que temos em comum com o Irã? Não sei. Alguém pode me explicar?

"Temos muito em comum com o Irã", diz Amorim
Em conversa de mais de uma hora com o presidente do Irã, o chanceler brasileiro voltou a pedir que os alpinistas americanos fossem libertados. Segundo Amorim, "as coisas estão avançando"
Redação ÉPOCA, com Agência Brasil

Pouco depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas divulgar na quarta-feira (22) um comunicado em defesa da busca pelo fim da controvérsia em torno do programa nuclear iraniano, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversou por cerca de uma hora com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O encontro ocorreu no intervalo das reuniões da 65ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Antes da conversa, Amorim confirmou que ia apelar a Ahmadinejad pela libertação dos dois americanos presos em Teerã sob suspeita de espionagem, assim como fez com a jovem Sarah Shourd, de 31 anos. Porém, após o encontro, o chanceler evitou detalhar a reunião. Ele afirmou apenas que o iraniano elogiou a "sinceridade brasileira" e que "as coisas estão avançando". "Nós conversamos muito", disse Amorim. "As coisas estão avançando", completou. "Temos muito em comum."
Na semana passada, depois de um ano e quatro meses presa em Teerã, Shourd foi libertada ao pagar fiança no valor de US$ 500 mil. A norte-americana, o noivo dela, Shane Bauer, e o amigo do casal Josh Fattal, ambos com 29 anos, foram presos por iranianos enquanto escalavam as montanhas localizadas na fronteira entre o Irã e o Iraque.
As autoridades iranianas os acusaram de espionagem a serviço dos Estados Unidos. Mas os americanos negaram a acusação. Na terça-feira (21), Amorim se reuniu com Shourd, que agradeceu a ajuda brasileira e apelou que a mesma fosse dada em relação a Bauer e Fattal.
Os governos do Irã e Brasil mantêm relações políticas e diplomáticas intensas. Para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os iranianos têm direito de desenvolver o programa nuclear desde que para fins pacíficos. Porém, a comunidade internacional desconfia que ocorra uma produção secreta de armas atômicas no Irã.
Desde junho, o Irã está submetido a rigorosas sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU. As restrições atingem principalmente as áreas comercial e militar do país. A conversa de Amorim e Ahmadinejad, no fim da tarde, ocorreu horas depois de o grupo P5+1, integrado pelo membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia e China) e pela Alemanha discutir a questão nuclear iraniana.
Em declaração conjunta, o grupo defendeu a retomada das negociações com o Irã. Mas não houve sinalizações para a suspensão das sanções ao país. Para o Conselho de Segurança, é fundamental o Irã provar que o programa nuclear desenvolvido no país não tem fins militares. O governo Ahmadinejad nega as suspeitas.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Meus Oito Anos (Casimiro de Abreu)

Caro Leitor

A lembrança dos Paraísos dos quais nós, homens mortais, fomos expulsos por nossos pecados e ganâncias (Atlântida, Lemúria, Éden, Númenor, Pindorama - nomes diferentes para a mesma coisa) trazem à memória um belíssimo poema de Casimiro de Abreu, Meus Oito Anos. Após uma breve pesquisa na internet, pude encontrá-lo, copicolá-lo e disponibilizá-lo aos leitores

MEUS OITO ANOS
Casimiro de Abreu

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
 
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.
 
Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;
 
O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor!
 
Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar
 
O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
 
Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã
 
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã!
 
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Pés descalços, braços nus,
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
 
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas
Brincava beira do mar!
 
Rezava as Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
 
Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da, minha infância querida
Que os anos não trazem mais
 
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Estudar o passado para prever o futuro - ou como o Brasil vai ser com a Dilma no poder

Caro Leitor

Há muito tempo recebi uma apresentação de slides que faz um paralelo no mínimo curioso. Tendo em vista que o bom e velho Nietzsche nos ensinou que a História está sempre a se repetir em um eterno retorno, posso afirmar com segurança que sei o que aguarda o Brasil caso Dilma seja eleita presidenta.

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PT ou NSDAP? O começo da ascensão dos nazistas ao poder foi tão parecido...

Ao considerar o conjunto formado pelas duas notícias a seguir (ambas divulgadas no portal de notícias do Terra) percebe-se facilmente o quão cthulhesco será o Brasil na mão do Partido dos Trabalhadores. Se um dirigente do partido (tal como José Dirceu se apresenta na primeira notícia, conforme eu destaco em amarelo) diz que um problema para o primeiro ano de um governo Dilma seria o excesso de liberdade e direito de expressão (marcação em vermelho) e defende o voto em lista em detrimento ao voto nominal (marcação em azul), temos que a posição oficial e pública desse partido é a mesma de seu dirigente, pois do contrário ele não se autorizaria a falar na qualidade de dirigente. Se a posição oficial e pública do Partido dos Trabalhadores é essa exposta pelo José Dirceu, então é necessário supor que a posição oficial e pública de sua candidata à Presidência da República seja a mesma sustentada pelo Partido. Dessa forma, conclui-se que as palavras de José Dirceu sejam a ideologia pela qual Dilma Roussef governará caso eleita.
Isso me lembra o NSDAP, o Partido Nacional-Socialista...

Na Bahia, Zé Dirceu diz que Dilma "não se representa" sozinha (fonte: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4678384-EI15315,00.html)

Sem perceber a presença da imprensa durante palestra no Comitê dos Petroleiros da Bahia na capital baiana, o deputado cassado e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu fez comentários pouco elogiosos na noite da última segunda-feira(13), a candidata do seu partido a presidente, Dilma Rousseff (PT): disse que ela, "não se representa" sozinha.
Ele disse acreditar que a vitória de Dilma está "carimbada" e fez um longo histórico sobre as dificuldades políticas dos governos de Lula durante sua palestra para cerca de cem militantes sindicais petistas. Antes da fala, em entrevista, explicou como está participando da campanha petista: "Eu não estou afastado, estou fazendo meu papel. Percorro o país como dirigente do PT, não sou da membro da coordenação da campanha (de Dilma). Eu apoio, trabalhei nos palanques estaduais, aqui na Bahia mesmo", exemplificou.
Já na palestra, Dirceu avaliou que Dilma tem uma liderança limitada, diferente de figuras como o ex-senador baiano Antonio Carlos Magalhães (1927-2007). "A Dilma não é uma liderança que tenha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no País como o Lula teve, como o Brizola, o Arraes, e como a própria direita também teve aqui mesmo (na Bahia), uma liderança que foi o próprio ACM que, independente do fisiologismo, era uma liderança popular", falou. Mas isso, para ele, valoriza a vitória no dia 3 de outubro indicada nas pesquisas. "A eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula, porque é a eleição do projeto político, do nosso acúmulo de 30 anos, porque a Dilma não se representa", explicou.

José Dirceu reclama de "excesso de liberdade de imprensa" (fonte: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4678473-EI15320,00.html)
Davi Lemos
Direto de Salvador

O ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, reclamou, na noite de segunda-feira (13), em encontro com petroleiros, do "excesso de liberdade e de direito de expressão e de imprensa", como divulgou em nota, na tarde desta terça-feira (14) a assessoria de imprensa do PT na Bahia.
O trecho completo da nota do PT: "O primeiro ano do governo da Dilma certamente será marcado pela política. Todos os articulistas na Globo batem na mesma tecla. O problema é o monopólio das grandes mídias, excesso de liberdade e de direito de expressão e de imprensa. A imprensa já disputa até a constituição do governo".
Na mesma nota, Dirceu defende a reforma política como uma questão essencial à democracia brasileira, quando citou o financiamento público de campanha, fidelidade partidária, voto em lista, cláusulas de barreira e fortalecimento dos partidos, visando transformá-los em verdadeiras instituições políticas.
Instantes depois da divulgação da nota, a assessoria do PT divulgou outra nota na qual excluia o trecho no qual José Dirceu apontara o "excesso de liberdade e de direito de expressão e de imprensa" como obstáculos a um possível governo da presidenciável petista Dilma Roussef.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Reflexões (atrasadas) sobre o Dia da Independência

Caro Leitor

Nada mais apropriado para o momento em que vivemos do que refletir sobre o significado não apenas do fato ocorrido no dia 07 de setembro de 1822, oficialmente o Dia da Independência do Brasil da coroa portuguesa, como também como essa independência (e a liberdade implícita a ela) está ameaçada. Estamos em um tempo sinistro, no qual demagogos, populistas, e paternalistas da pior espécie apossaram-se do Estado e fazem dele o que bem entendem visando apenas benefício próprio. Privo-me, porém, das palavras de meu próprio punho e do direito de expressar minhas reflexões (direito esse ameaçado pelo amor devotado pelas massas a uma ex-terrorista) para expressar esse sentimento sublime pela letra do tão bem escrito Hino da Independência, transcrição desse sentimento da alma para o papel feita por D. Pedro I, primeiro Imperador brasileiro:

Hino da Independência

Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Maçã (compositores: Raul Seixas / Paulo Coelho)

Caro Leitor

Na quinta-feira houve uma menção honrosa em meu Google Buzz (mestre.cavalheiro@gmail.com) a uma das mais belas músicas do Raul Seixas, intitulada "A Maçã". Para os que não conhecem a música, ei-la:

A Maçã
Raul Seixas
Composição: Raul Seixas / Paulo Coelho

Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar...

Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais...

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Manifesto em Defesa da Democracia no Brasil

Caro Leitor


Um fantasma ronda a América Latina: o espectro do chavismo. Vemos por todo o continente constantes e cada vez mais gritantes atentatos às instituições e garantias mais fundamentais do Estado Nacional de Direito. Chefes de Estado, ansiosos por se tornarem ditadores da pior espécie, investem furiosamente contra o judiciário, contra os ministério públicos, contra as procuradorias, contra o direito à propriedade, contra a liberdade de expressão, contra qualquer um que lhes faça oposição, e contra o cidadão de bem, que deposita no Estado sua confiança justamente por causa da existência dessas instituições e garantias.


I - Dos Novos Ditadores

Há, porém, uma importante diferença entre os novos ditadores e aqueles que o continente conheceu na segunda metade do século XX. Enquanto estes, via de regra, ascendiam violentamente ao poder apoiados em alguma forma de força, comumente militar ou para-militar, normalmente depondo um presidente de esquerda eleito pelo voto popular, aqueles vestiram peles de cordeiro, caminharam entre o povo pregando os valores mais excelsos de uma democracia liberal mas ao atingirem o poder puseram fora a pele e mostraram suas garras e presas sedentas do sangue do poder. Essa mudança súbita (pelo menos aos olhos das massas) de atitude é acompanhada por uma série de medidas que, alterando as leis mais quintessenciais da nação, legitimizam suas intenções e ações fraudulentos e os transformam, assim, em ditadores dentro da lei. Não raro se concedem grandes poderes e honrarias, ao mesmo tempo em que granjeam os favores do exército e dos magistrados de sua nação. Quando não podem cooptar os militares, montam milícias paralelas; quando não podem seduzir os magistrados, os intimidam e lançam mãos de meios no mínimo escusos para silenciá-los ou afastá-los.

Podemos citar como exemplo arquetípico o ditador da Venezuela, um criminoso chamado Hugo Chávez. Talvez esse senhor não tenha sido o primeiro de sua espécie, mas certamente é o mais famoso e o que incorpora e demonstra mais claramente os riscos que essa nova geração de pretensos poderosos representam ao bem-estar da sociedade. Digo "criminoso" porque esse senhor atentou contra todos os valores mais sagrados de um Estado de Direito, impondo uma Constituição que lhe deu plenos poderes, o legitimou como governante absoluto e legalizou seus delírios totalitáristas. Munido desses poderes plenos, Chávez perseguiu seus opositores, silenciou meios de comunicação que denunciavam seus crimes e, não satisfeito, investiu contra todas as instituições do governo nas quais houvesse ainda vozes defendendo o retorno à legimitidade. Mas ao leitor atento da História não é preciso enumerar os crimes daquela criatura abjeta, que me causa asco apenas ao lembrar de como ele sorri debochosamente da democracia.

Como toda moléstia não tratada, o chavismo se espalhou por toda a América Latina. Instigadas pelos partidos populares, as massas deixaram de votar nos candidatos que representavam as elites tradicionais de seus países para votar em líderes populares. Mas a ascensão de Hugo Chávez sinalizou a esses líderes populares que ainda seria possível tornar-se ditador em um continente que muito lutou pela democracia. Tentativas e realizações de golpes de Estado, sejam estes sob a forma de conflitos ou reformulação radical das constituições, pulularam pelo continente. Evo Morales, um dos principais discípulos da cartilha chavista, praticamente se apossou da Bolívia como se esta fosse um feudo particular. Rafael Correa no Equador age como cabo eleitoral e marqueteiro das falácias políticas de seu ídolo, o ditador Chávez. E todos esses têm como aliado o polêmico presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o presidente deposto de Honduras, Manoel Zelaya, e outros tantos inimigos do Estado Nacional de Direito - como eles próprios.


II - Do Chavismo no Brasil

Nós, brasileiros, ocupamos um papel sui generis na América Latina. Se por um lado somos, com facilidade, a nação mais poderosa do continente, por outro não conseguimos construir uma identidade política tal que nos permita agir como potência local. Se por um lado nossos diplomatas eram até 2002 reconhecidos como estando entre os melhores do mundo, por outro não conseguimos influenciar de maneira decisiva os rumos políticos de nossos vizinhos. Não que o devamos fazer, mas é muito estranho para uma potência simplesmente não o conseguir fazer. Nada mais natural, pois, que o PT se aliasse a Hugo Chavéz e copiasse as ideologias deste.

Difere, porém, o PT dos demais líderes chavistas da  América  Latina na sutileza. Ciente do importante papel internacional do Brasil e percebendo como Chávez colocou a Venezuela em uma situação no mínimo delicada com sua retórica dos tempos da Guerra Fria, o PT, o partido no poder desde 2003, foi implementando a ideologia chavista furtiva e sorrateiramente por meio de pequenas mudanças nas leis que quando tomadas de maneira isolada nada representam, mas quando analisadas em conjunto revelam a sordidez e a astúcia dos líderes intelectuais do partido. O Terceiro Programa Nacional dos Direitos Humanos (mais conhecido como PNDH-3), e o programa de propostas da candidata do PT à presidência, Dilma Rousself, são raros momentos nos quais o PT pôs de lado a sutileza e destilou seu ressentimento contra as liberdades democráticas de maneira direta, mas no geral o partido tem implementado suas mudanças de maneira discreta e gradual.

A sutileza não impede o PT de lançar mão das outras táticas terroristas do chavismo. No PNDH-3 está previsto de maneira inconfundível o retorno da censura, que certamente censurará apenas os opositores ao regime. Nas propostas de governo de Dilma aparece claramente a intenção de instaurar uma ditadura comunista no país ao propor a criação de um novo arcabouço jurídico-administrativo. O judiciário é constantemente humilhado e perseguido, sendo assim quase que impedido de exercer suas funções. O Senado, essa augusta câmara que hoje representa, mais do que nunca, o bastião da defesa da democracia e da liberdade em nosso país, é atropelado pelas medidas provisórias, e não raro os ministros aliados ao governo agem como os ministros biônicos dos tempos do regime militar e tomam de assalto as atribuições daquela câmara.

Engana-se, pois, aqueles que pensam que tais idéias são nascidas das mentes dos sobreviventes da Guerrilha do Araguaia, que hoje adotam outro nome para sua associação criminosa: altos dirigentes do Partido dos Trabalhadores. O dito "dize-me com quem andas e digo-te quem és" cabe perfeitamente aqui. Os grandes aliados políticos internacionais do atual governo são justamente Chávez e seus correligionários, o presidente do Irã e o presidente dos Estados Unidos da América. Enquanto este está interessado nos recursos naturais de nossa nação, os demais são inimigos abertos e convictos do Estado Nacional de Direito e das liberdades democráticas. E mais: todas as medidas propostas pelo PT possuem um equivalente mais brutal e menos sutil na Venezuela, na Bolívia ou no Equador. Mais ainda: quando o Brasil foi afrontado pela Bolívia, que estatizou sem indenizar um braço da Petrobrás em seu país, o governo Lula agiu como se nada houvesse acontecido. É bem sabido pelos entendidos em relações internacionais que mesmo uma ofensa menor do que essa é respondida com guerra a não ser que as duas nações (ou os dois governantes) possuam um vínculo tal de amizade entre si que se justifque chamá-las nações irmãs. Que vínculo seria esse senão o vínculo ideológico?

Mais ainda: como o líder e a mente da campanha da senhora Dilma Rousself à presidência da República, o senhor Marco Aurélio Garcia insiste de maneira assustadora na idéia de convocar uma Assembléia Constituinte caso sua candidata saia vencedora no pleito. Basta lembrar quantos atos descaradamente chavistas foram perpetrados por esse senhor e então, em uma apreensão súbita do todo, vislumbra-se a totalidade de seu plano nefasto. Marco Aurélio Garcia é um dos mais enfáticos defensores do alinhamento ideológico com o protoditador Chávez, como podemos perceber pelo texto dado às propostas de governo da candidata Dilma Rousself, e isso não deve ser encarado como uma simples coincidência. Afinal, o que esperar de um partido que se alinha ideologicamente com Hugo Chávez e com as FARC's?

O alinhamento do Partido dos Trabalhadores com Hugo Chávez e com as FARC's deveria, por si só, ser o suficiente para amedrontar até mesmo o mais gélido dos corações. Mas a ameaça à democracia e às liberdades, os bens mais valiosos de qualquer sociedade e que no Brasil a duras penas foram resgatados nos anos 1980, é muito maior. A continuidade desse partido no poder representa o fim da República, da Democracia, do Estado Nacional de Direito e de todos as liberdades adquiridas a preço de sangue por nossos pais.


III - Da Defesa da Democracia

A liberdade é o bem mais precioso que um indivíduo pode possuir, pois é da liberdade que surge a possibilidade de se possuir outros bens. Se um indivíduo não for livre, todos os demais bens lhe deverão ser dados e, assim, não o pertencerão de fato mas serão uma graça ou um favor daquele que os concedeu. Desta forma, os bens recebidos de outrem por um indivíduo que não seja livre se convertem no fortalecimento de sua falta de liberdade. Destarte concluo que a liberdade é o bem mais precioso que um indivíduo pode possuir porque é o bem primeiro e mais fundamental.

Sendo a liberdade o bem mais precioso de um indivíduo, não a podemos conceder fora do âmbito de uma democracia plena e madura. Se o regime de governo não for uma democracia verdadeira, a liberdade do indivíduo estará sujeita a restrições. Sendo restrita a liberdade de um indivíduo, este não será verdadeiramente livre. Não sendo livre, todos os demais bens apenas reforçarão a ausência de liberdade do indivíduo. Desta forma, viver fora de uma democracia verdadeira implica em ausência de liberdade. Destarte, concluo que a democracia verdadeira é o único meio no qual um indivíduo pode ser verdadeiramente livre.

Após esses dois parágrafos aristotelicamente desenvolvidos, parece suficientemente claro e distinto para mim, pelo menos, que a democracia verdadeira é algo do que o indivíduo não pode prescindir caso deseje ser verdadeiramente livre. Apenas sob as bênçãos da democracia verdadeira um indivíduo pode desfrutar plenamente de todos os direitos e liberdades às quais ele almeja, como a liberdade de expressão, o direito ao voto, a liberdade de ir e vir, o direito à propriedade, e outros tantos que enumerá-lo consumiria mais tempo do que a minha curta vida me disponibiliza. Somente sob os auspícios da democracia verdadeira um indivíduo pode assegurar-se da manutenção de suas liberdades e de seus direitos, conquistados pelo preço do sangue de seus ancestrais. Fora de uma democracia plena e madura não há liberdades e os demais bens, que desta dependem.

Para vivermos em uma democracia é preciso voltar-se contra aqueles que a pretendem ofender, seja por vias legais ou não. Os inimigos da democracia têm diversas faces mas um único e mesmo objetivo: implantar uma ditadura totalitária que beneficiem única e exclusivamente a eles próprios, seja essa ditadura explícita, como a de Hugo Chávez, ou dissimulada, como a do PRI mexicano. O povo é visto tal como os monarcas da Idade Média os viam: trabalhadores quase escravos cuja única função seria sustentar o luxo e a ostentação de poder da coroa e dos nobres, todos meros parasitas da população. Não defender a democracia verdadeira é promover passivamente um retorno aos tempos mais negros da História Ocidental. Afinal, como o pastor Martin Luther King Jr. disse, "o que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons".


IV - Da Conclusão

O chavismo, como arquétipo consumado dos inimigos da democracia verdadeira, é inimigo também não apenas das liberdades e dos direitos dos indivíduos mas também de todos os demais bens que podem ser possuídos por um indivíduo. O chavismo e seus adeptos querem minar o direito mais básico de qualquer indivíduo, que é o direito à liberdade, e implantar por vias pseudolegais uma ditadura da pior espécie. Seus fiéis seguidores em território nacional estão preparando este grande golpe há anos, desde que assumiram o mais alto cargo do Poder Executivo em nosso Brasil, e aguardaram pacientemente a hora mais propícia, a hora em que as pessoas estariam tão entorpecidas por uma máquina assombrosa de criação de mentiras e sentidos vazios que não perceberiam a ameaça.

É chegada a era em que os homens de bem do Brasil devem romper esse silêncio, devem romper a minoria barulhenta que tenta pela força de sua cacofonia impor a morte da democracia. Agora, mais do que nunca, o Brasil precisa que seus mais valorosos cidadãos corram em sua defesa. Nunca desde 1932 a democracia esteve tão ameaçada em nosso País, e nunca desde a Revolução Constitucionalista de 1932 o Brasil necessitou tanto de seus homens de bem. Por isso, eu os conclamo: HOMENS DE BEM DO BRASIL, UNI-VOS!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Pro Brasilia fiant eximia

Caro Leitor

O título deste pequeno artigo, que também aparece no brasão de armas do Estado de São Paulo, está escrito em latim e significa "Pelo Brasil façam-se grandes coisas". Até onde eu me lembre, o atual brasão de armas de São Paulo foi desenhado na época da Revolução Constitucionalista de 1932, quando o Estado de São Paulo, sozinho, lutou contra a ditadura inconstitucional de Getúlio Vargas. Infelizmente os paulistas não ganharam a luta, mas em 1934 foi convocada uma Assembléia Constituinte para dar ao Brasil uma nova Constituição. Além da vitória ideológica, os paulistas conseguiram um outro mérito com essa questão: eleger a primeira mulher política, a deputada paulistana Carlota Pereira de Moraes.
Essa luta heróica dos paulistas em 1932 contra um protoditador caudilhista possui paralelos gritantes com o atual cenário político-eleitoral brasileiro. Temos, de um lado, o Partido dos Trabalhadores (PT) revelando o monstro do chavismo oculto sob a máscara do trabalhismo, do populismo e do paternalismo; do outro, novamente de São Paulo vem, na figura do candidato à presidência pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), senhor José Serra, a luta contra a instalação de uma ditadura, e mais do que nunca o lema do Estado adquire urgência e necessidade. Como Nietzsche diria, a História é regida pela lei do eterno retorno, e, complemento eu essa idéia, aquele que estuda o passado aprende a prever o futuro.
Getúlio, assim como o PT, travestiu-se de "Pai dos Pobres" (título esse usurpado sem nenhum pudor pelo atual presidente, senhor Luiz Inácio Lula da Silva) enquanto minou todos as liberdades constitucionais com o golpe de 1930. Em muitos lugares o gaúcho caudilhista é aclamado como verdadeiro herói pelas massas, que ignoram solenemente que a verdadeira motivação de Getúlio ao agradar o povo era evitar um contragolpe. Mas por trás do sorriso e do charuto, imagem que muito me lembra um presidente americano da época do qual não consigo lembrar o nome, havia um ditador perfeitamente alinhado com os interesses do Eixo, isto é, do nazi-fascismo inimigo da democracia. Basta lembrar que ele enviou Olga Benário Prestes para um campo de concentração nazista, onde ela morreu em uma câmara de gás.
Os paulistas perceberam isso e lançaram-se em armas contra o resto do país, contra o exército e contra os lacaios, capangas e correligionários do getulismo. Não é preciso dizer que a idéia em si era bastante desanimadora, visto que a infantaria do exército brasileiro era tida como uma das melhores do mundo, mas mesmo assim os paulistas tentaram. Os paulistas tinham em mente o ideal da democracia, e muitos veteranos de 1932 dizem que era uma idéia corrente entre eles que era preferível morrer em batalha do que viver sem a liberdade e a democracia. Eles foram derrotados em campo de batalha, porém venceram no plano ideológico e Vargas não teve outra opção que não fosse convocar a Constituinte de 1934. É claro que, como bom ditador, ele simplesmente outorgou a Constituição de 1937, alinhando descaradamente o Brasil com os países do Eixo, mas essa é outra história.
É sempre bom lembrar que esses são os fatos, e se estes divergem da história oficial é porque ela é escrita pelos vencedores.
Atualmente temos um cenário muito parecido com aquele que motivou os paulistas a enfrentar Getúlio Vargas. As fraudes eleitorais se tornaram lugar-comum, a exemplo de como era nos dois primeiros anos do primeiro governo Vargas. Há um governo disfarçado de popular e democrático mas sedento de eliminar todas as liberdades e direitos constitucionais que a duras penas foram conquistados pelos Heróis de 1932 e pelos ativistas do movimento Diretas Já no início dos anos 1980. As instituições mais sagradas do Estado Nacional de Direito (a Constituição, o Código Penal, o Judiciário, o Ministério Público, a Procuradoria Geral) são constantemente aviltadas por um governo sequioso de tornar-se ditatorial. Se antes a ideologia era o caudilhismo, agora é o chavismo - mais brutal, mais intolerante, mais autoritário e menos sutil. A religião e a família, pilares fundamentais de qualquer sociedade sadia, são abandonadas e ditas sem valor em prol dos ideais ultrapassados do Manifesto do Partido Comunista. Os valores mais básicos de qualquer sociedade são atropelados e sujeitos a intervenções absurdas. A discriminação de cidadãos se tornou algo banal porque foi legalizado: ao impedir por lei de se chamar uma pessoa negra de negra, por exemplo, obriga-se o uso de eufemismos, que servem (como qualquer professor de língua portuguesa pode explicar melhor do que eu) para dizer coisas vergonhosas ou escandalosas sem chocar o interlocutor - ou seja: a lei, promulgada sob os auspícios do PT, afirma que é vergonhoso ser negro, gordo, homossexual e por isso obriga os cidadãos a não usarem essas palavras. Criar cotas raciais para negros, índios, etc., nas universidades públicas é afirmar que essas "raças" (nota: eu discordo do conceito de raça aplicado a seres humanos por causa da cor da pele ou do formato da caixa craniana, mas vamos usar a palavra para simplificar as coisas) para as quais se criam cotas são menos capazes que as outras. Quem não se lembra da polêmica levantada pelo Terceiro Plano Nacional dos Direitos Humanos, que institui e legaliza a censura estatal? Ou de como o PT formulou um projeto de lei que descriminaliza a invasão de propriedades particulares, desdenhando desse direito tão fundamental em um Estado Nacional de Direito? Ou como a popularidade do atual governo e de seus aliados políticos é atingida com mentira e distorções nos fatos? A necessidade de dominar os cidadãos é tal que o governo PT quer interferir até mesmo na forma como os pais criam seus filhos!
Mais: os aliados internacionais do atual governo revelam claramente suas intenções. Ao apoiar as FARC, ao aliar-se com o protoditador caudilhista Hugo Chávez, ao defender os interesses do presidente do Irã, senhor Mahmoud Ahmadinejad, ao ceder a Embaixada Brasileira em Honduras aos interesses de Manuel Zelaya, o PT se tornou vítima do dito popular "dize-me com quem andas e digo-te quem és". Aliados de ditadores, narcotraficantes e terroristas podem não ser ditadores, narcotraficantes e terroristas, mas compactuam com suas idéias e os defendem sempre que for necessário. Das acusações de compactuar com as FARC o PT tem se esquivado a comentar, o que, apesar de não provar nada, já suscita enormes dúvidas no seio dos homens de bem de nossa nação. Ao defender os governos chavista e iraniano, o PT deixa claro que é um consumado amante do autoritarismo, do terrorismo de Estado e do fim das liberdades constitucionais. E para aqueles que alegarem que a Venezuela tem uma Constituição, lembro que esta foi praticamente imposta por Hugo Chávez ao povo em um plebiscito cujo caráter foi meramente figurativo. Foi algo parecido com o plebiscito que nomeou Napoleão para imperador: o eleitor tinha que colocar nome completo e endereço na cédula - nessas condições, quem não votaria em Napoleão, um general já consumado por seu gênio militar?
Dilma Rousself, chamada por alguns como "poste eleitoral" (no sentido que seus votos advém quase que exclusivamente da imagem do atual presidente, sr. Luiz Inácio Lula da Silva, à qual a imagem da candidata foi "pendurada" como um cartaz em um poste), ex-líder da Guerrilha do Araguaia, é a candidata que herdará e continuará esse governo chavista inimigo de todas as liberdades e direitos constitucionais adquiridos à duras penas. Viveremos em uma ditadura, mesmo que a aparência seja a de uma democracia, e a República como a conhecemos acabará, pois não há república sem democracia, sem liberdade. Será um amargo fim para os sonhos sonhados tão incessantemente por aqueles que querem para o Brasil apenas o melhor. Será o fim do orgulho de ser brasileiro.
Mas São Paulo, evocando o significado do lema de seu brasão, mais uma vez corre em auxílio do Brasil, da Democracia e da República. Mais uma vez os paulistas de valor mostram que "se ergues da justiça a clava forte / verás que um filho teu não foge à luta / nem teme, quem te adora, a própria morte", como em letras de ouro está escrito em nosso Hino Nacional. De São Paulo vem a voz que diz "NÃO!" ao monstro disfarçado de pai dos pobres. De São Paulo vem o núcleo de um movimento que une todos os homens de bem deste país na luta contra a implantação do chavismo em território nacional. De São  Paulo surge a esperança no horizonte do Brasil na figura do candidato à presidência pelo Partido da Social Democracia Brasileira, senhor José Serra. A este homem todos os homens de bem deste país devem voltar seu apoio e esperança, pois dele nascerá um país melhor, sem mensalões, sem valeriodutos, sem chavismo, sem FARC, mas com liberdade, com igualdade e com uma democracia de verdade!
Ouvi, ó homens de bem desta era: pro Brasilia fiant eximia! Este é o grito de guerra e chamado para uma guerra, a maior de todas já travadas em território nacional - mas não é uma guerra com batalhas, armas e trincheiras. Estamos em uma guerra pelo futuro de nosso país, uma guerra que decidirá se afundaremos nos mares mais negros do totalitarismo chavista ou se continuaremos a avançar rumo a esplendorosa, resplandescente e fulgurante luz do Estado Nacional de Direito, das liberdades e direitos constitucionais e da democracia. Repassem este artigo, divulguem os crimes contra os excelsos valores fundamentais que estão sendo ameaçados pela continuidade do PT no poder. Só assim poderemos ter esperança em um futuro melhor.

Aos Heróis Veteranos de 1932, ídolos de todos os paulistas de valor, que seus ideais, sua memória e a chama que os conduziu à luta por um Brasil melhor estejam entre nós neste momento de adversidade! Sejam nossa fonte de inspiração nesta luta contra o chavismo e em defesa da Democracia, da República e do Estado Nacional de Direito! Emprestem aos homens de bem desta era o valor, a coragem, a força e a honra que os impeliram à glória de lutar pelo bem do Brasil!

Rio de Janeiro, vinte e três de julho do Ano de Nosso Senhor de dois mil e dez,
Sessenta e oito anos e quatorze dias do início da Revolução de 1932 e da formação do Exército Constitucionalista.
Luís Fernando Carvalho Cavalheiro (cada vez mais orgulhoso de ser paulistano)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

QUAL O CONTEÚDO POLÍTICO E INSTITUCIONAL DESSE TRECHO DO PROGRAMA DE DILMA? (publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 19/07/2010)

Nota: o artigo a seguir foi publicado originalmente no Ex-Blog do Cesar Maia, edição de 19/07/2010. Retransmito apenas para perguntar aos senhores: por acaso todas as nações que adotam em seus nomes oficiais as qualificações "democrático" e "popular" não são, na verdade, ditaduras comunistas da pior espécie, inimigas de toda forma de pensamento que não seja o duplipensar oficial? Caso você não conheça a expressão "duplipensar" leia sobre ela em http://pt.wikipedia.org/wiki/Duplipensar (português) e http://en.wikipedia.org/wiki/Doublethink (inglês, muito melhor explicado).
Criar um "novo arcabouço jurídico-administrativo", na minha linguagem, significa refazer a Constituição e o Código Penal - mas não sei o que significa a expressão no duplipensar oficial do PT. De onde concluo que o trecho citado indica claramente que o plano de governo do PT, gestão Dilma, será a outorgação de uma nova Constituição e de um novo Código Penal que instaurarão um dos piores regimes de governo já vistos pela humanidade: o comunismo soviético-maoísta, cujas faces mais proeminentes são, hoje, Cuba, China e Venezuela.


QUAL O CONTEÚDO POLÍTICO E INSTITUCIONAL DESSE TRECHO DO PROGRAMA DE DILMA?

               
1. Dilma -rubricou- e apresentou seu programa de governo ao TSE. Depois, foi recolhido às pressas, pois voltava a incluir coisas que afetavam o direito de propriedade, a liberdade de imprensa, a legalização do aborto e das drogas. Foi feita uma lipoaspiração eleitoral. Mas ainda ficaram impressões digitais das intenções. Leia com cuidado esse trecho abaixo, do programa da Dilma, e conclua.
               
2. (Painel da Folha de SP) Cifrado. Na apressada lipoaspiração que promoveu na primeira versão do programa, o PT deixou intocado o compromisso de criar um "novo arcabouço jurídico-administrativo [...] coerente e afinado com o projeto nacional de desenvolvimento democrático e popular".

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ex-Blog do Cesar Maia (edição de 09/07/2010)

Nota: desta vez estou retransmitindo toda a edição do Ex-Blog do Cesar Maia de 09/07/2010. Não que eu esteja fazendo propaganda. Analisem o que se é dito e identifiquem o que me leva a fazer tal retransmissão.


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Ex-Blog do Cesar Maia

Cesar Maia

linha

GOVERNOS ATROPELAM AS LEIS!
                                                    
Trechos da coluna de Cesar Maia na Folha de SP (03), "Decadência da Lei".
            
1. Santiago Kovadloff, professor argentino, escreveu dias atrás ("La Nación", 18/06) sobre a rotina com que governantes atropelam a lei. Kovadloff diz que "deveria haver um objetivo eminente na política: reduzir o fosso entre as imperfeições e as distorções em que tende a incorrer toda gestão pública e as estabelecidas pela Constituição como deveres iniludíveis de quem executa esta missão. Quando tal coisa não ocorre, a política torna-se um sintoma dos mesmos males que teria de combater".
            
2. Se isso é o que ocorre na Argentina ("a lei tornou-se um mandamento ignorado; (...) sua palavra perdeu a função"), aqui não é diferente. Ele afirma como prioridade recuperar a quanto antes a política para a causa constitucional, ou "o efeito solvente gerado por esta deformação resultará em algo irrecuperável".
            
3. O que Kovadloff chama de "olfato transgressor" aplica-se como luva por aqui. Ele cita o constitucionalista Daniel Sabsay ("levamos na Argentina uma vida paraconstitucional") e arremata dizendo que não há controles capazes de impedir e punir os abusos no exercício do poder. Lá, como aqui, trata-se de um tema que deveria entrar no debate presidencial com propostas de ações efetivas.
            
4. A tarefa iniciada em um governo terá que ter continuidade nos próximos, de forma consensual e independente de ideologias. Kovadloff afirma que a situação atual é uma catástrofe que não pode ser subestimada. Há que "gerar confiança na palavra". Segurança jurídica é uma preliminar do desenvolvimento. É parte de nossa rotina política o que Kovadloff fala de lá: "Governos descartam qualquer conquista do passado. Sua finalidade é apocalíptica.
          
5. Pretendem fundar, sobre as ruínas estabelecidas pelo descrédito de todo o exposto, a defesa implacável do seu próprio presente". É uma visão hegemonista e precária da democracia e do sistema republicano, uma espécie de reprodução, lá e cá, do velho refrão: os fins justificam os meios. Ou como se ironizava no antigo "partidão": Se você pensa que pensa, pensa mal; quem pensa por você é o comitê central".

                                                * * *

CAPITALISMO DE AMIGOS E ELEIÇÕES!
                                                
Trechos do artigo do politólogo-historiador argentino Natalio Botana, La Nacion (07).
        
1. O progressismo está sendo discutido na Argentina. Sobre esta visão de uma sociedade desejável, mais justa e melhor distribuída, encontramos dois conceitos opostos. Primeiro, o que trata da qualidade das instituições políticas como condição necessária para o progresso social e econômico.  Segundo, o que visa conduzir essas mudanças através de uma liderança forte e personalista, comprometida com o papel hegemônico do Executivo sobre os outros poderes -o Legislativo e o Judiciário- previstos por nossa Constituição.

2. O progressismo do século XXI tem que enfrentar os desafios clássicos, típicos de uma sociedade injusta com pobreza, indigência e diminuição da distribuição de renda e, ao mesmo tempo, ele deve enfrentar os desafios característicos deste século (questão ambiental, sexo, drogas...).  No quadrante dos conflitos clássicos, não se sabe, já há algum tempo, onde estão à esquerda e a direita A crise econômica na Europa produziu nestes dias um curioso espetáculo de ajuste fiscal compartilhado, com instrumentos idênticos, por governos socialistas e governos de centro-direita. Ajustam os socialistas gregos e espanhóis, e ajustam também os conservadores-liberais britânicos e os democristianos alemães.

3. Por outro lado - embora na Europa os cortes ideológicos que geram desafios em torno do gênero e da vida humana são bastante claros entre direita e esquerda - aqui, as fronteiras são mais difusas ao ponto de, nos partidos majoritários no Congresso, não haver disciplina de voto nos blocos, com o conseguinte alinhamento independente de deputados e senadores.

4. Aqui, um "modelo de acumulação com inclusão social" se desenvolve com estatísticas espúrias e a montagem de um capitalismo de amigos em uma atmosfera de recorrentes suspeitas de corrupção. A outra característica é própria de uma circunstância nacional em que os sucessos econômicos passageiros são utilizados para acumular poder em um governo ocasional.  Aqui, e sem encerrar a lista, recursos fiscais, as reservas para pensões, retenções de exportação, vão parar em uma "caixa" a serviço de um projeto de reeleição. Numa sociedade arraigada no subsídio que cai como uma dádiva do governo, e no consumo incentivado inflacionariamente por políticas de consumo, uma visão progressista deste tipo é supérflua.

5. Em qualquer caso essa será uma política de reprodução do poder estabelecido, talvez condenada a suportar, em médio prazo, outras crises e implosões sociais. Se, no entanto, aspiramos a uma civilização trabalhadora e com acesso à propriedade individual, devota também da poupança individual e familiar, o novo perfil destas políticas do progresso humano terá muito a oferecer. As idéias inspiram na política ações e justificações. Valeria a pena enfrentar esse repertório de perguntas para colocar mãos a obra e romper com a estratégia do discurso único.

                                                * * *

PAUL KRUGMAN E A CRISE EUROPEIA!
                    
(site economia& negócios - Estado de SP, 08) 1. O euro tem sérios problemas, não é apenas uma crise de dívida. Casos como o da Espanha, que vinha tendo bons resultados nos últimos anos e agora está nessa situação, e mesmo a Grécia, que deve passar por uma fase de forte deflação após muitos anos de entrada massiva de capitais são situações muito difíceis de imaginar uma solução. Está-se diante de uma moeda única numa área que de certa forma nunca estabeleceu critérios para ter uma moeda única.
                    
2. É difícil ver uma saída para a Grécia sem uma reestruturação, e a questão principal para ela não é como irá reestruturar sua dívida, mas como ela vai resolver a questão do euro. Para o restante dos países, políticas não sincronizadas ajudariam muito; o programa de austeridade espanhol tem mais probabilidade de dar certo se toda a Alemanha não estiver também sob um programa de austeridade. Não vejo o euro entrando em colapso, vejo mais uma chance de a zona do euro perder alguns países periféricos, com saídas plausíveis como da Grécia. Ficaria muito surpreso se as economias centrais do euro não permanecessem com a moeda única.
                    
3. Uma política de meta de inflação mais frouxa, por exemplo, poderia ajudar. Se a zona do euro estabelecesse uma meta de 3% ou 4% seria bem mais fácil de se fazer ajustes nos países problemáticos do que com uma meta de 1% ou 2%, como é agora.

                                                * * *

O QUE SE DECIDE NESSA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL?
                                              
Trechos do artigo de Demétrio Magnoli - O Estado de S. Paulo / Globo (08).

1. A estratégia de campanha do PSDB reflete a sagacidade convencional dos marqueteiros, não o compromisso ousado de um estadista que rema contra a maré em circunstâncias excepcionais.  Do alto de seu literalismo fetichista, disseram a Serra que confrontar Lula equivale a derrota certa. Então, o governador resolveu comparar sua biografia à da candidata palaciana. Mas Dilma não existe, exceto como metáfora, o que anula a estratégia serrista.  A candidatura da oposição só tem sentido se ele diverge dessa política.

2. O Brasil é "um país de todos" ?  Eis a mentira a ser exposta. O Estado lulista é um conglomerado de interesses privados. Nele se acomodam a elite patrimonialista tradicional, a nova elite política petista, grandes empresas associadas aos fundos de pensão, centrais sindicais chapa-branca e movimentos sociais financiados pelo governo. O Brasil não é "de todos", mas de alguns: as máfias que colonizam o aparelho de Estado por meio de indicações políticas para mais de 600 mil cargos de confiança em todos os níveis de governo.

3. Num "país de todos", o sigilo bancário e o fiscal só podem ser quebrados por decisão judicial. No Brasil do lulismo, como atestam os casos de Francenildo Costa e Eduardo Jorge Caldas, eles valem menos que as conveniências de um poder inclinado a operar pela chantagem. Num "país de todos", a cidadania é um contrato apoiado no princípio da igualdade perante a lei. No Brasil do lulismo, os indivíduos ganham rótulos raciais oficiais, que regulam o exercício de direitos e traçam fronteiras sociais intransponíveis. Num "país de todos", a política externa subordina-se a valores consagrados na Constituição, como a promoção dos direitos humanos.

4. No Brasil do lulismo, a palavra constitucional verga-se diante de ideologias propensas à celebração de ditaduras enroladas nos trapos de um visceral antiamericanismo. Estaria a candidatura da oposição disposta a falar de democracia, liberdade e igualdade, distinguindo-se do lulismo no campo estratégico dos valores fundamentais? O lulismo é uma doutrina conservadora que veste uma fantasia de esquerda. Sob Lula, expandiram-se como nunca os programas de transferência direta de renda, que produzem evidentes dividendos eleitorais, mas pouco se fez nas esferas da educação, da saúde e da segurança pública.

5. Há um subtexto na decisão de Serra de comparar biografias. Ele está dizendo que existe um consenso político básico, cabendo aos eleitores a tarefa de definir o nome do gerente desse consenso nacional. É uma falsa mensagem, que Lula se encarrega de desmascarar todos os dias. Os brasileiros votarão num plebiscito sobre o lulismo. Se não entender isso, perderá as eleições e deixará a cena como um político comum, impróprio para circunstâncias excepcionais. Mas ele ainda tem a oportunidade de escolher o caminho do estadista e perder\ganhar as eleições falando de política. Nesse caso e só nesse!, pode  triunfar nas urnas.

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