Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Ilha Grande: eu voltei!!!

Caríssimos amigos e existentes leitores deste pequeno mas nada convencional espaço microquântico escondido debaixo do chiclete que fixa a luminária em uma cela acolchoada já muito conhecida pelos senhores no mais conhecido ainda manicômio virtual imanente em alguma transcendência da sanidade conhecida como "realidade". Mais uma vez o seu querido e lido cronista das circunvoluções cerebrais mais insanas já registradas em alguém passou um breve período ausente do mundo, mas isso foi mais do que proposital. Para aqueles que acompanham este espaço há algum tempo devem lembrar de minha última viagem à Ilha Grande, e devem se lembrar que eu terminei a postagem arranhando algum inglês ("I'll be back!").
Pois é, eu voltei, e passei os feriados de Tiradentes (nacional) e São Jorge (estadual no Rio de Janeiro) lá em companhia da patroa, Cristina. Desta vez aconteceram algumas coisinhas interessantes por lá, e talvez não seja tão interessante quanto o comentário anterior, mas pode valer a pena para distrair os senhores, meus amigos leitores, se ninguém tiver coisa melhor pra fazer. Pra facilitar a vida de todo mundo, vou tentar separar os assuntos por subtítulos numerados.

1 - Experimentando uma pousada
Canja, Caldo de Galinha e um Colchão Quente não matam ninguém

Quem me conhece sabe que eu sou meio p*##@orra louca e prefiro uma boa e velha barraca a um quarto com colchão macio, televisão, banheiro individual e geladeira, e por dois motivos. O primeiro é que eu me sinto mais confortável sem o que nossa sociedade urbana capitalista judaico-cristã ocidental subdesenvolvida do Terceiro Mundo desgovernada por um semianalfabeto aconselhado pelos sobreviventes da guerrilha do Araguaia que estudaram terrorismo na ilha de Fidel chama de conforto - sim, eu sou meio bronco, bicho do mato mesmo: meu negócio é dormir no chão, sentar no chão e em noite sem chuva sentar ao redor da fogueira para ver as estrelas e contar histórias mais verdadeiras que as dos livros de História. O segundo motivo é que as áreas de camping (que eu não gosto muito, mas quando se viaja com os "emboabas" da cidade grande é o jeito) disponibilizam cozinha para quem quiser fazer a própria comida - o que sai muito mais em conta do que comer nos restaurantes turísticos locais, pensados para o cidadão que ganha em dólar ou euro.
Mas desta vez eu decidi inovar e não ficar na tradicional barraca - em parte porque Cristina aceitou viajar apenas se fosse para ficar em uma pousada e eu não queria ir sozinho. Mas como a grana é sempre curta e ficar em um lugar que me obrigasse a gastar em restaurantes não seria viável, optei pela opção de sempre: o Cantinho da Ilha, o camping em que costumo ficar e que oferece algumas suítes. O lado bom da escolha de sempre é que mesmo quem fica nas suítes pode usar a cozinha, o que significa uma economia violenta de dinheiro. Assim reservamos um quarto desde o início do mês e ficamos contando os dias para irmos pra lá. Momento propaganda gratuita: se quiserem ir para Ilha Grande e gastar pouco dinheiro mandem um e-mail para eles aos cuidados do senhor Adriano Veríssimo e digam que foi o Luís Fernando que recomendou - o seu cronista insano de plantão agradece. O quarto é extremamente simpático, tendo duas camas (uma de solteiro, outra de casal), um frigobar, um banheiro próprio com chuveiro quente e uma TV - mas sem canais por assinatura, o que significa que apenas a Globo e o SBT estão disponíveis.
Enfim, a experiência não foi nada desagradável: dormir em um colchão macio sempre é algo bem-vindo e dormir bem acompanhado sempre é muito mais gostoso.

2 - Passeando pela Vila do Abraão
Como não ficar injuriado por não ter feito trilhas

Tem um amigo meu que disse que viajar com namorada ou esposa é mais gostoso do que viajar sozinho mas que tem um grande inconveniente: você não vai a todos os lugares que deseja ir. No meu caso a restrição não foi tão severa assim. Eu nunca fui muito fã de ficar na noite "curtindo" como a minha geração aproveita seus momentos de lazer: beijar tantas bocas quanto possíveis e transar com quantos puder e ainda tiver camisinha - ou seja, se isso não me faz falta, não poder fazer isso (o correto no meu caso é não querer) não me faz falta. Não, eu sou um camarada fiel e um homem de uma mulher só - essas papagaiadas dos meus companheiros de idade de ter duas, três ou mais companheiras não é a minha praia. O meu problema foram as trilhas.
Pois é, nobres leitores... vocês estão lendo o relato de um trilheiro convicto que não pôde fazer nenhuma das belíssimas trilhas - com exceção de duas: a ida à Praia Preta (que se resume a uma ida à praia) e a ida à Praia de Palmas, mas essa merece um capítulo à parte - porque sua namorada não gosta de trilhas e ele não iria deixá-la sozinha. Ficamos restritos à vila do Abraão, o principal núcleo populacional da Ilha, e tive que me contentar em caminhar por ali mesmo. Não me culpem, senhores: mesmo em um lugar idílico, um núcleo urbano ainda é um núcleo urbano. Mas se bem que simplesmente chamar a vila do Abraão de "mais um núcleo urbano" é resumir muito as coisas.
Primeiro porque ela não é um simples núcleo urbano. Por ser proibida a circulação de carros na Ilha o lugar conserva ainda o ambiente de cidade litorânea pequena, com os barqueiros esperando algum serviço no cais, as ruas ainda não totalmente asfaltadas e os preços caríssimos de uma ilha que não produz nem a metade dos bens que consome diariamente. Existe um charme bucólico até mesmo na brisa úmida e fria que sopra constantemente do mar, como se a brincar com as folhas das árvores que preguiçosamente se refestelam com um tempo que passa mais devagar do que o Tempo Imperioso Capi(e)talista e se espreguiçam ao som melancólico das ondas se arrebentando nos grãos maduros como trigo da linha que separa o mundo seco e duro dos homens do mundo dos sonhos de viagens e conquistas que habita no mar. Paralelamente a isso corre um outro jeito de viver desconectado da vida urbana típica, corrida, sofrida e sem sentido que nós, macacos metidos à besta, somos coagidos por nós mesmos a viver artificialmente em jaulas de concreto e aço... uma vida mais viva, mais direta, mais humana.
Foi nesse ambiente adorável que circulamos por três dias. Aproveitei a restrição às trilhas para conhecer melhor a vila do Abraão - que por viver enfiado no mato eu não tive chance para visitá-la como se deve - e andar acompanhado da Cris por alguns dos lugares mais lindos que o Brasil tem dentro de suas fronteiras. Existem alguns pontos notáveis que eu descrevei para vocês - para informá-los sobre para onde ir e deixá-los com vontade de conhecer.
Vamos do início. A Igreja de São Sebastião está localizada na praça central da vila do Abraão, quase em frente ao cais em que as barcas aportam vindo do continente. É uma igreja pequena que está sob a jurisdição de alguma paróquia em Angra dos Reis. É um mimo arquitetônico dada a simplicidade e a leveza do prédio e da disposição interna dos objetos. Destaque a um altar, à direita da porta logo quando se entra, em que se pode ver estátuas de alguns santos. Como curiosidade, é uma das poucas igrejas que conheço que não tem uma imagem de Cristo no Altar.
Logo a seguir recomendo uma visita ao restaurante Casarão da Ilha - ou o Bar do Fiel, como eu me referi na postagem de minha viagem anterior à Ilha -, onde podemos encontrar música boa e comida de qualidade - ainda que a cerveja continue custando R$4,00 a garrafa. Desta vez eu não dei uma passadinha por lá porque ele me fez o favor de não abrir durante este feriado (maldito senhor filho de uma digníssima e respeitável donzela de cais de porto que acompanha os homens pelas noites). Mas recomendo, e sempre.
Outro lugar bom, bonito e barato (isto é, para os padrões locais) é um quiosque chamado Roots. Ele é um lugar bem simples, chão de terra batida, mas é simpático, o atendimento é bom e a comida é barata e excelente. E a comida lá tem um predicado único para sua categoria. Eu já vi pessoas manipuladoras, animais de estimação manipuladores (à título de exemplo cito a poodle lá de casa), mas nunca tinha visto uma comida que te manipula a continuar comendo. Simplesmente comi ali três vezes mais do que eu costumo comer. Pelo menos a comida vale a pena (e os R$10,00 que você investe nela).
Mas para quem tem bala na agulha mesmo o lance é passear no Buganville, uma alameda onde se concentram as pousadas, restaurantes e lojas mais caras da Ilha. O lugar parece uma das vielas chiques francesas, com as vantagens de estar em um dos lugares mais bonitos do mundo e não ter o odor desagradável de urina e lixo das ruas de Paris. Não posso falar em detalhes porque eu não curto templos ao grande demônio chamado Capi(e)talismo, portanto não fiz a única coisa que tinha pra fazer por lá: gastar.
Para encerrar esses comentários sobre onde ir em Abraão vou acrescentar a Praia Preta, distante menos de trinta minutos por uma estradinha de terra. É uma excelente opção para banhar-se, pois o banco de areia é razoável e ainda existe um regatinho de água doce para quem quiser tirar o sal do corpo.
Esses são os pontos que eu destaco em Abraão desta minha visita à Ilha Grande. Mas agora vamos para o capítulo especial sobre a Praia de Palmas.

3 - A Praia de Palmas e o Urro do Capiroto
Salve Jorge!

Palmas é um dos outros povoamentos da Ilha Grande, distante de Abraão 2h30min de caminhada por uma trilha ou 30min de barco (distâncias aproximadas). Por não ter um cais que permita atracação de grandes embarcações, o lugar não exercita seus fortes dotes turísticos: a praia de banco de areia curto e o visual da vegetação na área. Portanto Palmas é um lugar tranqüilo, sem movimentação de muita gente que não sejam os moradores e algum turista ocasional, seja indo para lá, seja algum indo para
Lopes Mendes (Palmas fica mais ou menos no meio do caminho para lá).
Mas não é pela praia que Palmas merece um capítulo próprio - até porque nada se compara a Lopes Mendes e por isso mesmo julgo que seria uma senhora injustiça querer dar um post exclusivo para Palmas. Não, o que vou contar para vocês aqui é um evento sem explicação que aconteceu durante minha ida com Cristina para Palmas - é caso para os Arquivos X, senhores!
O dia era 23 de abril de 2008, dia de São Jorge. Enfim, após minha memória me pregar mais uma de suas peças ("Amor, até Palmas são só trinta minutos andando no meio da floresta. Vamos?") nos vimos eu e Cristina em uma trilha que parecia não ter fim nem parar de subir - considere que eu me lembrava da trilha ter apenas trinta minutos, e após uma hora de caminhada ainda estávamos subindo. Mas isso é só um detalhe na história. Quando finalmente nos aproximávamos no ponto mais alto da trilha escutamos um barulho que tanto poderia ser barulho de festival na praia ("Festival às 14h? Difícil..."), quanto alguma coisa - mas o quê? Mas voltar não tinha como então continuamos a avançar. Quando começamos a descer o som se tornou mais claro, mas - por Deus! - eu preferia que ele não tivesse feito isso.
Eram urros que pareciam de um animal selvagem muito grande - mas animais muito grandes não existem em florestas. E qualquer um que o ouvisse sentiria em seu íntimo que não se tratava de um som produzido por nada natural. Aquele arrepio que todos sentimos diante daquilo que não tem explicação racional - ou mesmo nenhuma explicação que possa ser posta em termos compreensíveis por nossas mentes. Era um som que apenas uma essência puramente maligna, totalmente corrompida pelo Lado Negro da Força, poderia produzir neste mundo. Só poderia ser o Urro do Capiroto.
Isso mesmo: o Capiroto, também conhecido como Lúcifer, o Pai do cara que escreveu essa merda, uiii demonhô, A vizinha do outro bloco, Mephistópheles', Cramunhão, Hello Kitty, Canequinha, Sogra, Capeta, Diabo, Capiroto, Shun de Andrômeda, Sete-peles, Hebe Camargo, Bill Gates, Demo, Cobra, Macaco, Gramunhão, Tranca-Rua, Granada, Pontudo, Tridentão, Vermelhão, FDP, Comunista, atrás de você, Advogado, Psicóloga, DINÂMICA DE GRUPO, Sauron, pokémon, Voldemort, Mana, Battousai, Heloísa Helena, Político, Vestibular, Mentos com Coca-Cola, Argamassa, Azarape, Dado Dolabella, digimon, Coisa Ruim, Tinhoso, Você, Coisa Feia, o Cão , Garçom do Jeremias José, Belzebu, Devil, 666, Cara Dumau, Demônio, Coruja, Hans Nery Rei Rubro, Leproso, Jamiroquai, CPM22, Gabino, Lula, Hades, Éris, Uni, Cavalo De Fogo, Mário, Pai do Faustão, Professor de Matemática, Edir Macedo, Cartão de Ponto, Toninho Malvadeza, Segunda-Feira, Pai da Mentira, Otaku, Senhor das Moscas, Pornografia, Bruxa do 71, Cascudo, Sua Mãe, Charles Bronson, Adolescente Espinhento, Rouge RagaTanga, televisão, Pintura do Futi, Orkut, Dragon Dark, Fofão, Emo, Xuxa, Satan Goss, Alcachofra, Alcatrão, Rochinha, Aquele que não se diz o nome, Alicate, Unha grossa, Felpudo, Bisnaga, Biriba, Maritima, Tiozão, Tiozinho do Churrasco, Dercy Gonçalves, Ex-marido imaturo, Zezim, Ferpa, Eurico Miranda, Capitão Nascimento, Doctor Evil (cortesia Desciclopédia). Só poderia ser ele.
Começamos a descer desembestadamente pela trilha, numa versão Cthullesca de algum conto de H. P. Lovecraft. E os urros aumentavam sobre nós, e ecoavam em nossas costas como se o grande deus alienígena do Mal quisesse nosso sangue como tributo por perturbar suas terras. E corríamos. E os urros aumentavam. E corríamos. E Cthullu, o grande Cthullu - quer dizer, o Capiroto, o grande Capiroto (usar o nome de Cthullu implica em pagar direitos autorais) urrava cada vez mais. E corríamos.
Até que eu me lembrei que no meu bolso tinha uma medalha de São Jorge, e como era dia dele nem hesitei. Parei, tirei o chapéu que eu estava usando e disse "Salve Jorge!" E, intimidado e dobrado pelo poder verdadeiro da Fé, Cthullu, quer dizer, o Capiroto recuou e imediatamente parou de urrar. Salve Jorge!
E então descemos tranqüilamente a trilha - mas voltamos para Abraão de barco, é claro! - e curtimos a deliciosa praia de Palmas. Sem urro de Capiroto nenhum, graças a Deus.

Enfim é isso, senhores. Espero que esta leitura (se alguém leu até este ponto) tenha servido pra alguma coisa. Fiquem com Deus e até a próxima!

P. S. 1: se vocês forem para
Ilha Grande, mandem um e-mail para o Cantinho da Ilha aos cuidados do senhor Adriano Veríssimo e digam que foi o Luís Fernando que recomendou - o seu cronista insano de plantão agradece. O quarto é extremamente simpático, tendo duas camas (uma de solteiro, outra de casal), um frigobar, um banheiro próprio com chuveiro quente e uma TV - mas sem canais por assinatura, o que significa que apenas a Globo e o SBT estão disponíveis.

P. S. 2: sim, eu copiei o P. S. 1 da propaganda que eu fiz do
Cantinho da Ilha mesmo - coisas que o Dogma do Pai Preguiça ordena.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Paradoxos do Douto Homem

Oh, quão tristes são nossos cruéis dias
Em que os sábios cometem erros crassos
Ao tomar a parte pelo todo no seu pensar
E assim chamam por verdadeiro os falsos

E pior ainda é a ignorância dos doutos
Que não vêem a falha viva entre os seus
Mas acusam os outros de seus pecados
Paradoxos, decadência, louvor a Deus

Esquece o douto homem que nos acusa
Que não só o cristão tem seus paradoxos
Mas toda forma de pensamento os têm
Assim como têm seus pontos ortodoxos

Como pôde o douto homem não se lembrar:
O não-cristão também se define pelo "não"?
Servir ao inimigo de Deus é não servi-Lo
É possível sustentar paradoxo tão malsão?

Escuta este mero leproso, oh douto senhor
Pois é com os paradoxos que se vive a Vida
Onde não existe senão nossa simples visão
Nascida de nossa mente pequena e iludida

quinta-feira, 17 de abril de 2008

The One Ring

Three Rings for the Elven-kings under the sky,
Seven for the Dwarf-lords in their halls of stone,
Nine for Mortal Men doomed to die,
One for the Dark Lord on his dark throne
In the Land of Mordor where the Shadows lie.
One Ring to rule them all, One Ring to find them,
One Ring to bring them all and in the darkness bind them
In the Land of Mordor where the Shadows lie.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Canção da Natureza Humana

Vãs, como são vãs as honras desta vida
Que se evanecem com o último suspiro
Como o hálito da manhã é seco pelo sol
Ou o ar com que nesta tarde me inspiro

Tolos, são tolos os que querem honras
Sem percebê-las como são ocas e vazias
Efêmeras como o sopro que move a alma
E ilusórias como todas suas regalias

Fúteis, quão fúteis são os ressentidos
Que brandem as suas honras como armas
E investem contra a Verdade furiosos
Ridículos e infantis com idéias ermas

Leviana, quão leviana é nossa certeza
Que no impropício momento nos engana
Como esposo mentiroso de três mulheres
Ou o falso amigo de língua mui tirana

Fracos, são fracos os que têm certezas
E tratam a Verdade como sendo um erro
O que é a certeza senão uma brisa fria
Ou um suspiro sobre a porta que cerro?

Nada, nada são os que fogem da Verdade
Apegando-se àlguma vã certeza humana
E lançam-se aos brados contra o Alto
Animados por uma tola certeza profana

Homens, como são como brasas no fogo
Quando por capricho fogem da Verdade:
Apagam-se frios por certezas profanas
Quando apenas do Alto vem a Liberdade

domingo, 13 de abril de 2008

Será que estamos comprando o livro pela capa?

Caríssimos amigos e existentes leitores deste pequeno espacinho de total inter(des)conexão com as dobras irregularmente reais de um pequeno quitinete escondido em alguma esquina da chamada "realidade regular" por aqueles loucos o suficiente para não enxergarem além dos véus de ilusão de Matrix (putz: eu consegui uma introdução de mais de três linhas!). Faz um tempo que eu sequer dou sinais de vida, então a primeira coisa que eu quero dizer (sem desanimá-los, é claro) é: estou vivo, não foi desta vez que vocês se livraram de mim. Mas depois desta injeção de (des)ânimo em todos vocês eu quero lançar aqui uma questão que pode ser interessante (ou não): vocês compram um livro pela capa?
É, pode parecer estranha do jeito que está formulada, mas depois que eu contar o "causo" vocês vão entender o que eu quero saber. Para aqueles que têm a (in)felicidade de conhecer o Rio de Janeiro (a cidade), vocês já devem ter ouvido falar na famosa Confeitaria Colombo. Trata-se de um espaço extremamente tradicional no centro da cidade, famosa por seus quitutes e preços exorbitantes. Pois bem, em um dia desses estavam caminhando pelo centro do Rio minha querida Axis Mundi e eu, e decidimos comer alguma coisa. Ela recomendou a tal confeitaria (da qual eu já conhecia a fama de muito cara) e eu (imbecilmente) aceitei. Cada um tomou um café pequeno e comeu um croissaint (não sei se se escreve assim, mas assim vai ficar até alguém me corrigir) com manteiga. Custou R$ 9,00. E foi uma senhora de uma porcaria: um café que parecia ter sido coado na cueca de alguém e um pãozinho metido a besta que estava murcho e queimado. E Axis Mundi elogiou a lavagem que nos ofereceram como se fosse comida.
Se vocês olharem no site da confeitaria (é o endereço para o qual direciona o link anterior desta postagem) vocês vão ver que se trata de um lugar muito tradicional e muito elogiado pelos freqüentadores. Aí eu lanço a pergunta: eles elogiam porque a comida é boa ou porque são metidos à besta e elogiam a comida porque o lugar tem nome? Sim, porque a maioria das pessoas têm esse hábito detestável de gostar de um lugar apenas porque ele é famoso, chique ou badalado, e lançam um f*$##$%*$#@$¨#$&#*#oda-se para a qualidade do serviço prestado. Eu saí da tal confeitaria me sentindo enganado e assaltado, pois em qualquer boteco eu comeria coisa melhor por menos da metade do preço - mas as pessoas elogiam muito, creio eu porque se trata da famosa Colombo e todos sabem que a Colombo tem fama de fazer bons quitutes.
É uma situação complicada, e, se a gente parar para analisar, percebemos que é um problema de imensas proporções. Certas grifes produzem roupas que mais parecem panos de chão ou fronhas baratas para travesseiros, mas que muitas mulheres desejam loucamente simplesmente porque pertencem à grife em questão e por este motivo acham essas roupas as mais belas que existem. Um autor ou um cineasta "cult" sempre produz obras-primas mesmo que se trate do maior lixo jamais visto por olhos humanos - o cinema francês é o exemplo mais flagrante deste caso: o cinema francês é uma senhora porcaria (salvo raríssimas exceções) mas é aclamado porque os intelectuerdas de plantão acham o máximo. Eu particularmente prefiro comprar roupas em lojas populares e assistir os bons filmes que Hollywood produz (e existem, como, por exemplo, O Sexto Dia, A Pequena Miss Sunshine, O Senhor das Armas, etc.), mas existem pessoas que não conseguem ir além das opiniões das outras. Resultado: um filme francês que fica cinqüenta minutos sem nada acontecer é um excelente filme, ou uma roupa que custa US$ 300,00 e mais parece uma capa para bujão de gás é o que há. Ou uma confeitaria em que o cozinheiro faz comida pensando que está preparando lavagem para porcos é aclamadíssima. Entenderam a minha revolta: será que estamos comprando o livro pela capa?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Canção da Liberdade

Sopra teu vento sobre os campos verdes
Guiados pela doçura e beleza de tua mão
Corres montada neles percorrendo o mundo
Certa das nossas coisas que acontecerão

Bailas nos cabelos verdes dos gramados
Caminhas por onde tua Vontade te conduz
Dançando as rodas da liberdade visceral
Trazes assim ao Existir o Ser da tua Luz

Grita com vontade que te livraste do mal
Caminha decidida rumo ao que tu queres
Não temas os perigos em tua longa via
Tu chegarás pelos caminhos que fizeres

Caminha sem medos já que deves caminhar
As pedras sob teus pés sempre estarão
Porém não tens o que temer ao meu lado
Te protegerei e elas não te atingirão

Mas se te sentires sozinha ou abandonada
Não temas me chamar pois contigo estarei
Se tu fraquejares te levarei nos braços
Se te sentires impotente eu te animarei

Toma-me em teus braços para um novo dia
Neste novo canto de liberdade e alegrias
Sejamos eu e tu uma só coisa indistinta
E que nosso Ser Eterno pare as agonias

Voa solta pelos Campos de Maio, Marília
Segurando teu buquê de hálito de jasmim
Entoa teu hino novo composto por Dirceu
Mostra pro mundo que queres viver assim

Canta teus versos em elegia à Liberdade
Ao momento em que vives e queres viver
Pois livre e solta como estás deves ter
Certeza pura da alegria que é puro saber

Desce dos teus ventos ao lado de Dirceu
Vive ao lado dele que apenas teu bem quer
Proclama tua liberdade pelo agir do amor
Seja todo o ser que tens por ser mulher
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