Manual de Instruções

Caros leitores, após muito tempo decidi quebrar alguns de meus votos de silêncio. Um deles inclui voltar a escrever por aqui. O outro, falar de política. Tarja Preta versão 3.0, divirtam-se!
Caso você encontre em algum dos meus textos algo interessante e queira compartilhar com seus amigos ou em seu site, revista, jornal, etc., sinta-se à vontade. Basta indicar a fonte e recomendar a leitura do blog, e todos os textos que estão aqui estarão ao seu dispor.

P. S.: decifra-me ou devoro-te!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Novo Ano Novo

Estrelas de mil sóis inventados brilham na janela
Saudando o ano que terminou, lamentando o novo ano
Mais um conjunto de dias sob este sol sem motivos
Centelhas de esperanças a serem negadas em seu plano

Salve as alegrias de milhares de horas novas enfim
Que chegam com as bodas prateadas do ano que inicia
Felicidades que cantam por si mesmas seus doces dias
Eis um ano novo, eis o inicío de u'a nova minha alegria!

Olha pros meus sonhos, pois forrei meu chão com eles
Pisa com cuidado, pois meu chão eu cobri com esperança
Alimentada por suspiros e cantos deste meu ser reles

Mas vem comigo pelos salões de meus inspirados cantos
É por um feliz ano novo que inicio mais esta andança
Tristezas e alegrias se alternam entre risos e prantos

sábado, 29 de dezembro de 2007

Marchinha de Final de Ano

Cidade Maravilhosa, que cozinha seus habitantes
Cidade Maravilhosa, és um maldito forno industrial!

Minha Terra

Na minha terra nascem plantas de muitos sabores
Na minha terra resplandescem os cheiros de teus amores
E pensar que em minha terra distante tua flor nasceu
Cercada pelos doces afetos e de ternura que você conheceu

Na minha terra as coisas nasceram conforme o ano
Desde o liso espigar da cevada até o lustro do ébano
E registro nestas linas os versos de um coração ardente
A cantar as belezas todas de uma terra tão diferente

Em minha terra muito pouco arada pelo tempo
Nada impediu nascer as mil rosas que dei pra ti
Como sinceras promessas d'ouro que não se joga ao vento

São os frutos de minha terra as palavras que escrevi
Registrando por meio delas tudo o que senti:
O desejar pela infinitude dos instantes que contigo eu vivi

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Como uma tarde sem graça de sexta-feira...

Caros amigos e inexisentes leitores e visitantes desta cela virtual no manicômio chamado "Casa de Saúde e Repouso Realidade", faz algum tempo que eu não brindo vocês com alguma reflexão espontânea sobre o mundo. Eu digo espontânea porque a que eu escrevi faz uns dias sobre seres perfeitos nada mais foi que um exercício de filosofia analítica - insípida demais para a alma humana, que nunca é pequena. Faz um tempo que eu não paro para cuidar de meu jardim, e sempre quando faço isso saem alguns pensamentos interessantes (ou diarréias mentais, de acordo com algumas pessoas que não saberiam distinguir rebimboca da parafuseta de rebimbeta da parafusoca...), e este faço questão de compartilhar com todos vocês.
Passei a tarde de sexta-feita, dia 21 de dezembro de 2007, na companhia de uma pessoa que me é muito querida, e nesse meio tempo fomos para Ipanema passar a tarde em uma pracinha muito agradável que existe por lá. Não me perguntem o nome da praça, nem o nome da rua em que ela se encontra: só sei dizer que é em frente à igreja de Nossa Senhora da Paz (ou da Glória). Mas o nome não importa nada: como diria o Sábio e Filósofo Antoine de Saint-Exupéry, nós não conhecemos uma pessoa por saber o nome dela. Não é uma praça muito grande, para ser exato... ela é do tamanho de um quarteirão, ou pouca coisa menor do que isso. Mas ela tem um jeitão de pracinha de cidade interiorana, com crianças brincando, um laguinho decorado para o Natal, jardinzinhos, pipoqueiros e floreiros. Enfim, trata-se de um reduto de paz no meio do caos urbano, um lugar especial no qual ainda dá para se entregar ao exercício da suprema vagabundagem que é chamado pelos intelectuerdas de plantão de "filosofar".
Ali eu sentei em um dos muitos banquinhos e me entreguei à vadiagem suprema que é o exercício do pensamento. Fiquei absorto observando algumas crianças jogando futebol, aproveitando uns coqueiros como traves, os casais passando de mãos dadas pelos passeios da praça e o céu nublado, meio cinzento, nem quente nem frio. Uma tarde que pra muitos mortais seria extremamente sem graça para mim e para as crianças estava sendo fantástica. Isso porque nós (eu e as crianças) sabíamos o valor daquela tarde, em que nada importava senão o momento em que se estava. Vivíamos o hoje, sem pensar no ontem e no amanhã. Eu sempre soube que as crianças sabiam viver, e tento resgatar isso em mim o máximo que der - pra isso serve a Filosofia, não a filosofia das academias, mas a Filosofia.
Os dias poderiam transcorrer como tardes sem graça de sextas-feiras. Não todos os dias, senão seria enjoativo demais... um pouco de agitação faz bem pro espírito, e uma espada que fica tempo demais na sua bainha termina por enferrujar. Mas alguns dias, a maioria dos dias, quase todos eles, poderiam ser como essas tardes que passamos nas pracinhas da vida, se soubermos apreciar a graça desse divino presente com olhos de criança. Lembrei-me de Lulu Santos, que diz em um de seus clássicos: "Tudo o que se vê não é/Igual ao que a gente viu há um segundo/Tudo muda o tempo todo/No mundo", ao perceber o quanto era importante aproveitar aquele momento que nunca mais aconteceria neste mundo possível.
Então eu me percebi ali como o único cidadão que estava parado de alguma forma, contemplando aquilo tudo tal como fazemos com os animais no zoológico, mas isso não me incomodou. Os casais estavam passeando, as crianças brincando, tinha até um babaca filosofando e tudo isso estava compondo o belíssimo instantâneo daquele momento de vida. Aquela sensação nunca será esquecida, pois pertence ao mesmo tipo de sensação que eu tive quando parei para ouvir o Samu em Ilha Grande. Hoje eu entendi o que raios eu senti entre as delícias e os regalos de ver aquele camarada dizendo, ao seu próprio modo, que nós, ditos homens letrados, estamos muito longe de qualquer coisa que se possa chamar "vida" ou "verdade" ou qualquer merda que estejamos procurando como nossa principal questão espiritual. Hoje eu posso dizer pra vocês o que eu senti lá e o que eu senti nessa pracinha: a própria presença do Absoluto, ou pelo menos a forma com que ele se mostra aos homens nas mais simples e fundamentais verdades da vida.
Preocupem-se menos. Trabalhem menos. Essas duas coisas gastam o seu tempo de vida, que é mínimo, com assuntos que não lhes farão bem nenhum. Estudem apenas aquilo que vocês quiserem estudar, pois nenhuma erudição do mundo revelará essas grandiosas verdades do Universo (ou, como diria Mestre Heráclito - eu acho -, "muito conhecimento não ensina sabedoria"). Amem mais e brinquem mais, pois essas atividades são as mais sublimes expressões do espírito, e Deus se manifesta na vida de quem se abre para elas. Plantem uma árvore, já que um dia elas vão acabar. Façam mais essas pequenas coisas, elas é que importam. Divirtam-se mais. Escutem os loucos como eu, pois às vezes o que eles dizem pode ser de alguma valia.

Essa é a mensagem de Natal e Ano Novo do louco que escreve aqui no Tarja Preta. Muita Paz Profunda para todos vocês!

Poema anônimo...

Caros amigos e inexistentes leitores deste pequeno não-espaço desvirtualizado. Não sei nem o título, nem o autor... mas este poema veio parar na minha caixa de e-mails, enviado por uma pessoa muito querida para mim, e creio que valha a pena divulgá-lo neste espacinho de piração virtual. Caso um dia o autor apareça, por favor deixe um comentário que eu darei os devidos créditos a quem merece.

Para realmente conhecer uma mulher conheça seus sonhos
Pergunte dos seus medos e dos seus desejos.
Decifre seus olhares e preste atenção nos detalhes...
Porque a mulher quer ser descoberta e ela lhe mostrará o caminho.
Toda mulher é uma casa secreta cheia de portas e janelas
Esconde passados e em cada quarto esconde um mundo novo.
Cada poro tem seu aroma e em cada curva a cor é diferente.
Para conhecer uma mulher precisa saber onde a carne é mais branca
Se quando ela caminha os cabelos balança,
saber como pisa, como ri e como chora.
Saber em que horas acorda, de que jeito dorme.
Uma mulher é feita de mistérios, sem isso não seria mulher.
Esconde os defeitos, esconde as fraquezas, esconde como dança.
Depois ela surpreende, ela dança, ela encanta.
Ela mostra sua força, seu sexo, seu amor.
Ela se abre para o homem que a descobre
E segue com ele por onde ele for

domingo, 23 de dezembro de 2007

Rascunhos sobre os Seres Perfeitos

Existem duas categorias de seres perfeitos: os seres plenamente perfeitos e os seres parcialmente perfeitos. Os seres plenamente perfeitos são aqueles nos quais não se apresenta nenhuma espécie de falha, mácula ou imperfeição: são divinos, homogêneos, imóveis, inascidos, perenes, imutáveis, e sempre são o que são ad aeternia. Já os seres parcialmente perfeitos são aqueles que são reflexos dos seres plenamente perfeitos, isto é, possuem pelo menos um dos, mas não todos, atributos citados acima.
Desta forma, percebemos que existe apenas um ser plenamente perfeito: a divindade - que, dependendo da religião em questão, pode ser a Santíssima Trindade, Alá, Buda -, o Absoluto que rege a existência de todos os demais seres. Da mesma forma, percebemos que existem duas categorias de seres parcialmente perfeitos: os intermediários do Absoluto - onde se lê santos, anjos, ancestrais, e outros mais -, e as mulheres. Se os intermediários não partilham com o Absoluto o atributo imóvel, as mulheres partilham apenas o atributo divino. No entanto, conforme definido acima, isso torna esses seres perfeitos, ainda que parcialmente.

Dança, Zaratustra!

Dança, Zaratustra
Mestre dos Homens e de Si
Dança com a alegria do inascido
Dança co'a beleza das crianças
Dança teu sabor de Deus deídico
Dança teu orgasmo de viver
Dança, oh, Último Homem!

Dança, Zaratustra
Guia dos Sábios e dos Loucos
Dança com a força dos Senhores
Dança com piedade pelos Fracos
Dança co'o gosto de teus sabores
Dança teu prazer de ser Tu
Dança, oh, Assassino de Deus!

Dança, Zaratustra
Hedonista sem cristos n'Alma
Dança com teu andar requebrante
Dança com estupor de Não-Ser
Dança com o teu gozo replicante
Dança teus amores infinitos
Dança, oh, Maior dos Niilistas!

Dança, Zaratustra
Ermitão esquecido pelo Tempo
Dança co'o deleite de Inexistir
Dança com o apreço pelo fingir
Dança teu largo gesto de sumir
Dança teu estar sem estar aqui
Dança, oh, Grande Iniciado!

Dança, Zaratustra
Que eu danço conTigo
Eu Danço em ti

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

In Profundum Expedito

Afundo-me nas densidades de teus sonhos azuis
Navegando nas intensidades de teus suspiros
Com destemor em dangerosíssima viagem sub-luz
Marcando meu passo pelos ecos de teus inspiros

Por cavernas de negro olvido tuas pérolas irão
No anseio de encontrar-se com o rubro carinho
Pelo qual tuas marmóreas colinas se arrepiarão
Por deixares teu porto seguro ao largo sozinho

Abandono-me nas profundezas de teus azuis sonhos
Esquecendo-me de mim a cada instante percorrido
Acalentando a esperança em azuis tão tristonhos

Alcança-me nas distâncias das tempestades tuas
E libera-te em teu seio teu sentimento premido
Enlaça-te em mim pelo gosto de tuas doces luas

Para as amigas chamadas Ana

A Ana - Ana Cañas
(Composição: Ana Cañas / Alexandre Fontanetti)

A ana disse ontem
A ana ficou triste
A ana também leu
A ana não existe

É a ana insiste
A ana não consegue
A ana inventou
Ela também merece

A ana é azeda
Mas é doce quando é doce
A ana é azeda
Mas muito doce quando é doce

A ana nada sabe
A ana sempre canta
A ana me enrola
A ana me engana

A ana se pintou
A ana não limpou
A ana que escreveu
A ana se esqueceu

Foi a ana que fez
Foi a ana que foi
Foi a ana em fá
Foi a ana, foi

A ana ama
A ana odeia
A ana sonha
A ana canta

Quatro Proposições de uma Prima Philosophia

Primeira Proposição:
A verdade não existe

Segunda Proposição:
O que existe é coerência entre fatos e coisas

Terceira Proposição:
Existe um limite para a coerência entre os fatos e as coisas, e esse limite é dado pelo pensamento

Quarta Proposição:
O que não pode ser pensado, não pode ser dito; o que não pode ser dito, não pode ser um fato

Quatro aforismas

A Arte de dar vida às sombras é mais sombria que a sombra de viver pela Arte.

A Lógica nasce da Ordem, mas a Poesia é a filha do Caos por excelência. Enquanto a Lógica direciona o Homem pelo Pináculo do Conhecimento do Chão da Ignorância aos Céus da Divindade, a Poesia faz com que o Homem olhe para Si, de Si e por Si. A Lógica procura dizer o que o Homem pode ser, a Poesia diz o que o Homem não é.

Conhece-te a ti mesmo, e então conhecerás as respostas sobre o sentido da vida, do universo e de tudo o mais...

Não existe alguém tão burro que não possa ensinar nada, nem ninguém tão inteligente que não tenha nada pra aprender.

Soneto aos Tristes Sonhos Azuis de Dirceu

Muito me agrada ver teus sonhos sorrirem
E vê-los deixar de lado a tristeza sempiterna
Que tanto incomoda as pérolas de teus lábios
Em uma contradição um tanto quanto moderna

Teus tristes profundos sonhos azuis de mar
Que como ondas quebrando falam de tua alma
Sorrindo meio a lembrança de teus temporais
Encontram aqui u'a ilha de voz mansa e calma

Deixa tuas pérolas me contarem tuas calmarias
E encontra em minhas doces mãos teu porto seguro
Nos quebrantos de um mar em que me arrebatarias

E à tristeza do profundo dos belos sonhos teus,
Duas jóias perfeitas entalhadas em bom augúrio,
Nomeou-me corretor meu Senhor, nosso bom Deus

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Hora para um sambinha...

Cantarei contigo

Se tu me perguntares, amor
Cantarei contigo aonde for
A beleza de uma primavera
Outono, inverno à vera
Tua pureza, linda flor
Dos poetas, o teu sofredor
A cantar a velha dor
Que sempre passa
No carinho que me abraça
Nos braços do teu amor
Que nunca acaba
E sempre alcança
Minha alma cansada
Minha voz de cantador
Na vida louca de poeta
Com esperança
E na certeza da lembrança
Que embala um grande amor
Cantarei contigo aonde for
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