Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Votos Natalinos (ainda que um pouco atrasados)

Caríssimos

É com um pouco de atraso que venho desejar a todos vocês um Feliz Natal, repleto de Paz e felicidade e pleno de realizações dos desejos e vontades do profundo âmago de nossas almas. Neste período tão especial, celebrado por quase todas as religiões anteriores ou posteriores à Santa Igreja, erguemos suplicantes os olhos em direção ao objeto de nossas crenças - mesmo os ateus, em seu desgastante esforço de contínua negação, e os agnósticos, em sua angustiante dúvida eterna - e pedimos, pequenos como somos, repletos de esperança, dádivas das quais nos julgamos merecedores e cobramos aquelas que porventura não nos tenham sido dadas ao longo do ano. Em verdade eu digo: fazemos isso o ano inteiro, mas é agora, em uma época em que o Divino encontra-se mais próximo, que nos sentimos mais à vontade para expor nossos secretos desejos e descontentamentos.
Mas será esse o propósito de tão especial data?
Celebramos no Natal o início de uma nova esperança: o nascimento de Nosso Senhor. Digo nós os católicos, pois outras religiões colocam ou colocaram o símbolo deste início em outros objetos. Por exemplo, entre os povos pré-Igreja não era incomum a celebração do solstício de inverno, que se dá por volta do dia vinte e três de dezembro, como uma forma de afastar o fantasma do frio e da carestia e suplicar pelo retorno do sol necessário para o plantio e outras atividades humanas. Entre os egípcios o solstício representava, entre outras coisas, o renascimento de Osíris do mundo dos mortos (posso estar confundindo o nome do deus, mas a idéia é essa). Mas o que há de comum é que essa celebração marcava o renascimento de alguma coisa: da esperança, da própria possibilidade da vida. Talvez não seja vinte e cinco de dezembro a data real do nascimento do Filho do Homem, do Verbo Encarnado, mas a escolha de uma data como essa, carregada de simbolismo, é no mínimo sugestiva.
Eis a questão: será que aproveitamos esse momento para renascer? Será que aproveitamos para abandonar a mesquinhez, a arrogância, o orgulho, a inveja, a ira, e nos permitimos a entrada do Renovador em nossas vidas, pelo menos por uma noite? Tal é a magnitude do Seu ato que Ele sofreu os mesmos tormentos reservados aos Filhos de Adão e ao final de tudo ofereceu-Se como sacrifício perfeito para a expiação de nossos pecados apenas para que pudéssemos renascer! Eis um dos Mistérios da Santa Fé: ascender em direção à Luz do Mundo por meio deste Renascimento. Não é preciso que reentremos no ventre de nossas mães, como entendeu inicialmente José de Arimatéia, mas sim que meditemos sobre o significado da missão do Cordeiro neste mundo. O Natal é justamente a lembrança e o convite para isso, é o chamado para um novo nascimento, um renascimento verdadeiro e sincero que abrirá para os que renascerem o Pórtico de Ouro, que marca o início da estrada para a Luz.
E para os não-católicos, qual é a mensagem da data? Apenas os mais insensíveis e malignos dentre vocês admitirão que coisas como a mesquinhez, a arrogância, o orgulho e todos os defeitos psicológicos combatidos pela mensagem do Messias são coisas boas para o homem, e por isso devem ser mantidos. Não há como negar que a mensagem de paz e amor transmitida pelo Cristo Redentor possui um caráter universal, um apelo que se seguido pelos homens nos séculos dos séculos fará deste mundo um lugar muito melhor para se viver. Para aqueles que discordam do valor da caridade, peço que se lembrem das vítimas de Santa Catarina, Campos e Minas Gerais, apenas para citar três catástrofes próximas no tempo e no espaço, e quero que me digam que é errado ajudá-las. Para aqueles que discordam do valor do amor universal, quero que me digam que o ódio universal é melhor do que o amor universal - isto é, que a guerra é melhor do que a paz. Eis o ponto em que Platão, Protágoras, Aristóteles, Rosseau, Kant, Hobbes e Bentham concordariam pacificamente: o homem prefere a Paz e a Caridade à guerra e à mesquinhez. Quero que aqueles que discordam da universalidade do Ensinamento de Jesus apontem os erros e os demonstrem. A mensagem da data continua, pois, a mesma: é preciso renascer.

Que a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Amor do Pai e a União do Espírito Santo estejam com todos vocês!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Balanço

Caros amigos e existentes leitores, setembro de 2008 foi um mês vergonhoso: só uma postagem...

O Profeta está vivo!

Queridos amigos e existentes leitores deste micropedacinho de papel amarelado e empoeirado afixado displicentemente nas nervuras da asa do mosquitinho preto, rajado de branco e mal-intencionado preguiçosamente pousado entre os pontos da costura em padrões losangulares do acolchoado posto como medida de segurança no lado interno das paredes do cubículo 3x3 em que seu humilde escrivinhador de fatos mais que reais foi posto à margem dos auto-intitulados sãos e normais apenas porque ele decidiu dançar como Zaratustra e falar com a Criação como fez o maior dos filhos de Assis - decisão esta tomada após contemplar a quintessência mais que real da irrealidade que está muito além da doce mas mal-articulada composição onírica que os seres adormecidos, mas que chamam a si mesmos de "sãos" e "normais", chamam de "realidade". Em primeiro lugar quero que vocês todos saibam que senti muita saudade de escrever minhas besteiras, impropérios e outras proposições destituídas de sentido para vocês, mas coisas demais aconteceram nestas quase sete semanas em que me recolhi ao silêncio contemplativo e à admiração e espanto tão preconizados pelo Filósofo. Enfim, como são questões resolvidas não pretendo encher o saco de ninguém com elas, só avisar que eu voltei e que religaram o cabo do Velox na minha celinha no hospício.
São tantas coisas que aconteceram nesse período de exílio que é até difícil comentar alguma coisa, mas o que me impressiona é como a minha bola de cristal estava afiada: praticamente tudo que eu previ que iria acontecer antes da minha sumida da realidade aconteceu. Foi o filho da puta do Crivella quebrando a cara nas eleições municipais do Rio de Janeiro; foi o viado do Washington Reis enfiando a viola no saco e vendo que contra Zito ele não tinha muito o que fazer; foi o cabaré-UERJ entrando em greve; foi a crise americana, anunciada há pelo menos dez anos e iniciada com a crise do setor imobiliário... É tanta coisa que eu me senti um estúpido por não ter escrito um livro com essas previsões e vendido para os cidadãos que costumam acreditar nesse tipo de literatura (falando de Nostradamus...).
Vamos fazer o seguinte: eu prometo atualizar a minha memória (i.e., o Tarja Preta) com as coisas que aconteceram no mundo nestas últimas semanas, mas pra isso eu preciso de tempo. Devagarzinho a gente chega lá. Um abraço pra todos vocês!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Caminho à Marília

Um caminho ensolarado, em meio a local algum
Um convite para um passeio, sem motivo nenhum
Uma espera pelo convite, vazio sem lugar nenhum
Um desejo doce pela espera, sem motivo algum

Uma perfume levado ao vento, sem rumo nenhum
Uma saudade no perfume, sem sorriso algum
Um coração para a saudade, sem conforto algum
Um corpo só na saudade, sem carinho teu nenhum

Um desejo que move o corpo, sem pudor nenhum
Um amor que motiva o desejo, sem medo algum
Uma entrega plena ao amor, sem receio nenhum

Um prazer inteiro nessa entrega, sem freio algum
Uma felicidade toda no prazer, sem pesar nenhum
Você, minha vida, na felicidade, sem erro algum

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Hai-Kai Diversos

Triste é o ofício do poeta
Pois a lágrima lhe secou
Pela pena escorre a dor

Dor no peito, dor na alma
Médico não cura
Um abraço acalma

Uma pessoa sofre
Outras assistem
As vidas seguem

Lágrima que escorre
Emoção que concorre
Alma que corre

Humano é viver
Viver é sofrer
Sofrer é humano

Alma que canta
É alma que chora
Disfarçando a dor

Mundo de sombras
Mundo de ilusões
Triste mundo

Caverna de Homens

Tristes almas que caminham pelo mundo
Vagando como sombras sem conhecer a Verdade
Acreditando piamente nas ilusões que enxergam
Sem sequer a vontade de conhecer a realidade

Seres presos ao fundo da caverna pela ignorância
Não percebem serem apenas sombras na parede
Atribuem-lhes realidade ao plano bidimensional
Por não terem por conhecimento nenhuma sede

Mas ai daquele que se liberta das suas correntes
E caminha destemido para a Verdade fora da caverna
Pois todos os sofrimentos para ele se fazem presentes

E se volta esse herói para a caverna superada
Encontra algozes em prisão de sombra eterna
Um triste fim enfim encontra para sua jornada

Testamento Poético

Em meus derradeiros momentos
Os mais verdadeiros desta vã vida
Quero ter a certeza de ter vivido bem
Ter a sensação de missão cumprida

Quero minha espada em minha mão
Lembrança das lutas e do Bom Combate
Empunhada pelas causas mais justas
Agora quieta na mão que enfim parte

Além de minha espada terei amigos
Não muitos pois que seriam nenhum
Apenas os fiéis companheiros de jornada
Se é que de verdade eu tive algum

Família é muito melhor longe
Com exceção dos que me amam
Saberei nessa triste hora quem são
Por ver os que de coração choram

Por fim quero Marília junto a mim
E que raio de morte nenhuma separe
Aquilo que neste mundo Deus uniu
Amor que não há outro que se compare

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O gato do português

Certo dia o Manoel estava sentado em seu sofá vendo sua tv quando o gato da familia começou a lhe aporrinhar, andar pra lá, andar pra cá, subir no sofá, ficar roçando. Então o portuga perdeu a paciência e disse a Maria:
- Maria não aguento mais esse felino, vou dar um fim nesse gato.
Manoel pegou o carro e saiu com o gato. Andou umas 4 quadras e deixou o bichinho, mas ao chegar em casa se depara com o gato sentado em seu sofá como se nada tivesse acontecido. Já cansado , ele vai dormir.
No outro dia bem cedo já pega o gato, anda 8 quadras, larga o gato e corre para o trabalho. Chegando lá liga pra sua casa e sua esposa atende o telefone:
- Maria? O gato apareceu por aí?

- Já Manoel, e ele tá ali sentado no sofá.
Manoel chega em casa a noite e olha para o gato e diz:
- Amanhã, seu filho de um flamenguista, eu não tenho que trabalhar. Eu vou atravessar a cidade com você!!
No outro dia Manoel, já enfurecido, cata o gato, anda 10 quadras, vira à direita anda mais 20 quadras, vira à esquerda, anda mais 5 quadras e larga o gato. Ele espera algum tempo e liga pra casa:
- Maria o gato já chegou ai?!
- Já Manoel, ta lá o danado sentado no sofá.
- Então põe o desgraçado na linha porque eu tô perdido.

Pais & Filhos

Queridos amigos e existentes leitores deste pedacinho amarelado e empoeirado de pergaminho relapsamente afixado com tachinhas de cobre nas costas de algum mosquitinho preto rajado de branco pousado languidamente sobre uma das costuras losangulares do acolchoado bege desbotado que reveste o interior da mais real das realidades isolada do resto do mundo por grades, concreto e o epíteto transcendente de "loucura" - mas que é chamada de lar verdadeiro e pátria estrelar pelo seu humilde ocupante, um simples escrivinhador de verdades verdadeiras e de coisas que são enquanto são e que não são enquanto não são e vagante anunciador da boa nova que se encerra no mistério da frase "o mundo é tudo aquilo que é o caso". Eu sei que a piada é velha, mas é boa... ela foi levantada na época da eleição de sua santidade Bento XVI para o trono papal - as semelhanças, além de óbvias, são assustadoras. Aí dia desses eu estava revirando o meu lixo eletrônico quando reencontrei essa foto e decidi compartilhá-la com vocês - que lindo, não?
P. S.: para quem não sabe, a pessoa na foto de cima é o atual papa, sua santidade Bento XVI; e a pessoa na foto de baixo é o Supremo Chanceler (posteriormente Imperador) Palpatine, também conhecido como Darth Sidious, Lorde Negro dos Sith, em seus trajes sith típicos, da série Star Wars.

domingo, 27 de julho de 2008

Four phrases

I was lurking into darkness before turn on the lights...

Where's a hole, there's a deep place.

If I am a dog I don't write these bullshits

And, the last but not the least: if you're reading until this point, then you are a crazy one like me!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Mais uma piada

Um prisioneiro consegue fugir da penitenciária depois de 25 anos preso. Ele entra numa casa e pega um casal jovem dormindo no quarto. Ele amarra o marido uma cadeira num lado do quarto e a mulher na cama do outro lado. Ai ele vai na cama e beija o pescoço da mulher. Mas de repente ele levanta e sai do quarto. O marido, falando o mais baixo possível, diz a sua bela mulher:
- Querida, este cara não vê uma mulher há anos. Eu vi ele te beijando no pescoço e depois saindo as pressas. Por favor, coopera com ele. Se ele quiser transar com você, aceite e finja que esta gostando. Mas por favor: não bata nele nem o deixe nervoso. Nossas vidas dependem disso!
- Querido - responde a mulher - ainda bem que você pensa assim. Você tá certo, ele não vê uma mulher há anos. Mas ele não estava me beijando no pescoço, ele estava sussurrando no ouvido. Ele disse que achou você lindo e perguntou se tinha vaselina no banheiro, eu disse que sim e ele foi buscar. Seja bonzinho, tá!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Piada de Padre

E na igreja do interior...

O novo padre da paróquia estava todo nervoso no seu primeiro sermão que quase não conseguiu falar. Antes do seu segundo sermão, no domingo seguinte, perguntou ao arcebispo como poderia fazer para relaxar. Este lhe sugeriu que, na próxima vez, colocasse umas gotas de vodca na água e que depois de uns goles estaria mais tranqüilo. No domingo seguinte aplicou a sugestão e rezou a missa.

Ao regressar à Paroquia encontrou uma nota do Arcebispo dizendo-lhe:

“Prezado Padre, seguem algumas observações:

- Na próxima vez, coloque gotas de vodca na água e não gotas de água na vodca.

- Não coloque limão na borda do cálice.

- O manto da imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo não deve ser usado como guardanapo.

- Existem 10 Mandamentos e não 12. Existiram 12 Apóstolos e não 10.

- Judas traiu Jesus, não o “sacaneou”. Jesus foi crucificado, não enforcado; e Tiradentes não tem nada a ver com a história.

- A hóstia não é chicletes; portanto evite tentar fazer bolas.

- Aquela ‘casinha’ é o confessionário; não o banheiro.

- Evite apoiar-se na imagem de Nossa Senhora, muito menos abraçá-la.

- A iniciativa de chamar o público para cantar foi louvável, mas fazer trenzinho e correr pela igreja foi demais…

- Água benta é para se benzer e não para refrescar a nuca.

- Nunca reze a missa sentado na escada do altar; muito menos com o pé sobre a Bíblia Sagrada.

- As hóstias devem ser distribuídas para o povo; jamais usadas como aperitivo para acompanhar o vinho.

- Procure usar roupas debaixo da batina.

- Evite abanar-se com a batina quando estiver com calor.

- Jesus nasceu em Belém, mas isto não significa que ele seja paraense.

- Numa missa não se deve fazer perguntas ao público.

- Também não se deve pedir ajuda aos universitários. Até porque eles não sabem nada.

- Quem peca é um PECADOR; não um filho da puta.

- Quem peca vai para o INFERNO; e não ‘pra puta que o pariu’.

Pelos 45 minutos de missa que acompanhei, notei essas falhas. Espero que tais falhas sejam corrigidas para o próximo domingo.

Atenciosamente,

O Arcebispo.


Ah, já ia esquecendo: uma missa leva em torno de uma hora, e não dois tempos de 45 minutos cada . E aquele sujeito sentado no canto do altar, a quem você se referiu como 'aquele traveco escroto de vestido', era eu.”

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Piada de sexo virtual

E na sala de bate-papo...

SaradaodoRJ: Oi minha gata, estou aqui para satisfazê-la.

MolhadinhaRJ: Ai, que bom. Estava tão carente... Vc tc de onde?

SaradaodoRJ: De Ipanema, e vc?

MolhadinhaRJ: Mistério...

SaradaodoRJ: Ah gata que isso, vai fazer mistério? Fala de onde vc tc..

MolhadinhaRJ: Do Rio, ora. Meu nome é MolhadinhaRJ, o que vc esperava?

SaradaodoRJ: Mas de que lugar do RJ, gata?

MolhadinhaRJ: Mistério... sou uma mulher muito misteriosa.

SaradaodoRJ: Hummm, quero desvendar todos os seus mistérios

MolhadinhaRJ: Tenho prazeres sexuais muito peculiares...

SaradaodoRJ: Como assim?

MolhadinhaRJ: Vc gosta de sadomasoquismo?

SaradaodoRJ: Que que é isso?

MolhadinhaRJ: Dar uns tapinhas, levar uns tapinhas.

SaradaodoRJ: Lógico! Tem seda aí?

MolhadinhaRJ: Não é esse tipo de tapinha, gato. Tapa na cara, me dar na cara, levar na cara. Vc gosta?

SaradaodoRJ: Vc gosta de levar porrada?

MolhadinhaRJ: Humm, adoro levar uns tapinhas na cara.

SaradaodoRJ: Então toma, sua puta

MolhadinhaRJ: Hummm, assim eu vou gozar...

SaradaodoRJ: Toma, pá pá pá pá

MolhadinhaRJ: Pára, pára pelo amor de Deus, assim não

SaradaodoRJ: Ué, como assim? Não era o que vc queria?

MolhadinhaRJ; Não, é que esse pápápápá é horrível. Parece tiro

SaradaodoRJ: Então como é que eu vou fazer o barulho, porra? Paf, soc, tum, pou!

MolhadinhaRJ: Cacete, isso aqui não é desenho do Batman, escreve alguma
coisa sensual

SaradaodoRJ: Como é que eu vou ser sensual dando porrada?

MolhadinhaRJ: Faz o seguinte, não escreve nada, só bota assim "tô batendo", sei lá

SaradaodoRJ: Tá, então toma sua puta, tô batendo

MolhadinhaRJ: Aiii, bate mais, dá na cara, me chama de cadela, de vagabunda

SaradaodoRJ: Cadela, vagabunda, toma, toma, tô batendo

MolhadinhaRJ: Ai, isso, vai, bate, me soca

SaradaodoRJ: Soco? Mas vai te machucar, eu luto jiu-jitsu

MolhadinhaRJ: Aiiiiii, que gostoso! Deve ser uma montanha de músculos....

SaradaodoRJ: Sim, sou 100 quilos de puro músculo

MolhadinhaRJ: Então me dá um mata-leão meu jiujiteiro, me joga no chão, me faz dar soquinho no tatame, meu totoso

SaradaodoRJ: Tô te socando, te enfiando a porrada, sua vagaranha! Tô batendo!

MolhadinhaRJ: Então me joga no chão e me põe de quatro, tesudo!

SaradaodoRJ: Fica de quatro, vagaba. Geme, grita, goza! Sua puta Tô batendo!

MolhadinhaRJ: Quero que me meta...

SaradaodoRJ: Tô batendo.. digo, tô metendo...

MolhadinhaRJ: quero que vc pegue uma vassoura de piaçava e enfie em mim...

SaradaodoRJ: O q?

MolhadinhaRJ: É isso, mete, vai

SaradaodoRJ: Mas tem que ser de piaçava? Não serve de outro material?

MolhadinhaRJ: Não, tem que ser de piaçava, senão eu não gozo!

SaradaodoRJ: Bom, se é isso que vc quer... Pronto, tô metendo...

MolhadinhaRJ: Mete, mete ela todinha

SaradaodoRJ: Vc gosta disso?

MolhadinhaRJ: Sim, agora tira ela

SaradaodoRJ: Pronto

MolhadinhaRJ: Tô imaginando vc pegando graxa, passando na vassoura e metendo ela em mim...

SaradaodoRJ: Escuta aqui, vc é maluca?

MolhadinhaRJ: Sim, sou louca, tarada, doida, aiii, mete, vai

SaradaodoRJ: Tá bom, tô metendo.

MolhadinhaRJ: Isso, rebola com a vassoura dentro de mim, vai, e mete...

SaradaodoRJ: Tô rebolando, metendo, botando, tá gostoso?

MolhadinhaRJ: Muito, ahhnnnn. Agora faz o seguinte...

SaradaodoRJ: O quê? Tira a vassoura e enfia pelo lado da piaçava?

MolhadinhaRJ: Não, pega seu pau e encosta no monitor...

SaradaodoRJ: O QUÊ?

MolhadinhaRJ: É isso mesmo, bota, vai, que eu vou subir em cima do monitor e me esfregar todinha nele...

SaradaodoRJ: Mas é assim que se transa pela internet?

MolhadinhaRJ: É assim que eu gosto... Vai, encosta e toca uma punheta pra mim

SaradaodoRJ: Mas eu vou esporrar meu computador todo

MolhadinhaRJ: Eu também vou deixar o meu molhadinho, vai, encosta...

SaradaodoRJ: Tá bom, eu estou com a cabecinha dele encostada no monitor

MolhadinhaRJ: Aiiii, hummmm, que delícia

SaradaodoRJ: Como é que vc está conseguindo bater no teclado?

MolhadinhaRJ: Ahnnnn, devd aatar sanndo tdo erasdfo ms fdd d=se

SaradaodoRJ: O QUÊ?

MolhadinhaRJ: Ajjjjh v gozoar

SaradaodoRJ: Puta merda

MolhadinhaRJ: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

SaradaodoRJ: Gozou?

MolhadinhaRJ: Não, caí no chão

SaradaodoRJ: AHH, PUTAMERDAAAAAA! ESSA MULHER É DOIDA!

MolhadinhaRJ: Calma, meu jiujiteiro... ai, foi tão gostoso

SaradaodoRJ: Escuta, vc não prefere fazer isso ao vivo?

MolhadinhaRJ: Claro, gostoso, vem me pegar e vamos foder a noite inteira

SaradaodoRJ: Tá bom, finalmente vou saber onde vc mora. Onde é?

MolhadinhaRJ: Em Ipanema, na Vinicius de Moraes

SaradaodoRJ: Mas é aqui do lado, eu moro na Prudente

MolhadinhaRJ: Que bom, então vem pra cá agora. Eu moro no 3456

SaradaodoRJ: Que coinci dência, minha avó paterna mora nesse predio. Conhece a dona Célia?

MolhadinhaRJ: Renatinho??

SaradaodoRJ: VOVÓ????

domingo, 13 de julho de 2008

Canção do Caminho do Amor

Em cantar os versos da Primeira Canção
É preciso lembrar sempre de quem se canta
Pois certas rimas não podem ser ditas aqui
Apenas aquelas nas quais o coração encanta

Tomo algumas linhas para dizer novos tons
Expressar em parcas palavras o ar dela
Aquela pras quais os poetas do Amor sonham
Mas poucos vislubram sua face tão bela

Não falo das pobres e vazias formas humanas
Essas que se esvaem com o evanescer da vida
Falo do que há de sublime no ser da alma
Aquilo que finalmente adentrou minha ermida

Liberdade apenas para quem sabe o que é Amor
E Amor é amor às verdadeiras grandes belezas
Aquelas que elevam à alma o sabor do Paraíso
Revelando ao amante todas as suas grandezas

Mas eis que se envereda por solitária estrada
Aquele que por esta via decide deixar passos
Conhece apenas as dores da distância do leigo
Sabe os duros aromas conhecidos nos percalços

Ao longo da estrada se por ela quer perseverar
Encontra o caminhante muitas esquinas a seguir
Vai o são em frente pela via estreita e reta
Os tolos dobram as curvar para no Abismo cair

Como prêmio encontra o amante sua doce Marília
Companheira dedicada nesta tão longe estrada
Caminharão firmes pela via que sobe aos Céus
Saberão juntos a conquista magna tão desejada

Vivo hoje como peregrino do Amor em jornada
Junto ao anjo santo de tristes sonhos azuis
Indo com ele na trilha dos bem aventurados
Na felicidade do casamento que brilha e reluz

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Purgatório

Canto I

Caminho entre mil sombras de vida
Todas com a temível pretensão de verdade
Minha mente tomba cansada a cada passo
Terrivelmente exausta dessa superficialidade

Não há repouso para os sinceros de coração
Para os que foram amaldiçoados com o pensar
Somos todos esmagados pela vã futilidade
Em nossas almas habita só o mais puro pesar

Eis, oh poetas, nossa amarga sina de vida
Cantamos a verdade para surdos que não vêem
Tal como a doce ave que voa por ter que voar
Falamos de Deus e nossos ouvintes não O crêem

Canto II

Não existe consolo para nossas pobres almas
Nem mesmo nossa Berenice pode nos alegrar
Condenados como estamos a vagar entre as sombras
Cantando-lhes a Luz sem nunca lá poder estar

A solidão é para nós a mais justa das pagas
Culpados como somos pelo crime da total diferença
Não nos comportamos como nenhuma das sombras
E por isso todas elas fogem de nossa presença

Nem mesmo no Amor, nosso único leal amigo
Encontramos afagos para as dores de nossa vivência
Mas devemos ainda assim cantá-Lo, oh poetas,
Pois só n'Ele encontramos um Ser para a existência

Canto III

Existe porém, oh poetas, dor maior que a solitude
Essa má companheira que pelo menos nos inspira
Como uma cruel amante nos derruba em prantos
E se compraz na alma copisoa que triste suspira

Não, oh poetas - existe dor muito maior que ela:
Sangram as almas pela dor de amar e estar só
Longe da bela Marília apresentada a ti pelo leal Amor
Eis a suprema das dores e não existe outra maior

Guardem bem estas palavras, amogis no pranto,
Pois todos nós bem conhecemos e vivemos essa dor:
Em nossa solitude consiste nossa amarga pena
Mas talvez por isto tenha o Amor te eleito Seu cantor

Canto IV

Mas mesmo que estejamos imersos em tanta tristeza
E condenados ao mais profundo dos infernos d'alma
Ainda assim encontramos na amada boa Marília
Conforto para esta caminhada e carinho em sua palma

Aviso-nos, oh poetas: jamais nos deixarão amar
As sombras ambargarão todas as nossas felicidades
E tentarão arrastar-nos para seu mundo insosso
Prendendo-nos como esquizofrênicos em suas cidades

Eis a doce ironia de nossos cantos, oh poetas
Porém é por esta ironia que devemos tentar viver:
Lutaremos contra as sombras e seus cães psicólogos
Encontraremos nossas Marílias para felizes enfim Ser

Canto V

Persisti, oh poetas, porque a busca por Marília é justa:
Apenas com a ajuda do leal Amigo Amor veremos Deus
Nossas Canções enfim serão ouvidas pelas sombras cegas
E elas compreenderão nossos sentimentos como seus

Apenas assim poderemos nos elevar para mais além
Deixando este corpo prisão para as sombras que o querem
Pelo Amor e com Marília deixaremos as dores aqui
Sairemos por nós do purgatório sem nos libertarem

Teremos na liberdade a paz que tanto sonhamos
E em nossas Canções enfim de Amor falaremos
Livres das sombras e da obrigação de ensiná-las
Neste derradeiro sublime momento para a Luz iremos

quarta-feira, 9 de julho de 2008

4. Questão da Mente

Se os predicados que definem o ser humano é ser capaz de linguagem e ser pensante - mais precisamente, ser capaz de linguagem de homem, posto que diversos animais apresentam alguma forma de comunicação entre si; e ser capaz de pensar em linguagem de homem, posto que é preciso que, para se comunicarem, os animais pensem de alguma maneira; e estou usando a expressão "de homem" com o mesmo sentido atribuído pelo vulgo à palavra "humano" -, torna-se evidente que o que permite a ele ir além do homem é a linguagem de homem. Se é por meio da linguagem que o ser humano vai além do homem, é preciso que exista no ser humano uma estrutura não existente no homem e que permita ao ser humano usar a linguagem de homem. Como a capacidade de pensar não pertence ao homem, mas apenas ao ser humano, tal estrutura deverá necessariamente estar alojada no pensamento. Então, temos que a primeira estrutura determinante do ser humano não é a linguagem de homem, mas o pensamento de homem - posto que a linguagem de homem desta se deriva. Sendo assim, é preciso determinar onde se encontra essa primeira estrutura determinante do ser humano - o pensamento de homem - em sua constituição lógica, e esse lugar é a mente. Ao privarmos um ser humano de sua mente privar-lo-emos de sua capacidade de pensamento de homem, e a implicação disto é que na mente reside o pensamento de homem. Se na mente reside o pensamento de homem e este tipo de pensamento é a primeira estrutura determinante do ser humano, então a mente é aquilo de mais fundamental que caracteriza o ser humano - a substância humana, por assim dizer. Assim, podemos definir o ser humano como ser dotado de mente.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Coletâneas de Frases e Pensamentos do grande Bob Marley

“Há pessoas que amam o poder, e outras que tem o poder de amar.”

“Unidos venceremos. Divididos, cairemos.”

“Não tenho religião eu sou o que sou. Eu sou um Rastafari… E isso não é religião, isso é vida.”

“Bob Marley não é meu nome. Eu nem mesmo sei meu nome ainda.”

“Não sou nenhum anjo. Sou filho da vida.”

“Queria ser um baseado para nascer em seus dedos, morrer em seus lábios e fazer sua cabeça.”

“Veja-os lutando pelo poder, mas eles não sabem a hora de parar. Então eles subornam com seu dinheiro e suas armas.”

“Não esqueças tua história nem teu destino.”

“Dizem que o sol brilha para todos, mas para algumas pessoas no mundo ele nunca brilha.”

“O homem quando bebe álcool, afia uma faca e mata. Mas quando fuma erva ele afia uma faca e diz: Deixa, a vida mostrará a ele.”

“O reggae não é pra se ouvir é pra se sentir. Quem não o sente não o conhece.”

“Acredito na liberdade para todos; não apenas para os negros.”

“Eu olho para dentro de mim, e não me importo com o que as pessoas fazem ou dizem. Eu me preocupo só com as coisas certas.”

“O sonho de um careta é a realidade de um maluco.”

“Quando eu morrer todos vão chorar, todos vão sofrer. Mas um louco fazendeiro me transformará em um lindo pé de maconha. Passará por mim me comprará, me fumará. E verá que mesmo depois de morrer, continuo fazendo a cabeça.”

“Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes.”

“Não quero lutar não cara, não com canhões. Devo brigar por meus direitos. Meus direitos devem vir para mim. Você defende seu direito, sua razão.”

“Quando morrer, quero ser cremado para que minhas cinzas alimentem as ervas, e as ervas alimentem a mente dos loucos. Loucos como eu.”

“Todo homem tem direito de decidir seu próprio destino.”

“Enquanto houver homens de primeira e segunda categoria, eu seguirei gritando guerra.”

“Se você ouve reggae e não se mexe, então você está morto.”

“Os homens pensam que possuem uma mente, mas é a mente que os possui.”

“Se você obedece todas as regras, acaba perdendo a diversão.”

“Supere os demônios com uma coisa chamada amor.”

“Meu lar é sempre onde estou. Meu lar está na minha mente. Meu lar são meus pensamentos.”

“Meu lar é pensar as coisas que eu penso. Esse é meu lar. Meu lar não é um lugar material por ai… meu lar está na minha mente.”

“Eu não gosto de políticos, minhas músicas têm tudo a ver com o bem e a verdade.”

“As letras das músicas podem ensinar algo às crianças. Não é apenas diversão. Você não vai conseguir divertir uma pessoa que está com medo ou com fome.”

“Quantas mortes mais serão necessárias para dar-nos conta de que já foram demasiadas.”

“A política só serve para dividir o povo. É uma bobagem, pois faz o povo confiar em um homem, que não pode fazer nada por nós. Se você não tiver sua vida, você não tem nada. Por isso até os políticos devem achar um rastafari.”

“Queria que o mundo se acabasse em chamas, para eu acender meu último baseado.”

“Quando os negros se unirem, os brancos e os chineses também o farão. Mas é preciso que os negros façam isso primeiro.”

“Nós nos recusamos a ser quem vocês queriam que fôssemos, somos o que somos.”

“O governo transfere para o povo toda sua fúria e sofrimento.”

“Não preciso ter ambições. Só tem uma coisa que eu quero muito: que a humanidade viva unida… negros e brancos todos juntos.”

“Muitas pessoas pensam que a vida é um sonho, assim elas só pioram as coisas. Muito tem sido dito e pouco realizado. Eles ainda estão matando. Matando nossos profetas, e se divertindo. Se divertindo muito.”

“O reggae não é para ouvir, é para sentir.”

“A vida é para quem topa qualquer parada, e não para quem pára em qualquer topada.”

“Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos.”

“As guerras seguirão enquanto a cor da pele for mais importante do que a cor dos olhos.”

“Quando eu lembro do estalar do chicote, meu sangue corre gelado, lembro do navio de escravos, quando brutalizavam a minha alma.”

“Já estive aqui antes e voltarei outra vez, mas não terminarei esta viagem.”

“Deus me enviou à terra com uma missão. Só Ele pode me deter, os homens nunca poderão.”

“Para que os olhos verdes, se posso tê-los vermelhos. E se o vermelho de meus olhos vem do verde da natureza.”

“O reggae é a música do povo, ela fala dos acontecimentos… mas não de um ponto de vista histórico. Fala de coisas que não se aprende na escola.”

“Enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior o mundo estará permanentemente em guerra. É uma profecia mas todo mundo sabe que isso é verdade.”

“Quanto mais pessoas fumarem erva, Mais a Babilônia cai.”

“Minha música é contra o sistema, a favor da justiça. É contra as regras que dizem que a cor de um homem lhe decide o destino. Deus não fez regras sobre a cor.”

“O rastafari é um revolucionário. Não se intimida, não aceita ser comprado. Ele luta sozinho com sua música.”

(Diretamente chupinhado de http://www.netfrases.com/frases-e-pensamentos-de-bob-marley.html)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Coisas que eu não entendo...

Caríssimos amigos e existentes leitores deste pequeno pedacinho de informativo afixado nas asas de um mosquitinho qualquer rajado de branco pousado inocentemente em uma das costuras do acolchoado que separa o mundo chamado pelos adormecidos de “realidade consensual” da loucura mais-que-real experimentada diariamente pelo seu cronista de plantão, a dançar como Zaratustra a buscar o Übermensch. Dia desses eu estava passando na porta de uma igreja presbiteriana e recebi um folheto com a Afirmação de Fé deles. Parei para ler, e as semelhanças com a Profissão de Fé católica me assustaram um pouco – afinal, eles são, por definição, protestantes porque protestaram contra a Santa Madre Igreja. Para os senhores, deixo as duas – a Profissão de Fé católica e a Afirmação de Fé presbiteriana – para comparação (e para o entendimento dos meus leitores):

Credo Católico (Profissão de Fé, Símbolo Apostólico)
Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do Céu e da Terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu a mansão dos Mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna.

Afirmação de Fé Presbiteriana (“Credo” Apostólico)
Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único filho, nosso senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu em Hades [nota: cristão falando em Hades?], ressurgiu dos mortos ao terceiro dia, subiu ao céu, onde está assentado à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa igreja de Cristo, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna.

Abraços para os bons entendedores!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Under Skies of Blue*

My life is boring
And my music's the worst
I have nothing of me
I'm inside in the beast

My lil' tale started
When I meet you
Under clouds of white
And skies of blue

I was just a musician
And you was the goddess
Fillin' my lone heart
With song and happiness

Chorus (2x)
But you trapped me
Under the skies of blue
Now I'm your prisioner
And I have no future

You don't let me free
I lie down on my darkness
There's no song for me
Under the clouds of happiless

I find myself
Inside cages of love
There's no clue to exit
Neither hint to move

I'm nothing more
I have no song for you
You caught me in love
Under skies of blue

Chorus (2x)

* Caríssimos amigos e existentes leitores desta bodeguinha afixada nas asinhas do mosquitinho rajado de branco pousado languidamente em algum lugar das costuras do acolchoado interno desta microrrealidade pressuposta em alguma transcendência da imanência do tecido fragmentado da existência pseudo-real chamada pelos entes a ela externos como "realidade consensual" - mas por seu humilde habitante e redator desta Acta Diurna conhecida como "meu tenro lar". Eu estou escrevendo em inglês não é para me exibir não, mas sim porque eu penso que só se pode compor blues em inglês. Under Skies of Blue foi composto para saxofonista solitário, que se alternará entre o canto e a melodia. Se alguém achar a música interessante pode gravá-la, desde que os créditos (e algum dinheiro) sejam dados à minha pessoa, também conhecida como o compositor dessa caceta.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O Um Anel

Três Anéis para os Reis-Elfos sob este céu,
Sete para os Senhores-Anões em seus rochosos corredores,
Nove para Homens Mortais, fadados ao eterno sono,
Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.
Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los,
Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.

domingo, 18 de maio de 2008

3. Questão do Homem e do Ser Humano

Minha presente reflexão deve ser tal que, por si só, justifique todo o método de análise empregado nas minhas futuras reflexões. Com efeito, não posso ignorar um fato gritante em meus estudos, fato esse que certamente vale uma reflexão — e não qualquer reflexão, mas a primeira e fundamental, sobre a qual tentarei erguer todo o edifício de minhas idéias —, uma análise e um estudo o mais aprofundado quanto minhas capacidades me permitirem: não há a compreensão de nenhum fenômeno — e sequer eles podem ser dar a desvelar a um observador — que não seja pela via da consciência. Não falo de consciência como o cristianismo, mas falo de um outro tipo de consciência, mais elevada, limpa, pura, perfeita: o humanitas, o ser-além-humano.

Vamos começar esta análise pelo mais básico e fundamental; de fato, antes da consciência, devemos comentar um pouco nos efeitos que a falta dela provoca na humanidade. Antes de tudo, devemos procurar entender o que é a humanidade, e como se deve entender a palavra consciência no contexto deste escrito. Não pense que, com humanidade, eu estou falando da espécie humana como um todo, isto é, da criatura biológica, do animal Homo sapiens sapiens que rasteja pela superfície deste planeta há pelo menos dez mil anos. Não, não — seria um conceito muito pobre de "humanidade" para se ter... Eu raramente falo em termos corporais — eu quero apenas as melhores coisas, e o físico, o visível, é uma mera sombra do que há realmente de melhor (como diria Platão). Mas, então, o que seria "humanidade"? Se eu não falo do corporal, do físico, então o que ela seria para mim?

Essa questão é um pouco complicada para se por em palavras, embora ela tenha uma resposta muito simples. Ao desconsiderar a definição biológica do termo, eu recorro a uma das definições filosóficas de "humanidade" — "humanidade" como sendo um atributo mental. Em poucas palavras (e, como é comum a estas, insuficientes), a "humanidade" é aquilo que faz do homem ser humano. Mas, como eu disse anteriormente, poucas palavras são insuficientes para esta definição — é preciso saber agora o que é ser humano. Chamo à atenção o fato que não uso a expressão ser humano com o mesmo sentido que o vulgo usa — para este, a expressão é um mero sinônimo de "homem"; para mim, significa algo muito maior... Lembremos que a opinião do vulgo sobre o significado das palavras deve-se ao seu natural desconhecimento das coisas e como estas se dão a conhecer. Cego e desorientado pelas trevas em que vive, o vulgo nada mais faz que não seja prender-se às falsas aparências...

Pense comigo: quando falamos que uma pessoa é um médico, por exemplo, associamos a ela todos os atributos que se relacionam a um médico (a saber: conhecimento das doenças, do corpo do homem, e tantos outros atributos). Assim, podemos falar que ser médico é ser associado com todas essas características relacionadas a um médico, e que ser médico não é um nome (isto é, um agente ou uma coisa da qual se fala), mas um predicado (isto é, uma característica ou uma ação feita por um coisa) — associa-se um nome (geralmente uma pessoa) ao predicado ser médico, como, por exemplo, "Fulano é médico" — que se associa a nomes. Transportando o raciocínio ao ser humano, temos que não se trata de um nome composto (isto é, mais de uma palavra que pode fazer a função de um nome), mas de um predicadoser humano). que precisa de um nome para lhe conferir significação (isto é, para dizer quem desempenha a ação de

Mas, se ser humano é um predicado, e um predicado dá uma característica ou uma ação feita por alguma coisa, é lícito perguntar a que característica ou que ação ser humano se refere. Voltemos ao exemplo do médico. Quando nos referimos ao predicado ser médico, estamos nos referindo a uma ação desempenhada por um nome (o nome ao qual será relacionado o predicado ser médico) e a uma série de características associadas ao nome médico por outros predicados (ser conhecedor das doenças, ser conhecedor do corpo, etc.) e, que por meio do predicado ser médico, são associadas a outros nomes. Pois bem, de maneira análoga infere-se que o predicado ser humanohumano — pois, quando dizemos "Fulano é humano", associamos todas as características do nome humano (que foram associadas a este por outros predicados) ao nome Fulano, não importando quais sejam as características associadas ao nome humano. associa a um nome as características associadas ao nome

Parece que com isso chegamos a um dos pontos centrais da questão — que predicados são associados ao nome humano? Ou, que atributoshumano? Devemos, antes de qualquer coisa, distinguir claramente a que coisa queremos nos referir quando empregamos o nome humano — e tenha certeza que não chegaremos à mesma conclusão do vulgo aqui! Poderemos mais uma vez recorrer a poucas palavras e afirmar — humano é aquilo que está acima e além do homem —, mas ficaríamos na mesma — o problema, que era um, tornou-se dois, a saber: a que coisa se refere o nome homem, e de que maneira a coisa a que se refere o nome humano está acima e além daquela coisa a que se refere o nome homem. Mas, creia-me ainda que precisaremos escavar mais ainda nesta problemática, e temo que, realmente, devamos ficar com as poucas palavras e aceitar a divisão do problema. A outra hipótese — supor o significado do nome homem e a partir daí continuar a análise — não será usada devido ao desejo de rigor, necessário a quem se propõe a refletir. Tomarei então as duas questões levantadas como sendo fundamentais para a análise que procedo — a saber, a que coisa se refere o nome homem e de que maneira a coisa a que se refere o nome humano está acima e além da coisa a que se refere o nome homem. podemos associar ao nome

A que coisa se refere o nome homem é uma das poucas respostas para as quais umas poucas palavras bastam bem. Homem, ou criatura-homem, é o animal, o ser físico-biológico ao qual os cientistas chamam de Homo sapiens sapiens. Portanto, o nome homem se refere à criatura bípede, potencialmente onívora, capaz de locomoção, respiração, reprodução... e todos os outros atributos que se podem associar a esse animal — basta olhar de si para si com olhos críticos e aqueles serão encontrados. Percebam que a capacidade da linguagem e o pensamento (ou melhor, os predicados ser capaz da linguagem e ser pensante) devem ser deixadas de fora nesse estágio — elas não são características puramente animais para se enquadrarem no nome homem, e sim prenúncios do que está por vir ainda. O nome homem designa pura e simplesmente o ser animal, que satisfaz apenas suas necessidades animais e todas as outras complementares a estas. Aliás, o predicado ser animal é predicado do nome homem — o que implica no caráter pré-pensamento e pré-linguagem em que a coisa a que se refere o nome homem está.

Precisamente, o nome homem, por estar associado ao predicado ser animal, tem todas as características desse predicado e — por estarmos definindo a coisa a que o nome homem se refere como sendo o animal físico-biológico — e nenhuma característica a mais vinda de outros predicados — isso é bem intuitivo, mas ainda assim a podemos explicar. A definição da coisa a que o nome homem se refere restringe-se a duas palavras apenas: "animal" e "físico-biológico". Descartemos a última, por ser um adjetivo da primeira — e adjetivos só dizem das palavras às quais se ligam um dos modos como estas aparecem —, e ficamos com um único nome — o nome animal. Assim, pela definição, apenas as características do nome animal podem ser associadas ao nome homem, e nenhuma característica que não seja associada ao nome animal pode ser associada ao nome homem — pois, de fato, apenas o nome animal se liga ao nome homem por meio do predicado ser animal.

Cumprida a tarefa de definir a que coisa se refere o nome homem, podemos então passar para a próxima questão — como a coisa a que se refere o nome humano está acima e além da coisa a que se refere o nome homem. Recapitulemos aqui que a coisa a que se refere o nome homem não passa de mais um animal entre tantos, indistingüível dos outros a não ser pelo seu nome e pelos seus predicados, e que excluímos os predicados ser capaz da linguagem e ser pensante da lista dos predicados associados ao nome homem — pois de fato, o nome homem não os têm. Agora cabe a pergunta: por que separamos esses dois predicados dos demais? Por que esses predicados não são predicados associados ao predicado ser animal, e, por isso, não podem ser associados ao nome homem, conforme demonstramos anteriormente. Mas isso ainda não responde a questão proposta.

O nome homem se refere a uma coisa com predicados específicos e que lhe são próprios. Por meio desses predicados, a coisa a que se refere o nome homem se torna distinta de todas as outras coisas que não são sinalizadas pelo nome homem. Agora, se associarmos predicados ao nome homem, deixaremos de nos referir à coisa sinalizada pelo nome homem, mas estaremos nos referindo a uma coisa completamente distinta — estaremos obtendo uma coisa além daquela a que se refere o nome homem, pois essa nova coisa nada mais é do que a coisa a que se refere o nome homem acrescida de novos predicados. Mas isso, por si, não responde a questão, ainda.

E se a coisa gerada pela adição de novos predicados à coisa a que se refere o nome homem for, em alguma instância — não devemos entrar ainda na questão sobre que instância —, melhor — não importando que características contenha esse predicado — do que a coisa original, é lícito afirmar que a coisa gerada é melhor do que a coisa geradora. Sendo lícita tal afirmação, poderemos ainda afirmar — a coisa gerada é mais melhor do que a coisa geradora — se com isso se desejar dizer que ambas as coisas podem ser predicadas com o predicado melhor, mas uma delas em maior grau do que a outra — uma comparação simples, como aquelas que até as crianças entendem. Ao afirmar — a coisa gerada é mais melhor do que a coisa geradora —, pode-se licitamente afirmar — a coisa gerada participa do predicado melhor pelo menos em um grau acima do da coisa geradora.

Atenção — em momento algum eu disse que características o predicado melhor transmite aos nomes com os quais se relaciona! Isso é importante, pois mostra que essa derivação é válida para quaisquer características que venham a ser transmitidas pelo predicado melhormelhor transmite aos nomes com os quais ele se relaciona — pois o fato de uma coisa estar um grau acima da outra se deve à relação que elas mantém entre si e com o predicado melhor, e não ao significado deste. Melhor pode ser inclusive um predicado vazio (isto é, um predicado que não transmite nenhuma característica aos nomes com os quais se relaciona), que o afirmado anteriormente ainda se verificará. aos nomes com os quais ele se relacionar. Não importa, em hipótese nenhuma, que características o predicado

A questão agora é identificar qual dos dois nomes — homem ou humanomelhor. É claro que temos interesse que tal identificação seja feita desconsiderando toda e qualquer característica do predicado ser melhor, pois assim garante-se a universalidade da análise — os particulares não interessam aos grandes de espírito. E, para tanto, dependeremos da relação que os nomes homem e humano guardam não apenas com o predicado ser melhor, mas também com o predicado ser superior — que intuitivamente perceberemos, caso estejamos realizando este pequeno estudo com a devida seriedade, é um predicado equivalente ao predicado estático, ou o predicado de estado, estar acima — e, portanto, desvendar como os nomes homem e humano se relacionam com o predicado ser melhor é desvendar como esses nomes se relacionam com o predicado estático estar acima. — participa em maior grau do predicado

Quero, neste ponto, incluir um pequeno comentário acerca dos dois tipos de predicados com os quais estaremos lidando a partir deste ponto de nosso estudo. Podemos facilmente perceber que já na estrutura formal esses dois tipos se diferenciam: um deles se constrói em torno do verbo ser, e o outro, em torno do verbo estar. Mesmo lingüisticamente falando existe uma sensível diferença entre o significado principal desses verbos, como, aliás, todos nós sabemos: o verbo ser é usado para expressar identidades (chama-se aqui identidade toda e qualquer oração que possua a estrutura formal S é P, identificando todos os instantes de um sujeito, ou nome, S a um predicado P), enquanto o verbo estar é usado para expressar estados (chama-se aqui estado toda e qualquer oração que possua a estrutura formal S está P, associando um predicado P a um instante do sujeito, ou nome, S). O verbo ser, portanto, identifica um predicado a um sujeito, ou diz que determinado sujeito S tem em si o predicado P. Já o verbo estar não traça essa identidade, mas compara um determinado aparecer do sujeito S ao predicado P. Chamemos os predicados que possuem a forma ser P de predicados identificadores (ou de identidade), e os predicados que possuem a forma estar P de predicados estáticos (ou de estado).

Postas essas considerações, podemos aprofundar nosso nível de investigação. Se estar acima é um predicado estático, podemos inferir facilmente — mas com o mais profundo equívoco que o céu e a terra jamais viram — que os dois nomes, homem e humano, participam ora em mais grau desse predicado, ora em menos. Isso significaria dizer que poderemos ter ora o nome homem participando mais do predicado estar acima que o nome humano, ora o inverso. Mas neste caso em questão não estamos habilitados a fazer essa simples redução, pois não ainda refletimos sobre a equivalência entre o predicado estático estar acima e o predicado identificador ser superior.

Devemos detalhar um pouco essa equivalência. É imediatamente óbvio que o predicado estar acima associando um instante do predicado ser superior a um nome, enquanto o predicado ser superior associa todos os seus instantes ao nome com o qual se relaciona. Intuitivamente se chega a uma espécie de escalonamento entre esses dois predicados da ordem de abrangência, ou, em outras palavras, o predicado ser superior é mais abrangente que o predicado estar acima. E todo o diferencial deste ponto do estudo é essa questão da abrangência. Pois, se há uma equivalência entre esses dois predicados, ela não se processa no campo da abrangência e, por conseguinte, nenhuma redução como a exposta acima poderia funcionar.

Tal equivalência se perde também no domínio do tempo, pois enquanto o predicado estático estar acima se refere a um determinado instante do nome, o predicado identificador ser superior se refere a todos os instantes do nome. Se voltarmos à definição de predicado estático e predicado identificador, perceberemos que o exposto acima é tão intuitivo que sequer precisaria ser dito, mas, por mero critério de clareza, retomo aqui esse ponto. Quando se diz que um predicado estático associa um predicado a um determinado instante de um sujeito, significa dizer que para aquele instante no qual se faz a predicação o predicado está associado ao sujeito. Não há nenhum compromisso com nenhum instante que não seja o dado instante no qual se faz a predicação. Já o predicado identificador associa o predicado a um sujeito de tal forma que a predicação é válida para todos os instantes válidos para uma predicação.

Percebemos, então, que a equivalência não se processa no domínio da abrangência, tampouco no do tempo. Mas, afinal, de qual forma se dá essa equivalência? Se nos lembramos bem de nossas primeiras reflexões neste texto, os predicados associam características aos nomes. Pois bem, se a equivalência não se processa no domínio do tempo nem no domínio da abrangência, resta a essa equivalência processar-se no domínio dos conteúdos dos predicados. E então chegamos a um ponto que, intuitivamente, percebe-se a equivalência entre eles realiza-se justamente nesse domínio. Mas é igualmente intuitiva a percepção de que a equivalência entre esses predicados realiza-se apenas nesse domínio e em nenhum dos outros dois domínios analisados aqui. Portanto, concluímos que a equivalência entre esses predicados se limita ao conteúdo dos mesmos.

Posto isso podemos continuar a análise a que nos propomos antes dessas definições, a saber, como os predicados ser homem e ser humano se relacionam com o predicado ser superior. Concluímos antes que a coisa gerada participa do predicado ser melhor em pelo menos um grau acima da geradora, e também concluímos que o predicado ser homem pode gerar um predicado que esteja além dele e, portanto, participa em pelo menos um grau acima do predicado ser melhor. A questão que se segue, depois dessas considerações, é saber se é possível gerar algum predicado novo a partir do predicado ser homem.

Lembremos que existem dois predicados que não parecem estar relacionados com o predicado ser homem: os predicados ser capaz de linguagem e ser pensante. Conforme exposto anteriormente, o predicado ser homem é gerado imediatamente do predicado ser animal e parece, por esse mesmo motivo, estar no mesmo patamar de predicados como ser porco, ser peixe ou outros predicados dessa linha. Como é empiricamente factual que aos nomes relacionados a esses predicados não se associam os predicados ser capaz de linguagem e ser pensante forçosamente se conclui que esses predicados não podem ser associados a outros predicados que estejam neste nível ainda.

Nada, porém, impede que esses dois predicados possam ser associados a outros, gerando assim predicados que estejam além, e participem em pelo menos um grau a mais do predicado ser melhor, dos predicados originais. Em outras palavras, é possível gerarmos a partir de um predicado qualquer um outro que participaria em pelo menos um grau a mais do predicado ser melhor e esteja além do predicado original acrescentando a este os predicados ser capaz de linguagem e ser pensante. Percebamos que esses predicados poderiam ser associados a qualquer outro predicado pré-existente — mas por algum mero acaso esses predicados foram associados ao predicado ser homem, gerando assim um predicado além e pelo menos em um grau melhor do que ser homem.

Pensemos agora: como poderíamos caracterizar precisamente o predicado ser humano? Mais precisamente, o que diferencia esse predicado dos demais? Pensemos, e fatalmente chegaremos à mesma conclusão que outros pensadores antes de mim já chegaram: são justamente os predicados ser capaz de linguagem e ser pensante. Para quem quiser se certificar disso basta que leia com atenção clássicos como Aristóteles, Descartes e outros dessa linha. Portanto o predicado ser humano é gerado a partir do predicado ser homem, ao se acrescentar a este os predicados ser capaz de linguagem e ser pensante. Pelo que já demonstrei anteriormente, é forçoso que o predicado ser humano esteja além do predicado ser homem e que participe aquele do predicado ser melhor em pelo menos um grau a mais do que este, e portanto tem-se demonstrado o significado do predicado ser humano, conforme se queria demonstrar.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Pequenas Considerações sobre a Nossa Educação e sobre as Políticas de "Formação" de Professores na Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Caríssimos amigos e existentes leitores deste pequeno pedacinho de chão em um céu virtual escondido debaixo do mosquitinho preto rajado de branco pousado entre as dobras do tecido acolchoado plasmado na imanência das paredes transcendentes de um quarto estabelecido na linguagem daqueles que acreditam na chamada realidade consensual e a ela dão suporte como "apartamento em clínica de repouso" - mas pelo seu morador permanente chamada simplesmente de "casa". Dia desses seu cronista virtual realmente insano vestiu sua melhor camisa de força e decidiu dar umas voltas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro para assistir algumas aulas na Faculdade de Pedagogia - ele é ainda aluno daquela bodega, e por isso tem que sujeitar a essas coisas. Pois bem, vamos ao que interessa: o nível das coisas me assustaram.
Em primeiro lugar parece que a ex-vice-diretora da referida Faculdade tem dificuldades em concatenar três ou mais palavras de maneira coerente ou dotada de alguma significação. Para não demonstrar isso na frente dos alunos ela simplesmente concorda com qualquer coisa que for dita - ou seja, é bem provável que se eu falar que Kant propôs um modelo de educação epicurista ela acredite e repita para quem quiser ouvir. Mas isso não é o pavoroso, pois algumas pessoas têm mesmo essa dificuldade de se expressar na frente das pessoas (mas eu ainda penso que pessoas assim não deveriam se tornar professores, mas deixa pra lá...), e por isso mesmo não vamos exigir tanta desenvoltura dela. O pavoroso mesmo são os textos escritos por ela, pois parecem obedecer a uma norma própria de gramática, sintaxe, coerência e pontuação. Como um camarada de suplício disse, "o texto não junta 'lé' com 'cré'".
Em segundo lugar o nível geral dos alunos, tanto da Pedagogia em si quanto das outras Licenciaturas, está, salvo cada vez mais raras exceções, baixíssimo. A maior prova disso é que pensamentos mais complexos do que os chavões novelísticos são para essa maioria incompreensíveis - e isso afirmo por observar que esses alunos não conseguem entender as besteiras que a ex-vice-diretora fala na frente da turma. Mas os piores dentre esses são realmente os alunos da Pedagogia, que acreditam piamente estarem produzindo algum conteúdo científico sobre pessoas e escrevendo artigos com complexidade e profundidade - mas na verdade estão tentando enfiar pessoas em categorias fixas e proferindo discursos vazios, incoerentes e desprovidos de significado. É claro que existem as exceções (graças ao bom Deus que existam!), mas no geral o quadro é essa tragédia.
Em terceiro lugar temos a incoerência e a absoluta falta de significado das proposições dos textos produzidos pela e para a Pedagogia e Licenciaturas. Tudo bem que se deseje produzir discursos vazios sustentados por uma retórica bela e construída de tal maneira a adquirir uma verossimilhança, uma aparência de verdade que justifique a existência daquele discurso vazio - mas nem isso esses textos conseguem. Inclusive parecem discurso de psicólogo: giram, giram, giram e acabam voltando ao ponto em que começaram sem ter ido a lugar nenhum - o popular "correr atrás do próprio rabo". E são esses materiais sem conteúdo e sem beleza que são usados como material base para a formação de professores na referida Universidade.
Mas por que estou comentando isso? O motivo é muito simples, caros leitores desta Acta Diurna. Estou extremamente preocupado com o péssimo nível médio dos professores que estão sendo formados pela citada instituição. Se uma das propostas da Universidade é formar profissionais capazes de assimilar novas tecnologias e metodologias, pessoas com ampla capacidade de reflexão e pensamento e (no caso da Formação de Professores) educadores capazes de incitar nos seus alunos o amor ao conhecimento e o desejo de se aprofundar nele, mas temos esse estado de coisas calamitoso, o que será de nossas crianças? O caos é maior justamente entre os alunos das séries iniciais (atuais 1ª à 5ª séries, antigo Ensino Primário), pois os profissionais formados pela Faculdade de Pedagogia da Universidade citada mal conseguem compreender um período que possua mais de duas orações - como eles vão ensinar isso aos seus alunos? E lembremos que o antigo Primário é a base para todo o processo educativo - onde iremos parar assim?
Caros leitores, vocês sabem que eu não sou de propor soluções para os problemas que observo no mundo - antes prefiro que eles existam, pois preciso de coisas para me distrair do rigoroso exercício do pensamento insano -, mas não é possível deixar quieto um assunto desses. Não estou me apegando ao lugar-comum que diz que a educação é a chave para o futuro do país - que se exploda o país, sinceramente -, mas não posso negar que a Educação (isso mesmo, com "E" para refletir justamente o que ela deveria ser: amor ao conhecimento) é importante. O conhecimento liberta o Homem de seus grilhões, e apenas quem conhece pode fazer suas escolhas com propriedade - e é papel da Educação prover o Homem de conhecimentos. Mas como esperar que o Homem realize todo o seu potencial se ele está privado da Educação? Como esperar que o Homem realize o seu vir-a-ser, como esperar que o Homem se torne aquilo que é, como esperar que o Homem ascenda à Verdade, ao Belo e ao Bem se no lugar da Educação lhe oferecem uma educação chinfrinha e mediocricidante? Como esperar que o homem se torne Homem se os avatares dessa transformação - os Educadores - sofrem esses mesmos processos de despotencialização - ou seja, não recebem Educação mas sim educação - e por isso mesmo não podem transmitir essa Educação aos seus alunos?
Estamos em um estado de coisas pavoroso, repito, e, acrescento, o motivo desse meu desespero é justamente que os agentes da maior das transcendências - o homem tornar-se Homem e depois tornar-se Übermensch, ou seja, algo além do Homem - estão sendo vítimas desse mesmo processo. O que esperar da Educação no Brasil dado essa situação? - nada de bom, eu respondo. Esse tipo de processo tende a ser no melhor do estilo "bola de neve": educadores medíocres formam alunos medíocres que ingressam em um curso de formação de professores composto por profissionais medíocres e se tornarão professores mais medíocres ainda - e o ciclo recomeça. As poucas vozes capazes ou sensatas são silenciadas pelo sistema, de modo que tudo permaneça tão "bem" quanto já está - ou "melhor".
Que país é esse que estamos projetando?

sábado, 10 de maio de 2008

2. Questão de Deus

Logicamente é impossível negar a existência de Deus, pelo menos no sentido de princípio primeiro. Qualquer sistema que proponha que algo subsiste indenpendentemente de qualquer outro algo apenas está dando um outro nome ao princípio primeiro. Qualquer sistema que proponha que não existe algo que subsiste independentemente de qualquer outro algo impossibilita o conhecimento verdadeiro de tudo que exista no mundo. Sem a possibilidade de conhecimento verdadeiro, o que se tem é a multiplicação das opiniões pessoais, o que impossibilitaria a comunicação e a transmissão de idéias. Se algo subsiste independente dos fatos do mundo, esse algo é o princípio originário dos fatos.
Os princípios não podem todos possuir um princípio, pois a regressão ao infinito neste caso é o mesmo que afirmar que não há um algo que subsista independentemente de qualquer outro algo. Tem que existir um princípio primeiro, e o nome dele não importa - seja teoria quântica ou o Místico. Da subsistência do princípio primeiro do mundo infere-se a existência dos demais princípios do mundo, mas o caminho inverso é inseguro de ser trilhado. Os princípios são inferidos do mundo, dos fatos, dos objetos, mas o caminho inverso não pode ser trilhado com segurança. A conexão entre o mundo, os fatos, os objetos e os princípios é de natureza lógica. Nem sempre a equivalência é um princípio aplicável à lógica, mas a lógica é um princípio aplicável à equivalência.
Não se pode sustentar a existência de uma relação direta entre Deus e uma religião, qualquer que seja a religião. A existência de Deus não é necessária de outra forma que não seja princípio primeiro. Só é necessário que Deus subsista no mundo. Qualquer outra manifestação de um princípio não será a manifestação do princípio primeiro. Mesmo que o princípio primeiro pudesse ser explicado pela teologia, ele seria tão obscuro quanto os motivos que causaram o Big Bang no universo primordial, senão mais. Qualquer relação entre uma religião e um princípio primeiro só pode ser percebida dentro da ordem do sensível, o que invalida qualquer tentativa de comprovação de sua existência. Daquilo que não se pode conhecer não se pode falar mais do que uma simples e desvalorada opinião, mas daquilo que se conhece deve-se falar tão claramente quanto se conhece e se deseja falar.

1. Questão do Mundo

Existe um mundo tal como nossos olhos percebem uma série de coisas? Dados sensíveis tem o péssimo hábito de estar além de qualquer possibilidade de verificação que não seja a comparação com sua fonte. Por isso eles não servem para me dizer o que é o mundo, ou o que existe no mundo. Se os sentidos servissem para dizer o que o mundo é, teríamos uma infinidade de mundos que não se comunicariam entre si. Se os sentidos não alcançam dizer o que é o mundo, essa resposta se encontra além dos limites do sensível - ela deve estar na razão, na lógica. O mundo só pode ser descrito nos termos da razão, da lógica - qualquer outra fonte de dados não servirá para esse propósito. Os dados sensoriais não alcançam falar dos fatos do mundo. Se os fatos do mundo pudessem ser descritos em termos sensoriais, um mesmo fato geraria um infinito número de descrições parcialmente incompatíveis entre si, o que tornaria inútil a linguagem. Os fatos do mundo possuem a mesma natureza do mundo quanto a descrição, senão não poderiam ser descritos. Se os fatos do mundo não podem ser descritos em termos sensíveis, apenas o que está além do sensível pode descrever o mundo - a razão, a lógica. Os dados sensíveis são particulares, a razão é universal.
Os dados sensíveis não alcançam descrever os objetos do mundo. Se os objetos do mundo fossem descritos em termos sensoriais, haveriam tantas descrições dos objetos que inutilizariam qualquer tipo de conhecimento sobre o objeto. Os obejtos do mundo possuem a mesma natureza do mundo, senão não poderiam aparecer no mundo. Se os dados sensíveis não conseguem descrever os objetos do mundo, a descrição só é possível com elementos que estejam além dos sentidos - a lógica, a razão. A instância última dos sentidos é a instância primeira da razão e da lógica.
O mundo, os fatos e os objetos só podem ser descritos - e portanto conhecidos - nas instâncias da razão e da lógica apenas. O mundo, os fatos e os objetos se resolvem em fatos da razão e da lógica. Só existe uma maneira de conhecer o mundo, uma maneira de descrevê-lo. Essa maneira é a maneira lógica. A multiplicidade de existências que as descrições baseadas nos dados sensíveis sugere é ilusória, pois só pode haver uma descrição completa, uma maneira de conhecer o mundo. É enganoso pensar que mais de uma descrição completa é possível do mesmo mundo, do mesmo fato, do mesmo objeto. Descrições diferentes só podem ser diferentes se não forem descrições completas. O mundo, os fatos, os objetos se dão a conhecer completamente em caracteres lógicos, e se permitem descrever completamente em caracteres lógicos.

Série Questões

Caríssimos amigos e existentes leitores desta tasquinha de pergaminho pendurada nas asas do mosquitinho preto rajado de branco pousado em uma das dobras da costura no acolchoado velho conhecido e amado por todos vocês instalado no lado de dentro do cantinho de reflexões que muitos chamam de cela no manicômio por eles chamado de "realidade consensual" - mas que seu ocupante chama de "lar". Neste momento eu estava olhando um antigo projeto meu, já desativado, mantido em outro blog: a Série Questões. Nessa série eu discorria sobre um determinado assunto de maneira não a esgotá-lo ou a clareá-lo, mas para expor o que minha mente completamente maluca, insana e fragmentada pensa sobre aquele assunto. Pois bem, eu estou reativando o projeto Série Questões, desta vez disposto a dar continuidade às minhas primeiras reflexões que se arvoraram falar de coisas necessárias sem que elas em si fossem necessárias. Divirtam-se!

P. S.: em breve eu pretendo organizar o tão amado serviço de desinformação virtual que todos vocês amam, separando o que é poesia, o que é reflexão e o que é besteira mesmo. Em breve.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Irina Palm

Caríssimos amigos e existentes leitores deste pequenino espaço intervirtual dedicado a examinar aquele mosquitinho preto rajado de branco que está ali pousado entre as costuras do acolchoado desta já conhecida e amada por todos cela em algum manicômio escondido ou perdido em algum canto de um lugar chamado por todos menos o seu interno de "realidade consensual". Dia desses seu cronista insano decidiu vestir a sua melhor camisa de força e visitar um cinema para ver algum filme interessante. Orientado e acompanhado por Cristina, ele acabou indo ver um filme muito elogiado pela crítica (e que portanto tinha tudo para não prestar) chamado Irina Palm - este link direciona ao comentário que eu fiz em Cocômentários, um blog de resenha de livros, filmes, animes, receita de bolo, bula de remédio - o que aparecer pela frente. Como eu não sou fã de fazer a mesma coisa duas vezes, recomendo que quem quiser conhecer mais sobre o filme que leia em Cocômentários a resenha que eu fiz - mas garanto que vocês não vão se arrepender.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Os Dez Dogmas de Pai Preguiça, baseados na oração que o Pai ditou ao Seu servo

Pai Preguiça que estás na rede
1º Dogma: Nosso Pai e Criador é Pai Preguiça, que repousa em sua Divina Rede bebendo água de coco e apreciando Sua obra.

Santificado seja o vosso sono
2º Dogma: O Sono é o Legado de Pai Preguiça para Seus filhos, e Santo é o Sono de Nosso Pai

Seja feita a vossa cama
3º Dogma: O estado natural dos corpos materiais, de acordo com a Vontade de Pai Preguiça, é o estado horizontal, em que eles poderão repousar em objetos como camas - macios, confortáveis e quentinhos.

Assim na casa como no quarto
4º Dogma: Proclamai o Legado de Nosso Pai em todos os lugares, e em todos os lugares esteja em seu estado natural.

O descanso nosso de cada dia nos dai hoje
5º Dogma: O Descanso é o anúncio das Boas Novas de Nosso Pai. Seus filhos devem levar o Descanso a todas as criaturas vivas e anunciar a Salvação que Nosso Pai oferece a todos.

Perdoai os nossos trabalhos
6º Dogma: Não pecarás contra os Dogmas de Nosso Pai praticando a maior das Atividades Imperdoáveis: o trabalho.

Assim como nós perdoamos
7º Dogma: Todos erram. Nosso Pai ordena que perdoemos aqueles que erram, pois é trabalhoso puni-los de alguma forma.

Aqueles que têm se esforçado
8º Dogma: Mesmo aqueles que praticaram a maior das Atividades Imperdoáveis podem se redimir de seu pecado, se voltarem às graças de Nosso Pai.

E não nos deixei servir a um patrão
9º Dogma: Nosso Pai tem um grande inimigo que impede a propagação de suas Boas Novas: o trabalho, também conhecido como Capiroto. O trabalho age neste mundo por meio dos seus servos, os patrões, espíritos malignos a serviço do Capiroto. Mas a crença em Nosso Pai nos protegerá desses seres abomináveis, e nos libertará do jugo e da escravidão.

Mas livrai-nos do emprego
10º Dogma: Nosso Pai proverá o sustento a todos aqueles que O honrarem e observarem todos estes Dogmas (principalmente o 9º Dogma).

Dos Princípios da Vida e Sobre como Evitar os Efeitos Deles em Nossas Vidas

Caríssimos e inestimados amigos e queridos leitores deste ligeiro informativo dos processos não-naturais e não-saudáveis que se dão em algum dos cantos acolchoados sob o teto opressivo na já tão querida e tradicional cela imanada em alguma transcendência do manicômio por todos e por nenhuma pessoa conhecido como "realidade consensual", isolado da realidade pelos ditirambos de Matrix. Enquanto este humilde cronista das coisas reais sem realidade e das verdades sem palavras permanecer pensando ele continuará existindo, de acordo com o bom e nobre amigo Renée Descartes - não que ele faça muita questão disso, mas de vez em quando estar em do lado de cá dos véus de Maya é algo interessante. E enquanto ele existe vai percebendo uma coisa muito curiosa: as coisas passam.
Isso mesmo: as coisas passam - um conhecimento extremamente trivial para todos aqueles que olham pela janela do ônibus enquanto ele se movimenta, por exemplo. Se vocês preferirem eu ponho a questão em outras palavras: as coisas se movem; as coisas mudam; nada dura para sempre; "nada como um dia depois do outro"; nada é eterno; etc. Nada aparentemente muito importante ou profundo, meus caros, mas são justamente essas coisas que inspiram as mais profundas e interessantes reflexões possíveis à mente humana (ou as piores e mais superficiais, dependendo do indivíduo que se dedica a essa atividade).
Mas a atividade de um amante da sabedoria não deve se restringir às coisas óbvias e triviais - deve-se partir delas para alçar as alturas ou as profundidades, e não usá-las como desculpa para permanecer na superfície da questão. Assim não basta a um maluco, quer dizer, um amante da sabedoria detectar essas coisas, mas ele deve refletir sobre elas. "Por que ele deve refletir sobre elas?", vocês perguntariam. Não sei responder essa pergunta, mas eu sei que ela tem a mesma resposta da pergunta "por que os pássaros voam?" - é algo maior do que todos nós, um imperativo que vem do fundo da alma e dirige todos os nossos atos, e é por isso que eu digo que Filosofia é coisa de maluco. Se me permitem uma metáfora, qualquer um que tenha escutado a Primeira Canção dos Ainur, Ainulindalë, vai viver por essa Canção, e ela o inspirará para todo o sempre - mesmo tendo Melkor feito caquinha.
Embalado pela Primeira Canção, pus-me a refletir sobre as coisas que eu via passando velozmente pela janela de um ônibus na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, no qual eu estava. Eu particularmente não gosto de pensar porque o Pensamento revela a Verdade e a Verdade provoca o fim das ilusões que nos agradam, mas há algo mais forte que eu que me obriga a pensar e me dita as conclusões. Percebi que há muita validade naquela canção do Lulu Santos, Como Uma Onda: "Tudo que se vê não é/Igual ao que a gente/Viu há um segundo/Tudo muda o tempo todo/No mundo". As coisas passam, um segundo não é como o que veio antes dele e não será como o que virá depois. Um segundo que passa é irrecuperável, perde-se nas brumas do Tempo, dissolve-se em menos que nada.
"Um dos princípios que rege este mundo é a efemeridade das coisas", pensei de imediato. As coisas são transitórias, não duram mais do que um simples suspiro na Longa Noite. Lojas que eu sempre quis visitar faliram antes de eu conhecê-las. Pessoas com as quais eu sempre quis puxar algum assunto não estão mais lá. O segundo que passou levou mais coisas do que eu gostaria que levasse, e deixou, em seu tempo, menos do que eu precisava dele. Passamos os segundos sempre com essa sensação de perda, de prejuízo - e nada fica para compensar esse vazio que nos resta, essa sensação de incomplitude e de estar oco que é mais terrível que o pior dos nossos medos. No fim: nada fomos, nada somos, nada seremos, pois tudo isso será levado insensivelmente pelo segundo seguinte, que não deixará nada em troca.
Essa efemeridade das coisas leva fatalmente a uma ausência total de sentido nas coisas, um vazio existencial que conduz à questão: "qual é o sentido das coisas, se tudo o que há está fadado ao oblívio eterno em mais ou menos segundo e será como se nunca tivesse estado na Memória dos homens?" E não há pensamento, intuição ou revelação que consiga resolver este quase paradoxo: no fundo, se a vida é destituída de sentido, vivemos apenas para continuar vivendo - o que é extremamente verdadeiro nos grandes centros urbanos. Para muitos é a maior das bênçãos não ser capaz de enfileirar dois pensamentos e extrair alguma conclusão lógica válida a partir deles, mas para aqueles que, como eu, foram amaldiçoados com o dom do pensamento é terrível viver sob esse peso: saber que as coisas são destituídas de sentido, de propósito, de motivo, e não poder fazer quase nada para mudar esse mundo cruel e opressivo em que vivemos subjugados a essa lei anti-natural.
Mas olhando ao meu redor vi que existe apenas duas formas de se atribuir sentido a este mundo louco em que vivemos. A primeira é para alguns falsa e ilusória: acreditar em poderes superiores que a tudo justificam simplesmente por existirem - tal como o Motor Imóvel de Aristóteles ou Deus no cristianismo. Sentir Fé, que explica as coisas relacionando-as com esses poderes superiores, é uma das melhores coisas que o homem possui, pois o impede de cair no abismo do niilismo total. Poder apelar para alguma explicação nos momentos em que se é pego sem nenhuma explicação racional possível ajuda a mente humana a não se desmantelar por completo em uma poça de paradoxos insolúveis. Como disse Dostoievski numa tentativa de formular esse paradoxo: "sem Deus, tudo é possível". Voltaire, por sua vez, formulou a saída para esse paradoxo: "Este Deus é tão maravilhoso e necessário que mesmo se ele não existisse seria necessário inventá-lo".
A outra forma é o Amor. Sem Amor o homem nada seria, conforme disse São Paulo aos Coríntios em um dos mais belos "discursos" de todos os tempos - a palavra "discurso" está entre aspas porque ele redigiu aquele texto, não o pronunciou. O Amor é de uma tal natureza que, assim como a Fé, se ampara em alguma coisa para justificar todas as demais - mas não necessariamente um poder superior. Podemos amar uma mulher ou um homem (conforme o gosto de cada um), nossas famílias, e cada um desses amores irá justificar todo o mundo que existe ao nosso redor. Percebamos que o Amor e a Fé não se excluem, mas se complementam - pois o que é a Fé senão o Amor pelos poderes superiores?
São esses os dois princípios da vida (a efemeridade e a ausência total de sentido) e as duas formas de contornar os efeitos desses princípios (o Amor e a Fé), conforme revelados a mim pelos ecos da Primeira Canção, que é a Canção do Pensamento.
Powered By Blogger