Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diferença entre ser e existir

Caríssimos, como vocês sabem eu sou viciado em olhar para o mundo ao meu redor e analisar as pessoas que eu vejo. Gosto de aprender com os outros, e muita gente já me ensinou muita coisa só por estar em um lugar em uma hora que eu pudesse vê-la. Talvez isso tenha me tornado mais sábio, ou pelo menos mais experiente, do que alguém da minha idade seria, e isso tem suas conseqüências tanto boas quanto ruins... não sei. Eu percebo que as pessoas são tão parecidas e tão repetitivas que eu tenho, às vezes, quando eu estou olhando para o mundo, a sensação de estar assistindo um mesmo filme na "Sessão da Tarde" da Globo pela décima vez, e isso me tornou muito cínico e muito cético. Mas mesmo assim eu tenho esperanças que algo de bom saia dessa espécie maldita, que não conhece coisas como "evolução", "melhoria" ou coisas do tipo. Talvez isso tenha me convencido a ser professor, pra tentar encontrar uma alma que valha a pena. Tem horas que eu só posso rir, de tão ridículas que algumas pessoas são. Mas tem horas que eu simplesmente preciso me segurar pra não chorar.
Vou contar agora um exemplo de uma dessas histórias tristes que me aconteceu. Estava eu a esperar atendimento em uma unidade do sistema de saúde pública para tomar uma injeção. Foi meio revoltante ter que esperar quase quatro horas para conseguir tomar uma benzetacil, mas ignorei esse detalhe. O que me cortou o coração foi uma das cenas mais tristes que eu vi nestes últimos anos. Vi uma garota de 20 ou 25 anos, provavelmente pentecostal pelas roupas e levando um dos pelo menos três filhos para o médico. A garota era realmente bonita, a pele negra bem cuidada e o cabelo bem tratado e feições de nobreza inata realmente a tornavam um atrativo para qualquer homem que procure em uma mulher mais do que peitos e bunda - não que ela não os tivesse, mas não eram grandes e desagradáveis ao olhar, mas delicados e bem proporcionados. Ela deveria ser realmente bela, porque mesmo vestida com uma blusa de lã folgada no corpo e uma saia que cobria os tornozelos ela me pareceu muito atraente - e quem me conhece sabe que não é a aparência de uma pessoa que me fascina.
Mas o que me chamou a atenção, e me comoveu mais do que qualquer coisa que eu me lembre, foi o olhar dessa moça. Vi no fundo dos seus belos e expressivos olhos um desespero mudo, uma desorientação como se a qualquer momento ela fosse gritar: "pelo amor de Deus, o que eu estou fazendo aqui?" - mas não porque ela estivesse se questionando sobre a doença do filho, mas sim da vida dela como um todo. Era como se ela soubesse - melhor, ela sabia - que existe um mundo muito maior bem ali, logo ao lado da vidinha insossa que ela deveria levar, mas não soubesse como chegar lá. Mais do que isso, é como se de alguma maneira ela intuiu - porque ela não percebera por nenhum meio consciente - a existência de tanta coisa fora do (provável) esqueminha marido-igreja-filhos e sinceramente aspirasse a esses vôos maiores, e a alma dela mostrava ter potencial para vôos altíssimos de lhe dessem essa liberdade. De alguma maneira ela sabia disso, e sofria em silêncio.
Não aguentei olhar para ela por muito tempo, porque podia ouvir a alma dela gritando por ajuda, clamando por liberdade - e eu não podia fazer nada. Ela sabia que vivia uma vida que não era dela, não era para ela. Vi uma grande mulher abortada ali, e o que restou foi a sombra dessa grande pessoa que eu adoraria conhecer caso atingisse seu potencial máximo. Ela foi forçada a ter uma existência que não era a dela, a negar quem ela era, por causa de convenções idiotas de uma sociedade esdrúxula e por conta de imposições e auto-imposições advindas da família e da religião. PARA DEIXAR BEM CLARO: NÃO TENHO NADA CONTRA RELIGIÃO NENHUMA, MAS TENHO TUDO CONTRA ALGO OU ALGUÉM QUE CASTRE UMA ALMA DESSA MANEIRA. Castração não, mutilação grosseira, desfiguração total. Vi nos olhos dessa mulher, que em outros contextos eu poderia ter conhecido e quem sabe ser até mesmo o marido dela (quem sabe?), o maior sofrimento que há: viver uma vida à qual não se pertence, e ser forçado a simplesmente existir e nunca poder ser quem se é.
Apenas hoje, algumas semanas depois desse dia, consigo refletir sobre esse dia. Entendi finalmente a diferença entre ser e existir, de uma maneira muito mais profunda e completa do que qualquer filósofo poderia explicar. Pude extrair uma lição, um aprendizado, que guardarei por muito tempo: somos forçados a vidas que não são para nós, que não são nossas, e por isso nunca deixaremos de sofrer enquanto não nos libertarmos dessa imposição. Vivemos em sociedade não porque isso seja o melhor para nós, mas porque a sociedade (capitalista, comunista ou o raio que seja) precisa de escravos para se manter existindo, somos enganados desde cedo dizendo que precisamos da sociedade que é o melhor que poderia haver, e assim somos forçados a vidas que não são aquelas para as quais nossas almas nos conduziriam. Aquela mulher e tantos outros homens simplesmente existem, levando as vidinhas que a sociedade escravocrata impôs a eles, e sequer percebem que em momento algum eles são eles mesmos.
Afinal de contas, o que eu quero dizer com "ser" e com "existir"? "Existir", para um homem, é pura e simplesmente ter um corpo, ocupar um lugar no espaço e satisfazer as necessidades biológicas do corpo material. "Ser", neste contexto, é algo mais complexo: é viver verdadeira, total, sincera e autenticamente, realizando totalmente o vir-a-ser, o devir, da alma. Todos nós existimos, sem exceção, mas nem todos somos, pois pouquíssimos entre nós se preocupam com algo além da existência pura e simples. Muitos de nós nunca tiveram escolhas em suas vidas, tendo sido pressionadas para diversos lados pela família, pelos amigos, pelas necessidades. Assim como é fácil ser artista para quem nasceu em berço de ouro, não dá pensar nos mistérios da vida e da real realidade de barriga vazia.
Sofri muito nesse dia do pronto socorro, porque vi o sofrimento mais brutal e mais cruel que poderia ter assistido e nada pude fazer. Nunca vou me esquecer dessa cena: uma linda mulher, mas em seus olhos estava estampado o desespero mudo de instintivamente saber não pertencer à vida que vivia. Tenho pena de pessoas que intuitivamente sabem que aquela vida não lhes pertencem, pois esse é o maior sofrimento ao qual podemos estar sujeitos. Nunca vou esquecer essa cena, o resultado vivo e ambulante do aborto de uma possível grande alma.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Para pensar

Caríssimos, eu estava andando na rua hoje e uma pessoa me deu um papelzinho com o texto abaixo. Acho interessante, é válido e deveríamos pensar mais sobre isso.

Você é importante para mim
Você corre, trabalha, canta, chora, ama. Você sorri, mas nunca me chama.
Você se entristece mas depois se acalma, mas nuca me agradece.
Você caminha, sobe, desce escadas, e nunca se preocupa comigo.
Você tem tudo e não me dá nada.
Você sente amor, ódio, sente tudo, menos minha presença.
Você tem os sentidos perfeitos, mas nunca os usa por mim.
Você estuda e não me entende, ganha e não me ajuda, canta e não me alegra.
Você é tão inteligente e não sabe nada de mim.
Você reclama dos meus tratos, mas não valoriza o que eu faço por você.
Se você está triste, me culpa por isto, mas se está alegre, não me deixa participar de sua felicidade.
Você faz o que os outros ordenam, mas não faz o que eu lhe peço com humildade.
Se você não subiu na vida, descarrega sobre mim toda sua ira, mas se você é importante pisa nos menos favorecidos.
Você quebra tantos galhos, mas não tira um espinho de minha testa.
Você entende todas as transações do mundo, mas não entende minha mensagem.
Você reclama tanto da vida, mas não sabe que a minha é triste por sua causa.
Você baixa os olhos quando um superior lhe fala, mas não levanta esses mesmos quando lhe falo de meu amor.
Você fala às pessoas e não sabe que conheço toda sua vida.
Você enfrenta muitos obstáculos na vida, é forte, mas que pena, embora não admita, sei que você tem medo de mim.
Você defende seu time, seu ator, mas não me defende no meio de seus amigos.
Você corre com seu carro, mas nunca corre para meus braços.
Você não sente vergonha ao se despir perante alguém, mas sente vergonha ao tirar sua máscara diante de mim.
Você costuma “ às vezes ’’ falar do que fiz, mas nunca me deu oportunidade de falar o que você fez.
Você é um corpo no mundo, e eu sou um mundo em seu corpo.
Eu sou alguém que todos os dias bate à sua porta e pergunta: Tem lugar pra mim na sua casa, na sua vida, no seu coração?
Eu estou presente nessas linhas que você, por curiosidade começou a ler.
Eu sou JESUS CRISTO.
Quero simplesmente que você me aceite como amigo, e me confesse como Salvador e Senhor.
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